THOMAS GAINSBOUROUGH - Paisagem com floresta e fazenda
Óleo sobre tela
THOMAS GAINSBOUROUGH - Regato
Óleo sobre tela - 147 x 180 - 1777
RICHARD WILSON - Tribunal Croome, Worcestershire, 1758 - Óleo sobre tela
Juntamente com o retrato, a pintura de paisagens gozou de um
grande prestígio na Inglaterra do século XVIII, graças principalmente a
Canaletto, que passou uma temporada de 9 anos por lá, executando as paisagens
do interior do país. Canaletto viria a influenciar muitos outros artistas e é
impossível não destacar, entre eles, Thomas Gainsborough e Joshua Reynolds.
Declaradamente rivais, disputavam cada cliente da abastada aristocracia
inglesa. Retratistas respeitados, introduziram na paisagem um nível mais
elevado, representando esse tema com a mesma importância de seus clientes
retratados. É bom também não se esquecer da contribuição e influência que
deixou Richard Wilson para essa temática.
WILLIAM TURNER - Fort Vimieux - Óleo sobre tela - 71,1 x 106,7 - 1831 - Coleção particular
O Romantismo foi o grande movimento que deu ao tema
paisagístico o status que desfrutamos dele hoje. Exaltando acima de tudo a
tradição, esse movimento encontrou um solo fértil na Inglaterra e Escócia,
países assumidamente tradicionalistas. No Romantismo, a natureza expressa
aquilo que mais intimamente sentimos. Ela pode ser evidenciada pelos fenômenos
naturais e pela interatividade com que o homem tem com ela. É nesse período que
começam a ser representadas as grandes cenas, com paisagens imponentes e que
nos transportam, muitas vezes, para um mundo de sonhos e fantasias. O
Romantismo parece ser também o prenúncio para uma arte de apelo ecológico, que
tenta resgatar nas pessoas um sentimento de solidariedade com a natureza, visto
às agruras que o meio ambiente começa a sofrer com a Revolução Industrial. Mas,
precisaria de mais alguns anos para que a paisagem viesse a ter a importância
merecida.
WILLIAM TURNER - Velha ponte em Londres
Aquarela - 26 x 35,5 - Tate Gallery, Londres
JOHN CONSTABLE - Catedral de Salisbury do Jardim do bispo
Óleo sobre tela - 13,63 x 17,32 pol - Museu Metropolitano de Nova York
No século XIX, a pintura de paisagens alcança um patamar até
então não atingido. Em parte, essa popularização se deu pela prática mais
constante, entre os artistas, da pintura ao ar livre. Essa “nova maneira” de
pintar só ganhou forças graças à invenção da bisnaga descartável para tinta. O
ateliê já não precisava ser o característico laboratório de antes e a execução
de obras ao ar livre criava um novo leque dentro das possibilidades de
querer produzir algo. A intensidade de um contato mais próximo com a natureza e
o simultâneo desinteresse pelos temas de paisagens alegóricas e míticas
provocam uma renovação na pintura paisagística, em todas as partes do mundo por
onde a representação desse tema tenha ocorrido.
JOHN CONSTABLE - Wivenhoe Park, Essex
Óleo sobre tela - 56,1 x 101,2 - 1816 - Galeria Nacional de Arte, Washington
Se
em movimentos artísticos anteriores, como o Barroco e o Neoclassicismo, a
Inglaterra deu uma contribuição modesta para a história da arte, com o
Romantismo a pintura inglesa viria conquistar um prestígio e importância
merecidos. Dois nomes elevam a Inglaterra ao grande patamar da pintura
universal: Joseph Mallord William Turner e John Constable. Enquanto Turner
busca inspirações nas obras de Claude Lorrain e na perspectiva precisa de
Canaletto, Constable bebe na fonte de paisagistas holandeses do século XVII.
Ambos provocam mudanças radicais na maneira como representar a natureza. Ao
representar as mudanças de luz ao ar livre e o movimento das nuvens, Constable
afasta-se definitivamente das convenções pictóricas do paisagismo. As
referências de Turner são outras, mas o interesse pelo espaço atmosférico e
pelo fenômeno da luz é idêntico. Só que nos trabalhos de Turner, a pintura
parece explodir numa espécie de turbilhão, inundando a tela e envolvendo com um
força estrondosa quem se coloque em sua frente e lhe empreste um momento de
atenção. Tive o privilégio de admirar pessoalmente algumas obras desses dois
artistas em duas mostras, uma em Munique e outra em Paris, em 1995. Constable
foi o primeiro artista estrangeiro paisagista que influenciou a minha obra,
numa época onde as informações só nos chegavam por livros e gravuras e o mundo
não tinha ainda as praticidades da internet. Os dois viriam a se tornar
referência obrigatória para um novo e grande movimento mais adiante, o
Impressionismo.
