LOUIS GURLITT - Paisagem próxima a Silkeborg, Jutlândia, Dinamarca
Óleo sobre tela - 46,5 x 63 - 1840
LOUIS GURLITT - Vista do Lago Garda - Óleo sobre tela - 44,5 x 66,5 - 1879
Amante da natureza, Louis
Gurlitt foi um pintor dinamarquês, que se naturalizou alemão em idade mais
avançada. Filho de Johann August Wilhelm Gurlitt e Helene Eberstein, foi criado
numa numerosa família, juntamente com mais 17 irmãos. Foram tempos difíceis,
num período conturbado da história de sua região. Os filhos foram criados
praticamente na pobreza e se não fosse o auxílio de vários conhecidos, muitas
das crianças da família não teriam sequer se alfabetizado. Pela disciplina e
vontade de se superarem, tornaram bem sucedidos em anos posteriores.
LOUIS GURLITT - Litoral italiano - Óleo sobre tela - 1844
LOUIS GURLITT - Cena costeira da Albânia
Óleo sobre tela - 34,5 x 26 - 1844
Heinrich Louis Theodor Gurlitt
nasceu na cidade dinamarquesa de Altona, a 8 de março de 1812. Altona era uma
das maiores cidades dinamarquesas da época, que tinha, entre outras vantagens,
privilégios reais, inclusive a liberdade de religião, coisa não permitida em
muitas partes do país. Mas, também era um local de vida difícil para os menos
abastados e, sempre havia a solidariedade de alguns com posição social mais
confortável. Günther Gensler, um amigo da família, quem incentivou o jovem
Louis Gurlitt a evoluir em seus estudos na arte. Foi ele quem levou o ainda
jovem para a cidade de Hamburgo e financiou seus custos, para que concluísse
seus estudos primários, coisa que realizou em 1826.
LOUIS GURLITT - Cachoeira da Noruega - Óleo sobre tela - 1835
LOUIS GURLITT - Paisagem italiana com casas e oliveiras
Óleo sobre tela - 43 x 58
LOUIS GURLITT - Paisagem em Silkeborg - Óleo sobre tela - 31,5 x 46 - 1833
Precoce nos desenhos e
descoberto pelo olhar atento de Gensler, Gurlitt foi encaminhado para os
estúdios de Siegfried Detlev Bendixen, onde ficou entre os anos de 1828 e 1832.
Após os aprendizados básicos ali, foi encaminhado para a Academia Real
Dinamarquesa de Belas Artes, onde passou dois anos sob os ensinamentos de Christoffer
Wilhelm Eckersberg e Johan Ludwig Gebhard Lund, quem desenvolveram em Gurlitt o
gosto pela pintura de paisagens. A Dinamarca, aliás, sempre deu ao mundo vários
artistas nessa temática. O século XIX teria muitos paisagistas dinamarqueses
famosos.
LOUIS GURLITT - Colinas da Albânia - Óleo sobre tela - 83,5 x 107 - 1850
LOUIS GURLITT - Estudo da Pedra George, Sorrento
Óleo sobre papel colado em tela -39,6 x 25,6 - 1843
Do ponto de vista pessoal,
Gurlitt teria uma vida conturbada, à partir da segunda metade da década de
1830. Em 1837, ele casou-se com Elise Saxild, mas perdeu a esposa precocemente,
com incompletos dois anos de matrimônio. Então, casou-se novamente, em 1839,
com Julie Bürger, com quem teve inclusive um filho. Mas, ela também faleceu
poucos anos depois, em 1844. Inconformado, encontrou auxílio de amigos e parentes
e se restabeleceu, conhecendo uma nova jovem e se casando com ela, em 1847. Os
anos de paz retornaram a sua vida e Gurlitt finalmente se refugiou em Berlim, a
partir daí. Ele teria sete filhos desse último casamento.
