WILLIAM MERRITT CHASE - Horas vagas - Óleo sobre tela - 64,77 x 90,17 - 1894
WILLIAM MERRITT CHASE
Casa de Chase, em Shinnecock Hills
Óleo sobre tela - 64,77 x 84,14 - 1895
Ao sul de Long Island, cerca de 100 km de Nova York,
Southampton já era, na última década de 1800, um local elegante onde os
milionários americanos erguiam suas mansões e passavam ali os verões.
Shinnecock era uma espécie de extensão da cidade, local onde ergueu-se a
Shinnecock Hills of Art. Em tempos mais remotos, era o endereço dos sonhos de
William Merritt Chase e agora ele estava ali. Dirigiu a escola por mais de uma
década e tirava dois dias da semana para lecionar a todos que lá se
encaminhavam. A escola era uma espécie de refúgio, fundada pelos colecionadores
que tinham casas de verão nas proximidades e justificava a fama de um local
acolhedor, onde o ensino comungava com o prazer de se formar amigos. Um local
aprazível, onde dava gosto caminhar sem destino e observar o mar e seus
mistérios. Há cerca de 3 km
da escola, Chase foi alojado em uma ampla casa, que abrigava também seu
estúdio. Desfrutava daquele recanto com sua numerosa família e, quando não
estava lecionando, estava pintando, o que era realmente aquilo que mais gostava de fazer.
WILLIAM MERRITT CHASE - Você me chamou?
Óleo sobre tela - 96,52 x 109,22 - 1897
WILLIAM MERRITT CHASE - A loja de antiquário
Óleo sobre tela - 68,58 x 87 - 1879
Prazeroso também para Chase era, sempre que chegava algum
artista influente, caminhar pela orla e trocarem informações. Observar a
paisagem, que oferecia sempre condições surpreendentes e sempre que era
possível, pinta-la ao vivo. Herança da tradição impressionista influenciada por
artistas europeus e da qual se fazia discípulo incondicional. Em muitas dessas
longas conversas não escondia suas origens. Tinha orgulho de ser o mais velho
dos seis filhos de uma família de comerciantes bem sucedidos. Tiveram alguns
transtornos financeiros que abalaram as condições da família, mas ainda assim
esses detalhes não saíam das rodas de conversas. Afinal, era sua vida, da qual
não podia se abdicar e jamais ignorava tudo que lhe havia trazido até ali.
WILLIAM MERRITT CHASE - Hall em Shinnecock Hill
Óleo sobre tela - 101,92 x 40,13 - 1895
WILLIAM MERRITT CHASE - Nu de costas
Pastel sobre papel - 47,72 x 33,02 - 1888
Chase nasceu em 1849, em Indiana. Apenas em
1872, após estudos em Indianápolis e na Academia Nacional de Design de Nova
York, é que se encaminha para a Europa. Certa vez, ao ser perguntado se
gostaria de estudar na Europa, respondeu prontamente: “Meu Deus, eu prefiro ir
para a Europa do que ir para o céu!” E para lá se encaminhou. Diferentemente de
toda a maioria de artistas americanos que se encaminhavam para Paris, Chase
escolheu inicialmente Munique. Achava o ambiente mais tranqüilo e queria fugir
um pouco das badalações que a capital francesa proporcionava naquela época.
Mas, mesmo se matriculando na Academia de Munique, sentia mais interessado nos
experimentos de Wilhelm Leibl e Gustave Courbet, além é claro, do realismo
desenvolvido em alguns trabalhos de Franz Hals e Rubens.
WILLIAM MERRITT CHASE - Casas-barco, Prospect Park
Óleo sobre painel - 1887
WILLIAM MERRITT CHASE - Prospect Park - Óleo sobre tela - 1886
Nas conversas e caminhadas em Shinnecock, gostava também de
frisar dos aprendizados conquistados em solo europeu. Tanto ele, como uma
grande parte dos artistas americanos que para lá se encaminhavam, desenvolviam
os mais diversos estilos pictóricos. Ecletismo era uma palavra em moda entre
eles. Mergulhavam em aprendizados de mestres passados com a mesma intensidade
com que experimentavam o que havia de mais contemporâneo em seu momento. Talvez
por isso, Chase conseguia caminhar com facilidade entre um realismo que não
decepcionava aos mais criteriosos e agradava imensamente a todos aqueles que já
se entusiasmavam com os novos experimentos impressionistas.
WILLIAM MERRITT CHASE - Sra Chase
Óleo sobre tela - 121,29 x 95,89 - 1902
WILLIAM MERRITT CHASE - Bronzes e vidro
Pastel sobre papel montado em linho - 66,04 x 88,9 - 1888
Muitos relatos de época comprovam um Chase elegante, não
apenas refinado no trato com todos os que conviviam em seus dias. Tinha uma
satisfação imensa em acolher amigos artistas e debater calorosamente com eles todos os avanços e experimentos que a arte proporcionava ao seu tempo. Uma
prova que era realmente dedicado nos seus relacionamentos e valorizava todos
eles, é que era um colecionador inveterado. Mesmo nos anos mais difíceis de
estudos, sempre juntava umas reservas para ampliar sua coleção. Adquiria trabalhos principalmente de seus amigos artistas e sentia muito bem ao fazer isso. Fez isso durante
toda sua vida.
