sábado, 19 de julho de 2014

EUGÈNE GALIEN-LALOUE

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Place de La Madeleine
Guache, lápis e nanquim sobre papel - 25,5 x 33,5

Sempre que visitamos uma cidade turística ficamos tentados a guardar uma imagem, uma recordação daquele lugar. Era muito comum, até bem pouco atrás, procurarmos por cartões-postais, que eram enviados a parentes e amigos, como reconhecimento pela lembrança deles e pelo desejo que pudessem estar ali conosco. Os tempos modernos mudaram um pouco esses hábitos. Quase todos já possuem câmeras e celulares com boa resolução. Enviar uma imagem instantaneamente tornou-se uma questão de ter ou não instalado aplicativos que facilitem isso. Muitas crianças e jovens talvez ainda nem conheçam cartões-postais e é bem provável que esses souveniers se acabem num futuro não muito distante.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Notre Dame de Paris
Guache, pencil e nanquim sobre papel - 37,2 x 53,6

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Le pont Alexandre III et le grand palais
Lápis e aquarela sobre papel - 20,3 x 31,8

Anterior ao tempo dos cartões-postais, quem faziam essas espécies de lembranças eram os artistas de rua. Principalmente na Europa, onde as cidades sempre receberam um fluxo de turistas muito grande, havia o desejo de levar uma lembrança consigo ou de enviá-la a algum conhecido. Muitos dos trabalhos de Eugène Galien-Laloue funcionavam exatamente como uma espécie de cartão-postal diferenciado. Executado em ambiente aberto, quase que em plein air, ou com referências fotográficas muito rudimentares, o trabalho desse artista se tornou uma importante referência iconográfica de algumas cidades europeias, principalmente Paris, local onde ele morou grande parte de sua vida.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Notre Dame de Paris
Guache sobre papel - 25,4 x 33,3

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Tarde animada na Port Saint Denis - Óleo sobre tela

Eugène Galien-Laloue nasceu em Paris, a 11 de dezembro de 1854. Filho de pais italianos, era o filho mais velho de oito irmãos. Com o falecimento de seu pai, quando tinha apenas 16 anos, foi obrigado a parar de estudar e conseguir um emprego como notário, para ajudar nas despesas da família. Uma bela oportunidade lhe acenou em 1874, quando foi recrutado pela Sociedade Francesa de Ferrovias para desenhar o layout ferroviário de Paris. Com fidelidade incrível às construções e às condições de cada bairro, o trabalho lhe abriu oportunidades para explorar essa espécie de desenho de uma maneira artística e comercial.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - La Madeleine
Lápis e aquarela sobre papel - 31,5 x 49

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Place de La Republique
Guache, lápis e nanquim sobre papel - 19 x 31

Grande parte da produção de Galien-Laloue ficou assim caracterizada pelas inúmeras cenas de Paris, que representou fielmente em diversas técnicas: aquarela, guache, lápis e óleo. Fazia isso com uma precisão incrível e teve a felicidade de viver na cidade em uma de suas melhores fases, na Paris animada e alegre da Belle Époque dos anos de 1900. Retratava muito bem a agitação da cidade, com suas ruas apinhadas em feiras e eventos diversos, com carruagens puxadas por cavalos, bondes e seus primeiros ônibus. Não tem apenas um valor artístico, mas um valor iconográfico difícil de mensurar, num período onde a fotografia ainda era um componente de luxo.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Almoço em um terraço com vista para a Baía de Nápoles
Óleo sobre tela - 47 x 65,4

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Paris, Estação de metrô Bastille - Guache sobre papel -

Assim, uma típica pintura de Galien-Laloue sempre estará de repleta de calçadas e avenidas cheias de pessoas ou turistas se misturando a monumentos da agitada capital francesa. Mas, ele não se restringiu somente a Paris, viajou e retratou locais de várias outras regiões europeias. Também foi contratado, em 1914, para ser um artista que registrasse as cenas militares, tendo que acompanhar tanto a guerra franco-prussiana como a Primeira Guerra Mundial, fazendo apontamentos de tudo aquilo que via, em aquarela.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Le Quai de Tournelle, Paris - Guache sobre papel - 54,6 x 94,2

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Le Grands Boulevards, Paris
Guache sobre papel - 18 x 30,5

Há que se admirar nas obras de Laloue principalmente as suas cores, a sua composição e a leveza de seu toque. Estes aspectos, especialmente se destacam. A sensibilidade com que retrata as mudanças de estação é impressionante, seja pela chegada trágica do outono ou pelo inverno em sua constante impermanência. Às vezes o verão está indo embora, as multidões estão dispersando, o inverno está chegando, ou a primavera no romper de todas as suas cores; suas imagens mostram uma cena esboçada em poucos minutos e que se eternizam.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Place de la Republique, Paris - Guache - 18,4 x 31,1

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Paris, Porte Daint Denis
Guache e lápis sobre papel - 21 x 33 - 1941

Ele tinha uma atração para pintar principalmente em outubro e novembro, com árvores espinhosas finas e muitas folhas de outono. Certas cenas evocam a sensação de muito vento, com a sensação de frio, ruas vazias e que o inverno está chegando. O amor com que dedica à luz tem influências bem distantes, seja em mestres que aprendeu a admirar como Turner e Vermeer. Sua luz é suave, dourada, deixando parecer quase morna, nunca fria ou dura.

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Nas margens do Sena - Guache sobre papel

EUGÈNE GALIEN-LALOUE - O Arco do Triunfo
Guache sobre papel

Este artista é procurado não só por colecionadores franceses, mas também por colecionadores americanos e Ingleses. Os trabalhos de Eugène Galien-Laloue podem ser encontrados sob diferentes pseudônimos, provavelmente por causa de seus contratos que fazia com as galerias. Além de seu próprio nome, os seis nomes mais conhecidos são: "L.Dupuy", "Juliany", "E.Galiany", "Lievin", "E.Lemaitre" e "Dumoutier".
Eugène Galien-Laloue faleceu em Chérence, a 18 de abril de 1941.



6 comentários:

  1. Bom dia. Achei muito belas estas paisagens urbanas de Paris. Quem tem talento até com simples guache consegue fazer estas maravilhas.
    Não escrevo muito bem em português já que sou estrangeiro. Desculpa se tem algum erro a escrita e obrigado por compartilhar estas obras.

    Ramón Fernández

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    1. Ramón, seu português está perfeito.
      Obrigado por vir e por participar com o comentário, amigo.
      Um grande abraço!

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  2. Eugène Galien-Laloue o mestre das cenas parisienses...
    As maravilhosas cenas de Laloue são paralisantes...
    Outro grande nome das cenas de Paris é Édouard Léon Cortès...
    Eugène Galien-Laloue é um belíssimo artista.
    Abração meu amigo.

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    1. Sim, algumas de suas cenas são até bem parecidas e parecem ter sido extraídas de mesma referência.
      Obrigado por vir mais uma vez por aqui, amigo Vidal.
      Grande abraço!

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  3. Desde criança essas imagens de Paris têm me encantado. Talvez deva ao pintor a admiração que tenho pela cidade luz. E a obra de Galien-Laloue se compara em beleza à real beleza da cidade. Obrigada, José Rosário, por nos trazer tanta harmonia e a oportunidade de resgatar sentimentos que guardamos na memória.Abraços, bom final de semana.

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    1. Há artistas cujos trabalhos tem mesmo esse dom, resgatar memórias!
      Obrigado por vir, Jane.
      Um grande abraço e tenha também ótimo fim de semana!

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