terça-feira, 1 de abril de 2014

MUSEU CARMEN THYSSEN MÁLAGA

Museu Carmen Thyssen Málaga



A memória cultural da humanidade deve muitos favores aos diversos colecionadores que já existiram e que ainda existem por todo o mundo. Os mecenas sempre foram os grandes patrocinadores do patrimônio artístico que herdamos até hoje. É louvável a iniciativa de pessoas que utilizam dos seus fartos recursos financeiros e os transformam a serviço da promoção humana. Uma grande parte dos museus espalhados pelo mundo começou assim, com coleções particulares que foram doadas ou assimiladas pelo estado. Mesmo os museus que não começaram por iniciativa parecida, tem grande parte de sua coleção acrescida dessas doações. Muitas coleções ganharam tanta importância que acabaram se transformando em museus e galerias, permitindo o acesso público a obras antes apreciadas por um grupo muito seleto. O Museu Carmen Thyssen Málaga segue nessa mesma iniciativa. A sua gênese se deu com base na coleção da terceira esposa do barão Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza, Carmen Cervera.

CARLOS DE HAES - Monastério de Pedra - Óleo sobre tela - 81,8 x 112,8 - 1856

EMILIO SANCHÉZ-PERRIER - Um barco no rio
Óleo sobre tela - 26,7 x 34,7 - 1890

A cidade de Málaga, na região espanhola de Andaluzia é privilegiada. Mesmo não sendo uma cidade tão populosa (aproximadamente 570 mil habitantes), possui cerca de 40 museus em seu patrimônio. Esse número por si só já seria um orgulho para qualquer cidade, se não bastasse a riqueza e a importância de suas coleções. Sem querer desmerecer os outros museus da cidade, o Museu Carmen Thyssen Málaga é o mais elegante deles todos. Localizado numa construção do século XVI, adaptada para recebê-lo, tem uma acomodação eficiente, com salas amplas e bem iluminadas, permitindo uma distribuição que valoriza e muito a coleção ali existente. Três salas de exposição permanente e duas de exposições temporárias estão distribuídas em 5185 m². A área total do edifício abrange 7147 m². Somente 230 obras são expostas permanentemente, o que deixa uma sensação de “quero mais”, assim que se conclui a visitação. Mas, são obras especiais, pois enfocam de forma brilhante, principalmente a arte espanhola do século 19 e início do século 20.

JOSÉ GALLEGOS Y ARNOSA - O coro dos garotos
Óleo sobre tela - 91,4 x 62,2 - Entre 1885 e 1890

JOAQUIN SOROLLA Y BASTIDA - A venda de melões - Óleo sobre tela - 52,2 x 78,6 - 1890

A inauguração do museu não se deu muito distante: março de 2011. As obras contidas ali são principalmente produções a partir do século 19 e início do século 20, mas há algo mais para ver. Há quatro divisões diferentes que ficaram assim distribuídas:
Velhos Mestres: alojados no antigo Palácio capela, são obras de grandes mestres desde o século 13 ao século 17, como Zurbarán ou Ezquerra.
Paisagem romântica e Costumbrismo: mostra como o Romantismo alterou a maneira de se capturar a paisagem. Nestas obras, autores nacionais e estrangeiros recriam tradições taurinas, temas ciganos, festas e arquitetura mourisca .
Estilo Precieux e pintura naturalista: a mudança na pintura espanhola, à partir da metade do século 19, enche as obras com cor e realismo. As pinturas são de pequenas dimensões, mas têm muito mais detalhes, deixando de lado o romance para se concentrar na realidade das composições.
Fin-de-siècle: esta seção reúne grandes artistas que foram figuras-chave para se repensar e modernizar a pintura espanhola no final do século 19 e início do século 20. Dividem esse espaço artistas como Sorolla, Casas e Iturrino, Zuloaga e Julio Romero de Torres. Isso, para citar apenas alguns.

