sábado, 30 de janeiro de 2016

LUIGI BECHI



 LUIGI BECHI -  A cereja - Óleo sobre tela - 127 x 88

LUIGI BECHI - A dança - Óleo sobre tela - 776,2 x 111,7

A segunda metade do século XIX marcou um período de transgressão na história da arte. Muitos conceitos antigos foram rompidos e muitos novos criados e absorvidos por aqueles que produziam arte naqueles tempos. Esgotados com a temática clássica, com referência história e mitológica, muitos artistas começaram a produzir a arte de seu tempo, retratando as pessoas comuns em seus ambientes de rotina. Alguns, como Luigi Bechi, até tentaram participar mais assiduamente de movimentos ditos modernistas para aqueles dias, mas os tempos eram difíceis na Itália daquela época e nem todos os artistas tinham o privilégio de nascer em famílias abastadas.

 LUIGI BECHI - Costurando - Óleo sobre tela - 145,5 x 102,3

LUIGI BECHI - O pequeno tocador de pífaro
Óleo sobre tela - 125,5 x 88

 LUIGI BECHI - Uma pausa para o lanche
Óleo sobre tela - 116 x 88 - Cerca de 1870

Nascido em Florença, em 1830, morreu na mesma cidade no dia 19 de novembro de 1919. Ele foi aluno de Joseph Bezzuoli e Enrico Pollastrini, na Accademia di Belle Arti, em Florença. Como era de costume para aquela época, estreou com algumas pinturas com tema histórico-literário: Uma cena com Cristóvão Colombo e outra com que narrava um trecho da vida de Michelangelo. Nesse período, Bechi tornou-se um visitante regular do famoso Café Michelangelo, onde teve a oportunidade de conhecer diversos amigos, dentre eles Serafino de Tivoli, Vito D’Ancona, Lorenzo Gelati, Stefano e Alessandro Ussi, entre outros. Era um período histórico conturbado na Itália e os próximos anos certamente não teriam sido programados por nenhum deles.

 LUIGI BECHI - Crianças construindo pipa
Óleo sobre tela - 120 x 95

  LUIGI BECHI - Contemplando a ovelha - Óleo sobre tela - 30 x 40 - 1919

LUIGI BECHI - Brincadeiras
Óleo sobre tela - 139 x 105 

Depois de participar como voluntário, em 1859, na Guerra da Independência, Luigi Bechi decide renovar a sua temática. Era o que havia de mais moderno para aquela época, converter as composições da história antiga à de história contemporânea. Vários artistas já estavam cansados de pintar cenas de séculos antes dos seus, queriam pintar o presente, retratar a sua gente e a realidade de vida de todos eles. A pintura de Bechi ganhou um realismo surpreendente a partir de então. Ganhou inclusive um segundo prêmio com uma obra cujo tema era um episódio militar. Essa obra encontra-se atualmente na Galeria de Arte Moderna, em Florença. Em maio de 1861, ele foi para Paris com Michele Gordigiani, Stefano Ussi, Giovanni Mochi, Antonio Fontanesi e Nino Costa, e naquela cidade, ele encontra amigos florentinos como Telemaco Signorini, Vincenzo Cabianca e Cristiano Banti, outros artistas que já comungavam dos experimentos avançados que borbulhavam em Paris, e que prenunciariam o advento do Impressionismo, mesmo que esse movimento, em si, não tivesse seduzido diretamente aquele grupo de italianos.

LUIGI BECHI - Enamorados - Óleo sobre tela 

 LUIGI BECHI - Primavera da vida - Óleo sobre tela - 1864

 LUIGI BECHI - Uma italiana com jarro - Óleo sobre tela - 75,5 x 61

Ele retornou a Florença, no mesmo ano, apresentando algumas obras na primeira exposição nacional. Mesmo recebendo prêmios pelos temas históricos que apresentou, recusou os mesmos com outros doze artistas, que acharam a exposição tendenciosa demais e já estavam cansados de serem obrigados a enquadrarem dentro dos gostos dos salões e exposições. Assim, em 1862 e 1863, alguns artistas se organizaram e apresentaram os primeiros trabalhos inspirados naquilo que consideravam verdadeira pintura: cenas romanas de sua época e retratos de pessoas comuns.

