LUIGI BECHI - A cereja - Óleo sobre tela - 127 x 88
LUIGI BECHI - A dança - Óleo sobre tela - 776,2 x 111,7
A segunda metade do século
XIX marcou um período de transgressão na história da arte. Muitos conceitos
antigos foram rompidos e muitos novos criados e absorvidos por aqueles que
produziam arte naqueles tempos. Esgotados com a temática clássica, com referência
história e mitológica, muitos artistas começaram a produzir a arte de seu
tempo, retratando as pessoas comuns em seus ambientes de rotina. Alguns, como
Luigi Bechi, até tentaram participar mais assiduamente de movimentos ditos
modernistas para aqueles dias, mas os tempos eram difíceis na Itália daquela
época e nem todos os artistas tinham o privilégio de nascer em famílias
abastadas.
LUIGI BECHI - Costurando - Óleo sobre tela - 145,5 x 102,3
LUIGI BECHI - O pequeno tocador de pífaro
Óleo sobre tela - 125,5 x 88
LUIGI BECHI - Uma pausa para o lanche
Óleo sobre tela - 116 x 88 - Cerca de 1870
Nascido em Florença, em
1830, morreu na mesma cidade no dia 19 de novembro de 1919. Ele foi aluno de
Joseph Bezzuoli e Enrico Pollastrini, na Accademia di Belle Arti, em Florença.
Como era de costume para aquela época, estreou com algumas pinturas com tema histórico-literário:
Uma cena com Cristóvão Colombo e outra com que narrava um trecho da vida de
Michelangelo. Nesse período, Bechi tornou-se um visitante regular do famoso
Café Michelangelo, onde teve a oportunidade de conhecer diversos amigos, dentre
eles Serafino de Tivoli, Vito D’Ancona, Lorenzo Gelati, Stefano e Alessandro
Ussi, entre outros. Era um período histórico conturbado na Itália e os próximos
anos certamente não teriam sido programados por nenhum deles.
LUIGI BECHI - Crianças construindo pipa
Óleo sobre tela - 120 x 95
LUIGI BECHI - Contemplando a ovelha - Óleo sobre tela - 30 x 40 - 1919
LUIGI BECHI - Brincadeiras
Óleo sobre tela - 139 x 105
Depois de participar como
voluntário, em 1859, na Guerra da Independência, Luigi Bechi decide renovar a
sua temática. Era o que havia de mais moderno para aquela época, converter as
composições da história antiga à de história contemporânea. Vários artistas já
estavam cansados de pintar cenas de séculos antes dos seus, queriam pintar o
presente, retratar a sua gente e a realidade de vida de todos eles. A pintura
de Bechi ganhou um realismo surpreendente a partir de então. Ganhou inclusive
um segundo prêmio com uma obra cujo tema era um episódio militar. Essa obra
encontra-se atualmente na Galeria de Arte Moderna, em Florença. Em maio de
1861, ele foi para Paris com Michele Gordigiani, Stefano Ussi, Giovanni Mochi,
Antonio Fontanesi e Nino Costa, e naquela cidade, ele encontra amigos
florentinos como Telemaco Signorini, Vincenzo Cabianca e Cristiano Banti, outros
artistas que já comungavam dos experimentos avançados que borbulhavam em Paris,
e que prenunciariam o advento do Impressionismo, mesmo que esse movimento, em
si, não tivesse seduzido diretamente aquele grupo de italianos.
LUIGI BECHI - Enamorados - Óleo sobre tela
LUIGI BECHI - Primavera da vida - Óleo sobre tela - 1864
LUIGI BECHI - Uma italiana com jarro - Óleo sobre tela - 75,5 x 61
Ele retornou a Florença, no
mesmo ano, apresentando algumas obras na primeira exposição nacional. Mesmo
recebendo prêmios pelos temas históricos que apresentou, recusou os mesmos com
outros doze artistas, que acharam a exposição tendenciosa demais e já estavam
cansados de serem obrigados a enquadrarem dentro dos gostos dos salões e
exposições. Assim, em 1862 e 1863, alguns artistas se organizaram e apresentaram
os primeiros trabalhos inspirados naquilo que consideravam verdadeira pintura: cenas
romanas de sua época e retratos de pessoas comuns.