IGNACIO ZULOAGA Y ZABALETA - Tourada em Eibar
Óleo sobre tela - 150 x 200 - 1899

JULIO ROMERO DE TORRES - A buenaventura - Óleo sobre tela - 106 x 163 - 1922

Desde 1992, o Museu Thyssen-Bornemisza expõe a coleção da família em Madri. No entanto, Carmen Thyssen conseguiu se tornar independente com sua coleção, tendo o direito de expô-la separadamente, bem como de criar o seu próprio museu. Incentivada pelo Barão Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza , Carmen Cervera começou a adquirir obras de arte por volta de 1987 , mas foi em 1993 que ela se tornou plenamente consciente do seu papel como colecionadora. Desde junho de 1993, o Estado espanhol concordou em comprar a coleção do Museu Thyssen de Madri e coloca-la em disponibilidade pública para visitação. Tendo assegurado o futuro a longo prazo do núcleo da coleção, o Barão, em seguida, dividiu o resto de suas pinturas e outros bens entre os membros de sua família. Para evitar o risco de outra divisão da coleção, como tinha ocorrido na sequência da morte do 1º barão Thyssen, decidiu-se que a maioria dos trabalhos passaria a ser propriedade da Baronesa. Assim, obras como as de Canaletto, Fragonard, Courbet, Boudin, Monet, Sisley, Renoir, Degas, Gauguin, Rodin, Matisse, Picasso, Kirchner e outros artistas, compreendem atualmente o núcleo do Museu Thyssen- Bornemisza Coleção Carmen.

ANTONIO MARÍA REYNA MENESCAU - Canal veneziano - Óleo sobre tela - 34,1 x 74,7 - 1937

EDUARDO ZAMACOIS Y ZABALA - O retorno do convento
Óleo sobre tela - 54,5 x 100,5 - 1868

Para o Museu em Málaga, no entanto, a Baronesa começou a se concentrar em arte espanhola do século 19 e início do século 20. Como ela observou em 1997: "Meu gosto pela pintura espanhola e, particularmente, para a pintura catalã do século 19, é provavelmente a contribuição mais importante que eu posso fazer com a tradição de coleta da minha família". Desde 1993, obras de principais nomes da arte espanhola foram adicionados à coleção, entre eles Lucas Velázquez, Pérez Villaamil , Haes , Martí i Alsina, Fortuny, Rico, Rusiñol, Casas, Sorolla, Beruete, Regoyos, Zuloaga, Iturrino, Mir e Solana.

MANUEL GARCIA Y RODRIGUEZ - Dentro de um pátio em Sevilha
Óleo sobre tela - 59,7 x 69,9 - 1910

JOSÉ BENLLIURE GIL - O mercado de flores - Óleo sobre tela - 64,3 x 104,3 - 1937

Em 1996, a Coleção Carmen Thyssen-Bornemisza foi mostrada pela primeira vez em Madrid com grande sucesso de crítica. Desde então, ela foi exibida em mais de 30 exposições através de várias cidades ao redor do mundo. Ao mesmo tempo, o desejo da baronesa para fazer a coleção acessível ao público, de modo permanente , levou à assinatura de um contrato de empréstimo , em 1999 , no qual o Museo Thyssen emprestou 655 obras (317 de sua coleção de arte internacional e 338 da coleção espanhola) por um período de 11 anos. Desde 2004, a coleção internacional encontra-se exposta nas novas galerias do museu em Madri, enquanto a maioria da coleção espanhola está alojada no Museo Carmen Thyssen-Bornemisza em Málaga, desde 2011.

BERNARDO FERRÁNDIZ - O sacerdote
Óleo sobre tela - 24 x 33 - 1885

RAIMUNDO DE MADRAZO Y GARRETA - A leitura
Óleo sobre tela - 45 x 56 - Entre 1880 e 1885

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Carmen Cervera casou-se com o Barão Hans Heinrich Thyssen-Bornemisza na Inglaterra, em 1985. Ficou com ele até a sua morte, em 2002. Tanto ela quanto o barão sempre partilharam da ideia de que a arte deve ser para todos, por isso nunca mediram esforços para valorizar ao máximo a arte de uma forma geral, seja desse ou de outros tempos. Atualmente, ela supervisiona pessoalmente as instalações do Museu Carmen Thyssen Málaga.

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PARA SABER MAIS:



2 comentários:

  1. A tela A buenaventura é muito bonita. A feição do rosto da moça a esquerda, o olhar distante é sensacional, não deu para compreender o que acontece no fundo da tela. Muito legal.

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    1. Cada trabalho tem sua particularidade. Legal é exatamente isso, identificar-se com alguma.
      Grande abraço!

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