sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DE MÃOS DADAS COM O INIMIGO (José Rosário)

ALBERTO VASQUEZ - Imersão - 70 x 50

Parentes, amigos, conhecidos, colegas de escola e serviço, ou até mesmo você, já viram ou já ouviram falar muito delas. Já é quase praticamente impossível alguém que não tenha próximo a si, um outro alguém envolvido com elas.
Estão em todos os lugares, vestidas das mais diversas classes sociais, entranhando poderes e consumindo vidas, fantasiando sempre de portas fáceis para grandes aventuras, ocultando em atitudes tão maliciosamente enganadoras e perversas.
Todas os dias, sempre sorrateiramente, elas abraçam vorazmente pessoas que queremos tão bem. E se colocam assim, tão familiares a nós... É que na luta louca de salvar a quem gostamos, chegamos quase aprender a conviver com elas.
Não se deve e nem se pode desprezar quem as usa. Já nem digo que se deve e se pode combate-las, isso já se tornou quase impossível. Mas, com toda força que nos for possível, todos devemos evita-las. Acho que é uma das maiores provas de livre arbítrio que se pode enfrentar ultimamente. E não são poucos os que perdem essas batalhas... Drogas nunca selecionam vítimas, acolhem a todos...

ALBERTO VASQUEZ - O túnel - 170 x 122

Vasculhando alguns papéis de gavetas, encontrei um poema bem oportuno para o tema. Engraçado como conseguir ser poético com algo tão trágico. Mas, a arte sempre se mostra mais verdadeira nas melancolias e tragédias. Penso que todo poeta tem sempre uma lágrima pronta a derramar. Derrama em versos, assim enxuga a alma.

 Gladiadores
(JOSÉ MARIA HONORATO)

No cabeço dos morros da cidade,
uivando sob moderno tapete de amianto,
nossos irmãos do barro,
em libações rubras nos becos, 
escaravelham novos retratos da vida.
Adolescem em potes lustrais nas ruas,
e ciliam poesias em versos brancos e negros, quebrando esquinas mudas !

Bichos soltos nos guetos ricos de melanina, 
nossos meninos são coisas.
São pipas nos becos da extrema-unção de ferro em precoce fundição !

Malham no caos que decapita  pirilampos
expostos ao cânhamo precipício.
No escolho dos rastos da alcatéia
festejam rajadas de pó e fiam sonhos nas valas.
Faiando tortos nas linhas mortas,
revelam berros nas  páginas da noite. 
Vão embalados em diálogos mortos na arena com a multidão !

Subindo escadas do sábio barqueiro
jovens veteranos do sofrimento
rompem grilhões 
fogem da estrela fria
saltando às asas da rabiola viva. 
Voleando o tempo,
nossos meninos lucílios desprezam esmolas
grafam berros de endorfina
e lançam  a cor na história, arriscando o dia.

Corre a bola ! Sob o luar de prata Deus sabe das coisas tortas !

ALBERTO VASQUEZ - PARA ONDE VOU AGORA? - 130 X 200



3 comentários:

  1. Sem PALAVRAS
    Mesmo que as tivesse
    Mesmo assim seriam
    Vazias diante do estar
    E do sentir aqui
    E sentir
    E estar
    Obrigado, cabe!
    Abraços, também.
    Jose Maria

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  2. Gladiadores da Paz, vocês dois...
    Salete

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  3. Olá Salete, bom te ver por aqui também. Um abraço!

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