Durante estadia em
Castiglioncello, documentada em 1863, na propriedade do amigo Diego Martelli,
faz contato com Odoardo Borrani, Giovanni Fattori, Giuseppe Abbati e Raffaello
Sernesi, pintando com eles ao ar livre, em cenas no campo e junto ao mar. A
pintura de “manchas”, que levou ao nome do Grupo dos Macchiaioli, seduziu Bechi
por um breve período. Ela combinava com os tempos de mudanças que pairavam no
ar e ele queria fazer parte deles. Várias pequenas e animadas composições foram
elaboradas nesse período, diferenciando bastante da temática que já havia
trabalhado e com a qual tornaria famoso mais adiante.
LUIGI BECHI - Casa - Óleo sobre madeira - 11 x 18
LUIGI BECHI - No quintal - Óleo sobre tela - 30,5 x 41
LUIGI BECHI - Paisagem - Óleo sobre madeira - 21,5 x 32
LUIGI BECHI - Pastoreando as ovelhas - Óleo sobre tela - 92,2 x 69,3
LUIGI BECHI - Pombas de estimação - Óleo sobre tela - 42 x 53
LUIGI BECHI - O estúdio do artista - Óleo sobre tela - 60 x 70,4
Em 1866, juntamente com os
artistas Raffaello Sernesi, Giuseppe Abbati, Eugenio Cecconi, Wimpy Pisani e
Gustavo Uzielli, ofereceu-se para a Terceira Guerra da Independência, e foi
feito prisioneiro em Bezzecca. Já de volta a Florença, dedica-se a deliciosas
cenas da vida do país: Colheita de olivas
verdes perto de Florença (1868) e Presente
para o chefe (1869) são bons exemplos dessas obras. O trabalho ganhou
consistência, mas perdeu um pouco das inovações sonhadas pelos Macchiaioli. Em
1870, foi nomeado professor do Conselho Acadêmico de Belas Artes de Florença,
cargo que ocupou até sua morte, em 1919, em Florença. Continuaria trabalhando em obras compostas em
cenas de campos romanos ou interiores domésticos, bem naturais e que
conquistavam públicos tanto na Itália como fora do país. Como muitos artistas
já com idade mais avançada, preferiu a comodidade de uma temática que lhe
satisfizesse, do que buscar inovações incertas. Outros importantes trabalhos
dessa época são A bolha de sabão
(1886), A lição de trança (1888) e Brincando com a bola (1888).
LUIGI BECHI - Bolhas de sabão - Óleo sobre tela
LUIGI BECHI - Lendo notícias no estúdio do artista - Óleo sobre tela - 143 x 103
LUIGI BECHI - Pequeno fumante - Óleo sobre tela - 57,5 x 69
Luigi Bechi praticamente
caiu no esquecimento após a sua morte. Mesmo antes dela, já vivia isolado e
recluso, produzindo a arte que gostava e com a qual se sentia bem. Somente na
segunda metade do século passado, sua obra ganhou reconhecimento e começou a
ser bastante solicitada nas casas de leilões. Mesmo que não tenha se
concretizado como o transgressor que um dia desejara, Luigi Bechi deve ser
visto como um elemento de transição muito importante na arte toscana.
Extraordinário! Luigi Bechi é demais!
ResponderExcluirAssim como muitos da sua época...
Abração!
Felicidades, meu amigo!
Obrigado pela vinda, Vidal.
ExcluirUm grande abraço!
Que maravilha conhecer obras tão significativas que tematizam a infância em diferentes "matizes"...
ResponderExcluirSim, um excelente artista.
ExcluirMuito grato pela visita!