JOHN CONSTABLE - A Catedral de Salisbury vista do jardim do bispo
sobre tela - 88,9 x 112,4 cm - 1826
Constable foi o grande nome na paisagem inglesa, nos anos
finais do século XVIII e início do século XIX. Sua
maneira de pintar influenciou muitas gerações além dele.
JOHN CONSTABLE - Dedham Vale com o Rio Stour, East Bergholt
Óleo sobre tela - 51 x 91,5 cm
Tarefa tão árdua quanto
falar sobre o Romantismo é descobrir a sua gênese. Um movimento que abrangeu
com a mesma intensidade diversos setores da arte: Literatura, Pintura,
Música... Alcançou vários países e em vários deles os aspectos diferenciavam
bastante, assim como sua forma de manifestação. A reação que se produziu no século XVIII
contra a arte barroca foi essencialmente definida como regresso ao antigo.
Importa analisar mais a fundo esta noção, para reconhecer que as tendências que
então prevaleceram no meio internacional de Roma estão também na origem de um
movimento, o movimento romântico, que tomou aspectos de oposição ao culto do
antigo e que, mais tarde, o substituiu. Nas artes visuais, o romantismo
mostrou-se pela primeira vez na pintura de paisagens, onde desde os anos 1760
os artistas britânicos começaram a se voltar para esse tema, com seus campos
inspiradores e sua arquitetura gótica. É exatamente com os ingleses, a melhor
forma de começar a falar sobre esse movimento.
CLAUDE LORRAIN - Amanhecer - Óleo sobre tela - 102,9 x 134 cm - Entre 1646 e 1647
Embora Lorrain tenha vivido muito antes do movimento denominado Romantismo,
suas obras foram referência para muitos artistas que o praticaram.
WILLIAM TURNER - O Lago de Zug - Aquarela sobre papel - 29,8 x 46,6 cm - 1843
WILLIAM TURNER - O declínio do Império Cratago - Óleo sobre tela - 170 x 239 cm - 1817
Embora a França seja o palco
principal da arte do século XIX, a Inglaterra teve sobre a França uma ação que
está longe de ser desprezada. Nos seus quadros, nas aquarelas e não menos nas
suas litografias, que ofereciam a vantagem duma larga difusão, os Ingleses,
fiéis a esse amor do campo que se tinha manifestado já nos seus jardins,
puseram a paisagem na moda. William Turner foi um dos nomes mais exponenciais
para essa época. Ele era original, áspero e obtuso, era a tal ponto apaixonado
por Claude Lorrain que quis que um dos quadros deste figurasse ao lado dum dos
seus próprios, na Galeria Nacional. Pouco a pouco, o estudo da luz e do mar
levou-o a uma concepção e a uma técnica que foram mal compreendidas pelo seu
tempo: as suas telas são como fogos de artifício de cores vivas, em que as
formas se diluem. Grutas irisadas, navios de velas multicores fundem-se numa
bruma luminosa, do que resulta por vezes certa monotonia. As aquarelas de
Turner seduzem talvez mais. Visões de Veneza ou das cidades de França, evocam
um universo fluido, todo de luz e de água. A bem dizer, Turner não foi seguido
por ninguém. Certos artistas se tornam únicos em diversos aspectos.
WILLIAM TURNER - O declínio do Império Cratago - Óleo sobre tela - 17 x 23,9 cm - 1817
THOMAS GIRTIN - Lincoln Cathedral
Aquarela e guache sobre papel - 23,7 x 28,9 cm - Cerca de 1795
Os outros aguarelistas
formam, em contrapartida, uma espécie de escola. Não há arte mais popular na Inglaterra daqueles tempos. Os que a praticam usam uma técnica impecável e com bastante
novidade, no sentido de que sabem tirar lindamente partido das transparências
no branco do papel e do aspecto molhado. Desse modo, a aquarela, em vez de
servir de realce ao desenho, toma a feição dum modo de expressão completo. Thomas
Girtin, entre outros, que veio a Paris com os Aliados, foi muitíssimo admirado,
e merecidamente, na França.
JOHN CONSTABLE - A carroça de feno - Óleo sobre tela - 130 x 185 cm - 1821
JOHN CONSTABLE - O Vale de Stour e a Igreja de Dedhan
Óleo sobre tela - 55,6 x 77,8 cm - Cerca de 1815
Mas o maior paisagista
inglês do final de século XVIII e início de século XIX, John Constable,
praticou sobretudo a pintura a óleo. Os seus esboços, de maneira brusca e
decidida, em que os toques de cores diferentes se justapõem sem se fundir,
atingem notável frescura e um efeito impressionante. É possível que estas
qualidades se percam por vezes nos seus grandes quadros compostos, porque
sucede a Constable parecer então artificial, pecado frequente dos Ingleses
quando abandonam a transcrição literária da natureza. Pelo hábito de pintar ao
ar livre, é considerado um dos predecessores do movimento impressionista, tanto
que os artistas fundadores desse movimento, em solo francês, visitaram
exposições suas em Londres.
