ETTORE TITO - Cena de rua veneziana
Óleo sobre tela - 95 x 67 - 1884
ETTORE TITO - Chioggia - Óleo sobre tela
ETTORE TITO - Mercado de peixe
Óleo sobre tela - 100 x 73 - 1885
Com a invasão de Veneza,
promovida por Napoleão, em 1797, fecha-se o ciclo de glórias de uma das mais influentes
cidades da Europa. Decadência que começou quando um outro caminho para o
Oriente fora descoberto por Vasco da Gama, cerca de 300 anos antes e o caminho
para as Américas descoberto por Colombo, também na mesma época. Centro
comercial de suma importância, devido a sua posição estratégica, que era como
um portão de entradas para a Europa Ocidental, Veneza possuía uma grande
população e principalmente ricos comerciantes, que mantiveram por centenas de
anos, um incentivo irrestrito à arte. Ali fizeram fama, nomes como Canaletto,
Tiepolo, Ticiano, Bellini, Tintoretto e Veronese. Com o início dos anos
difíceis, depois da invasão de Napoleão, a cidade foi perdendo habitantes, os
mecenas perdendo patrimônio e, por consequência, os artistas foram mudando de
endereço para outros grandes centros artísticos e comerciais. Antes que
mergulhasse no futuro sombrio que a esperava, à partir da segunda metade do
século XIX, eis que surge na cidade, talvez um dos seus últimos grandes nomes
artísticos, Ettore Tito.
ETTORE TITO - A professora - Óleo sobre tela
ETTORE TITO - A leitura
Óleo sobre tela - 1907
ETTORE TITO - Le modine in poseline - Óleo sobre tela - 110 x 196 - 1885
ETTORE TITO - Luz do sol - Óleo sobre tela - 1892
ETTORE TITO - A casa de banho
Óleo sobre tela - 1909
Dono de uma paleta brilhante
e pinceladas vibrantes, Ettore Tito passou grande parte de sua vida na cidade
de Veneza, vindo inclusive a falecer ali, em 1941. Retratista requisitado,
também produziu grandiosos afrescos religiosos e alegóricos. Nascido em
Castellamare de Stabia, em 1859, ele iniciou seus estudos em Nápoles, com o
holandês Remigius van Haanen. Mas, foi depois de sua instalação definitiva em
Veneza, em 1887, que sua produção artística tomou os rumos que o consagraria
como um dos grandes nomes da arte italiana dos finais do século XIX e início do
século XX, principalmente quando sua abordagem pictórica ganharia novos ares
com a influência de um novo mestre em sua carreira, Pompei Molmenti.
ETTORE TITO - Ciacole
Óleo sobre tela - 1883
ETTORE TITO - Rua veneziana - Óleo sobre tela - 60 x 87
ETTORE TITO - Peixaria - Óleo sobre tela - 1924
Temas comuns da vida
veneziana foram sendo abordados com tanta naturalidade e compaixão, que é
impossível pensar na carreira de Tito e não o associar diretamente à cidade.
Expondo em todas as grandes oportunidades oferecidas pela cidade, desde 1895,
seu nome foi conseguindo respeito e muita admiração, tanto por parte de outros
artistas, como por líderes governamentais italianos, que adquiriram várias de
suas obras para a decoração de repartições públicas, em diversas partes do
país. Como no caso de Velha Peixaria em
Veneza, comprado pelo governo de Roma, na exposição de 1887.
ETTORE TITO - A deposição da cruz
Óleo sobre tela - 300,5 x 224 - 1911
ETTORE TITO - Fora do mercado - Óleo sobre tela - 95,2 x 136
ETTORE TITO - Mestres venezianos - Óleo sobre tela - 310 x 243,5 - 1937
Ettore Tito foi um artista
muito eclético, que se inspirou sobretudo na suntuosa pintura veneziana dos
século XVI a XVIII. Abordava cenas imaginárias com a mesma maestria com que elaborava suas majestosas cenas realistas. Retratou paisagens fantásticas,
especialmente marinhas. Com uma liberdade incomum a muitos artistas de sua
geração, deu luz à composições arrebatadoras de ninfas, cupidos e Vênus, numa
alegoria ao amor, que passava por cenas alegres e bacanais inebriantes. Com uma
segurança rara no manuseio de pincéis e tintas, consagrou-se num ambiente
disputado e complexo como o italiano. Monumentais também são os seus afrescos,
desenvolvidos para a Villa Berlinghieri, em Roma e para a Igreja do Scalzi, em
Veneza. Sua fama veio coroada com uma mostra na Galeria Pesaro, em Milão, em
1919.
ETTORE TITO - Pescador
Óleo sobre tela
ETTORE TITO - A cartomante - Óleo sobre tela - 1886
ETTORE TITO - A minha rosa
Óleo sobre tela - 61 x 39,5 - 1888
ETTORE TITO - O mundo não acabou
Óleo sobre tela - 52,5 x 36,5
ETTORE TITO - Meninos, prado em flor
Óleo sobre madeira - 24,1 x 34,6 - 1901
Nomeado Acadêmico Italiano
de Artes, em 1929, ensinava no Instituto de Belas Artes com a mesma dedicação
que empreendia à sua carreira. Em 1932, a Bienal de Veneza dedica uma homenagem
especial ao artista, fazendo uma retrospectiva de sua carreira, fato incomum
para artistas vivos. Em 1935, também na Bienal daquela cidade, 15 obras suas
viriam compor uma das mais significativas mostras daquela edição, inclusive uma
série alegórica, elaborada em 1910, que narrava exatamente sobre os anos de
triunfo e glória da cidade de Veneza. Ainda para consagrar e coroar sua veia
eclética de artista, esculpia na tradição mais clássica de estilo.
ETTORE TITO - Amazona
Óleo sobre tela - 208 x 128 - 1906
ETTORE TITO - As amazonas - Óleo sobre tela - 1914
ETTORE TITO - Ninfas - Óleo sobre tela - 102 x 152 - 1911
ETTORE TITO - As ondas - Óleo sobre tela - 1919
ETTORE TITO - Amor e paz
Óleo sobre tela - 159 x 169 - 1909
A vida de Tito não se
restringia, porém, a Veneza. Expôs com frequência no exterior e teve muitas de
suas obras adquiridas por instituições de vários países. Uma das mais
significativas de sua carreira, A
Deposição da Cruz, foi adquirida pelo Museu Nacional de Belas Artes de
Buenos Aires, na Argentina. Paris, Mônaco, Munique, Viena, Budapeste, Londres,
Bruxelas e San Francisco, foram sedes de importantes mostras suas, nas quais
sempre obtinha um êxito e reconhecimento louváveis. Na crítica de Ugo Ojetti, a
arte de Tito “ignora a feiura”. A beleza parece ser mesmo um dos atributos mais
admirados em sua produção. O ciclo artístico de ouro de Veneza merecia mesmo um
grand final.
Ettore Tito - Cerca de 1919
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