BERNDT LINDHOLM - Marinha - Óleo sobre tela - 61 x 83
BERNDT LINDHOLM - Vida na vila
Óleo sobre tela - 46 x 67 - 1884
BERNDT LINDHOLM - Arrebentação - Óleo sobre tela - 45 x 64
A referência clássica para o
estudo de paisagens, no século XIX, era a Alemanha, especialmente a Escola de
Dusseldorf. Praticamente quase todos os artistas das escolas nórdicas europeias
se formaram por lá. Berndt Lindholm também começou seus estudos por lá, mas,
depois de uma viagem à França, apaixonou-se completamente pela abordagem
paisagística dos franceses e tornou-se assim, o primeiro artista nórdico a
migrar das referências alemãs para as referências francesas. Condenado por
muitos contemporâneos seus por isso, é hoje reverenciado exatamente por essa
sua audácia. Ser precursor em qualquer manifestação artística tem seus riscos.
BERNDT LINDHOLM - Descansando na natureza
Óleo sobre tela colada em painel - 68 x 104 - 1869
BERNDT LINDHOLM - Embarcação no horizonte
Óleo sobre tela - 30 x 69,5 - 1891
BERNDT LINDHOLM - Praia - Óleo sobre tela
Berndt Lindholm nasceu na
cidade finlandesa de Loviisa, a 20 de agosto de 1841. Era o segundo filho dos
cinco que teriam o casal Otto Berndt Lindholm e Betty Edberg. O pai era formado
em direito e tornou-se juiz deputado distrital e magistrado, na cidade de
Loviisa. Com 13 anos de idade, Berndt começou a estudar desenho com Johan
Knutson, em Porvoo. Na primavera de 1856, a família se mudou para Turku, onde
ele continuou os estudos de desenho com RW Ekman, numa escola da cidade. Ele
gostava das aulas e se dedicava ao que aprendia, mas ainda não havia pensado a
sério a carreira de artista. Foi uma exposição do paisagista Werner Holmberg,
na Sociedade de Belas Artes de Turku, no verão de 1859, que o influenciou
bastante na decisão de seguir a carreira mais seriamente.
BERNDT LINDHOLM - Vacas em pastagem - Óleo sobre tela - 32 x 53 - 1880
BERNDT LINDHOLM - No cais
Óleo sobre tela - 44,5 x 33,5 - 1886
BERNDT LINDHOLM - Veleiro na costa - Óleo sobre cartão - 27 x 45
Sua primeira viagem fora do
país se deu no verão de 1862, o mesmo ano que formaria bacharel. Tinha como
objetivo principal, visitar Copenhague, na Dinamarca, mas também esteve em
Gotemburgo, onde conheceu Lina Bohle, que mais tarde se tornaria sua esposa.
Com a morte do pai, em 1861, sua mãe retornou para Loviisa. No ano seguinte, o
mesmo que se tornaria bacharel, ele foi morar em Helsinque, onde exercitou com
várias releituras de paisagens de Werner Holmberg. Ele começou a estudar numa
universidade local, mas sob a insistência de Magnus von Wright e Fredrik
Cygnaeus, acabou indo para Dusseldorf, no outono de 1863.
BERNDT LINDHOLM - Marinha - Óleo sobre tela - 45 x 55
BERNDT LINDHOLM - Paisagem em Bohuslän
Óleo sobre tela - 37 x 54
BERNDT LINDHOLM - Vista costeira - Óleo sobre tela - 40 x 61 - 1879
Houve um certo
desapontamento na chegada de Lindholm em Dusseldorf porque Hans Gude, um
respeitado professor indicado por Holmberg, não lecionava mais por ali. Oswald
Achenbach era o novo professor de paisagens e tinha uma atração muito grande
pelos motivos ensolarados da Itália. Embora fosse uma referência
inquestionável, Lindholm gostaria de alguém que tivesse uma influência maior à
abordagem de paisagens nórdicas, sua região. Já em agosto de 1864, ele partiu
para os arredores de Munique, para desenhar e pintar ao ar livre, com o
companheiro e mestre Philip Röth, cujos estudos feitos em plein air ele
admirava bastante. Ele já não frequentava a academia com assiduidade e dava
preferência pelas aulas noturnas.
BERNDT LINDHOLM - Barcos numa paisagem de verão - Óleo sobre tela - 37 x 59 - 1901
BERNDT LINDHOLM
Paisagem da Finlândia com cavaleiros
Óleo sobre tela - 76 x 121 - 1866
BERNDT LINDHOLM - Verão no Arquipélago Itä-Uusimaa - Óleo sobre tela - 73 x 96 - 1891
O ano de 1865 traria boas
surpresas para Lindholm. Ele finalmente conseguiria um ano letivo com Hans
Gude. Seu novo mestre estava numa fase mais realista e bastante envolvido com
cenas litorâneas. Gude acabou se tornando o mestre mais importante de Lindholm,
e não é de estranhar sua influência para os mesmos temas do aluno. Nos dois
anos seguintes, Lindholm moraria na Finlândia, onde dividiu um estúdio com
Munsterhjelm em Helsinque. Eles se davam bem e chegaram a fazer uma mostra
conjunta na universidade da cidade.