WILLIAM BLAKE - Pity - Gravura - 42,2 x 52,7 cm - Cerca de 1795
ANNE LOUIS GIRODET - Ossian recebendo os fantasmas dos heróis franceses
Óleo sobre tela - 192 x 184 cm - 1802 - Château de Malmaison
THÉODORE GÉRICAULT - A jangada da Medusa
Óleo sobre tela - 491 x 716 cm - Entre 1818 e 1819 - Museu do Louvre
EUGENE DELACROIX - A barca de Dante - Óleo sobre tela - 189 x 241 cm - 1822
Delacroix foi à Grã-Bretanha
e deixou-se seduzir pela maneira fluida e brilhante dos Ingleses. É provável
que a Inglaterra lhe servisse de transição para compreender os grandes
Flamengos e sobretudo Rubens. Enfim, possuímos o testemunho da revolução que
nele produziu o inglês Constable. No Salão de 1824, ia expor as Chacinas de
Seio, quando o quadro que Constable apresentava nesse mesmo ano lhe caiu sob os
olhos. A liberdade e a audácia de toque impressionaram-no de tal modo, que
refez o seu próprio quadro num estilo mais largo. Nessa época, a sua linha de
conduta estava, sem dúvida, já traçada. Este grande homem, que não era somente
um grande pintor, porque possuía uma cultura pouco comum, não cessou de
aprofundar seus estudos e deixou provas no seu admirável empenho.
Delacroix foi um artista que sempre considerou o uso correto da cor e seus efeitos numa obra de arte, algo mais importante até do que a obra em si. É dele uma célebre frase: "Nem sempre uma pintura precisa de um tema". O ano de 1822 é o ano de que se pode datar a consagração oficial da pintura romântica francesa, com um quadro que causou sensação: A Barca de Dante. Todos se apaixonaram por esses corpos de náufragos esverdeados que se torciam dentro da barca, por essa iluminação fulgurante, por essa surda riqueza. Saudado por Thiers, bem acolhido por Gros, insultado pelos fiéis a David, o artista tornou-se de repente célebre, o que o não dispensou de lutar até ao fim da vida, até para assegurar a sua existência material. Sua obra A Liberdade guiando o povo permanece, juntamente com a A Jangada da Medusa, uma das obras mais conhecidas da pintura romântica francesa.
EUGENE DELACROIX - A morte de Sardanapalus
Óleo sobre tela - 395 x 496 - 1827 - Museu do Louvre
Delacroix foi um artista que sempre considerou o uso correto da cor e seus efeitos numa obra de arte, algo mais importante até do que a obra em si. É dele uma célebre frase: "Nem sempre uma pintura precisa de um tema". O ano de 1822 é o ano de que se pode datar a consagração oficial da pintura romântica francesa, com um quadro que causou sensação: A Barca de Dante. Todos se apaixonaram por esses corpos de náufragos esverdeados que se torciam dentro da barca, por essa iluminação fulgurante, por essa surda riqueza. Saudado por Thiers, bem acolhido por Gros, insultado pelos fiéis a David, o artista tornou-se de repente célebre, o que o não dispensou de lutar até ao fim da vida, até para assegurar a sua existência material. Sua obra A Liberdade guiando o povo permanece, juntamente com a A Jangada da Medusa, uma das obras mais conhecidas da pintura romântica francesa.
EUGENE DELACROIX - A liberdade guiando o povo - Óleo sobre tela - 260 x 325 cm - 1830
Na próxima parte, veremos o
Romantismo em outros países.
VEJA TAMBÉM AS MATÉRIAS ANTERIORES:
. A arte no século XIX: Parte 1
. A arte no século XIX: Parte 2
. A arte no século XIX: Parte 3
VEJA TAMBÉM AS MATÉRIAS ANTERIORES:
. A arte no século XIX: Parte 1
. A arte no século XIX: Parte 2
. A arte no século XIX: Parte 3
Que período amigo! nomes de peso! Constable,Turner,Delacroix...
ResponderExcluirAmigo, aquele abraço!
Provavelmente o momento mais decisivo para a arte atual, como conhecemos.
ExcluirGrande abraço, amigo!
Mestre José Rosário... aquele abraço.
ResponderExcluirUm grande abraço também. Obrigado pela vinda!
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