TOM ROBERTS - A debandada - Óleo sobre tela - 137,3 x 167,8 - 1891
ARTHUR STREETON - Próximo a Heidelberg - Óleo sobre tela - 53,7 x 43,3
CHARLES CONDER - Ricketts Point - Óleo sobre tela - 30,9 x 76,9 - 1890
JOHN RUSSEL - Cruach en Mahr, Matin, Belle-Île en Mer - Óleo sobre tela - 60,4 x 73,5 - 1905
Engana-se quem acha que o
Impressionismo ficou restrito somente à cena francesa, com Monet e seus amigos.
Certamente que o movimento teve sua gênese em terras francesas, mas Paris era
uma cidade do mundo naquela época, e muitos outros artistas, mesmo que não
tenham participado diretamente do movimento, acabaram se influenciando bastante
com ele. Muitos artistas estrangeiros eram amigos particulares dos
impressionistas propriamente ditos ou conheciam artistas que lidavam
diretamente com integrantes do grupo, e isso teve um peso muito importante
nessa disseminação do Impressionismo em diversas partes do mundo.
ARTHUR STREETON - Verão dourado, Eaglemont - Óleo sobre tela - 81,3 x 152,6 - 1889
CHARLES CONDER - Feriado em Mentone - Óleo sobre tela - 46,2 x 60,8
TOM ROBERTS - Um dia tranquilo no Córrego Darebin - Óleo sobre painel - 26,4 x 34,8 - 1885
JOHN RUSSEL - Madame Sisley nas margens do Loing, em Moret
Óleo sobre tela - 45,7 x 60,9 - 1887
Nesse próximo dia 7, dará
início uma exposição antológica na Galeria Nacional, em Londres. Impressionistas da Austrália: artistas
dignos de um lugar ao sol é uma clara demonstração de como o Impressionismo
teve representantes de peso em terras tão distantes de seu berço. Mesmo que
haja quem considere impróprio o termo Impressionista
para artistas que não eram integrantes do movimento, o termo é o mais
apropriado para designar os diversos outros artistas, daquele mesmo período e de
diversas partes do mundo, que observavam atentamente o que acontecia em Paris e
Londres, e que de uma certa forma deixaram se influenciar por tais novas
experimentações. Estados Unidos, Rússia, Espanha, Itália, e até países mais
distantes como Japão e Austrália deram sua cota de contribuição com artistas
que rompiam com as normas impostas pelas academias e começavam a mostrar seus
mundos da forma como viam e interpretavam.
CHARLES CONDER - Praia em Swanage - Óleo sobre tela - 50,8 x 60,9 - 1900
ATHUR STREETON - Pastoral - Óleo sobre tela - 112,1 x 76
Com curadoria de Christopher
Riopelle, a presente exposição mostra os trabalhos de 4 representantes da
pintura australiana daquele período: Tom Roberts, Arthur Streeton, Charles
Conder e John Russell. Não deve ter sido tarefa fácil escolher 4 entre tantos
outros bons representantes da cena australiana dos anos finais do século XIX e
início do século XX. Adotando a prática revolucionária dos artistas europeus,
principalmente os franceses, esse grupo de artistas australianos não deve em
nada à qualidade técnica e pictórica das referências europeias. E fizeram algo
inédito para a arte australiana de até então: mostraram a Austrália como ela
nunca havia sido mostrada. Pelos seus trabalhos, é possível ver retratada uma
terra em descoberta, captada em pequenos esboços realizados em plein air, ou
elaboradas cuidadosamente em ateliê, mas que sempre preservavam o frescor e o
improviso das cenas externas. A terra vermelha de um país naturalmente tórrido
e a paisagem única são o ponto alto das obras que irão encantar os visitantes
dessa próxima exposição.
TOM ROBERTS - Allegro com brio, Bourke St. West
Óleo sobre tela - 51,2 x 76,7 - Entre 1885 e 1890
JOHN RUSSEL - Garotos na praia - Óleo sobre tela - 80 x 63,5 - 1900
Esse pequeno grupo de
artistas australianos era muito intimamente ligado. Os integrantes eram muito
amigos entre si e tudo que aprendiam era logo compartilhado entre eles. Eles
viviam juntos, pintavam juntos e iam a campo, juntos, captar tudo aquilo que
viam. O sucesso que cada um obtinha tecnicamente era rapidamente partilhado com
os outros e assim formavam um grupo coeso e com um estilo inconfundível e muito
respeitado nos tempos atuais.
ARTHUR STREETON - Cremorne pastoral - Óleo sobre tela - 91,5 x 137,2 - 1895
TOM ROBERTS - Carvoerios - Óleo sobre tela - 61,4 x 92,3 - 1886
Dos quatro componentes dessa
mostra, apenas John Russel passou a maior parte de sua carreira artística na
Europa e nem é considerado um componente específico do grupo, mas, pelo contato
constante que manteve com os distantes amigos, principalmente Tom Roberts,
acabou sendo um integrante meio que honorário do movimento australiano. Russel
era quem informava aos amigos das terras distantes australianas sobre tudo de novo que surgia
nos cenários de Paris e Londres. Muitos outros artistas australianos,
anteriores a esse pequeno grupo, foram maravilhosos em suas composições e
representações das terras daquele país, mas ainda mantinham uma paleta e estilo
que ainda lembravam pinturas alemãs ou suíças. Foram os impressionistas
australianos que souberam, como ninguém anteriormente, capturar o brilho do céu
australiano e o calor único daquelas terras. E fizeram muito bem!
