quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ANTONINO LETO

ANTONINO LETO - Vista da Baía de Nápoles, com pescadores ao fundo
Óleo sobre tela - 39,3 x 64,2

ANTONINO LETO - Nápoles
Óleo sobre painel - 25,4 x 41,9

A Itália é mesmo um país único. Apesar de sua área territorial não ser grande, sua estrutura peninsular lhe deu uma condição inusitada, sendo o país com o maior litoral do Mediterrâneo. Esta privilegiada particularidade inspirou desde sempre todos os artistas do país. O resultado disso tudo está nas muitas composições que não cansam, sejam pela sua beleza ou por nos mostrar regiões tão particulares e exóticas. Antonino Leto foi um dentre vários artistas italianos que soube muito bem tirar proveito das belezas naturais de seu país. Sua principal fase produtiva tem como temática as muitas praias, enseadas e rochedos do litoral italiano, mesmo sendo um artista versátil e que soube muito bem passear por diversos outros temas.


ANTONINO LETO - Sulla riva Mergellina - Óleo sobre tela - 50 x 82,5

Filho de Pietro e Caterina Puleo, nasceu em Monreale, próximo a Palermo, em junho de 1844. Por toda a vida teria sérios transtornos com a saúde, condição que o obrigaria a mudar sistematicamente de endereços, quando começava a acostumar aos mesmos. Mas, ainda assim, solidificou sua carreira em um dos pilares mais importantes da arte italiana do século XIX: o movimento chamado Macchiaioli. A característica principal do movimento, como o próprio nome sugere, é pintar com manchas de óleo, algo muito parecido com o que seria desenvolvido por outro grupo, o dos impressionistas. Há quem diga até que esses últimos se inspiraram nos artistas italianos, que já desenvolviam tal experiência anos antes. Mas, Paris era o centro do mundo naquela época e os impressionistas a tinham como endereço. É difícil lutar contra um argumento desses.


                                       
Esquerda: ANTONINO LETO - Cuidando das plantas - Óleo sobre painel - 38,5 x 18
Direita: ANTONINO LETO - Descascando vegetais - Óleo sobre tela - 33 x 22

Em 1861, graças ao incentivo financeiro de um tio, Leto encaminha-se para a cidade de Monreale, onde começa seus estudos de pintura com um pintor histórico de nome L. Beard. Mas, são outros contatos na cidade que são suas melhores referências para esse período. Conhece primeiramente o paisagista Luigi Lojacono e através dele o seu filho Francisco Lojacono. Desse último, aprendeu os matizes brilhantes e coloridos da escola napolitana dos Palizzi. Dele também que pega gosto pelo Naturalismo e Realismo.


ANTONINO LETO - Baía em Capri
Óleo sobre tela montada em cartão - 39,5 x 25,2

ANTONINO LETO - Barcos - Óleo sobre painel - 11 x 19

Em 1864, vai para Nápoles para aprofundar seus estudos e é lá que se sente atraído pelos trabalhos de Giuseppe de Nittis, quem defende propostas semelhantes aos Macchiaioli, com algumas pequenas alterações, num movimento que ficou chamado de Scuola di Resina. A saúde lhe obriga a retornar a Palermo, apenas seis meses depois. Lá, fica conhecendo o senador I. Florio, quem lhe encomenda um trabalho com vista de Marsala. Esse foi um feito importante, pois abriu caminho para conquistar sua primeira medalha de prata na Exposição de Arte de Palermo e no ano seguinte, a medalha de ouro na região de Siracusa.


ANTONINO LETO - Brincando na Villa Tasca
Óleo sobre tela - 38 x 56,5

ANTONINO LETO - Pastor nômade num oásis - Óleo sobre tela - 43 x 62

Em 1873 viveu em Portici, onde convive com diversos outros artistas que tinham suas mesmas propostas. Um ano depois, já em Roma, e novamente com patrocínio do senador Florio, encontra-se com Federico Paolo Michetti, outro artista realista, muito dedicado a cenas campestres de seu país. Retorna para Palermo nesse mesmo ano, para se preparar ao concurso que daria direito a um pensionato em Roma, que aliás venceu em 1875, com a obra Colheita de Olivas, um trabalho de construção meticulosa.