BERNDT LINDHOLM - Montmartre, Paris - Óleo sobre tela - 32,7 x 46,6 - 1875
BERNDT LINDHOLM - Cena de arquipélago
Óleo sobre tela - 51 x 87 - 1888
BERNDT LINDHOLM - Vista de Ladoga - Óleo sobre tela - 57 x 67,5 - 1878
No ano de 1867, ele
participou da Exposição Mundial de Paris, período que entraria em contato com
as obras dos artistas daquele país. Era tudo muito novo e diferente naqueles
novos contatos e Lindholm ficou encantado com a abordagem técnica e temática de
Daubigny. Ele se mudou para a cidade em 1869 e ali ficaria até o verão de 1870,
tornando-se um devoto confesso da arte dos franceses, escolha que já lhe rendia
alguns contratempos. Emil Nervander o acusava de plagiar mestres antigos, com
finalidades comerciais, tudo porque havia deixado a Escola de Dusseldorf. Mas
Lindholm não se intimidou. Paris o havia conquistado de vez, e foi ali que
aprendeu a ver a natureza de primeira mão. No seu retorno a Helsinque, em 1870,
afirmava ser um defensor da Escola de Barbizon e que gostava especialmente de
Daubigny e Corot. E também se dizia voltado para a nova vertente que se
proclamava impressionista, de onde admirava Manet, Barthold Jongkind e Pisarro.
BERNDT LINDHOLM - Pinheiros na praia - Óleo sobre tela - 19 x 32 - 1883
BERNDT LINDHOLM - Litoral com velas no horizonte
Óleo sobre tela - 30,5 x 52 - 1877
BERNDT LINDHOLM - Praia em Vasterskog - Óleo sobre tela - 39 x 65 - 1883
Uma clara influência do
Impressionismo nas obras de Lindholm foram notadas por volta de 1870. A cor e a
luz ganharam uma abordagem bem diferenciada dos anteriores trabalhos. Entre os
anos de 1870 e 1871, Lindholm passou um período na Finlândia e Suécia, época de
auge da Guerra Franco-Prussiana. Ele trabalhou um longo tempo com a produção de
gravuras, e fez uma estrutura financeira razoável para se casar em 1872, com
Lina Bohle. No ano seguinte, ele voltaria para Paris e ficaria por lá até
inícios de 1876, mesmo passando todos os verões na Suécia. Ele já era uma
artista valorizado, mas em seu país, ainda era visto como um traidor,
influenciado pelo novo estilo francês. Em 1874, num concurso de pintura de
paisagem na Finlândia, ele foi derrotado por Hjalmar Munsterhjelm, antigo amigo
com quem já até dividira ateliê. A derrota se mostrou como uma declaração de
vingança direta dos jurados finlandeses, uma vez que Lindholm quase não ficava
no país. Isso o deixou decepcionado com o país e se fixou mais na Suécia.
Durante muitos anos, sua amizade com Munsterhjelm ficou abalada.
BERNDT LINDHOLM - Vista de uma praia - Óleo sobre tela - 57 x 93
BERNDT LINDHOLM
Um caminho na floresta
Óleo sobre tela - 128 x 96 - 1883
BERNDT LINDHOLM - Surges - Óleo sobre tela - 35 x 50 - 1898
Em 1878 ele se tornou
curador na Galeria de Arte de Gotemburgo, no mesmo ano assumira o cargo de
curador da Associação de Arte de Gotemburgo e em 1879 tornaria diretor do Museu
de Gotemburgo e da Escola de Desenho daquela instituição. Ocasionalmente passou
a expor na Finlândia e até ganhou uma premiação por lá, em 1877. A década de
1870 veria um trabalho de Lindholm mais realista, com influência direta do
francês Courbet, com vários trabalhos de rochas do litoral sueco e das costas
rochosas perto de Gotemburgo. Mas, o mundo estava todo em mudanças naquele
momento, até o Impressionismo já perdia seu espaço para novos movimentos.
Jovens de movimentos alternativos de Gotemburgo começaram a perseguir Lindholm
e sua arte. Ele se refugiou na Noruega e pintou as montanhas do país. Sua visão
se deteriorava drasticamente e a saúde se encontrava abalada, pelos anos
exaustivos de pintura ao ar livre nas terras geladas daqueles países nórdicos.
Berndt Lindholm faleceu em Gotemburgo, na primavera de 1914, no dia 15 de maio.
BERNDT LINDHOLM - Vista costeira - Óleo sobre tela - 50 x 87 - 1879
Lindholm é sem dúvida, um mestre... suas paisagens são impressionantes... sou um grande admirador dos seus trabalhos!
ResponderExcluirAmigão... felicidades!
E, por incrível que pareça, mais um daqueles artistas que vivem no anonimato, Vidal.
ExcluirObrigado por vir. Tenha um ótimo domingo!
Poucos vi que são capazes de representar as variadas texturas, as luzes e planos como esse paisagista. Parabéns para ele e para ti também da mesma forma por o revelar a nós.
ResponderExcluirAgradeço pela partilha.
Luz e imensa paz.
Grande abraço.
Sim, Quimas. Um artista excepcional!
ExcluirGrande abraço, amigo!
Obrigado José Rosário por nos mostrar este artista maravilhoso! Abraço!
ResponderExcluirAgradeço sua vinda, Raiff.
ExcluirUm grande abraço!