quinta-feira, 25 de outubro de 2012

DOIS ARTISTAS BRASILEIROS


Dois artistas brasileiros, nascidos em épocas distintas e com carreiras bem singulares, mas que representam as muitas boas novidades que vamos encontrando por esse país. Artistas com trabalhos já reconhecidos no meio artístico e crítico, mas ainda distantes do conhecimento do grande público. Que essa presente matéria nos brinde com a alegria desses dois encontros.


JAYME CAVALCANTE

JAYME CAVALCANTE - Marinha - Óleo sobre tela - 28 x 42

Jayme Cavalcante nasceu a 8 de julho de 1938, em Salvador e foi um dos fundadores do Núcleo de Arte Fluminense - NAF, em 1969. Teve sua formação artística orientada para a pintura ao ar livre, com os professores J. Carvalho, Jair Picado e Aluízio Valle. No início da década de 1980, exerceu a função de consultor especializado em sistemas de apoio operacional para conservação e restauração, nas mostras História da Pintura Brasileira no Século XIX e Seis Décadas de Arte Moderna na Coleção Roberto Marinho.
Jayme Cavalcante mora em Niterói e também participa de um grupo de artistas plásticos chamados "Pintores da Beira do Cais", que têm a experiência de pintar ao ar livre, em locais públicos como praias e ilhas, um estilo de produção típico do século XIX. É exatamente com essa temática que ele nos alcança de uma maneira arrebatadora, compondo e executando suas marinhas como se fizesse disso um sacramento.
Dentre as inúmeras exposições individuais de Jayme Cavalcante, destacam-se as realizadas no Espaço Cultural Novotel, Niterói, 1979; na Galeria Borghese - RJ, 1980; no Espaço Cultural Moviarte - RJ, 1991; no Saguão Cultural Bolsa do Rio - RJ, 1994 e no Museu Antonio Parreiras, Niterói, 1995.

JAYME CAVALCANTE - Vista de praia em Niterói - Óleo sobre tela - 37 x 75

Participou de diversas exposições coletiva, dentre as quais a Moderne Brasilianische Kunst, Hanover - Alemanha, 1980; Galeria do Campo, Niterói, 1981; William Doyle Galleries - Nova York, 1985; Galeria Ranulpho - SP, 1987 e 1988; Moviarte, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1991; Centro Cultural Paschoal Carlos Magno, Niterói, 1994 e Museu do Ingá, Niterói, 1995.
Sua pintura tem merecido diversos prêmios em salões de arte, dentre eles Medalha de Ouro na 1a. Coletiva de Pintura do NAF, Niterói, 1969; Medalha de Prata no 1o. Salão Niteroiense de Pintura, 1970; Medalha de Bronze em Pintura no 76o. Salão Nacional de Belas Artes - RJ, 1971; Medalha de Bronze em Desenho no 81o. Salão Nacional de Belas Artes - RJ, 1976; Medalha de Bronze da Sociedade Acadêmica Phoenix Naval - RJ, 1976 e Medalha de Ouro no 1o. Salão Oswaldo Teixeira, Petrópolis, 1982.
Sua obra está citada em várias publicações, entre as quais La cote de peintres, de Akoun - Paris, 1994; Artes plásticas Brasil 92, de Júlio Louzada - SP, 1992; Dicionário de pintores do Brasil, de João Medeiros - RJ, 1988 e Dicionário brasileiro de artistas plásticos, de Carlos Cavalcanti - Brasília, 1973. Além disso, a pintura de Jayme Cavalcante integra as coleções da Câmara Municipal de Sabrosa, Portugal; da Prefeitura Municipal de Campos do Jordão, SP.
Seguem dois documentários sobre Jayme Cavalcante. Imperdíveis!




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S.QUIMAS

S. QUIMAS - Renascimento, amanhecer no pinheiral - Óleo sobre tela - 46 x 61

— O que você quer de presente de aniversário? — perguntou a mãe, curiosa.
— Quero duas caixas de aquarela, um jogo de pincéis e papel grande. Vou ser um artista. — disse o menino de 10 anos de idade de modo resoluto.

Essa cena se passou bem no início dos anos 70, época em que a ditadura militar se firmava no Brasil com rigor extremo, época também dos “bichos-grilos”, da geração hippie, herdeira de Woodstock, do ideal da paz e amor.
O menino, nascido em 1961, na cidade serrana de Nova Friburgo, no Estado do Rio de Janeiro, haveria de, nos anos seguintes, tornar seus sonhos realidade. Frequentou o atelier do artista plástico e ceramista Mario Cesar Higgins Ferreira, que não apenas foi orientador na sua arte, como também conselheiro, amigo e, por que não dizer, pai espiritual. Cesar, como era conhecido o amigo artista, ensinou os rudimentos do desenho e pintura artísticos. Foram muitos vasos de cerâmica, objetos, e até um poleiro de papagaio, representados até a perfeição, através do desenho. Largas lições de perspectiva, luz e sombra. Esporadicamente, também orientou quanto à pintura ao menino, que, incansavelmente, pintava, pintava, desenhava, pintava, até a exaustão.