WILLIAM MERRITT CHASE - Um canto do meu estúdio - Óleo sobre tela - 61,28 x 91,44 - 1895
WILLIAM MERRITT CHASE - Uma memória: na vila italiana
Óleo sobre tela - 74,3 x 92,08 - 1910
Chase era mesmo um artista de vanguarda para o seu tempo.
Audacioso, alugou um estúdio no Tenth Street Studio Building, em Greenwich Village ,
considerado o primeiro edifício do mundo construído unicamente para abrigar estúdios
para artistas. Algo audacioso até para os tempos atuais. Méritos para Richard
Morris Hunt, quem projetou o edifício e o inaugurou em pleno ano de 1856. A boa reputação que
Chase já começava a gozar, permitiu-lhe ocupar a grande galeria, anteriormente
destinada a exposições coletivas de todos os artistas do prédio. Durante um bom
tempo foi o seu endereço mais que nobre.
WILLIAM MERRITT CHASE - Terraço no Mall, Central Park - Óleo sobre tela - 1880
A boa acolhida que sempre proporcionava a todos que o
procuravam, também rendeu ótimos frutos para o próprio Chase. Alfred Stevens,
um artista belga que conheceu em uma de suas muitas viagens que fez
regularmente à Europa, foi quem o alertou: “Não tente fazer seus trabalhos
parecerem que foram feitos por mestres antigos”. Chase acolheu a dica como algo
bom, não como uma crítica severa. À partir de então, praticou algo mais
despojado, principalmente nos muitos trabalhos de estúdio. Começou também a
pesquisar e se deixar influenciar por algo de seu tempo, especialmente os
trabalhos de Manet e as cenas urbanas compostas por Giuseppe de Nittis.
WILLIAM MERRITT CHASE - Pequeno almoço no jardim - Óleo sobre tela - 1888
Com certeza, a exposição de 1886, com cerca de 300 pinturas
de artistas impressionistas europeus, realizada em Nova York por Durand
Ruel, trouxe um novo estímulo aos trabalhos contemporâneos de Chase. Já não era
apenas a influência de Manet que o saciava, agora se sentia atraído também por
Degas, Pisarro, Caillebote, Monet e todos os demais que compunham o seu círculo.
Muito sensível, percebia ali não somente um movimento de amigos, mas o surgir
de uma nova visão artística que mudaria a maneira de fazer todos os trabalhos
dali em diante. Estava
certo, como sempre! Mesmo sendo um impressionista americano bem sucedido, Chase
não abandonou de tudo suas referências acadêmicas, como constatamos nas suas várias
execuções de retratos e naturezas-mortas, onde dedicava uma atenção especial às formas e
seus volumes.
WILLIAM MERRITT CHASE - Um trecho do terraço
Óleo sobre tela - 52,71 x 62,23 - 1890
WILLIAM MERRITT CHASE - Sombras da tarde
Óleo sobre painel - 36,83 x 40,64 - 1897
William Merritt Chase faleceu no ano de 1916, em Nova York , de onde
sempre tinha orgulho para retornar de todas as viagens. Deixou um legado
material imenso e um legado humano ainda maior. Promoveu a arte e os artistas
de seu tempo. Muitos mestres de sua época foram impulsionados pela sua admiração
e dedicação em ver a arte como um bem universal que a todos merece atingir. Em
1983, sua casa e estúdio em Shinnecocck Hills foi adicionada ao Registro
Nacional de Lugares Históricos. Ainda é um local onde se é possível passear pela
orla e sonhar com novos tempos da arte para todo o mundo.
WILLIAM MERRITT CHASE - Autorretrato
Óleo sobre tela - Cerca de 1915
Chase e grupo de alunas em Shinnecock Hills, numa sessão de pintura ao vivo.
É uma satisfação comentar sobre o trabalho de Chase, Artista de talento incontestável, suas cenas campestres, suas naturezas mortas, parques, enfim, tudo, fez muito bem...
ResponderExcluirAbração e felicidades!
Olá amigo, bom vê-lo aqui, como sempre.
ExcluirO blog tem sido um local de encontro com muitos outros amigos.
Obrigado por vir. Grande abraço!
Olá! Na primeira pesquisa que fiz na net sobre o William Merritt Chase, dos resultados q apareceram, a imagem mais interessante (uma pintura do William) foi a sua, o q me fez clicar nela. Simpatizo com o estilo e com alguns quadros dele, não todos. Obg pelo post. Informativo e bem ilustrado. Sucesso!
ResponderExcluirOlá Rogério, obrigado.
ExcluirFico feliz que o blog tenha podido acrescentar algo de maneira positiva.
Grande abraço!