Artistas da Guilda de São Francisco, em execução.
Ver o futuro repetindo o
passado não é nenhum defeito, quando essa repetição resgata o que há de mais
valioso nos tempos antecessores. Para a arte, em especial, repetir o que se
produziu há séculos, no intuito de estudar as técnicas aplicadas por artistas precursores
de movimentos e estilos, é algo muito compensador. Caso do trabalho
desenvolvido recentemente por um grupo de profissionais que lidam
principalmente com conservação e restauração de pintura: Célio Belém, Cláudio
Valério Teixeira e Milton Eulálio. Em 2005, eles constituíram o que ficou
denominado como a Guilda de São Francisco.
Guilda de São Francisco: Célio Belém, Cláudio Valério Teixeira e Milton Eulálio.
Reunidos em Niterói/RJ, o
grupo ressuscitou uma das práticas muito em moda na Holanda do século XVII. As
guildas funcionavam como uma espécie de cooperativas de vários segmentos de
artesãos, e por um bom tempo produziram grandes obras e uniram grandes
artistas, que ora trabalhavam em coletivo em um mesmo projeto ou desenvolviam
trabalhos paralelos, mesmo pertencendo ao grupo. Uma das guildas mais famosas
da história foi a Guilda de São Lucas, que recebeu tal designação em tributo ao
patrono dos pintores. Em Niterói, a Guilda de São Francisco recebe esse nome
pelo fato de estar localizada no bairro de mesmo nome. Homenagear a pintura do
século XVII, com especial atenção aos trabalhos de Rubens, bem como trazer à
tona um pouco dos estudos das técnicas desenvolvidas por artistas daquela
época, tornou-se o motivo principal pela formação desse grupo. Mas não é uma
homenagem puramente com resgate técnico, limitada somente à replicação de
materiais utilizados outrora, há também uma proposta audaciosa de aproximar o
universo daqueles tempos com o universo atual, criando diálogos originados ao
longo desses séculos.
GUILDA DE SÃO FRANCISCO - Baco jovem
Óleo sobre tela - 150 x 200
GUILDA DE SÃO FRANCISCO - Baco e Ninfas
Óleo sobre tela - 145 x 195
GUILDA DE SÃO FRANCISCO - Ceres, Vênus e Baco
Óleo sobre tela - 150 x 200
GUILDA DE SÃO FRANCISCO - Céu da China
Óleo sobre tela - 120 x 160
GUILDA DE SÃO FRANCISCO
Natureza morta com Fukushima ao fundo
Óleo sobre tela - 120 x 160
GUILDA DE SÃO FRANCISCO - Pastores da Arcádia
Óleo sobre tela - 200 x 150
Tomando emprestadas as
palavras de Jorge Coli, quando se referiu aos trabalhos dessa guilda, são
artistas que se propuseram um “formidável prazer de trabalhar juntos, abolindo
o princípio da autoria individual, colaborando com gosto e alegria numa
camaradagem cúmplice”. De fato, todas as obras tem participação direta dos três
artistas. E há um prazer nítido na execução dos trabalhos! Pegaram emprestada a
maneira de fazer dos antigos, mas fizeram uma arte com a visão de hoje. Suas
composições nos sugerem um trabalho com a técnica e aparência de pintura
antiga, mas um olhar atento logo condena que estamos diante de uma obra que
narra a realidade de nosso tempo. Elementos colocados discretamente e
descaradamente para que possamos fazer esses paralelos. Todos os três
integrantes da Guilda de São Francisco são artistas já consagrados em suas
funções, com reconhecido desempenho em instituições que lidam diretamente com conservação
e restauro de obras de arte.
Exposição inaugural dos trabalhos da Guilda de São Francisco
Uma primeira mostra dos
trabalhos desse grupo ocorreu entre novembro de 2011 e fevereiro de 2012, no
Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Mais detalhes sobre o
grupo, sobre a execução de cada obra e sobre cada artista, veja na página
indicada logo a seguir:
Uma proeza a harmonia entre os três, resultado em Maravilhosas obras!!! Incrível.
ResponderExcluirMarcos Araújo
Também achei a proposta muito audaciosa, Marcos. Legal essa parceria que comunga conhecimentos e troca experiências!
ExcluirBela iniciativa dos artistas e principalmente a sua a de divulagar esse trabalho. Obrigada por partilhar.
ResponderExcluirAbraços.
Obrigado a você pela visita, Sílvia. Um trabalho realmente digno de não deixar escondido.
ExcluirGrande abraço!
A união de grandes artistas cria um universo mágico, resultado: obras maravilhosas!
ResponderExcluirMuito obrigado... tenha um ótimo fim de semana meu amigo.
Desejo a você um ótimo final de semana também, Vidal.
ExcluirGrande abraço!
A gente que pinta sabe o quanto é difícil um trabalho a três resultar em tamanha harmonia! É uma raridade!
ResponderExcluirAbraço José!
Um dos detalhes que mais nos impressiona é exatamente isso, a ideia de conjunto em todas obras. Se olharmos para os trabalhos que os três artistas fazem individualmente, veremos que tem técnicas e estilos bem distintos.
ExcluirGrato pela visita, Vicentini. Grande abraço!
Interessantíssimo o trabalho desenvolvido por esses artistas.
ResponderExcluirO trabalho cooperativo entre artistas, segundo as suas especialidades, é coisa bem antiga. temos ateliers em que esse tipo de participação conjunta era extremamente comum (Vide: Rubens, Rembrandt, etc.).
Parabéns aos artistas e a você pela matéria.
Abraço grande desde aqui.
S. Quimas
Artista plástico, designer e escritor
http://facebook.com/SQuimas
Obrigado pela vinda, Quimas. Tenha uma ótima semana, amigo!
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