domingo, 8 de julho de 2018

UM SÉCULO DE CONTRASTES


GAETANO CHIERICI - O questionador - Óleo sobre tela - 56 x 79

JOAQUÍN SOROLLA Y BASTIDA - Pescadores valencianos - Óleo sobre tela - 65 x 87 - 1895

Uma das péssimas características dos tempos atuais é a superficialidade. Abrangente para todas as áreas possíveis a que se possa usar a palavra, mas especialmente para o conhecimento. Quer-se saber muito, mas se instruir pouco. Exatamente no momento onde o acesso para todo e qualquer tipo de pesquisa se faz facilitado, graças à presteza da internet, as pessoas se contentam com o máximo superficial possível de cada informação. Se você já chegou até aqui nessa leitura, não se assuste ao que irei afirmar: muitos passarão por esse texto vendo apenas as belas imagens que escolhi para ilustrar, sem se ater para o chamado de atenção, que é o ponto forte de minha proposta nesse momento. Assim, o que possibilitaria uma evolução cultural do ser humano, torna apenas uma ferramenta para conquistas egoístas momentâneas, típica do prazer fugaz superficial.

WLADISLAU VON CZACHORSKI - O bouquet
Óleo sobre tela - 40 x 29

JOHN SINGER SARGENT - Lady Agnew de Lonhaw
Óleo sobre tela - 125,7 x 100,3 - 1892

Se você sai à caça de conteúdo que amplie seu conhecimento sobre a arte do século XIX, por exemplo, que será nosso enfoque principal nesse momento, não deve se restringir somente a salvar belas imagens com alta resolução. A história e todo o envolvimento humano por trás de cada obra daquele período fará com que suas pesquisas ganhem um outro patamar. Certamente você sairá do campo da superficialidade para uma informação que lhe traga muito mais essência e conteúdo. Conheço várias pessoas que compram livros de arte caríssimos, fartamente ilustrados, mas que nunca se deram ao trabalho de ler sequer dois capítulos daquele mesmo livro sobre a vida do artista. Contentam apenas com a imagem que seduz e perdem a excelente oportunidade de conhecer mais profundamente o ser que têm por referência.

DANIEL MACLISE - A consulta com a cigana - Óleo sobre tela - 61 x 50,8

VITTORIO MATTEO CORCOS - Sono - Óleo sobre tela - 160 x 135 - 1896

Evoluímos basicamente de duas formas, horizontal e vertical. Evoluímos horizontalmente quando ampliamos o conhecimento de determinada área, com interesses para se obter um retorno imediato com ela, geralmente financeiro ou de status. Não que isso seja de todo ruim. Evoluímos verticalmente quando o conhecimento transcende o campo dos interesses individuais e há uma notada preocupação e intenção de que se eleve a condição humana de todas as pessoas, de uma maneira geral. Salvar apenas imagens dos trabalhos de artistas de que você admira amplia o conhecimento horizontal, você muda como pessoa. Salvar imagens desses mesmos artistas e entender todo o processo social e histórico que os levaram a produzi-las, amplia o conhecimento vertical, você transforma como pessoa. Há uma diferença muito grande em mudar e transformar. Quando você apenas muda, ainda há a possibilidade de voltar a ser o que era. Quando você se transforma, você nunca mais será o mesmo.

ALFRED PETIT - Natureza morta na cozinha - Óleo sobre tela - 175 x 251,5 - 1891

GEORGIUS JACOBUS JOHANNES VAN OS - Uma opulenta natureza morta
Óleo sobre tela - 82 x 66,1 - 1837

A minha proposta à partir dessa matéria é apresentar um conteúdo mais sólido e profundo sobre a arte do século XIX, um dos séculos mais revolucionários e necessários para se entender de uma maneira mais vertical a história da arte. E faremos isso em tantas matérias quantas forem possíveis, trazendo não somente a beleza de imagens muito bem selecionadas e instrutivas, mas procurando abordar sobre tais trabalhos de uma maneira mais holística, tentando entender e absorver ao máximo as boas informações que podem nos passar todos os grandes nomes daquele período.

                                                     
Esquerda: MATHURIN MOREAU - Flora - Argila - 92 cm de altura
Direita: ERNEST JUSTIN FERRAND - Pescador com arpão - Bronze - 114 x 38

Abaixo: JOSEPH JANSEN - Vista do Lago Lucerna - Óleo sobre tela - 94 x 130,5 - 1900


O século XIX talvez seja tão polêmico pela sua diversidade em si. Um século de contrastes, onde os estilos dominantes da cena foram substituídos por uma nova alternativa de olhar e fazer arte. E tudo pareceu tão intenso naqueles tempos exatamente por isso. Se pudermos imaginar o Bouguereau entre os mestres renascentistas, dois ou três séculos antes, talvez não teria o impacto que teve em seu tempo. Foi exatamente por dividir a cena com movimentos tão revolucionários, como o Impressionismo, que o conhecemos como é hoje. O próprio Impressionismo assumiu o ar de inovador pelo fato de emergir numa cena consolidada no mais refinado academicismo. Como disse o filósofo Heráclito, muitos séculos antes, “A oposição traz concórdia. Da discórdia nasce a mais bela harmonia”. Para os experimentos que fizeram o homem caminhar na sua trajetória na história da arte, nada melhor e mais enriquecedor que os contrastes e o louvor a tanta diversidade. E isso, o século XIX teve de sobra.

MONET - Banhistas em La Grenouillere - Óleo sobre tela - 73 x 92 - 1869

VAN GOGH - A Ponte Langlois, em Arles, com lavadeiras - Óleo sobre tela - 54 x 65 - 1888

Mas não vamos aprofundar tanto por hoje. A matéria desse momento é apenas um chamado. À partir de agora, faremos uma viagem prazerosa e muito proveitosa em torno da fantástica arte desse século tão intenso e enigmático. E que ao caminhar de todos os nossos encontros tenhamos realmente nos transformado, não apenas como conhecedores da história da arte, mas principalmente como pessoas.
Para os que tiverem acesso ao Facebook, foi criada uma página especial sobre a arte do século XIX. Lá haverá conteúdo de imagens somente, o conteúdo teórico ampliaremos por aqui. O link para acesso segue abaixo:

https://www.facebook.com/Arte-no-S%C3%A9culo-19-1808532979454431/?modal=admin_todo_tour

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