LOUIS GURLITT - Paisagem da Noruega - Óleo sobre tela - 75,5 x 89 - 1836
LOUIS GURLITT - Paisagem em SeEufer
Óleo sobre tela - 33,5 X 51,3 - 1866
LOUIS GURLITT - Uma vista de Capri - Óleo sobre tela - 1844
Gurlitt passaria temporadas
entre a Áustria e a Alemanha, fazendo o que mais gostava: estudos de paisagens,
seja ao ar livre ou em seus estúdios. Começou a conquistar gradativamente um
público especializado, tendo inclusive algumas de suas obras adquiridas pela
coleção real. Mesmo nos anos mais difíceis de sua vida, não desistia de sua
pintura. Em 1842, no auge dos seus problemas pessoais, e tendo o país envolto
por um profundo clima de guerra, ele ainda encontrou tempo para ir estudar um
pouco mais com mestres que admirava, passando uma temporada em Düsseldorf, nos
estúdios de Andreas Achenbach e Carl Ferdinand Sohn. Anos mais tarde, sob a
indicação desses artistas, viajou por quase todos os países europeus, sempre
pintando o que o via de mais agradável. Assumidamente, a Itália tinha as suas paisagens preferidas. Gostava da luz que não via no resto do continente, e das cores e volumes que só encontrava ali.
LOUIS GURLITT - Vista da Baía de Palermo - Óleo sobre tela - 58 x 87
LOUIS GURLITT - Velhas árvores em Holstein
Óleo sobre papel montado em painel - 25,9 x 35,9
LOUIS GURLITT - Paisagem italiana - Óleo sobre tela - 62 x 76 - 1846
A partir de 1851, Gurlitt
viveu um bom período em Viena, e participaria de várias exposições por lá, em
especial a Wiener Kunstverein, que lhe abriu novas portas. Desde 1832, ele era o
presidente da Associação de Artes de Hamburgo, cargo que ocupou até 1855. A
convite do Duque de Gotha, Ernst II, Gurlitt montou um estúdio no Castelo
Mönchshof, em 1860. Foram quatorze anos trabalhando ali, propiciando um dos
períodos mais criativos e produtivos de sua vida, sempre alternando saídas a
campo e períodos introspectivos em seu ateliê. Logo que deixou o local, morou
também um tempo em Dresden e Plauen, até se estabelecer definitivamente em
Berlim.
LOUIS GURLITT - Uma vila nas montanhas - Óleo sobre papel montado em tela - 27,9 x 39,2
LOUIS GURLITT - Paisagem no Tirol
Óleo sobre tela - 38 x 53 - 1838
LOUIS GURLITT - Vista do Lago Albufera - Óleo sobre tela -
Do ponto de vista técnico,
os trabalhos de Gurlitt sempre tiveram uma pincelada espontânea, como o prenúncio
para influências impressionistas, que aconteceriam décadas mais tarde. Ele
gostava de captar as luzes e formas, sem um compromisso muito realístico,
quando saía para trabalhos de campo. Depois, em seu estúdio, as obras ganhavam
mais detalhes, sem no entanto, perderem o clima captado em plein air. Passou a
vida fazendo o que mais gostava e admirava de ter conquistado tudo isso com
muito esforço e dedicação. Seus irmãos também se tornaram vencedores em suas
carreiras e os filhos de Gurlitt também se tornaram notáveis em suas
profissões.
Louis Gurlitt faleceu em
Naundorf, a 19 de novembro de 1897.
Louis Gurlitt, num monograma de sua época.
Não conhecia seus trabalhos... estou muito admirado!
ResponderExcluirGrandioso paisagista!
Um grande abraço meu amigo...
Também não conhecia os trabalhos dele, até o ano passado. Gosto muito.
ExcluirGrande abraço, Vidal!
O que acho mais interessante na pintura, é a identidade de cada pintor. Observando obras de Gurlitt, José Rosário,Peder Mork... mesmo com minha ignorância sobre essa arte e ainda sim completamente atraído por ela, consigo sentir essa IDENTIDADE emanando de cada obra, independente do autor. Isso pra mim é magico, fabuloso! Abraço José!
ResponderExcluirOlá Samuel, que boa observação!
ExcluirO conjunto da obra de cada artista fala realmente sobre ele.
Grande abraço, amigo. Muito obrigado por vir!