MESTRE VITALINO - Engraxate - Barro cozido - 15 x 20 x 9,5
Mestre Vitalino é o único
artista brasileiro a ter uma série de trabalhos pertencente ao acervo
permanente do Museu do Louvre, em Paris. Um fato, que por si só, enriquece
qualquer currículo. Há uma linha tênue que separa artista de artesão.
Recentemente, classificou-se o segundo como aquele que produz objetos da
cultura popular. Nesse ponto, a obra de Mestre Vitalino realmente pode ser
classificada como artesanato. Mas, a leveza e limpeza de suas linhas, a
espontaneidade e carisma de suas imagens modeladas em argila, fazem dele um
artista de respeito no cenário artístico atual. Prova de que suas peças
continuam sendo procuradas em leilões por todo o país.
MESTRE VITALINO - Cena de casamento
Barro cozido e policromado - 22 x 20 - 18 - Década de 1950
Vitalino Pereira dos Santos
nasceu nas cercanias da cidade de Caruaru, no dia 10 de julho de 1909. Filho de
lavradores, herdou o gosto pelos trabalhos em argila de sua mãe, Dona Joseja,
que, além de lavradora era louceira. Aos oito anos de idade, criava bonecos de
barro para sua diversão, usando as sobras de argila das peças de sua mãe. O que
era apenas brincadeira, acabou se transformando em sua profissão de adulto. A
cultura e o folclore do povo nordestino foram sendo narrados em cada peça que
compunha, com tanta naturalidade, que a sua fama logo se espalhou.
MESTRE VITALINO - Casa de farinha - Barro cozido - 12,5 x 29,5 - Década de 1950
MESTRE VITALINO - O sapateiro - Barro cozido - 13,5 x 11,5 x 16,5
Foi apenas em 1947, que o
trabalho de Mestre Vitalino ganharia maior respeito e reconhecimento na Região
Sudeste quando, a convite do artista plástico Augusto Rodrigues, participou da
Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, realizada no Rio de Janeiro. Com
uma boa aceitação por parte de todos que visitaram a mostra, o artista foi
convidado para mais uma mostra, agora em São Paulo, no MASP, no ano de 1949. O
reconhecimento a nível mundial viria na Exposição de Arte Primitiva e Moderna
Brasileiras, realizada em Neuchâtel, na Suíça, no ano de 1955.
MESTRE VITALINO - Gabinete do delegado - Barro cozido - 15,5 x 14,5 x 12
MESTRE VITALINO - Burrico - Barro cozido e pintado - 21 x 27 - 6
Pode-se dizer que a
trajetória de vida de Mestre Vitalino é muito parecida com a de milhares de
nordestinos: pobre, não conseguiu se alfabetizar, porque tinha que ajudar seus
pais na lavoura. Era um cidadão comum na região: baixo e franzino, cor parda, pele áspera e
queimada ao sol. Casou-se aos 22 anos de idade com Joana Maria da Conceição. Dos
16 filhos do casal, apenas 6 sobreviveram. Após 17 anos de casamento deixou o
sítio Campos e se mudou para o Alto do Moura, comunidade localizada a 7 Km de
Caruaru, onde passou o resto de sua vida. No Alto do Moura sua obra passou a
ter mais destaque, ele era muito admirado pelos demais moradores do lugar.
Todos queriam ver de perto seu trabalho e aprender com ele como manipular a
argila. Vitalino se orgulhava de sua profissão e não tinha receio de ensinar o
que sabia a todos os moradores do local. Dos cerca de 130 temas que criou sobre
a realidade nordestina, todos foram ensinados a seus seguidores. Daí o título
popular de “mestre”.
Depois de um período de
glórias e viagens para exposições em várias partes do Brasil, ele se refugiou
em sua casa, no Alto do Moura, mas não viveria muito tempo. Vítima de varíola,
que não pôde ser cuidada a tempo, o artista faleceu a 20 de janeiro de 1963.
Esquerda: MESTRE VITALINO - Homem com garrucha - Barro cozido e pintado - 25,6 x 9,5 x 14,5
Direita: MESTRE VITALINO - Sanfoneiro - Barro cozido - 15 x 7 x 9
A fama de Mestre Vitalino transcendeu
a sua morte e sua biografia já inspirou o samba-enredo da Império da Tijuca em
duas épocas, em 1977 e 2012. A casa onde viveu uma boa parte de sua vida, no
Alto do Moura, abriga atualmente as instalações da Casa Museu Mestre Vitalino e
em seu entorno foram criadas várias oficinas de artesãos. Graças a ele, a feira
de artesanato de Caruaru é um dos principais pontos turísticos da região. Além
do Museu do Louvre, citado no início da matéria, suas obras podem ser
apreciadas também No Museu Casa do Pontal e Museu Chácara do Céu, no Rio de
Janeiro, além do Acervo Museológico da Universidade de Pernambuco, no Recife e
na Casa Museu Mestre Vitalino. Grande parte de seu trabalho está espalhada em
várias coleções particulares de diversas partes do mundo.
Matéria belíssima... Mestre Vitalino é sem dúvida o grande nome da arte nordestina...
ResponderExcluirA arte brasileira deve muito a Vitalino... Parabéns!
Abração meu amigo!
Um grande abraço, Vidal. Obrigado por vir!
Excluirbom dia. Sou integrante do Instituto Histórico de Caruaru, ex-diretor dos Museus da cidade e amigo da família Vitalino. Duas correções: a 1ª peça, "Banda de pífanos" é de autoria de Severino Vitalino, filho do Mestre. A 3ª peça também não é de Vitalino, possivelmente é de Manuel Eudócio. A 11ª foto é da família de Manoel Vitalino, filho do Mestre. Agradecemos a atenção.
ResponderExcluirOK. Obrigado, as correções já foram efetuadas. Grande abraço e obrigado!
ExcluirTenho 3 peças do mestre Vitalino e gostaria de pedir uma avaliação. Como proceder? Poderiam me ajudar?
ResponderExcluirO mais correto é consultar alguma galeria especializada na venda dele.
ExcluirHá várias no Brasil que vendem obras do Vitalino.
Bom dia!
Boa noite, eu fiquei curioso para saber se você tem alguma matéria verídica com respeito a Mestre Vitalino no Louvre? Sou neto do Mestre e há mais de trinta anos pesquiso sobre obra dele. Se for possível eu agradeceria muito um contato. (vitalinooficial@gmail.com)
ResponderExcluirInfelizmente não tenho informação sobre a mostra dele lá. Ficarei devendo. Obrigado por vir!
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