STANHOPE ALEXANDER FORBES - Tarde na ponte - Óleo sobre tela - 61 x 76 - 1937
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Woolpack Inn - Óleo sobre tela - 55,8 x 76,2 - 1937
Stanhope Alexander Forbes é
o meu artista preferido da resposta britânica ao movimento impressionista
francês. Ainda que ele não tenha sido o mais famoso artista britânico do
movimento; nomes como Sargent e Lavery são sempre mais lembrados; gosto
especialmente dos trabalhos de Forbes pelo conjunto com que conseguiu reunir,
tanto de técnica, temas e propostas. Há algo diferenciado nele! Sua luz é
brilhante e sua paleta não tem a austeridade de muitos dos seus conterrâneos.
Mesmo para as cenas nubladas e noturnas, há sempre uma iluminação especial.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - O barco seine - Óleo sobre tela - 106,7 x 157,5 - 1904
STANHOPE ALEXANDER FORBES
Dia de gala em Newlyn, Cornwall
Óleo sobre tela - 106 x 136 - 1907
Foi ele mesmo que afirmou,
em seu Tratamento de Arte da Vida Moderna: “A beleza está na luz, tanto na
atmosfera que rodeia as coisas, como nas suas formas”. Percebe-se que seguia
isso como uma lei, ou melhor, incorporou o espírito daquilo que afirmou, com
propriedade e convicção. O movimento impressionista nas Ilhas Britânicas foi
tímido, se comparado à França, mas ainda assim, conseguiu arrebanhar um número
considerável de artistas, e muitos deles são hoje mundialmente reconhecidos. O
mais curioso é que o Impressionismo, nos seus anos iniciais, teve inspiração
num pintor inglês, John Constable, numa passagem de Monet pelo país. Mas, a
Grã-Bretanha sempre se fechou demais às modernidades nas artes plásticas e o
Impressionismo sempre foi aceito com reservas.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Indo à escola, Paul, Penzance
Óleo sobre tela - 51 x 61 - 1917
STANHOPE ALEXANDER FORBES - O lago
Óleo sobre tela - 49 x 61,5
O hábito de pintar ao ar
livre também era um exercício que Forbes não abria mão, embora gostasse do trabalho
em estúdio. Até no estúdio, admirava as cores quentes e a espontaneidade das
composições. Mesmo que tenha uma leitura impressionista em muitas de suas obras, o
trabalho de Forbes nos remete mais à escolas naturalistas, como a de Barbizon.
Suas cenas tem um realismo que conforta e é impossível ficar imparcial diante
delas. Há vários atributos para o trabalho de Forbes, mas uma definição de
Norma Garstin (artista e crítica de arte de sua época) me parece a mais coerente:
“Ele é um bom pintor, não sentimental, e há em seus trabalhos um senso de
sinceridade que agrada a todos”.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - À saúde da noiva
Óleo sobre tela - 152,4 x 200 - Tate Gallery, Londres
Stanhope Alexander Forbes
nasceu a 18 de novembro de 1857, em Dublin, na Irlanda. Suas primeiras
formações artísticas se deram na Faculdade de Dulwich, com John Sparkes. Após
uma estada na Irlanda, onde realizou trabalhos locais até 1879, Forbes partiu
para Paris, onde ficou entre 1880 e 1882, estudando no ateliê particular de
Léon Bonnat, em Clichy. Sua técnica, bem como estilo, foram herdados de outro
artista, Jules Bastien-Lepage, que usaria por toda sua vida. Em 1881, conheceu
o artista Henry Herbert La Thangue e passaram uma temporada pintando ao vivo em
Cancale, na Bretanha. Sua passagem por essa região mexeu tanto com ele, que no
seu retorno à Inglaterra, daria novos rumos à sua carreira.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Olhando longe - Óleo sobre tela
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Venda de peixes em uma praia de Cornish
Óleo sobre tela - 121 x 155
Em 1874, instala-se na
cidade de Newlyn, exatamente por conter as características francesas da
Bretanha, que tanto o seduziram na sua viagem. Apaixonou tanto pelo lugar, que
acabou montando por ali uma espécie de retiro de artistas, uma colônia de
amantes da arte ao ar livre e que ficaram conhecidos como a Escola de Newlyn.
