JEAN BÉRAUD - Uma avenida parisiense - Óleo sobre tela - 39,7 x 56,5
JEAN BÉRAUD - Carruagens no Champs-Élysées
Óleo sobre tela
Um dos principais pintores
da vida parisiense do século XIX, na verdade nasceu na Rússia. Jean Béraud
nasceu a 12 de janeiro de 1849, em São Petersburgo. Filho de pai escultor, que
faleceu bem cedo, quando ele ainda tinha apenas 4 anos, mudou-se para a França
com a mãe e seus irmãos, e acabou por se tornar assim um cidadão francês.
Passaria ali o resto de sua vida.
JEAN BÉRAUD - Retorno do funeral - Óleo sobre tela - 66 x 53,3 - 1876
Jean Béraud formou-se em
Direito no Liceu Bonaparte e as primeiras lições de arte na Escola de Belas
Artes de Paris, sob os cuidados de Léon Bonnat. Sua primeira participação no
Salão de Paris se deu em 1872, mas, somente em 1876 viria a ter um
reconhecimento maior com a obra Retorno
do Funeral. Várias outras participações no salão se sucederam, além da
participação na Feira Mundial de Paris, em 1889.
JEAN BÉRAUD - La Patisserie Gloppe au Champs Élysées - Óleo sobre tela - 1889
JEAN BÉRAUD - Après l'Office à l'Eglise de la Sainte-Trinité
Óleo sobre tela - 1900
A Belle Époque inspirou a
maior parte da produção de Béraud, num estilo que conseguiu mesclar a exata
transição da arte acadêmica com o impressionismo, movimento do qual não
participou, mas que foi contemporâneo. Das condecorações, o título de cavaleiro
da Légion d’honneur, cedido a ele em 1894, foi a mais marcante. Pintor
cuidadoso e que por vezes ironizava algumas cenas em suas composições, era
popular. Infelizmente, não muito aceito em seu próprio tempo pela crítica
especializada. Muitos historiadores da época o ignoravam completamente,
acusando suas obras de frívolas demais, como que alusivas a uma vida
consumista, típicas do rico gosto das classes médias. Enquanto a maioria dos
artistas impressionistas se concentrava nos arredores de Paris e na vida rural,
Béraud escolheu a vida urbana e seus cotidianos. Mais tarde, essa temática
tornaria moda em Paris.
JEAN BÉRAUD - Fachada do Vaudeville Theatre, Paris
Óleo sobre tela
JEAN BÉRAUD - Marselhesa - Óleo sobre tela - 37,5 x 55,8 - 1880
Tinha uma vida social
agitada. Nos anos finais do século XIX, quase não achava tempo para produzir
seus trabalhos, devido ao envolvimento em inúmeros comitês de exposições,
incluindo o Salon de la Société Nationale. Mas, fazia tudo de bom grado e
sentia a vida lhe sorrir. Nunca se casou e também não teve filhos.
Esquerda: JEAN BÉRAUD - Cena de uma rua de Paris - Óleo sobre tela
Direita: JEAN BÉRAUD - Numa manhã - Óleo sobre tela
Abaixo: JEAN BÉRAUD - No estúdio - Óleo sobre tela
As cenas de Paris do século
XIX tornariam mais da metade de toda a sua produção, além dos retratos, dos
quais realizou cerca de 200. Gostava de todos os assuntos ligados à classe
média, não media esforços para representar em suas obras o gosto refinado das
mulheres pelas novidades da moda, bem como as cenas descontraídas de cafés e
praças. Paris era efervescente em todos os aspectos e isso encantava Béraud. A
cidade atraía artistas de todo o mundo e o turismo já era uma fonte de renda
respeitada, mesmo para aquela época. Assim como Manet, de quem tornara-se
amigo, Béraud sempre preferiu os temas urbanos, e pintar as ruas de Paris e
seus transeuntes, foi o que mais lhe fascinava nos primeiros anos de pintura.
JEAN BÉRAUD - O cão branco - Óleo sobre painel - 16,5 x 42,8
JEAN BÉRAUD - O júri de doutorado - Óleo sobre tela - 63,5 x 48,3
Paris, nos anos finais do
século XIX, já carregava o título de cidade referência dos tempos modernos e seus
governantes já estavam antenados para isso. Para eles, era uma questão de
honra, merecer o título de cidade inovadora dessa nova era. Haussmann abre
novas e largas avenidas pela cidade, além de construir o luxuoso Opera Garnier,
bem como a Torre Eiffel, que viria a ser a vedete principal para a exposição
mundial no fim daquele século. A obra, que inicialmente seria temporária,
atraiu tanto a atenção, que acabou por virar parte da cidade. Hoje, é inconcebível
pensar Paris sem ela. Radicalmente oposto aos impressionistas, que refugiaram
nas zonas rurais, para fugirem dessa efervescência, Béraud aproveita exatamente
dessa época intensa para retratar a cidade. Como um artista incansável, pinta
nos Champs-Élysées, Les Hales, Montmartre e também no Sena. Ele é o artista dos
encontros sociais, dos elegantes guarda-chuvas, assim como dos trabalhadores
ocupados e dos boêmios nos bares e cafés. Chega a ser um retratista de sua
época e suas obras nos mostram uma Paris elegante e aberta às novidades.
JEAN BÉRAUD - A Igreja de Saint-Philippe-du-Roule, Paris - Óleo sobre tela - 59,4 x 81
JEAN BÉRAUD - A Ponte Neuf - Óleo sobre tela - 39,3 x 47,9
JEAN BÉRAUD - A entrada para a Exposição Universal - Óleo sobre tela
Juntamente com Rodin, Joseph
Meissonier e Puvis de Chavannes, Béraud foi um dos fundadores da Sociedade
Nacional de Belas Artes, em 1890. Sociedade da qual se tornou vice-presidente.
Era um cidadão com participação ativa em sua cidade. Amigo de Marcel Proust,
foi uma de suas testemunhas em seu duelo em Meudon, travado com Jean Lorrain,
em fevereiro de 1897.
JEAN BÉRAUD - Boulevard des Capucines - Óleo sobre tela - 50,8 x 73
Jean Béraud faleceu no dia 4
de outubro de 1935, em Paris. Seu corpo foi enterrado no cemitério de
Montparnasse, ao lado de sua mãe. Mais do que um cidadão parisiense por opção,
amou aquela cidade como poucos fariam.
JEAN BÉRAUD - Autorretrato
Óleo sobre tela - 100 x 65 - 1909
Não tenho palavras para expressar.... fico pasmo cada vez que admiro suas cenas...
ResponderExcluirBeraud!!! demais!
Abração meu amigo, tudo de bom!
São inspiradores realmente.
ExcluirGrande abraço, Vidal. Tenha ótima semana!