LUDWIG DEUTSCH - A oferenda
Óleo sobre painel - 61,5 x 80 cm - 1897
GEORGE PETER
Um caminhante árabe e sua esposa
Óleo sobre tela - 71,7 x 55,8 cm - 1891
A possibilidade de pintar em
qualquer ambiente, longe da rigidez dos estúdios, era praticamente impossível até
o advento da tinta em tubo. Até a quarta década do século XIX, muitos artistas
que saíam para desenhar ou pintar em campo se valiam de técnicas como guache,
aquarela e esboços a lápis, sanguínea ou carvão. O óleo ainda se restringia aos
ateliês, poucos eram os audaciosos que se aventuravam a levá-lo para o ambiente
aberto. As misturas secavam rápido e nenhuma cor tinha a mesma estabilidade da
outra. Além do mais, cada artista tinha que preparar sua própria tinta. As
poucas boticas que se davam ao trabalho de vender misturas prontas, cobravam
altos preços. Assim mesmo, o acondicionamento era precário e conservar tais
misturas era um sacrifício. O artista perdia um longo tempo moendo pigmentos,
manipulando as proporções desejadas de óleo ou adicionando suas
particularidades específicas.
CARL COVEN SCHIRM - Pedreiras próximas a Jerusalém
Óleo sobre tela - 95 x 160 cm - 1884
FREDERICK GOODALL - Palmeiras
Óleo sobre tela - 183,2 x 113,6 cm - 1894
ALFRED WORDSWORTH THOMPSON - O Porto de Argel
Óleo sobre tela - 55,2 x 92,1 cm
Nos tempos atuais, quando
pensamos em preparar a paleta para pintura, procuramos automaticamente pelos
tubos com diversas cores disponíveis. Muitos não se dão conta que esse era um
luxo difícil de conceber nos tempos passados. A criação do tubo de tinta, pelo
artista John G. Rand, em 1841, veio revolucionar o fazer artístico em vários
aspectos. Primeiramente, economizar ao artista as várias horas no processo de
confecção de suas cores. Os artistas mais ricos e famosos chegavam a ter
serviçais só para fazerem o trabalho de “cozinha” do ateliê. Muitos mestres
exploravam seus pupilos incumbindo-os a esse trabalho repetitivo e cansativo.
Em segundo lugar, e talvez um dos requisitos mais importantes, permitiu ao
artista sair do ambiente fixo e trabalhar com mais facilidade em campo aberto.
O “plein air”, que tanto conhecemos hoje, teve sua expansão durante esse
período. Tintas em tubo trouxe, acima de tudo, liberdade.
ANDERS ZORN - Homem e garoto na Argélia
Aquarela sobre papel - 48,7 x 34,7 cm - 1887
ADÈLE d'AFFRY - Chefe abissínio
Argila - 66,7 cm de altura
JOSÉ TAPIRO Y BARO - Retrato de um marroquino
Aquarela e lápis sobre papel - 68,5 x 49 cm
Agradeçamos todos à Maison
Le Franc a praticidade da tinta a nível “industrial”, se é que assim podemos
classificar o acondicionamento da tinta em recipientes de tubos de estanho. Ela
foi a primeira loja a oferecer o produto em grande escala. E a marca existe até
hoje e ainda continua sendo uma respeitada tinta francesa. Atualmente, além
desses tradicionais tubos de estanho, também encontramos tintas em tubos de
plástico ou potes.
ALBERTO PASINI - Numa fonte, Constantinopla
Óleo sobre tela - 46 x 38,5 cm - 1882
EUGENE ALEXIS GIRARDET - Preces da tarde
Óleo sobre tela - 73 x 100 cm
A introdução da tinta em
tubo no mercado veio exatamente quando estava em alta uma atividade que
ganharia muitos adeptos: viajar para o Oriente. Cansados das mesmices temáticas
das academias dos grandes centros europeus e ávidos por trazer ao público algo
novo e exótico, artistas partiam para lugares nunca antes explorados. O Oriente
oferecia exatamente isso: temática inédita, cultura e arquitetura completamente
diferentes da europeia. Com seus ateliês ambulantes, agora munidos de tintas
acondicionadas confortavelmente para viagem, os artistas desbravaram os mais
inacessíveis locais do Oriente Médio e Próximo, chegando por vezes a atingir
locais ainda mais distantes, como China e Japão. Traziam de suas viagens
novidades temáticas inimagináveis, relatos de uma cultura ímpar e que davam um
novo alento ao saturado cenário artístico europeu.
