terça-feira, 29 de dezembro de 2015

HUIHAN LIU

HUIHAN LIU - Belezas tibetanas - Óleo sobre tela - 76,2 x 61

É emocionante ver a trajetória de vida de certos artistas e o grau de maturidade artística e respeito que conquistaram. A trajetória de Huihan Liu é de orgulhar qualquer carreira. Nascido em Guangzhou, na China, em 1952, é mais um dos bem-sucedidos artistas chineses que vieram complementar suas carreiras no oeste americano.

HUIHAN LIU - Primavera na Vila Miao
Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6

HUIHAN LIU - Partida - Óleo sobre tela - 45,7 x 61

Huihan Liu cresceu ali mesmo, em Guangzhou, capital da província de Cantão, e teve a infelicidade de estar naquele lugar num de seus momentos mais difíceis, durante os primeiros anos da República Popular. A fome sempre foi um estado permanente naqueles tempos, afirmou o artista certa vez. Se para se manter vivo já era difícil, imagine para um artista que resolvera abraçar a profissão. Seus primeiros anos de aprendizagem se limitaram basicamente a exercícios com lápis e papel. Era apenas com esses materiais, os únicos que conseguia comprar, que ia a campo fazer esboços de árvores e casas. Quando possível, ia também ao zoológico local para exercitar desenhos de animais. Dedicado, tirou o melhor proveito possível do estilo realista, vindo da influência de escolas soviéticas. Praticou incansavelmente os exercícios de sua escola e isso fez com que assimilasse muito bem todos os princípios básicos de um bom artista.

HUIHAN LIU - Hora do chá - Óleo sobre tela - 50,8 x 40,6

As coisas pioraram ainda mais em 1966, quando o Presidente Mao Tse Tung lançou a Revolução Cultural. Aquela revolução tinha como principal objetivo erradicar qualquer vestígio de capitalismo que houvesse no país e consolidar, de vez, as propostas comunistas que foram criadas com o movimento. Mudanças drásticas ocorreram em todo o território chinês e pessoas de todas as idades e classes foram seriamente atingidas. O próprio pai de Huihan Liu, que era um professor de literatura chinesa antiga, foi deposto de seu cargo e obrigado a seguir com a família para o campo, onde faria reeducação socialista.

HUIHAN LIU - Conversas da manhã - Óleo sobre tela - 61 x 76,2

Como bom artista, Liu ainda foi mantido nos estudos da escola secundária, juntamente com outros estudantes que se destacaram. Eram obrigados, porém, a criar obras que glorificassem o partido e os seus líderes. Huihan Liu ainda se dizia de sorte, por estar fazendo aquilo que sempre quis, desenhar e pintar. Passava todo seu tempo pintando intermináveis propagandas do Presidente Mao e de seus exércitos. Nos raros momentos de folga, pintava algumas paisagens.

HUIHAN LIU - Brumas da manhã na vila - Óleo sobre tela

Seus horizontes se abriram, pela primeira vez, em 1967, em uma visita que fez ao extremo oeste da China. Lá, viu diferentes costumes e estilos da região que ele morava. Mas, novamente as coisas se dificultariam nos próximos anos. Após o término de seu ensino médio como artista, Liu foi designado a trabalhar numa fábrica. Incansável, conseguia economizar alguns recursos para comprar o mínimo de material artístico, e aderir a um grupo local de artistas que se reunia para pintar nos momentos de folga.

                                
Esquerda: HUIHAN LIU - Visitas do feriado - Óleo sobre tela - 61 x 45,7
Direita: HUIHAN LIU - Três gerações - Óleo sobre tela - 91 x 45,7

Somente em 1972, quando a forte opressão de mais de uma década começou a diminuir, Huihan Liu começou a ter boas notícias para sua carreira artística. A Academia de Belas Artes de Guangzhou estava aceitando candidaturas e foi, com o auxílio de um de seus antigos mestres, Zhang Ton, que ele conseguiu o consentimento para ser admitido nela. Segundo o próprio Liu, “foi uma experiência maravilhosa”. Após a formatura, em 1975, o Estado o colocou na organização de reuniões para sindicais e o designou para pintar retratos de Mao (que morreu em 1976). "E no meu tempo livre", acrescenta ele, "eu estava pintando para a minha família, amigos e vizinhos."

HUIHAN LIU - Dia de mercado - Óleo sobre tela - 40,6 x 50,8

A felicidade atingiria o grau máximo para o artista quando, em 1979, foi indicado para o cargo de professor na Academia Guangzhou. Além de ensinar, ele poderia ter tempo para pintar aquilo que quisesse. Não perdia tempo, produzia várias ilustrações para livros didáticos, como um trabalho freelance. E ainda não mediu esforços para se pós-graduar em Guangzhou, entre 1985 e 1987. Seu mundo já parecia pequeno e ele queria sempre mais. Com pouco mais de trinta anos de idade, ele agora fazia planos de conhecer museus ocidentais e visitar as pinturas originais que sempre pode admirar somente por livros e revistas. Veio a realizar esse seu sonho, quando foi aceito na Academy of Art University, em São Francisco, nos Estados Unidos. Com muito pesar, deixou esposa e filho para trás e partiu para lá. Eles se juntaram a ele somente um ano depois. Ele se graduou nessa faculdade em 1993. Diante de um mercado bem mais promissor que o chinês naquela época, Liu se naturalizou cidadão americano em 1999.

