GIUSEPPE DE NITTIS - Mulher numa canoa - Óleo sobre tela - 1876
Juntamente com Boldini,
Zandomeneghi e Signorini, Giuseppe De Nittis formava a equipe dos artistas
italianos que viriam participar da famosa exposição dos Impressionistas,
realizada no ateliê do fotógrafo Nadar, em Paris. Aquela mesma exposição que se
tornaria importante por começar um movimento que mudaria os rumos da arte e
abriria espaço para o surgimento de tantas outras vertentes em todo o século
XX. De Nittis participou apenas da primeira das oito mostras que os
Impressionistas realizariam, mas sua carreira já tomava um novo impulso à
partir dali. Por falta de unanimidade de todos os artistas expositores, sua
participação foi vetada para as próximas edições. Provavelmente, resultado do
espírito intransigente e questionador daquele promissor artista italiano.
GIUSEPPE DE NITTIS - Flerte, Hyde Park - Óleo sobre tela - 33 x 43 - 1874
Giuseppe De Nittis nasceu na
cidade italiana de Barletta, filho de Raffaele e Teresa Buracchia. Os anos de
sua juventude foram vividos em sua cidade natal, com seus irmãos, após a morte
de ambos os pais. Fez os primeiros estudos com G.B. Calo e V. Dattoli,
começando a pintar encontrando inspiração na natureza. Seus primeiros trabalhos
tinham uma alegria instintiva e dedicação, raros em trabalhos de tão jovem
artista. Já aos quinze anos, entrou no Instituto de Belas Artes, em Nápoles,
onde estudou sob a orientação de G. Smargiassi e G. Mancinelli. Mas, desde cedo
se mostrou um jovem rebelde e inconformado e, em 1863, foi expulso do instituto
por indisciplina. Escreveu em um caderno de notas, que à partir dali iria se
tornar senhor de si mesmo, inconformado com o estilo realista anedótico que se
instalara em Nápoles.
GIUSEPPE DE NITTIS - Avenue du Bois de Boulogne - Óleo sobre tela - 31,4 x 42,5 - 1874
1864 foi um ano importante.
É nessa data que lança sua carreira, numa exposição da Promotoria Napolitana,
com a participação de duas pequenas telas. Os trabalhos foram amplamente
elogiados por Cecconi, que os julgou serem “refinados e muito elegantes”. Os
louvores de Cecconi renderam bons frutos e De Nittis foi levado ao conhecimento
de um outro grupo: os Macchiaioli. De Nittis se sentia mais à vontade ali,
discutindo principalmente com Signorini e Banti, os novos destinos para a
pintura italiana. A pintura de “manchas”, como era conhecida a técnica dos
impressionistas italianos, seria de grande importância para a arte naquele
país.
GIUSEPPE DE NITTIS - No lago de Quatro Canttoni - Óleo sobre tela - 48 x 67 - 1881
Depois de uma longa
peregrinação pela Itália, em 1867, ele chegou a Paris. Foi um dos períodos mais
importantes de sua carreira, pois ali encontrou o apoio do comerciante M.
Goupil, um marchand reconhecido por sempre lançar novos artistas no mercado. A
arte mais aceita naquele momento mostrava a frivolidade da sociedade parisiense,
enfatizando os trajes que a moda lançava, espelhando uma alegria mundana que
não havia em nenhum outro lugar. De Nittis logo se encantou e influenciou pelos
trabalhos de Fortuny, Meissonier e Gerome. Após uma breve estadia em Nápoles,
em 1868, retornou à capital francesa, exibindo no Salão de 1869. Depois de um
período sem muitos trabalhos inovadores, produz Passa o trem, de 1869, onde mergulha numa vastidão melancólica, da
zona rural de Puglia. Em Novembro de 1870, novamente em Puglia por causa da
Guerra Franco-Prussiana, pintou algumas paisagens que evocam amplidão de espaço
e são acima de tudo bem líricas.
GIUSEPPE DE NITTIS - Canto de um lago no Jardim de Luxemburgo
Óleo sobre tela - 46 x 38 - 1875
Ele retornou a Paris, em
1872, e começou a fazer sucesso com a representação irônica de senhoras em
ambientes livres, no qual ao habitual cliché de beleza do mundo, adicionou um
toque de humor. Introduzido por Degas, em um grupo de artistas que despontavam
como revolucionários, participou em 1874 na primeira exposição dos
impressionistas. Mas De Nittis parecia que não tinha tempo para esperar as
coisas acontecerem em Paris e decidiu viajar um pouco. Também em 1874 ele foi
para Londres e, desde então, ele retornou àquela cidade a cada ano. Pintou
excelentes cenas da cidade em todas as suas estadas por lá.
GIUSEPPE DE NITTIS - Corrida em Auteuil
Óleo sobre tela - 107,5 x 57 - 1883
Uma curta estadia na Itália,
entre 1875 e 1880, permitiu que penetrasse na fonte original de sua inspiração.
Produziu obras importantíssimas para sua carreira nesse período, inclusive uma
cena de corrida, que após concluída, apareceu pela primeira vez em 1878 na
Exposição Universal em Paris, e lhe rendeu a Legião de Honra. Resolveu
experimentar a escultura. Em 1879, ele completou um projeto para o monumento a
Vittorio Emanuele II, que, no entanto, nunca foi realizado. À partir de 1882,
dedicou-se animadamente aos estudos de aquarela, desenhos em lápis e pastéis,
sendo essa última, a sua técnica preferida. Muitos de seus trabalhos mais
famosos, foram executados entre 1882 e 1883.
GIUSEPPE DE NITTIS - Hora tranquila - Óleo sobre tela - 57 x 92 - 1874
Rodeado e querido por toda a
socialite parisiense, De Nittis se tornava conhecido também entre o meio
artístico, com o qual se relacionava muito bem. Gostava dos encontros com
Manet, Degas, os irmãos Goncourt, Zola e Daudet.
GIUSEPPE DE NITTIS - Westminster - Óleo sobre tela - 110 x 192 - 1878
Ele foi um artista muito
prolífico. O primeiro inventário de suas obras, realizado em 1963, registrava
742 obras. Outro catálogo, realizado em 1982, adicionou mais 208 obras à sua
produção. Um número muito significativo para um artista que viveu apenas 38
anos. No auge de sua carreira, faleceu a 23 de agosto de 1884, vítima de um
acidente vascular cerebral. Como ele próprio afirmou, era um intérprete fiel e
apaixonado pelas várias formas e mudanças da vida moderna. De Nittis é um dos
artistas italianos mais valorizados de sua época.
GIUSEPPE DE NITTIS - Autorretrato
Pastel sobre tela - 114 x 88 - Entre 1883 e 1884
Mais um magnífico artista.
ResponderExcluirObrigado mais uma vez.
Abraços.
Não tenho palavras para expressar a admiração que tenho pelos trabalhos de De Nittis, infelizmente partiu tão jovem....
ResponderExcluirAbração meu amigo....
Matéria maravilhosa!
Olá Macário e Vidal, grato pela vinda de vocês!
ResponderExcluirO De Nittis sempre foi uma das minhas grandes admirações na arte italiana do século XIX. Há tanta sutileza nos trabalhos dele... Pinceladas precisas e um bom gosto inquestionável para suas composições!