Não há como evitar
Todos acordamos um dia.
Como bala perdida que acha o alvo
Chega sempre o momento
De dizer prazer à realidade.
Despertar não rima com dor
Mas bem que deveria.
Mesmo com toda pressa do mundo
Dos trancos e barrancos
Nada acontece antes da hora
Algumas coisas...muito tarde!
Como fugir de mim?
Haverá onde me esconder?
É impossível tornar aquém ou além
Daquilo que realmente sou.
Quanto mais chego ao fundo de mim
Mais quero destruir-me.
Deixar necessário o que não é rótulo
Desfazer-me dos desvios de imagem
Encarar a minha própria lucidez
Limpar sem a menor cautela
Os imperativos que me cegam.
Acordar é romper a casca da consciência
Lá embaixo, bem fundo
Medos e aflições não sobrevivem à dogmas.
Instinto é minha matéria sábia
Não se revela antes da hora
Coisa de crepúsculo, não amanhecer.
No inconsciente, a sinceridade das respostas.
O que mais me habita de paz
É que despertar não me torna diferente
O mundo não fica diferente.
A nitidez do que é mais pesado
Torna-me, apenas, mais leve.
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