HUIHAN LIU - Voltando para casa - Óleo sobre tela - 61 x 45,7

O artista foi ganhando experiência com o novo mercado e se adaptando da melhor maneira que conseguia. Foi somente em 1995, que aconteceria uma grande virada na sua carreira artística. Liu viajou novamente para o Tibete, na mesma região que visitara oito anos atrás. Ele afirmou naquela época: “Essas pessoas se hospedaram em meu coração, e sinto que, se puder expressar a paixão que sinto por elas, os americanos possam se interessar pelo meu trabalho”. Munido de esboços e fotografias que colheu em sua estadia por lá, retornou para o estúdio de São Francisco e se pôs a produzir tudo aquilo que havia lhe emocionado bastante na viagem. Rapidamente, seu trabalho foi ganhando notoriedade e agradando crítica e público. Havia sinceridade em tudo que produzia e isso lhe bastava. Aos 44 anos de idade, ingressava de vez como um respeitado artista do mercado americano.

HUIHAN LIU - Antes da colheita - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,4 - 2005

Sua carreira ainda continua fundamentada com a produção nas aldeias tibetanas, para onde viaja sempre que possível, mas, também expandiu sua produção com temáticas indígenas do oeste americano. Versatilidade não lhe falta. Continua desenvolvendo um realismo com forte influência impressionista, como ele mesmo gosta de classificar. Mais do que nunca, o artista procura penetrar no íntimo de cada pessoa e fazer da sua arte, uma ponte delas com o mundo. Seja na China, com os aldeões dos locais mais remotos, ou com descendentes indígenas do oeste americano, Liu se vê um artista das pessoas do mundo. Ele também adquiriu respeito e notoriedade no seu país de origem, tendo inclusive livros lançados por lá. Os anos difíceis do passado foram finalmente recompensados. Liu olha para trás e os vê como degraus necessários e valiosos para chegar onde chegou.


PARA SABER MAIS:



4 comentários:

  1. l
    "Saudade - Palavra única....."

    Estou escrevendo o livro "Saudade...":
    - Se se você já contribuiu, enviando seu depoimento, sua saudade, eu agradeço.
    - Se não, eu estou aguardando a sua valorosa contribuição.

    Exemplos de saudades já recebidas e que irão para o livro:

    Eu tenho saudades dos...
    "Domingos na cidade de Pingo D'água, de manhã ajudávamos a podar o campo com trator e roçadeira, aquele cheiro da grama cortada ainda ficou até hoje, e é só passar perto de alguém podando um jardim e a lembrança vem na hora, e a tarde era hora de dar espetáculo com a camisa do Juping no campo que cuidamos com muito carinho."
    Adilson Begatti- Cronista Esportivo e Metalúrgico
    Coronel Fabriciano-MG

    Eu tenho saudades do...
    "Do tempo em que a praça da cidade tinha espaço para as crianças ...lago com peixinhos. Os "coquinhos" caiam pelo chão e as crianças se divertiam tentando abrí-los para comer. O espaço de areia era disputado e ninguém se importava em sujar os pés...não se ouvia os gritos das mães desesperadas e irritadas pelos filhos que insistiam em gastar dinheiro no "pula-pula". A diversão era interminável e gratuita."
    Ana Karina Veiga - Jornalista - Professora e Estudante de Direito
    Santos Dumont-MG

    Eu tenho saudades do...
    "Bonde em Campinas (SP), um veículo totalmente aberto, um convite pra gente sentir a brisa no rosto. E os cobradores, então! Dobravam o dinheiro de forma vertical e o colocada entre os dedos. Era o maior barato. Pena que em minha cidade eles pararam de circular em 1969, deixando muita saudade!"
    Ariovaldo Izac - Cronista Esportivo
    Campinas - SP

    Eu tenho saudade dos...
    "Bailes de carnaval nos clubes da cidade, na década de 1980, onde a diversão era muito mais sadia.Também tenho muita saudade quando eu apresentava bailes nos clubes de Juiz de Fora e cidades vizinhas. Saudade da eterna rádio Mundial 860, onde sempre buscava os novos hits para tocar no meu programa radiofônico. Bons tempos..."
    Carlos Augusto de Oliveira (Guto) - Radialista
    Juiz de Fora-MG

    Eu tenho saudade da...
    "Velha 'maria fumaça', aquele trem de ferro que soltava fumaça e à noite enfeitava o céu com fagulhas, coisa muito linda. O apito da velha "12" também me dá uma grande saudade. Eu morava em Uruçuca, na Bahia e viajava para Itabuna naquele trem, que "morrendo" nas ladeiras, mas subindo cansado, ele chegava lá. Muito lindo!".


    Eu tenho saudade de...
    "Em Pirapora, minha terra natal, dos meios de transportes: o trem de Pirapora para Corinto, Montes Claros e Belo Horizonte bem como os vapores de Pirapora até Juazeiro, na Bahia e Petrolina, em Pernambuco".
    Paulo Roberto Caldeira Brant - Comentarista Esportivo
    Poços de Caldas - MG

    Eu tenho saudade das...
    "Partidas de futebol que o Santos Futebol Clube, do bairro Floresta, realizava no campo da Fábrica de Tecidos São João Evangelista e que a família Carbogim era base do time, com Zé Alemão, Gabriel e Rafael, além de meu sobrinho Flávio, como mascote"
    Miguel Carbogim - in memoriam


    Att,
    Carlos Alberto Fernandes Ferreira
    www.carlosferreirajf.blogspot.com
    Juiz de Fora-MG

    VEM AÍ...
    O Portal MULTIMÍDIA...

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    1. Legal compartilhar sua empreitada, Carlos. Desejo que colha o máximo de depoimentos possíveis.
      Grande abraço!

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  2. Maravilhoso... estilo inconfundível!
    Amigão, feliz ano novo, tudo de bom...
    Abração!

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    1. Grande Vidal. Desejo a você um ótimo ano de 2016, meu amigo. E que possamos nos ver por aqui por muitas outras vezes no ano que se inicia!
      Grande abraço!

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