quarta-feira, 26 de setembro de 2012

MANUEL HENRIQUE PINTO


MANUEL HENRIQUE PINTO em retrato
executado por Malhoa.

A história se faz, principalmente, pelo registro incansável daqueles que buscam, a posteriori, selecionar e organizar os dados que venham mostrar às gerações seguintes, o retrato mais provável do passado. Essa luta, feita com o maior prazer por aqueles que debruçam suas vidas em infindáveis buscas, é tudo aquilo que forma as informações que temos do mundo, do homem e da sua trajetória pelo tempo. Há tempos venho acompanhando a busca de Luís Borges da Gama e sua incansável e competente tarefa de nos trazer à tona a trajetória de um dos mais importantes pintores do Naturalismo Português: Manuel Henrique Pinto. Bisneto de M. H. Pinto, Luís Borges faz com muita competência, aquilo que todos devíamos nos propor, resgatar os dados de vida daqueles que, de alguma forma, contribuíram para episódios importantes da história. E não é fácil “tecer” uma história confiável de tempos passados, quando só nos restam “retalhos” desconexos e escassos.


MANUEL HENRIQUE PINTO - Estudo para esfolhando o milho, detalhe

Hoje é o centenário de morte de Manuel Henrique Pinto, e graças ao Luís Borges, uma série de atividades vêm nos lembrar desse artista português tão importante. Uma das mais louváveis iniciativas é a inauguração, no dia 29 desse mês, de uma exposição com desenhos inéditos, realizados por Manuel Henrique Pinto e Malhoa, no Clube Figueiroense, no município de Figueiró dos Vinhos, em Portugal. Exposição que se estenderá até o dia 11 de novembro desse ano. “A Duas Mãos”, título da mostra, traz 18 trabalhos realizados principalmente no período em que os dois artistas conviveram em Figueiró dos Vinhos.

MANUEL HENRIQUE PINTO - Entre o milharal
Óleo sobre tela - 135 x 94 - Museu Costa Pinto, Salvador, BA

Manuel Henrique Pinto nasceu em Cacilhas, em 1853 e faleceu em Figueiró dos Vinhos, no ano de 1912. Pintor pertencente ao primeiro time do Naturalismo Português, movimento que já foi citado em matéria anteriormente e que será indicado logo ao fim da matéria como complemento. Teve como mestres, na Academia de Lisboa, os artistas Joaquim Gregório Prieto, Tomás José da Anunciação e José Simões de Almeida Júnior.

MANUEL HENRIQUE PINTO - O almoço
Óleo sobre tela

MANUEL HENRIQUE PINTO - Convento de Figueiró dos Vinhos
Óleo sobre tela - 24 x 37

Tem uma trajetória regular, com sua primeira exposição inaugurada em 1874, na 10ª Exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes, onde participa com três paisagens. Entre participações não muito bem sucedidas em concursos para pensionistas, fornecidos pelo Estado, dedica-se principalmente à restauração de pinturas antigas. Entre 1881 e 1889, participa de todas as exposições com o Grupo do Leão, uma assiduidade que não será compartilhada por todos do grupo, dando a Manuel Henrique Pinto um certo destaque dentro do movimento. M. H. Pinto foi muito bem retratado na célebre tela que Columbano fez do grupo. É ainda jovem, representado na cabeceira da mesa.

MANUEL HENRIQUE PINTO - Pescadores do Nabão
Óleo sobre madeira - 54 x 38 - 1903

MANUEL HENRIQUE PINTO - Convento de Figueiró dos Vinhos - Óleo sobre tela - 1905

Teve uma vida artística bem prolífica, com produção variada e bem representativa. Participou de diversas exposições em toda sua trajetória, tanto no seu país de origem como em outras nações, com destaques para exposições em Paris, Madri e Berlim. Também foi professor de desenho industrial, uma função criada por decreto. Teve, enfim, uma vida dedicada àquilo que mais gostava de fazer.

MANUEL HENRIQUE PINTO - A saída do rebanho
Óleo sobre madeira - 40,5 x 31,6 - Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro

Deixo os meus cumprimentos ao amigo Luís Borges, pelo resgate sistemático e contínuo que vem fazendo da trajetória de Manuel Henrique Pinto, e socializando, de uma maneira louvável, todos os dados que tem recolhido nesses anos de busca. Desejo que possa reunir o maior número de dados possível e assim confirmar aquela máxima que todos já conhecemos muito bem: “um homem só é eterno quando o seu trabalho permanece”.

MANUEL HENRIQUE PINTO - O amanho das abóboras - Óleo sobre tela - 49 x 74

PARA SABER MAIS:

2 comentários:

  1. conheci os trabalhos de MANUEL HENRIQUE PINTO em um site sobre os artistas portugueses, fiquei encantado, seus movimentos, suas cores, vida...
    “um homem só é eterno quando o seu trabalho permanece”.

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    1. Vidal, há tempos venho descobrindo sempre algo novo do M. H. Pinto pelo Luís. Gosto muito do Naturalismo português.
      Grande abraço, amigo!

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