O Impressionismo teve uma temporada bem mais fértil em sua pátria mãe, a França. Na Inglaterra já não havia o apogeu vivido no início do século XIX, mas mesmo assim, surgiram ótimos representantes no estilo, com destaque para importantes paisagistas. O país recebeu, por várias vezes, visitas de diversos impressionistas, entre eles Sargent, Monet, Sisley e Lepage, que executaram vários trabalhos em solo inglês.
A entrada do século XX produziu na Inglaterra um fenômeno que se repetiu mundo afora: o termo paisagem não se restringiria mais ao campo, às planícies abertas, ao litoral ou altas montanhas. A cidade, agora com suas vilas e aglomerados cada vez mais numerosos, exibia um novo perfil. Casas, fábricas e todo tipo de construções solicitavam a criação de um novo termo: paisagem urbana. Definitivamente o homem estaria inserido nessas novas composições. A Inglaterra não produziu nenhum nome revolucionário na paisagem mundial nesse período, mas continua, até hoje; como é tradicional na pintura inglesa; ter uma produção constante e sempre lançar artistas com técnicas extraordinárias e com desafiadoras propostas. Que mesmo discreta e "isolada", a Inglaterra continue a nos presentear com suas novidades!
SIR JOHN LAVERY - Numa ponte em Grez - Óleo sobre tela
SIR JOHN LAVERY - 12 de Julho
Óleo sobre tela
STANHOPE ALEXANDER FORBES - O terminal, Estação Penzance, 1925 - Óleo sobre tela
MICHAEL JAMES SMITH - Beira de rio, calmaria - Óleo sobre tela - 50,8 x 76,2
JAMES PRESTON - Verão no prado - Óleo sobre tela - 60 x 60
TINA MORGAN - Espreguiçadeiras e toalhas - Óleo sobre tela - 38,5 x 50,8
JULIAN MERROW-SMITH - Sombras azuis - Óleo sobre tela - 46 x 55
A contribuição desses artistas com certeza é inquestionável, nomes como Turner, John Constable,Gainsborough e Joshua Reynolds,dentre outros.
ResponderExcluirSem eles, certamente a paisagem inglesa não seria tão bem representada, seus campos, suas luzes, seus movimentos...
"Que mesmo discreta e isolada, a Inglaterra continue a nos presentear com suas novidades"!
Felicidades amigo!
Sem eles, provavelmente a pintura de paisagens não seria a mesma, a nível mundial.
ExcluirTenha ótimo fim de semana, Vidal!
Obrigado por socializar em seu blog a história da arte. A internet é mais que um facilitador para disseminar o conhecimento, é na verdade a mais fantastica ferramenta já inventada pelo homem em termos de tornar a comunicação acessivel. Acompanhando suas "aulas virtuais", você nos dá dicas preciosas, para assimilarmos o seu talentoso trabalho, sua versatilidade... você inova, experimenta estilos, escolas, temáticas diferentes, sempre surpreendendo com a sua arte. A propósito, quando surgiu a pintura de paisagem no Brasil? Só me recordo de ver em nossos museus, pelo menos os que visitei, óleos retratando vultos históricos e figuras sacras (séculos XVIII e XIX).
ResponderExcluirFinalizando, parabéns por mais essa sua iniciativa, certo que ela vai de encontro a banalização na utilização da internet. Laércio Álvares Maciel
Olá Laércio, a internet é sim um grande facilitador de todas as coisas para os tempos atuais. Duvido que apareça outro meio de comunicação com tanta eficiência num futuro próximo.
ExcluirQuanto a paisagem na pintura brasileira, começou com a vinda da família real nos inícios de 1800. A Missão Francesa se encarregou de fazer nossas primeiras imagens e de uma certa forma quem mais contribuiram foram os Irmãos Grimm, que já adotavam, naquela época, a pintura ao ar livre. Uma tela famosa deles, que você conhece muito bem, é aquela que fica no refeitório do santuário do caraça. Mais detalhes estão na matéria A Paisagem em Minas, que também engloba a paisagem no Brasil.
Grande abraço!