terça-feira, 18 de março de 2014

MASP

MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Fachada principal


Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand no dia
da inauguração do MASP

Da amizade irrestrita entre Assis Chateaubriand e Pietro Maria Bardi nasceu o MASP, o mais importante museu de arte ocidental do Hemisfério Sul. O primeiro deles, um político influente, com os olhos "antenados" ao futuro e convicto de queria deixar algo valioso de legado ao seu país; o segundo, jornalista e crítico de arte italiano, que não mediu esforços para ajudar ao seu amigo nessa deliciosa e responsável empreitada.

RAFAEL - A ressurreição de Cristo
Óleo sobre madeira - 52 x 44 - Entre 1499 e 1502

HYERONYMUS BOSCH - As tentações de Santo Antão
Óleo sobre madeira - 128,5 x 102 - 1500

GIOVANNI BELLINI - A virgem com o menino de pé, abraçando a mãe
Óleo sobre madeira - 75 x 59 - Entre 1480 e 1490

Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa andava aos trancos e barrancos, com muitos dos países atingidos precisando se reerguer das cinzas. Não só estados, mas famílias importantes e tradicionais colocaram grande parte de seus patrimônios em disponibilidade, a fim de conseguir ali os primeiros pilares para se reconstruírem. Obras de arte, muitas das quais escondidas e contrabandeadas, deixavam o continente e eram vendidas como peças principais desse novo recomeço. É nesse momento que Pietro Maria Bardi, juntamente com o amigo Chateaubriand, fizeram várias viagens por lá e angariaram as primeiras peças que viriam a formar o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Chateaubriand era um político e empresário bem experiente e bem relacionado e já conseguira convencer diversos outros empresários e políticos sobre a criação de uma instituição que concentrasse não apenas obras de arte brasileiras, mas de várias partes do mundo. Com o olhar clínico de Bardi, concluiu o seu sonho e entrou para a história da arte brasileira. Através de doações particulares ou mesmo de grupos econômicos, o acervo foi se formando e continua a se formar até hoje.

DIEGO VELÁSQUEZ - Retrato do Conde-duque de Olivares
Óleo sobre tela - 203 x 106 - 1624

TICIANO - Retrato do Cardeal Cristoforo Madruzzo
Óleo sobre tela - 230 x 131 - 1552

REMBRANDT - Retrato de jovem com corrente de ouro
Óleo sobre tela - 57 x 44 - 1635

Em 1947, é fundado o MASP, utilizando como sede o Prédio dos Diários Associados, território mais que conhecido e da vivência diária de Chateaubriand. Doze anos depois; entre projeto e construção; o MASP ganha sua nova sede na Avenida Paulista. Projetado por Lina Bo Bardi, esposa de Pietro Maria Bardi, já nasceu com ares de importância, não só pela sua arquitetura audaciosa, mas principalmente por já constar com uma seleta coleção de artes naquele período. Um dos cartões postais mais clicados da cidade, o prédio é sustentado por quatro colunas e possui um vão livre de 74 metros. Foi inaugurado em 1968, com a presença de celebridades importantes de várias partes do mundo, além das maiores celebridades brasileiras e de uma multidão que se reuniu em frente ao edifício. Na sua concepção inicial, o prédio teve suas colunas proibidas de exibirem a cor vermelha, marca registrada do projeto. Era o período de ditadura, e qualquer alusão ao comunismo era combatida veementemente. As cores só foram acrescentadas em 1990, por ocasião dos 40 anos de sua construção.

INGRES - Cristo abençoador
Óleo sobre tela - 80 x 66 - 1834

JOSÉ MALHOA - O ateliê do estatuário Simões de Almeida
Óleo sobre tela - 65 x 45 - 1883

PEDRO ALEXANDRINO - Natureza morta com vaso e frutas
Óleo sobre tela - 117 x 90 - 1895

Falemos em números: 11 mil metros quadrados são divididos em 5 pavimentos, isso na sede principal, pois agora o museu tem também agregado um novo edifício, em uma de suas laterais, que foi adquirido recentemente e para onde estão sendo enviadas muitas de suas repartições funcionais e administrativas, além de depósito do seu vasto acervo. O museu possui cerca de 8 mil peças em sua coleção. Não é um número assombroso, se comparado a outras grandes instituições do mundo. Mas, quando é analisado o seu acervo, em termos de qualidade e importância histórica, aí as coisas tomam outra proporção. Para se ter uma ideia dessa sua importância, o MASP foi convidado pelo Museu d’Orsay de Paris, a integrar o seleto Clube dos 19, grupo que integra apenas os mais importantes museus do mundo com obras do século XIX, de significância histórica e de relevante patrimônio cultural. Possui uma seleta coleção de obras das escolas francesa, italiana, portuguesa, espanhola, flamenga, inglesa e latino-americana, além, é claro, de valiosa coleção de arte brasileira.


