Zdzisław Beksiński - 1974
Se fosse necessária uma única palavra para
definir a obra de Beksinski, esta palavra seria: enigmática. Adjetivo que
também cabe perfeitamente ao artista e toda sua vida. A primeira impressão que
me passa toda sua obra é de algo perturbador, inquietante mesmo. Mas logo,
vamos nos familiarizando com suas tormentas e concluindo que são cenas que
todos já concebemos, lá no fundo de nossos medos e aflições. Certamente
influenciado pelas agruras do pós-guerra, período em que começou a produzir,
ele nos expõe com sinceridade, tudo aquilo que mais tememos. É um “fotógrafo de
pesadelos”, como ele mesmo se definiu.
Zdzisław Beksiński - 247
Durante todo o século XX, os holofotes do
Surrealismo estiveram concentrados principalmente em Dali e De Chirico e
deixaram de dividir a atenção com muitos outros artistas. Merecidamente,
aqueles dois artistas trouxeram uma nova visão para o fazer artístico,
imprimindo uma liberdade que foi iniciada bem atrás, lá no Renascimento, com as
obras de Bosh (um artista fora de seu tempo). Beksinski veio coroar o movimento,
tornando-se um dos nomes mais fortes e injustamente um dos menos badalados. Sua
obra e tudo que ela representa não têm o alcance que merece.
Zdzisław Beksiński - 137
Nascido na cidade de Sanok, no sul da
Polônia, a 24 de fevereiro de 1929, é fácil de compreender porque sua obra é
tão aterradora. Todas as imagens do holocausto que perdurou no país durante a
Segunda Guerra Mundial, visitaram invariavelmente todos os moradores do país
por diversos anos. Beksinski, contemporâneo desse período, sentiu todos os
reflexos dele e o imprimiu com todas as usas forças em suas composições.
Zdzisław Beksiński - 33
Ele formou-se em arquitetura, na cidade de
Cracóvia, mas retornou para Sanok em 1955. Lá, trabalhava como supervisor de
obras, serviço que detestava. A fotografia, a escultura, e mais tarde a pintura,
colocaram-no em projeção e o permitiram seguir num novo caminho. Foi no ano de
1964, em Varsóvia, numa exposição individual, que ele teria seu trabalho
consagrado. Vendeu todas as obras expostas e entrou definitivamente para o hall
da mais importante figura da arte contemporânea polonesa.
Zdzisław Beksiński - 151
Zdzisław Beksiński - 255
Beksinski não teve nenhum treinamento formal
para executar suas obras. Foi criando sua linguagem pictórica e seu próprio
estilo quase que instintivamente. Também era averso a visitas a museus e
exposições. Não aparecia nem para as aberturas de suas próprias. Dizia não se
influenciar por nenhum artista de sua época e isso parece ser mesmo verdadeiro,
tal é a originalidade de sua proposta. Ele usava principalmente o óleo sobre
painéis de chapas de fibra, que preparava pessoalmente. Também usou a acrílica
em vários trabalhos.
Zdzisław Beksiński - 1980
Ele dizia que seu trabalho era Barroco ou
Gótico da sua maneira. Explorou desde um realismo fantástico ao abstracionismo,
passando fortemente pelo Surrealismo, onde se firmou e ficou conhecido.
Abominava o silêncio, e por isso sempre pintava ouvindo música clássica. Quando
não estava pintando, ouvia rock. O final da década de 1960, que o próprio
artista denominou como o início de seu “período fantástico” foi de suma
importância para sua carreira. Esse período de importantes produções durou até
meados de 1980. Foi nessa época que vieram à tona todas as suas cenas mais
perturbadoras, criações pós-apocalípticas que retratavam a morte, figuras
esqueléticas, a decadência... Um perfil de todas as fobias. Suas figuras sempre
foram muito detalhadas, aumentando ainda mais a inquietação a que se propunham.
Zdzisław Beksiński - 16
Tímido, modesto, era também uma pessoa de boa
prosa e agradável, apesar de todo assombro que emitia em seu trabalho. Evitava
qualquer evento público e creditou a música como a sua principal fonte
inspiradora. Ficava indignado quando tentavam interpretar sua obra. Nem ele
mesmo se preocupava em fazer isso. Apenas produzia aquilo que lhe vinha à
cabeça e sempre achou que a arte não precisa de explicações. Tanto que se
recusou a dar títulos para todas as suas pinturas e desenhos. Um fato inusitado
aconteceu em 1977, antes de se mudar para Varsóvia, quando queimou uma grande
parte de sua produção, no quintal de sua casa, alegando que ela era muito
pessoal e não desejava que outros viessem a vê-la.
Zdzisław Beksiński - 371
Zdzisław Beksiński - 370
No início dos anos de 1990, passou a produzir
algo mais simplificado, focando nos fundos e deformando cada mais as suas
figuras. Abstraía as formas sempre mais e mais. No final dessa mesma década,
teve acesso à arte digital e à internet, concentrando nessa forma de produção
até o final de sua carreira.
Zdzisław Beksiński - 1976
Os últimos anos de 1990 não foram muito
fáceis para Beksinski. Sua esposa faleceu em 1998 e na véspera do natal de
1999, encontrou seu próprio filho suicidado. Fatos que aumentaram ainda mais a
introspecção que já lhe era natural. Em 21 de fevereiro de 2005, Zdzislaw Beksinski
foi encontrado morto em seu apartamento em Varsóvia, vitimado com 17 facadas,
proferidas por Robert Kupiec, filho de um dos zeladores do prédio onde morava.
Dependente de drogas, Kupiec alegou que o artista havia lhe recusado a
emprestar o equivalente a cem dólares.
Zdzisław Beksiński - 142
Atualmente, a cidade de Sanok abriga um museu
dedicado exclusivamente ao seu artista mais ilustre. Ele se tornou um artista
respeitado e valorizado em toda a Europa e Estados Unidos, seus mais
importantes mercados.
Não conhecia a grandeza da obra de Zdzislaw Beksinski, são trabalhos belíssimos, pesadelos com toques de sonhos... grande artista!
ResponderExcluirAbração meu amigo...
muito obrigado pela mensagem.... Deus te abençoe!
Infelizmente o trabalho dele não é muito conhecido. Uma dessas injustiças do mercado artístico.
ExcluirAbraço grande, Vidal!
Um grande artista. Vida dura a dele.
ResponderExcluirAbraço grabde desde aqui.
S. Quimas
Sim, tempos difíceis aqueles, Quimas.
ExcluirGrande abraço, amigo!
Caro Jose, eu tenho observado algumas de suas fotos em que vc aparece portando seus pincéis, todos do cabo na cor vermelha, me parece. Por isso eu gostaria de saber se tem como vc nos dar algumas dicas tais como marca, modelos, numero, formato, etc. Obrigado.
ResponderExcluirOlá Ivo, isso é muito pessoal. Acabei me acostumando (nem sei se são os melhores, certamente não são os mais caros) com os pincéis da Condor, linhas 484 e 421, em todos os tamanhos. Mas, como disse, é uma questão pessoal.
ExcluirGrande abraço!