domingo, 8 de outubro de 2017

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Parte 2

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Castellmare dell golfo, Golfo de Nápoles - detalhe

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Castellmare dell golfo, Golfo de Nápoles
Óleo sobre tela - 75,5 x 144,5 - Entre 1876 e 1877

Já produzi uma matéria anteriormente sobre Unterberger, mas, não resisti em pesquisar um pouco mais sobre sua vida e coletar um pouco mais de imagens, sobre esse artista que se tornou uma das figuras mais notáveis da arte austríaca. Incomparável em muitos aspectos como artista, teve uma vida tranquila, nascido em uma família de estabilidade financeira e ainda tendo como pai um negociante de artes, muito bem estabelecido em Innsbruck. Foi o único artista numa família com mais dez irmãos.  Unterberger soube aproveitar muito bem tudo isso, e fez de sua vida uma devoção completa e muito bem sucedida à arte.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Paisagem alpina - Óleo sobre tela - 89,5 x 137,2

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Por de sol nas Montanhas Schlern, próximo a Bolzano
Óleo sobre painel - 42 x 58

Um dos aspectos mais importantes a se notar na produção de Franz Richard Unterberger está relacionado às inúmeras viagens que ele se permitiu em toda sua vida. Tão logo concluiu seus estudos preliminares, pôs-se a viajar e produzir obras efusivamente por onde passava. Começou pela Noruega, onde produziu inúmeras obras com cenas tão peculiares e exóticas. A aceitação por tais obras foi muito grande, nas exposições que fez em Inssbruck, Viena e Düsseldorf, o que o encorajou a viajar mais e produzir mais. Assim fez, visitando agora a Dinamarca, a costa inglesa e a Escócia.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Rio selvagem nos Alpes - Óleo sobre tela - 42 x 58

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Um dia dourado próximo ao Reno
Óleo sobre tela - 76,5 x 127

Não foi um artista que abandonou suas origens, muito pelo contrário. Sempre saía pela Áustria e produziu diversos trabalhos em várias regiões do país. Em 1862, ficou uma boa temporada no Tirol, onde produziu trabalhos importantes de sua carreira. Continuava combinando a simplicidade da vida do campo com as tão bem elaboradas cenas que idealizava.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Pastores nas margens de um lago na montanha
Óleo sobre tela

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Um lago na montanha - Óleo sobre tela - 72,5 x 111,5

Mesmo que fossem épocas de turbulências políticas em várias regiões da Europa, também foi um período onde o turismo ganhou um novo fôlego no continente. A nova classe burguesa de todas as partes do mundo não saía de Paris, Londres e Roma. Queriam visitar os museus, que se repaginavam e ofereciam exposições e promoviam salões. Isso ajudava em muito nas vendas dos trabalhos de Unterberger. Os principais resorts e pontos turísticos da Europa expunham suas obras e todas eram logo vendidas.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER
Costa de Amalfi, vista de um convento de Capucinos
Óleo sobre tela - 57 x 35,5 - 1888

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Costa de Amalfi, vista de um convento de Capucinos
detalhe

Aclamado como um excelente paisagista em todas as regiões que passava, é impossível não associar a sua imagem às inúmeras obras que fez de vários pontos da Itália. Talvez tenha sido o país com o qual mais se identificou em toda sua vida. Sua primeira visita por lá, aconteceu em 1858. Não foi uma das melhores épocas para visitar o país, a instabilidade política daqueles tempos fez com que não ficasse lá tanto quanto queria. Mas, o pouco que viu daquele primeiro contato já o seduziu o suficiente para não deixar de pensar naquelas terras. Anos depois, num período mais estável, ele voltaria lá e ficaria bem mais tempo. A década de 1870 foi especialmente dedicada à Itália.


FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Festividades da noite - Óleo sobre tela - 60,3 x 85,5

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Vista de Veneza, com o Palazzo D'Ario
Óleo sobre tela - 82,8 x 70,1

Em dois momentos da década de 1870, ele moraria na região de Nápoles, entre 1870 e 1872 e também entre 1877 e 1878. Foi um dos períodos mais criativos de sua carreira. Ele colecionou motivos variados e produziu estudos etnográficos que seriam usados em diversos trabalhos. Tornou-se assim, um dos ilustradores mais devotos da paisagem italiana, em particular do sul do país, onde gravou e reproduziu uma seleção natural sem excesso ideológico. Pintava o que via, filtrado apenas pelo impecável bom gosto, que sempre lhe foi particular. Conseguia transformar a mais simples cena em uma obra equilibrada e atraente. E era exatamente isso que atendia prontamente aos desejos do público e da crítica.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Grande canal, Veneza - Óleo sobre tela - 60,5 x 100,1

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Vista de Veneza, dos jardins públicos
Óleo sobre tela - 81,2 x 69,8

Em Veneza, ele viria afirmar que havia conhecido “a pura verdade”. “Il puro vero”, como costumava dizer. Em nenhum lugar, viu o magnífico e o comum em tão perfeita comunhão. Construções suntuosas ao lado do povo simples, que lotava os canais e pequenas ruelas. Ali, sua paleta tornaria ainda mais brilhante que de costume. Sua capacidade de captar a luz, somada à precisão do desenho e da boa composição, fizeram dele um artista sem precedentes na representação da cidade. Suas obras não lembram a austeridade de Canaletto e Belotto, trazem uma Veneza alegre e festiva, iluminada e convidativa.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Sorrento, baía de Nápoles - detalhe

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Sorrento, baía de Nápoles
Óleo sobre tela - 82,5 x 71,1

Desde quando mostrou seu primeiro trabalho com um tema italiano, em 1868, na Sociedade de Arte de Viena, logo ficou claro que a Itália teria uma grande influência em sua carreira. Em 1873, na Exposição Mundial de Viena, ele expôs uma cena ricamente produzida à partir de uma tomada em Sorrento, na costa italiana. Capri e várias tomadas da Costa Amalfitana viriam consagrar definitivamente a carreira desse grande artista de seu tempo.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Amalfi, Golfo de Salerno
Óleo sobre tela - 110 x 100

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Figuras numa encosta de Pompeia
Óleo sobre tela - 57,2 x 85,1

De aparência sempre elegante e de modos impecáveis, era sempre muito bem recebido por onde passava. Nunca se casou e viveu uma vida devotada especialmente à arte. Quando não estava viajando, se refugiava em sua casa em Bruxelas. A fortuna que adquiriu ainda em vida, permitiu ter uma vida estável e sem sobressaltos. Vários museus da Europa e Estados Unidos exibem seus trabalhos, mas, a maior parte de sua produção encontra-se mesmo em coleções particulares.

FRANZ RICHARD UNTERBERGER - Vista dos Dolomitas, Lago de Landro
Óleo sobre tela - 66 x 93

PARA SABER MAIS:




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