ANTÔNIO PARREIRAS - Iracema
Óleo sobre tela - 61 x 92 - 1909

ALMEIDA JÚNIOR - Moça com livro
Óleo sobre tela - 50 x 61

CÂNDIDO PORTINARI - O lavrador de café
Óleo sobre tela - 100 x 81 - 1939

Diante de tamanha importância patrimonial, o museu foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) em 1982 e pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 2003. Durante todo o ano, não apenas recebe visitantes para as muitas exposições que organiza, como também proporciona uma série de outras atividades ao público, como escola de arte, ateliês, espetáculos de dança, música e teatro, além de palestras, debates e reciclagem de professores. O museu vem proporcionando ao público brasileiro, desde sua fundação, centenas de exposições de artistas estrangeiros e grandes exposições internacionais, através do Intercâmbio de obras com diversos museus no mundo e o patrocínio de empresas parceiras, e permanentemente apresenta as obras dos artistas radicados no Brasil através de uma visão contemporânea da produção atual de todas as manifestações artísticas. Segundo informações do Folha de São Paulo, é o museu paulista com o maior número de visitações, cerca de 50 mil por mês.


CLAUDE MONET - A canoa sobre o Epte - Óleo sobre tela - 133 x 145 - 1890


                   
Esquerda: PAUL GAUGUIN - Pobre pescador
Óleo sobre tela - 74 x 66 - 1896
Direita: DEGAS - Bailarina de 14 anos
Bronze com vestuário - 99 cm

Esquerda: RENOIR - Rosa e azul
Óleo sobre tela - 119 x 74 - 1881
Direita: VINCENT VAN GOGH - O escolar
Óleo sobre tela - 63 x 54 - 1888

Chateaubriand e Bardi já não estão mais entre nós, mas o sonho que alimentou as suas vidas continua mais vivo do que nunca. Transcender é isso, continuar, ir além dos limites da existência humana. Ideais não morrem, quando baseados no bem coletivo e no desejo de promover um mundo melhor.


PABLO PICASSO - Retrato de Suzanne Bloch
Óleo sobre tela - 65 x 54 - 1904

PAUL CÉZANNE - Rochedos em l'Estaque - Óleo sobre tela - 73 x 91 - Entre 1882 e 1885

DAVID ALFARO SIQUEIROS - Angústia
Tinta vinílica sobre eucatex - 94 x 76 - 1950

PARA SABER MAIS:

6 comentários:

  1. Com certeza é uma bela homenagem a essa dupla inesquecível... A capacidade de organização é incontestável, por isso deu certo... objetivos alcançados!
    Felicidades!

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    1. Sempre devemos muito ao desprendimento de certas pessoas, que se doam completamente aos seus objetivos.
      Temos que agradecer aos dois por formarem uma coleção tão valiosa em nossa terra.
      Grande abraço, Vidal!

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  2. Oi José, mais um belo post. Parabéns.
    Se você ainda não leu, sugiro "Chatô - O Rei do Brasil" do Fernando de Moraes, onde é contada a história da formação do MASP, bem como de diversas passagens históricas. Eu já li duas vezes, e sempre me agrada relembrar certas passagens.
    Abraços.

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    1. Olá Macário, já estive com o livro na mão duas vezes, mas ainda não consegui começar. Agora fiquei ainda mais curioso.
      Grato pela vinda e pela dica.
      Grande abraço!

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  3. O maior problema é que a gente entra para ler uma matéria e acaba ficando preso no blog,rsrrss. Muito bom ! O MASP é tudo! principalmente para quem não tem facilidade de viajar para outros países. O acervo é maravilhoso, sem falar nas exposições temporárias. Você como sempre esta antenado.Parabéns!!!!!!!!!!

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    1. Ah, esse é um problema bom. Seja sempre bem vindo!
      Continuarei com a série dos museus. É tempo, que não tem sido muito amigo.
      Grande abraço!

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