CHARLES WILDA - Um místico
Óleo sobre painel - 68 x 95 cm- 1890
JEAN LÉON GÉRÔME - Chefe de caça
Óleo sobre tela - 33 x 25 cm
FREDERICK ARTHUR BRIDGMAN - Numa vila em Alger
Óleo sobre tela - 122,9 x 162,6 cm
A sede por retratar e narrar
o Oriente não restringia somente a artistas. Escritores e historiadores saíam
também em caravanas e colhiam histórias e todo tipo de documentação e anotação.
Durante quase um século, caravanas partiam em direção à África e diversas
regiões do Oriente, conduzindo artistas e escritores, que fizeram uma descrição
precisa e rica daquelas terras, naqueles tempos.
GEORGES WASHINGTON - Retorno para Razzia
Óleo sobre tela - 142 x 200 cm
FRANZ VON DEFREGGER - Retrato de africano com lenço branco
Óleo sobre papel - 53 x 39 cm - 1862
JULES VAN BIERSBROECK - A caravana, El Kantara
Óleo sobre painel - 99 x 122 cm
Sem essas caravanas, não
teríamos tido acesso, por exemplo, à rica cultura chinesa, isolada e escondida
por muitos séculos do mundo ocidental. Nomes como Richard Wilhelm, que na China
viveu muitos anos e trouxe a mais precisa tradução do Taoísmo e das práticas
meditativas orientais. Helena Blavatsky que também esteve numa longa temporada
no Tibet e aprofundou no estudo das Ciências ocultas, enclausuradas em
monastérios budistas e cujo acesso seria impossível sem a coragem dos tantos
muitos outros desbravadores das caravanas orientais. Foi também graças ao
intercâmbio cultural do século XIX, fruto das várias viagens, que desvendaram
para o ocidente vários mistérios da cultura indiana, com seus rituais e
práticas meditativas que muito influenciaram as novas correntes religiosas na
Europa. Nomes como o de Kalil Gibram, que veio do Líbano para os Estados Unidos
e cujos trabalhos, antes vistos com reservas, agradaram a público e crítica.
ETIENNE DINET - Concabulando pela noite
Óleo sobre tela - 113 x 145 cm
JUAN GIMENEZ Y MARTIN - A dança
Óleo sobre tela - 59 x 111,7 cm
Nos tempos atuais, qualquer
pessoa, em qualquer parte do mundo, munida apenas de um celular e um sinal de
internet, consegue socializar e divulgar sua região e sua cultura. Cada um tem
o poder de ser o repórter de seu tempo e só não o faz por comodismo ou por que
ainda não se deu conta desse poder. Mas, no século XIX, quando a fotografia
ainda era um luxo, foram os artistas que se encarregaram de retratar e
registrar toda uma cultura e uma época. E a união com os povos do Oriente, tão
abalada por inúmeras guerras e revoltas do passado, foi restabelecida com a
corajosa aventura desses artistas empreendedores.
ALFRED DEHODENCQ - Uma audiência nos portões de Kasbah, Tanger
Óleo sobre tela - 96,5 x 131 cm
Na próxima matéria,
falaremos sobre a Escola de Barbizon e sua importante contribuição no cenário
da arte naturalista. O século XIX já estava em sua metade e muitas mudanças
ainda sofreria a arte nas próximas décadas.
VEJA TAMBÉM:
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 1
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 2
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 3
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 4
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 5
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 6
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. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 5
. A ARTE NO SÉCULO XIX - Parte 6
MEU AMIGO QUANTO TEMPO... ESTAVA SENTINDO MUITA FALTA.
ResponderExcluirBELÍSSIMAS CENAS!!!!
Sim, fiquei um bom tempo ausente. Voltando...
ExcluirGrande abraço, amigo!
realmente belas telas, aqui, além de se encantar com a arte, aprendemos sobre ela..grato por compartilhar...
ResponderExcluirMuito grato pela visita.
ExcluirVolte sempre!
Good content. You write beautiful things.
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Obrigado por vir. Grande abraço!
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