ETTORE FORTI - Mercador de tapetes em Pompéia - Óleo sobre tela - 49 x 77,5
As escavações arqueológicas nas cidades de Pompeia e Herculano,
iniciadas no século XVIII, abriram caminho para o
retorno à antiguidade clássica como referência maior para
a manifestação artística. No século XIX, isso teria uma
importância fundamental nos estilos e temas abordados.
GIOVANNI MUZZIOLI - Jovens jogadores de bocha - Óleo sobre tela - 60 x 100
Assim como para fazer um
diagnóstico correto de um paciente que chega a uma clínica é preciso saber o
seu histórico de vida, também para conhecer melhor um período da História é
necessário conhecer os períodos que antecederam a ele. No paciente, uma
conclusão sem análise prévia pode não apenas chegar a uma conclusão errada de
sua enfermidade como não curá-la. Na história, iguais injustiças podem
acontecer. Há ainda a possibilidade de, na história, haver interesses
particulares e os fatos serem distorcidos, fazendo com que, no futuro, essa
força e poder deixem a história mal contada, trazendo sérios riscos para a
memória da humanidade. Se quisermos entender o século XIX e todo o contexto
histórico desse período, principalmente no que se refere à arte desenvolvida
nessa época, teremos que voltar um pouco antes. Conhecer os personagens e todo
o contexto social no qual estavam inseridos é o primeiro passo para se chegar a
uma análise mais próxima da realidade. Um pouco da grande mudança artística
ocorrida no século XIX acontece décadas antes, na Itália principalmente, e
envolve personagens de diversas áreas e de diversas nacionalidades.
FILIPPO PALIZZI - Escavação em Pompéia
Óleo sobre tela - 118 x 85
Um fato curioso nas escavações das cidades italianas, é que a
mão-de-obra feminina era usada indiscriminadamente. Aos homens,
cabia o trabalho de escavar, e a elas o trabalho de carregar o
produto das escavações.
LOUIS FRANÇAIS - Escavações em Pompeia - Aquarela sobre papel - 36,2 x 47,5
A chegada do século XIX
acenava um período muito bom para a Itália. Guardadas as devidas proporções,
houve quem acreditasse que estariam de volta os velhos tempos áureos do
Renascimento. Isso devido às escavações iniciadas em Pompeia e Herculano, que
trouxeram à cena a intimidade com a Antiguidade. Destruídas pela erupção do
Vesúvio no ano 79 dC, as cidades tiveram suas estruturas preservadas, tal como
se estivessem congeladas no tempo. Pessoas foram pegas de surpresa e não
tiveram como fugir. Muitas delas foram petrificadas ainda em suas casas.
Iniciadas em 1738, as escavações nas duas cidades revelaram um cenário nunca
antes visto ou imaginado. Podia-se caminhar por uma cidade romana praticamente
inteira, com ruas pavimentadas, lojas, casas e anfiteatros. Com exceção dos
telhados e algumas paredes que desabaram com o peso das cinzas; as cidades inteiras
estavam bem conservadas. Principalmente
em Pompeia, onde os estragos estruturais não foram iguais aos de Herculano, a
decoração original ainda continuava nas paredes, além dos utensílios domésticos. Toda
essa descoberta acabou tendo um grande impacto nos estilos neoclássicos do
século XVIII e no início do século XIX por todo o mundo ocidental.
AUGUST KNOOP - Sociedade rococó - Óleo sobre tela - 25,5 x 30
CARL SCHWENINGER JR - Fofoca no salão - Óleo sobre painel - 47 x 60
CLETO LUZZI - O recital - Óleo sobre tela
No período Rococó, a sociedade experimentava um
período de extravagâncias. Há historiadores que
o classificam como o período da frivolidade e
desperdícios. Esse excesso, que era percebido
em tudo, desde a arquitetura à maneira de agir,
seria substituído em breve pelo Neoclassicismo.
Não era somente o fato
inusitado das descobertas que prometia trazer severas mudanças ao cenário
artístico europeu (que era quem ditava as regras da arte naqueles tempos). O
Barroco já dava ares de um movimento exaurido. Como na história da arte, assim
como na história da humanidade, um período de liberdade é sempre sucedido por
um período de disciplina, a frivolidade dos tempos do Rococó estava com os dias
contados. O retorno às antigas origens da arte europeia, com base
principalmente nas escavações que se iniciaram nas cidades italianas citadas,
trouxe à cena uma espécie de novo Renascimento. O Neoclassicismo ganhou força e
marcou uma nova fase na História da Arte.
IPPOLITO CAFFI - O Pantão, Roma - Óleo sobre tela - 23,1 x 30,1
Roma e Veneza tornaram os centros mais movimentados na
Itália daqueles tempos. Mas, a promessa de um novo
Renascimento se tornava cada mais distante da realidade
do país. Foram os estrangeiros, as figuras mais
importantes daquela época.