JOHN RUSSEL - Peôniuas e cabeça de uma mulher - Óleo sobre tela - 40,7 x 65
CHARLES CONDER - Cerejeira em flor
Óleo sobre tela - 46,1 x 34,9 - 1893
Todos os artistas do chamado
Impressionismo australiano receberam
algum tipo de treinamento da Escola da Galeria Nacional, em Melbourne, que foi
inaugurada em 1870. Mc Cubbin foi um dos mestres da escola que deu um grande
incentivo às novas manifestações da arte australiana. Ele foi professor de
Arthur Streeton e Charles Conder, que integraram mais adiante a Tom Roberts.
Roberts, por sua vez, passou quatro anos na Europa. Instalado em Londres, teve
passagens por diversas partes da Europa e fez contatos importantes, que
acabaram influenciando seu trabalho e direcionando para uma leitura mais naturalista
inicialmente, e depois mais impressionista. Foi na Europa que aprofundou
amizade com John Russel, outro australiano que acabou se estabelecendo em
definitivo pelas terras europeias, mas que nunca perderia suas raízes com sua
origem e voltaria para terras australianas no final de sua vida. O ponto mais
importante dos integrantes do movimento australiano era a auto-consciência de
que precisavam fazer algo que valorizasse realmente o país em que viviam e do
qual sentiam o maior orgulho. Várias colônias de artistas, de diversos pontos
daquela grande ilha já haviam entendido isso, mas ainda não haviam achado um
meio expressivo tão contundente quanto os experimentos impressionistas.
É mais que justo
voltar um pouquinho mais na história e dar justa referência a um outro pintor
inglês, John Glover. Embora nunca tenha sido aceito pela Real Academia de
Londres, tinha sua tradição pictórica alicerçada na tradição acadêmica de
pintura e foi exatamente ele quem alimentou nos artistas australianos a
necessidade de mostrar uma arte própria deles, que falasse a sua linguagem.
Maturidade de identidade que só foi conquistada nas décadas de 1880 e 1890 e
que revelou ao mundo os ditos “impressionistas australianos” que conhecemos
hoje.
TOM ROBERTS - Uma manhã de verão
Óleo sobre tela - 76,5 x 51,2 - 1886
ARTHUR STREETON - Tarde de junho, Box Hill - Óleo sobre tela - 55,9 x 76,3
Aclamado atualmente como o
pai da pintura australiana, Tom Roberts tinha princípios dos quais não abria
mão. Representar na tela aquilo que via na natureza, tal como ela se
mostrava, assegurava ao trabalho uma validade permanente e universal. De posse
desse princípio fundamental, suas obras e de todos aqueles que o seguiam foram
adquirindo personalidade. As pinturas paisagísticas que todos eles se propunham captaram a terra vermelha e dourada e os céus azuis australianos como jamais
fora feito em outras épocas.
CHARLES CONDER - Cena no quintal - Óleo sobre tela - 20,5 x 40,6 - 1889
JOHN RUSSEL - Uma clareira na floresta - Óleo sobre tela - 61 x 55,9 - 1891
TOM ROBERTS - Flores de natal - Óleo sobre tela - 52,1 x 36,2 - 1899
CHARLES CONDER - Estudos em Littlehaptom Beach - Óleo sobre tela - 30,7 x 76,5 - 1902
A presente mostra,
organizada pela National Gallery, é uma justa homenagem a todos aqueles
artistas que lutaram pelas suas ideias e que as colocaram em prática, isolados
de tudo e de todos, num mundo tão distante e tão particular. Criaram obras
fantásticas e deixaram para as futuras gerações de artistas daquele país, uma
forte referência e deram um impulso enorme a arte em suas terras. Artistas dignos de um lugar ao sol não
poderia ser um título mais apropriado para todos aqueles que acreditaram e
fizeram da Austrália uma referência num momento tão importante da arte mundial.
A exposição terá início no dia 7 de dezembro de 2016 e terminará no dia 26 de
março de 2017. Uma oportunidade imperdível para todos aqueles que puderem
passar por Londres nesse período.
GEORGE W. LAMBERT
Retrato do pintor australiano Arthur Streeton
Óleo sobre tela - 1917
Arthur Ernest Streeton
nasceu a 8 de abril de 1867, em Duneed, Victoria, Austrália e faleceu a 1 de
setembro de 1943.
TOM ROBERTS
Thomas William Roberts
nasceu em Dorchester, Inglaterra, a 8 de março de 1856 e faleceu em Kallista,
Victoria, Austrália, a 14 de setembro de 1931.
CHARLES CONDER - Autorretrato
Óleo sobre painel - 47,5 x 35 - 1902
Charles Edward Conder nasceu
em Tottenham, Inglaterra, a 24 de outubro de 1868 e faleceu em Londres, a 9 de
fevereiro de 1909.
JOHN RUSSEL
John Peter Russel nasceu em Sidney, Austrália, a 16 de
junho de 1858 e faleceu na mesma cidade, a 22 de abril de 1930.
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