VELÁZQUEZ - A forja de Volcano - Óleo sobre tela - 223 x 290 - 1630 - Museu do Prado, Madri
VELÁZQUEZ - A velha cozinheira
Óleo sobre tela - 99 x 128 - 1618 - Galeria Nacional da Escócia, Edimburgo
Dentre as muitas atribuições
para a palavra “mestre”, talvez a mais louvável seja aquela que define como “alguém
que ensina”. Curiosamente, Velázquez nunca deu aulas e nem teve seguidores
enquanto vivo, mas, a importância de sua obra é tão relevante e grandiosa, que
se tornou um mestre natural posterior à sua morte e mais evidente ainda, séculos
após ela. Muitos artistas de renome se deixaram influenciar pela leveza de suas
pinceladas e pelo equilíbrio que conseguia em suas composições. Muito mais
importante que a qualidade técnica que desenvolveu para produzir suas obras,
foi o cuidado dispendido a todos os personagens que retratava. Reis, rainhas,
anões, bufões, figuras da rua, camponeses... Todos eram retratados com
dignidade e decência. Essa talvez tenha sido a lição mais importante que todas
as gerações de artistas posteriores a ele aprenderam.
VELÁZQUEZ - A coroação da Virgem
Óleo sobre tela - 178,5 x 134,5 - Entre 1635 e 1636
A lista de artistas
renomados que reverenciaram o gênio incontestável de Velázquez é grande e
começou a crescer mesmo desde o final do século XVIII. Nomes como Gustave
Courbet, Édouard Manet, Whistler, Thomas Eakins, Sargent, Francis Bacon,
Picasso e Dali, são apenas alguns dos que vem imediatamente à cabeça, de uma
extensa lista de artistas que tiveram Velázquez como referência em algum
momento de suas carreiras.
VELÁZQUEZ - O triunfo de Baco
Óleo sobre tela - 165 x 225 - 1628 x 1629 - Museu do Prado, Madri
VELÁZQUEZ - O aguadeiro de Sevilha
Óleo sobre tela - 106,7 x 81 - Entre 1618 e 1622
Diego Rodríguez de Silva y
Velázquez era filho de nobres empobrecidos e nasceu nos primeiros dias de junho
de 1599, em Sevilha, na época a cidade mais rica da Espanha, devido ao seu
movimentado porto. Dando mostras de inclinação à pintura desde cedo, a sua
infância foi breve. Ele logo foi incentivado pelo pai a estudar nas melhores
escolas e, já aos 12 anos, iniciava os estudos em pintura, primeiro com
Francesco de Herrera, conhecido como "el Viejo", e depois com
Francisco Pacheco. Embora não tenham se tornado
artistas muito renomados, foram importantes nessa fase inicial de Velázquez,
pois desenvolveram nele o gosto pelas ideias intelectuais do Renascimento.
VELÁZQUEZ - Felipe IV, a cavalo - Óleo sobre tela - 303 x 317 - até 1635
VELÁZQUEZ - Cristo crucificado
Óleo sobre tela - 248 x 169 - Até 1632
Em 1618, com apenas dezenove
anos, casou-se com Juana Pacheco, filha de seu último professor. Ela tinha
apenas 15 anos, e nos próximos 42 anos que se se seguiram em sua companhia, foi
sempre uma fiel companheira. Precoce ao demonstrar talento para as artes, como
sempre, Velázquez mudou-se para Madri ainda muito jovem e, aos 24 anos, já
assumia o cargo de pintor oficial da corte do Rei Filipe IV. Viver entre a
realeza foi importante, porque lhe trazia estabilidade e conforto, mas também
lhe privava o tempo para produzir tudo o que queria. Velázquez não ficava
apenas pintando, ele possuía atividades diversas dentro do palácio, desde responsabilidades
pela decoração, hospedagem e cerimoniais diversos. Ocuparia essa função até o
fim da vida, o que lhe daria condições de viajar e trabalhar com uma certa
tranquilidade.
VELÁZQUEZ - Adoração dos Reis Magos
Óleo sobre tela - 203 x 125 - 1619
VELÁZQUEZ - Bufão com livros - Óleo sobre tela - 107 x 82 - Até 1644
Uma das coisas mais comuns
na vida de um artista é o conflito existencial, que coloca em xeque o que ele
é como pessoa e o que gostaria de transpor para sua obra. Fenômeno raro na
trajetória de um artista, esse tipo de conflito nunca fez parte da vida de
Velázquez. Pessoa de temperamento completamente afável, trabalhou toda a sua
vida em completa felicidade e harmonia. Como não podia correr para produzir
seus trabalhos, devido suas outras funções, esmerou-se ao máximo para produzir
bem aquilo que conseguia. Prova disso é a sua pequena produção: menos de 150 telas
suas chegaram aos nossos tempos e acredita-se que não tenha produzido mais de
200 em toda a sua vida.