 LUIGI BECHI - Casa - Óleo sobre madeira - 11 x 18

 LUIGI BECHI - No quintal - Óleo sobre tela - 30,5 x 41

LUIGI BECHI - Paisagem - Óleo sobre madeira - 21,5 x 32

Durante estadia em Castiglioncello, documentada em 1863, na propriedade do amigo Diego Martelli, faz contato com Odoardo Borrani, Giovanni Fattori, Giuseppe Abbati e Raffaello Sernesi, pintando com eles ao ar livre, em cenas no campo e junto ao mar. A pintura de “manchas”, que levou ao nome do Grupo dos Macchiaioli, seduziu Bechi por um breve período. Ela combinava com os tempos de mudanças que pairavam no ar e ele queria fazer parte deles. Várias pequenas e animadas composições foram elaboradas nesse período, diferenciando bastante da temática que já havia trabalhado e com a qual tornaria famoso mais adiante.

LUIGI BECHI - Pastoreando as ovelhas - Óleo sobre tela - 92,2 x 69,3

LUIGI BECHI - Pombas de estimação - Óleo sobre tela - 42 x 53

LUIGI BECHI - O estúdio do artista - Óleo sobre tela - 60 x 70,4

Em 1866, juntamente com os artistas Raffaello Sernesi, Giuseppe Abbati, Eugenio Cecconi, Wimpy Pisani e Gustavo Uzielli, ofereceu-se para a Terceira Guerra da Independência, e foi feito prisioneiro em Bezzecca. Já de volta a Florença, dedica-se a deliciosas cenas da vida do país: Colheita de olivas verdes perto de Florença (1868) e Presente para o chefe (1869) são bons exemplos dessas obras. O trabalho ganhou consistência, mas perdeu um pouco das inovações sonhadas pelos Macchiaioli. Em 1870, foi nomeado professor do Conselho Acadêmico de Belas Artes de Florença, cargo que ocupou até sua morte, em 1919, em Florença.  Continuaria trabalhando em obras compostas em cenas de campos romanos ou interiores domésticos, bem naturais e que conquistavam públicos tanto na Itália como fora do país. Como muitos artistas já com idade mais avançada, preferiu a comodidade de uma temática que lhe satisfizesse, do que buscar inovações incertas. Outros importantes trabalhos dessa época são A bolha de sabão (1886), A lição de trança (1888) e Brincando com a bola (1888).

 LUIGI BECHI - Bolhas de sabão - Óleo sobre tela

 LUIGI BECHI - Lendo notícias no estúdio do artista - Óleo sobre tela - 143 x 103

LUIGI BECHI - Pequeno fumante - Óleo sobre tela - 57,5 x 69

Luigi Bechi praticamente caiu no esquecimento após a sua morte. Mesmo antes dela, já vivia isolado e recluso, produzindo a arte que gostava e com a qual se sentia bem. Somente na segunda metade do século passado, sua obra ganhou reconhecimento e começou a ser bastante solicitada nas casas de leilões. Mesmo que não tenha se concretizado como o transgressor que um dia desejara, Luigi Bechi deve ser visto como um elemento de transição muito importante na arte toscana.


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

GUILLERMO MUÑOZ VERA

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Água doce da grande savana II
Óleo sobre linho colado em madeira - 150 x 200 - 2009

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Os Andes em março
Óleo sobre linho colado em madeira - 200 x 150 - 2004

Todas as grandes e famosas casas de leilões do mundo já descobriram um filão interessante dentro do mercado de arte contemporânea: o da Arte Hiper-realista. Muito procurada principalmente nas décadas de 1970 e 1980, a Arte Hiper-realista ficou sumida por uns tempos, com o advento cada vez mais crescente da arte abstrata. Mas, a excelência artística praticada pelos principais artistas desse movimento jamais deixou que ele morresse completamente. Guillermo Muñoz Vera pratica um realismo refinado, que encanta colecionadores em todo o mundo e já despertou o interesse por casas comerciais não menos importantes do que Christies e Sothebys.

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Caixas de cigarro - Óleo sobre linho - 95 x 129 - 1988

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Composição com coca-colas
Óleo sobre linho colado em madeira - 110 x 110 - 1989

Nascido no dia 28 de abril de 1956, na cidade de Concepción, no Chile, Muñoz Vera é aclamado internacionalmente como um dos grandes artistas realistas da atualidade, título que vem se consolidando  pelas diversas exposições individuais que ele realiza em toda a Europa e Estados Unidos. Ele se formou pela Universidade do Chile, em Santiago, onde entrou em 1973. Também foi professor pela Faculdade de Belas Artes, tendo sido nomeado Professor Assistente da Cadeira de Desenho. Incansável, continuou seus estudos e também se aperfeiçoou nas áreas de fotografia, física da cor, física óptica, oftalmologia, psicologia da visão, imagem digital e técnicas de pintura.