ANTONINO LETO - Passeando no parque com filhotes
Afresco - 44 x 27

ANTONINO LETO - Um incidente ao meio dia - Óleo sobre tela - 40,6 x 62,9

Mais uma vez, transtornos com saúde obrigam seu retorno a Palermo, conseguindo a transferência da sua bolsa de estudos de Roma para Florença. Na Toscana, aprofundou ainda mais suas lições voltadas para os Macchiaioli, liberando ainda mais suas pinceladas e conseguindo efeitos mais rápidos e sugestivos. Quase toda sua produção desse período seria comprada pela Galeria de Pisani. Em 1879, a convite do famoso marchand Goupil, muda-se para Paris. Rapidamente obteve prestígio e reconhecimento com cenas urbanas da cidade e seu ateliê tornaria ponto de encontro de vários artistas italianos radicados na cidade, como De Nittis, Morelli e Mancini, além de Manet e Meissonier. Porém, era um período turbulento na cena política e econômica da França, obrigando a ruptura de seu contrato com Goupil e o retorno imediato para a Itália.


ANTONINO LETO - Marina grande em Capri - Óleo sobre tela - Cerca de 1887

ANTONINO LETO - Praia em Florio
Óleo sobre painel - 26 x 42

O que de imediato pareceu um desapontamento, depois acabou se transformando em algo positivo. Antonino Leto voltaria para a Itália mais experiente e mais convicto do novo estilo que queria desenvolver. Faz várias experiências e cada vez mais se deixa influenciar pelas influências impressionistas de Paris. Agora, mais do que em qualquer outra época, as regiões costeiras da Itália viriam dominar suas cenas, sendo que desta vez, ainda mais brilhantes e vivazes. Não é exagero dizer que Capri seria sua fonte definitiva de inspiração. A luz forte e os contrastes marcantes dessa região resultaram em uma pintura ainda mais consistente. Apesar de seu crescente isolamento da cena da arte, em parte devido a razões de saúde, sua casa na Via Tragara tornou-se um ponto de referência para artistas e colecionadores estrangeiros que estavam hospedados na ilha. Antonino Leto ainda sofreria mais alguns abalos com sua saúde, mas sempre insistindo em sua pintura e produzindo com a ajuda de artistas amigos para a divulgação e venda de suas obras.


ANTONINO LETO - Os filhos do mar
Óleo sobre tela - 60,5 x 80

ANTONINO LETO - Pequena praia em Capri - Óleo sobre tela

Antonino Leto morreu em Capri, em maio de 1913, assistido pelo amigo E. Raimondi e seu aluno M. Federico. No ano seguinte, é organizada em Veneza uma exposição retrospectiva com várias de suas obras. Evento que se repete em 1924.


ANTONINO LETO - Garotas colhendo uvas - Óleo sobre tela - 40 x 63,5

7 comentários:

  1. A beleza dos trabalhos italianos nesse período é maravilhosamente inexplicável... cada um melhor que o outro, transmite um ar tão puro... diversos Artistas dessa época produziram cenas magníficas, principalmente as marinhas....
    Sou admirador de Antonino Leto...
    Abraços meu amigo, tudo de bom....

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    1. Também sou meio suspeito de falar, pois são meus maiores inspiradores.
      Grande abraço, Vidal. Obrigado pela companhia de sempre!

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  2. Zé, acho muito legal o conhecimento que você nos passa sobre estes grandes pintores, que as vezes não conhecíamos e ao vermos estas suas matérias sobre estes grandes nomes ficamos impressionados com a beleza de suas obras, como é o caso desse grande artista Antonino Leto. Um abraço. José de Jesus.

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    1. Olá Jesus, a emoção que sinto ao encontrar tais artistas é a mesma que gostaria de compartilhar com todas aquelas pessoas que se sensibilizam com uma boa obra de arte. Bom que tenha sentido isso, amigo.
      Grande abraço!

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  3. «I figli del mare» é «OS filhoS do mar», não «O filho». Por outro lado, a «Pequena praia em Capri» parece-me ser a Marina Piccola, que não é só uma simples «praia», mas um lugar com casas, embarcadouro, e mais. Tal como acontece com a Marina Grande, o costume é conservar o nome original, sem traduzir, ainda que se escreva noutra língua.

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