VELÁZQUEZ - Marte
Óleo sobre tela - 179 x 95 - Até 1638
A amizade com o pintor
Rubens, em 1628 , quando este visitou Madri, foi crucial em sua carreira.
Juntos, trocaram ideias sobre trabalhos do Renascimento italiano e conversaram
sobre mitologia, o que aumentou o desejo de Velázquez de conhecer a Itália,
terra de pintores que exerceram grande influência sobre ele, como Caravaggio,
Ticiano, Tintoretto e Veronese. Dessas conversas, e com permissão de Felipe IV,
Velázquez viajou para a Itália no ano seguinte, passando por cidades como
Gênova e Veneza, até chegar em Roma, onde ficou lá por cerca de um ano. De Roma
partiu para Nápoles. Especula-se que ele tenha feito vários trabalhos nessa
época, mas, apenas duas obras chegaram aos nossos tempos, “A Túnica de José” e “A
Forja de Volcano”. Essa fase da vida de Velázquez é considerada como o período
de verdadeira educação artística em sua carreira. A cor e a luz ganharam
consistência e o realismo detalhado de seus trabalhos iniciais cederam espaço
para mais leveza e audácia técnicas. Em 1631, retornava para Madri um artista
ainda mais influenciado pelos renascentistas e pela arte clássica e começa ali um
período especial em sua vida.
VELÁZQUEZ - A Rendição de Breda - Óleo sobre tela - 307 x 367 - Até 1635
Velázquez retomou suas
funções e deu início à fase mais produtiva de sua carreira, marcada não apenas
pelos retratos de personagens da corte, mas também por trabalhos com temas variados.
Fez diversos retratos equestres de Felipe IV, para o Palácio do Bom Retiro e
sua única obra com tema histórico, "A Rendição de Breda" (1634). Também conhecida
como "As lanças", a obra é considerada por grande parte dos críticos
como a mais perfeitamente equilibrada do artista. Também produziu trabalhos
religiosos e profanos e retratos de bobos da corte. A ascensão para um cargo
administrativo, em 1643, também trouxe pontos favoráveis para sua obra.
Conseguia um pouco mais de tempo para produzi-las.
VELÁZQUEZ - As meninas - Óleo sobre tela - 318 x 276 - 1656
Em 1649, Velázquez fez uma
segunda viagem à Itália, desta vez com o objetivo maior de comprar pinturas de
Ticiano, Tintoretto e Paolo Veronese e esculturas, para o acervo do Palácio
Real. E também para manter-se a par da evolução da arte italiana. Pintou três
importantes trabalhos nesse período, incluindo o famoso retrato do Papa
Inocêncio X. Mas, nem tudo foi só glória nessa sua nova fase italiana. Ele
também teve um caso, resultando em um filho ilegítimo que atrasou consideravelmente
seu retorno à Espanha, para grande desgosto do rei. Ele ficaria ali até 1651,
para resolver toda essa situação. Em 1650, tornou-se membro da Escola de Arte
Romana. Na Itália, foi nomeado membro das academias romanas de São Lucas e dos
Virtuosos do Panteão.
VELÁZQUEZ - As fiandeiras - Óleo sobre tela - 220 x 289 - Entre 1655 x 1660
De volta a Madrid em 1651,
foi encarregado da decoração de todos os palácios reais, mas prosseguiu com
seus trabalhos de pintura, embora em ritmo menos acelerado. Produziu vários
retratos e por volta de 1655, pintou o primeiro quadro na história da arte
dedicado ao trabalho, "As fiandeiras". Em 1656, pintou "As Meninas",
composição de extrema complexidade que culmina a série dos quadros da corte. É
a síntese de seu realismo e de seu idealismo, tanto no sentido das proporções
ideais como no do espírito aristocrático. Em dezembro de 1659, Velázquez adquire
o título de Cavaleiro da Ordem de Santiago, uma de suas mais caras ambições.
Dessa data em diante, passa a ser chamado de Don Diego Velázquez. Ele viria
desfrutar dessa posição privilegiada por pouco tempo, pois falece no dia 6 de
agosto de 1660, na bela Casa do Tesouro, em Madri.
Com Velázquez, brilham os
últimos anos dourados da Espanha. À partir dali, toda pompa e poder caem em
profunda decadência.
VELÁZQUEZ - Autorretrato
Óleo sobre tela - 45 x 38
Quem nunca se encantou com as belas cenas de Velásquez? nome certo nos livros de arte, grandioso... Lembro-me dos velhos livros... quantas saudades!
ResponderExcluirAbração... feliz páscoa para você e toda sua família!
Fleiz Páscoa para ti também, amigo.
ExcluirGrande abraço!