Falar da vida de Forbes, sem citar a Escola de Newlyn, é como não falar sobre
ele. Newlyn é um pequeno porto de pesca que encontra-se cerca de uma milha e
meia de Penzance, na costa sul da península Penwith de Cornwall. Como tem um
acesso fácil a Londres, por uma via férrea, e na época era um local de estadia
bem econômica, acabou se tornando um paraíso para um grande grupo de artistas
ingleses.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Jovens pescadores - Óleo sobre tela - 1930
STANHOPE ALEXANDER FORBES - A forja
Óleo sobre tela - 155,1 x 117,5
A região de Newlyn era
especial em vários aspectos. Ainda estava quase intocada pela Revolução
Industrial e possuía uma beleza natural exuberante. Penhascos de granito e
mares espumantes, onde os pescadores levavam uma vida sem pressa e tanto
inspiraram aos artistas que lá passavam. Walter Langley foi o primeiro artista
residente no local, mas o movimento só ganhou força com a chegada de Forbes. Ao
fim do ano de 1884, já estavam quase 27 artistas morando no local, além dos
muitos artistas temporários, atraídos pelos ecos da Escola de Newlyn e que
também se encantavam pelo lugar.
STANHOPE ALEXANDER FORBES
Sol e sombra, uma vila de comerciantes próxima a Newlyn Harbour
Óleo sobre tela - 61 x 81 - 1909
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Praça do mercado
Óleo sobre tela - 91 x 73 - 1921
Vários trabalhos colocaram
Forbes e todo o grupo em evidência e, em 1892, ele se associou à Academia Real
e em 1895, tornou-se o presidente-fundador e curador da Galeria de Arte Newlyn.
Também fundou, em 1899, a Escola de Arte Newlyn. Foi uma iniciativa que atraiu
inclusive novos investimentos para a região, que havia passado aquela década
com várias crises na Indústria de Pesca. Ele produziu muitos trabalhos naquele
período e sentia realizado em todos os aspectos. Mas, como todo movimento
artístico, esse também foi perdendo forças, no início do século XX, quando
alguns artistas buscavam novos rumos. Forbes, porém, continuou por ali.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Na ordenha
Óleo sobre tela - 51 x 61 - 1917
STANHOPE ALEXANDER FORBES - No quintal - Óleo sobre tela - 62,2 x 77,4 - 1938
Em 1910, Forbes foi eleito
um membro da Academia Real e teria sua carreira ainda mais solidificada dali em
diante. A consagração chegaria em 1933, quando conquistaria a honraria de Real
Acadêmico Sênior.
Ele faleceu em Newlyn, no
local que escolheu para sua vida, a 2 de março de 1947.
STANHOPE ALEXANDER FORBES - Ponte Relubbus
Óleo sobre tela - 51 x 76 - Pintada entre 1928 e 1930
A leitura é tão agradável quanto as telas de Forbes. Muito didático, simples e conciso, mas de uma riqueza ímpar. Com seu blog aprende-se com prazer. Obrigada. Bom domingo.
ResponderExcluirObrigado, Jane.
ExcluirÉ sempre tão bom dividir o que vou colhendo...
Grande abraço!
También uno de mis artistas favoritos. Coincido completamente con lo que dice la cita de Norman Garstin sobre el "senso de sinceridade que agrada a todos".
ResponderExcluir¡Saludos desde España!
Ola Jose Romero, seja bem vindo!
ExcluirTambém achei a consideração da Garstin a mais precisa.
Um grande abraço e obrigado por vir!