CANALETTO - O pier, com a Casa da Moeda e a Coluna de St Theodore
Óleo sobre tela - 110,5 x 185,5
Roma retomava o posto que
lhe fora de direito cerca de 300 anos antes. Por ironia, os romanos e os
italianos tiveram uma participação modesta nessa nova fase. Eram os
estrangeiros, vindos de toda parte, que chegavam ali para completar os estudos
e instruir-se nas artes, principalmente. Praticamente vieram artistas de todos
os continentes, de diversas nacionalidades. Alguns locais em Roma e Florença
pareciam verdadeiros ateliês estabelecidos. Numa espécie de conquista do
território italiano, todas as regiões foram praticamente invadidas. Veneza
revelava um cenário exuberante e único, Florença e Roma ressuscitavam a
antiguidade esquecida, o litoral revelava um país quase exótico aos olhos de
artistas de todos os cantos que chegavam ali.
PIERRE SUBLEYRAS - O estúdio do artista - Óleo sobre tela - 1740
Se do Renascimento ao Barroco o artista era geralmente
sustentado por mecenas e trabalhava exclusivamente
em seus estabelecimentos (geralmente palácios e
igrejas), à partir do século XVIII ele passava a ter
seu próprio ateliê e tornara assim, um profissional
independente. No século XIX isso ficaria ainda
mais definido.
ALFRED STEVENS - O pintor e sua modelo - Óleo sobre tela - 1855
Os alemães tornaram os
teóricos desse novo movimento. Isso sempre pareceu uma vocação natural daquele
país. Deixaram uma notada contribuição no registro histórico desse novo tempo.
Johann Joachim Winchelmann é a figura mais ressaltada entre eles. Historiador
de arte e arqueólogo, foi o primeiro a estabelecer distinções entre Arte Grega,
Greco-romana e Romana, o que se tornou decisivo para o surgimento e ascensão do
Neoclassicismo. Winckelmann foi também um dos fundadores da arqueologia
científica moderna e foi o primeiro a aplicar de forma sistemática categorias
de estilo à história da arte. É considerado por isso, o pai da História da
Arte. Infelizmente não dedicou à sua vida particular a atenção que dava aos
estudos e teve um final trágico, que vale ser conferido em sua biografia.
GIULIANO ZASSO - Na Piazza San Marco, em Veneza
Óleo sobre painel - 47,5 x 37,5
Com as escavações em Pompeia e Herculano, e também
em outros sítios arqueológicos que foram sendo
explorados nesse período, visitantes de todas
as partes do mundo queriam ver as novidades
do mundo antigo. O conceito de turismo como conhecemos
hoje, é provável que tenha surgido nesse período.
LUIGI BAZZANI - Uma vista de Pompéia - Óleo sobre tela
Da Alemanha não vieram
apenas os teóricos, artistas também tomaram espaço entre eles. Rafael Mengs e
Vien foram os mais expoentes deles. Também ligados ao grupo estavam artistas
como a suíça Angélica Kauffmann e Tischbein. Mas, de várias partes do mundo
eles iam surgindo e obtendo influência e força nos novos movimentos. O escultor
Trippel, o dinamarquês Carstens, os ingleses Flaxman e Gavin Hamilton e até
mesmo o americano Benjamin West. Todos se diziam fanáticos pelos desenhos de
contornos, imitados de vasos gregos e que se tornaram uma espécie de frenesi
entre colecionadores. Mas, foi um francês, de nome Jacques Louis David quem
daria um novo impulso ao movimento Neoclassicista daqueles tempos. Graças a ele
e ao contexto político francês, Roma perderia o status de cidade sede da grande
renovação artística daqueles tempos e Paris se tornaria o ponto de referência
da grande revolução cultural daqueles novos tempos. E isso é assunto para a
nossa próxima matéria.
JACQUES LOUIS DAVID - Eraístrato descobre a causa da doença de Antíoco
Óleo sobre tela - 120 x 155 - 1774
O mundo clássico antigo foi o tema predominante na obra
do francês David. E com ele, uma série de grandes
mudanças ocorreriam em vários campos da arte.
ANGÉLICA KAUFFMANN
Retrato de Johann Joachim Winchelmann
Óleo sobre tela - 97 x 71 - 1764
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MAIS OBRAS DESSE PERÍODO PODEM
SER ACOMPANHADAS NO LINK A SEGUIR:
Um período em que os detalhes eram riquíssimos...
ResponderExcluirAmigo,um grande abraço...
Um período único!
ExcluirGrande abraço, Vidal!
Lendo o texto fiz uma viagem no tempo... que coisa boa meu amigo...
ResponderExcluirabraço
Olá Yure, bom dia.
ExcluirA intenção é que a viagem dure um bom tempo.
Grande abraço!