OSMAR DALLABONA - Palavras certas - Óleo sobre tela - 60 x 80
O Hiper-realismo é um estilo
com poucos adeptos pelo Brasil. Não que não tenha admiradores e seguidores
por aqui. O estilo exige uma técnica muito apurada, uma lógica na escolha do
que pintar e uma paciência muito acima da média, coisa muito rara nos artistas
das novas gerações. Por ser um trabalho muito demorado, impossibilitando
qualquer artista de produzir um volume considerável em toda sua carreira, o
estilo é admirado por muitos, mas evitado por um número ainda maior. Na fala de
Osmar Dallabona, um dos insistentes praticantes do estilo no Brasil, os
artistas dos tempos atuais estão mais propensos a uma arte volátil, rápida, “poemas
escritos na areia e esculturas feitas em gelo”. Percebe-se a convicção de sua
fala, quando concluiu uma das perguntas que lhe fiz a respeito desse estilo tão
incompreendido: “A arte não é só ter uma ideia, necessitamos ter a capacidade
de explora-la e executa-la com maestria.”
OSMAR DALLABONA - Gabriela - Óleo sobre tela - 60 x 80
Maestria talvez seja a
palavra-chave para designar todos aqueles que persistem em avançar por esse
estilo que exige tanto de seus praticantes. Por ser um estilo que se aproxima
perigosamente da fotografia, é preciso ter a capacidade de diferencia-la desta
e dar-lhe vida própria. Diante da fotografia que deu origem a um trabalho
hiper-realista e a obra acabada há uma diferença enorme, pelo menos por aquelas
obras executadas por artistas que deixaram um pouco de si nelas.
OSMAR DALLABONA - Equilíbrio - Óleo sobre tela - 30 x 30
O descaso pelo trabalho
hiper-realista, principalmente no Brasil, está na formação educacional. Desde os
primeiros anos escolares, a arte conceitual é imposta como uma verdade última,
e tudo que se diferencie dela é visto como ultrapassado e fora de moda. Por não
possuirmos uma base escolar que permita a nossas crianças e jovens uma formação
acadêmica em artes plásticas, pelo menos no sentido crítico, não podemos
esperar que quando adultos tenham também um olhar critico e imparcial sobre
arte. E o mais interessante que todos gostam e ficam extasiados quando
encontram algo hiper-realista feito com qualidade. Exemplo disso, foram as
filas intermináveis de público para ver a recente exposição do escultor hiper-realista
Ron Mueck em São Paulo. Há luz no fim do túnel, é preciso somente que as deixem
acesas.
OSMAR DALLABONA - Sinfonia em flauta doce - Óleo sobre tela - 70 x 50
Osmar Dallabona nasceu na
cidade catarinense de Rio dos Cedros, em 1949. Em 1966, ele se matriculou na
Escola Panamericana de Artes, em São Paulo, onde fez desenho livre. As primeiras
orientações com o óleo vieram com a artista Tânia Verner, dois anos depois. Por
incrível que possa parecer, o estilo inicial de seus trabalhos era o
Expressionismo, que explorou durante um bom tempo, principalmente vendendo na
Praça da República, em São Paulo. 1982 lhe acena como um ano de novas pesquisas
e o Impressionismo é o que passa a lhe atrair mais dali em diante. Esse novo
estilo o aproxima mais do Realismo e abre portas também para uma experiência
Surrealista. Somente com a entrada desse século, firmou definitivamente suas
propostas artísticas no estilo hiper-realista.
OSMAR DALLABONA - Serenata da natureza - Óleo sobre tela - 70 x 50
Ao ser indagado sobre a arte
hiper-realista e o mercado de arte atual, ele foi categórico: “Confesso que no
Brasil não é muito fácil viver de artes plásticas. Moro na maior cidade do país
e encontro muitas dificuldades para colocar meu trabalho em galerias
importantes. O Mercado aqui, e quero crer que em todo o Brasil, é muito voltado
para a arte conceitual, permitindo muito pouco espaço para outros tipos de
trabalho. Se observarmos a trajetória dos nossos principais artistas, podemos concluir que são muito pouco valorizados fora do Brasil e que, quando morrem,
ao contrário de outros mercados, desaparecem quase que por completo, sem uma
manutenção e ou valorização importante da sua obra”.
OSMAR DALLABONA - Relações - Óleo sobre tela - 60 x 80
Dallabona fala sobre a atual
fase de seu trabalho com a empolgação de um adolescente: “A figura humana
sempre foi a base do meu trabalho, porém com o hiper-realismo estou descobrindo
novas formas. O hiper-realismo tem a capacidade muitas vezes de mostrar
pequenos detalhes corriqueiros, nem sempre observados nas rotinas diárias”. Percebi,
pela sua fala, que há uma proposta nítida de tocar as pessoas que observam suas
obras. Um exemplo, foi a explicação que fez, ao citar a obra “Relações”.
Aparentemente, uma simples composição de figos numa tigela, mas que para ele,
criador da obra, simboliza todas as suas relações, novas, maduras e que
naturalmente se envelhecem. E ele gosta quando as pessoas se identificam com isso
em seus trabalhos e conseguem abstrair deles sempre uma nova mensagem. A obra “Lei
do Tempo” traz também uma mensagem impactante e comovente.
OSMAR DALLABONA - Lei do tempo - Óleo sobre tela - 30 x 30
O artista, que ainda
pesquisa e se permite abrir a novas referências e influências, comentou sobre a
experiência de visitar grandes museus do mundo e se deixar aprender com todas
as visitas. Diz sensibilizado ao extremo, diante dos trabalhos em escultura de
Michelangelo e muito surpreso com as obras do surrealista Dali, que teve a
oportunidade de apreciar de bem perto. O artista terminou nossa conversa
dizendo que é um otimista, que acredita ter esperanças de que a arte, em qualquer
de suas manifestações, possa ser mais respeitada e mais valorizada, sem
distinção e privilégio de alguns segmentos.
PARA SABER MAIS:
Um artista com um toque mágico.... belíssimo!
ResponderExcluirEstou de volta...
felicidades amigão.....
Bom te ver novamente, Vidal.
ExcluirUm grande abraço!
Caro José Rosário
ExcluirAcabei de ver. Emocionante, muito lindo.
São esses os momentos que nos gratificam das tantas horas de envolvimento solitário no atelier .
Parabens. Vou mante-lo informado
Um grande abraço
Osmar
Osmar, agradeço a sua atenção em nossa conversa. Faço votos de que tenha ótimos trabalhos por aí. Sucessos, meu amigo!
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