domingo, 4 de outubro de 2015

AHMAD HARAJI

AHMAD HARAJI - Uma antiga vila em Omã
Óleo sobre tela - 115 x 86

A leitura do livro “O Caçador de Pipas”, do escritor afegão Khaled Hosseini, despertou-me o interesse por outras manifestações culturais do Oriente Médio. Para minha grata surpresa, descobri uma infinidade de ótimos artistas pela região, de diversas áreas, com os quais tenho mantido contato e acompanhado os trabalhos, mesmo que apenas pela rede, sempre que me é possível. Ahmad Haraji é uma dessas gratas surpresas. Iraniano, natural na cidade de Boroujerd, nascemos no mesmo ano, 1969. Sua região de nascimento é antiga e fica localizada na parte ocidental do Irã. É interessante observar como o local de nascimento e de vida do artista influencia bastante em sua obra. São imagens, fatos, pessoas e situações que acompanharão o artista por toda a sua vida, onde quer que ele esteja.

AHMAD HARAJI - Pastando, beira de rio - Óleo sobre tela - 80 x 100

AHMAD HARAJI - Paisagem com vacas pastando - Óleo sobre tela - 60 x 100

Iniciando com a pintura desde os 14 anos de idade, o artista se via impossibilitado de conseguir um estudo especializado em qualquer outro lugar, senão ali, apenas com a leitura de livros ocidentais que abordassem técnicas ou estilos, ou mesmo observando o mundo a sua volta. Foi um encontro casual com o artista iraniano Rahim Navessi, que lhe permitiu receber as primeiras orientações de uma forma técnica e direcionada. Dele, também veio a influência para uma tendência mais realista em seu trabalho. Pintou diversas obras nesse período, especialmente paisagens, retratos e naturezas mortas.

AHMAD HARAJI - Paisagem - Óleo sobre tela - 100 x 130

AHMAD HARAJI - Inverno - Óleo sobre tela - 60 x 90

Haraji perseverou nos seus aprendizados e já aos 18 anos, foi admitido na Academia de Belas Artes de Teerã. Curiosamente, a pintura não foi o motivo principal para a sua admissão naquela instituição. Ali estudou Projeto Gráfico, e se especializou mais adiante em um curso de Ilustração. Paralelo aos estudos, mantinha um emprego de designer para uma revista, no maior centro de artes do Irã. Isso lhe trouxe reconhecimento e também a oportunidade de repassar seus conhecimentos na mesma academia que havia formado. Atividade que lhe ocuparia os próximos três anos.

AHMAD HARAJI - Mãe e filhote - Óleo sobre tela - 80 x 100

Por vários fatores, a pintura entrou novamente em sua vida, agora definitivamente como a atividade principal. Trabalhou com importantes galerias nessa sua nova fase, produzindo paisagens e retratos sob encomenda. Também foi uma época para aprimorar a técnica, ainda que continuasse a ter como referências principais, apenas os livros que conseguia adquirir, especialmente dos pintores ocidentais que tanto o influenciaram: Alma-Tadema, Bouguereau e um pintor alemão, de nome Werner Weber. Pelo fato de no Irã, ser impossível ter contato com as artes desses mestres que o influenciaram, os livros continuaram como referências principais por um longo período. Fazia cópias e tentava apreender as técnicas que lia e que tanto o seduziam.

AHMAD HARAJI - Velho pomar iraniano - Óleo sobre tela - 80 x 120

Já mais amadurecido tecnicamente, o artista se rendeu aquilo que tanto perseguia suas memórias: os muros em adobe das terras que caminhava, pelo interior de sua cidade natal. Guardava em sua mente o cheiro molhado do barro, quando a chuva fazia suas visitas. O ocre-acinzentado desses muros, nos jogos de luz e sombra que formavam, acompanhariam suas memórias por toda a vida, mesmo quando já não estivesse morando naquele país. Essas memórias, formaram uma espécie de conduta para seu trabalho. São elas que sempre lhe orientam e fazem perseguir seus objetivos.

AHMAD HARAJI - Lírios amarelos - Óleo sobre tela - 60 x 80


Haraji mudou-se para a Europa, no ano 2000. Vive na Holanda, desde essa época e só em 2003, começou a fazer aquilo que sempre foi seu sonho: um estudo formal de desenho e pintura. Inscreveu na Academia de Arte Minerva, em Groningen, onde se formou no ano de 2006. Desde essa época, dedica-se principalmente a produção de trabalhos em óleo. Ele se diz um artista livre e que gosta de fazer aquilo que sua vontade lhe pede naquele momento. Mesmo em terras estranhas, as memórias do oriente sempre lhe farão visitas.


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