S. QUIMAS - Rio Cônego - Óleo sobre tela

Os passos dados por toda a adolescência foram duros, pois sua família preferiria que o então rapaz seguisse uma carreira mais formal, talvez engenharia ou medicina. Contudo, a alma do artista já tinha selado o seu destino e vocação: a arte. Desde os quatro anos, idade em que aprendeu a ler, consumia, com prazer delirante, os livros de arte da biblioteca de seu pai.
Além das artes plásticas, S. Quimas (Nome artístico de Oswandil Siveira Quimas) sempre teve pendor para a literatura e poesia, as quais, assim como a pintura, foram suas companheiras sempre presentes.


S. QUIMAS - Abandono - Óleo sobre tela


Ainda adolescente, devido o seu dom para a criação gráfica, passou a criar peças para gráficas, agências de publicidade e empresas, como ilustrações, desenvolvimento de peças publicitárias e toda a diversidade de trabalhos ligados ao design gráfico.
Aos dezenove anos, após cumprir o serviço militar no I Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro, retornou à Nova Friburgo, onde passou a exercer profissionalmente suas atividades ligadas à arte plástica e design. Na década de oitenta, lecionou desenho e pintura e fundou uma escola de arte (Atelier de Artes Nova Escola), que contava além de S. Quimas, outros artistas e músicos, que ministravam aulas em suas especialidades.


S. QUIMAS - Riacho das Flores - Óleo sobre tela - 30 x 40

No final dos anos oitenta, mudou-se para a Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro, onde lecionou desenho e pintura na AMBEP - Associação dos Mantenedores Beneficiários da Petros, ligada à Petrobrás e em outros estabelecimentos na cidade. Permaneceu diversos anos no Rio, com dedicação intensa a sua pintura e participou de exposições e competições de arte e, paralelamente, trabalhou na criação de design para empresas de porte, como Sony do Brasil, SulAmerica Seguros, Encyclopaedia Brittanica, Cartepillar, entre outras, consolidando assim a sua carreira como artista plástico e designer.


S. QUIMAS - Arrebentação - Óleo sobre tela

Em 1999 retornou do Rio para Friburgo, concentrando-se mais no seu trabalho como designer, e, apenas esporadicamente, participou de exposições de arte.
Nessa época cria, junto com seu sócio, Carlos Doady, uma produtora de vídeo e TV, e produz programas para a televisão a cabo. Foi durante os anos de 2003 a 2007, responsável pela restauração, reedição e autoração do DVD do filme “Geração Bendita”, produzido no início dos anos 70 por Carl Kohler, com a direção de Carlos Bini e direção de fotografia de Meldy Melinger.
Em 2007 e 2008, S. Quimas publicou no formato PDF, com acesso gratuito, os livros “Contos e Encantos” e “Palavras de Paz e Liberdade”. O primeiro, um livro de contos abordando diversos temas, e o segundo, um conjunto de ensaios de conteúdo anarcopacifista.
Entre outras realizações, o artista plástico também criou e dirigiu dois movimentos: o Movimento Mundial Nossas Crianças Especiais, com o objetivo de apoiar famílias de crianças portadoras de doenças raras e o Movimento Armas da Paz, voltado à divulgação e conscientização da doutrina da paz no mundo.


S. QUIMAS - Comidinha da vovó - Óleo sobre tela

No decorrer de sua carreira e até o presente, o artista sempre atuou paralelamente às questões sociais e faz de sua arte um meio de expressar seu amor pela Natureza e pela humanidade. O realismo naturalista explícito em suas telas, busca aflorar à sensibilidade do expectador, a beleza e grandiosidade da Criação.

Como ele define: “Minha arte é minha religião. Minha oração de agradecimento por minha sensibilidade e dom. Gratidão pelo sentimento e pela emoção que me eleva, que me faz apreciar tudo o que existe de belo no Universo”.


PARA SABER MAIS:

6 comentários:

  1. As pinturas marinhas são belas, mas o quadro abandono é demais.
    Um abraço

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    1. Paulo, o bom é que são novidades genuinamente brasileiras.
      Obrigado por passar aqui, amigo!
      Grande abraço!

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  2. Amigo José Rosário:
    Fiquei extremamente feliz quando me deparei com esse post sobre mim e o Jayme.
    Te agradeço imensamente.
    Um mais que grande abraço.
    S. Quimas

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    1. S. Quimas, eu que agradeço pela oportunidade de compartilhar conosco um pouco do seu mundo.
      Espero que possamos nos encontrar mais por aqui. Um grande abraço!

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  3. Fazendo uma breve pesquisa na internet vi uma das marinhas do Jayme Cavalcante, fiquei encantado.os trabalhos do S.Quimas são maravilhosos, seus tons, suas cenas,
    belo artista, sucessos... felicidades, sucessos!

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    1. Olá Vidal, também sempre me surpreendo com minhas pesquisas pela rede.
      Obrigado, amigo, pela visita costumeira e sempre bem vinda.
      Grande abraço!

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