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Um dia de domingo qualquer II
Óleo sobre linho colado em madeira - 122 x 180 - 2009

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Entardecer na Antiga Havana
Óleo sobre linho colado em madeira - 122 x 180 - 2007

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Valencia en fallas II
Óleo sobre linho colado em madeira - 122 x 180 - 2005

A influência do realismo espanhol é ponto fundamental na obra de Muñoz Vera, e remonta de tempos distantes, quando Diego Velázquez, ainda no século XVII, desvendava os segredos nas variações delicadas de luz e sombra, concebendo retratos e naturezas-mortas que encantam até hoje. Não é de se estranhar que Velázquez seja um dos artistas mais influentes da arte daquele país. Atraído pela arte barroca desse mestre espanhol, Muñoz Vera mudou-se para Madri em 1979, e é lá, que trabalha e vive até hoje. Sua cidadania espanhola foi conseguida em 1985.

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Mazorcas de maíz
Óleo sobre linho colado em madeira - 66 x 96 - 1997

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Romãs II - Óleo sobre linho colado em madeira - 70 x 100 - 2009

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Composição com peras
Óleo sobre linho colado em madeira - 84 x 122 - 2009

Uma das características mais nobres da arte de Muñoz Vera é não deixar que sua habilidade e proeza técnicas desvirtuem a concepção inicial de seus estudos. Por isso, sua arte beira ao Hiper-realismo, mas conserva uma essência que nos diferencia desse estilo em diversos graus. Seus retratos se preocupam com a sutileza pessoal de cada retratado e seus arranjos têm um equilíbrio e atmosferas tão convincentes, que nos sentimos presentes neles. O mesmo refinamento e cuidado é dado para as composições externas de paisagens e cenas urbanas.


Obras gigantescas decoram o Metrô em Santiago.


Visando integrar o cidadão comum e a arte, foi desenvolvido, em 1992, o projeto MetroArte, um dos mais audaciosos projetos de divulgação da arte, no Metrô da cidade de Santiago, no Chile. A exemplo de outras grandes cidades do mundo, obras de grandes dimensões foram instaladas nas plataformas e corredores das estações, tornando a arte acessível a todos que transitam por ali. Vários artistas tiveram obras encomendadas para o espaço, inclusive Muñoz Vera.

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Outubro, 1492
Óleo sobre tela montada em painel - 200 x 183 - 2011

               
Esquerda: GUILLERMO MUÑOZ VERA - Tortura III - Lápis conté, sanguinea e pastel sobre Canson - 101 x 71 - 1988
Direita: GUILLERMO MUÑOZ VERA - El País - Lápis Conté, pastel e carvão sobre Canson - 77 x 59 - 1995

Muñoz Vera é um artista comprometido com sua terra e sua gente. Depois do terremoto, seguido de tsunami que abalou o Chile em 2010, mesmo morando na Espanha, ele se sentiu como que devastado como todos os seus conterrâneos. Não podia ficar de braços cruzados. Decidiu então retornar ao país naquele momento, parando todos os serviços com os quais estava comprometido na Espanha. Percorreu vários locais da tragédia e registrou muitas imagens, que se transformaram em diversos trabalhos posteriormente. Em maio de 2010, ele já possuía um conjunto de 30 obras, que foram expostas numa mostra benéfica em Madri, sendo toda a venda das obras encaminhada para ajudar na reconstrução do país.

GUILLERMO MUÑOZ VERA - A cidade dos Césares
Óleo sobre tela montada em painel - 70 x 100 - 2010

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Procissão do silêncio
Óleo sobre linho colado em madeira - 183 x 200 - 2009

GUILLERMO MUÑOZ VERA - Poblado Yanomami
Óleo sobre linho colado em madeira - 122 x 180 - 2011

Em 1989, ele criou a primeira oficina de arte multidisciplinar em Morata de Tajuña, a poucos quilômetros de Madrid. O centro incluiu oficinas de pintura, gravura e quadros lá e compartilhou seu trabalho com outros artistas espanhóis e estrangeiros. Ainda não satisfeito, em 1993 ele criou sua própria Academia de Arte de Madrid. Em 1994, ele criou o projeto Arauco, acrônimo de Arte Contemporânea e Autores, com Carmen Spinola. Uma estrutura de espaço cultural multidisciplinar de arte com oficinas alternativas, que abrange pintura, teatro, música e design gráfico. Neste projeto, Muñoz Vera assumiu o cargo de co-diretor e professor de desenho e pintura. Em 1996, a instituição foi transformada em Fundação de Arte e Autores contemporâneos. Muñoz Vera tem servido como vice-presidente da instituição e tem sido responsável por várias atividades sem fins lucrativos educacionais e culturais, incluindo oficinas educativas, competições de artes, bolsas de estudo, exposições e concertos.
Um artista que faz história e permite a outros fazerem parte dela.


O artista Guillermo Muñoz Vera trabalhando na obra Oceano Pacífico, uma obra com
dimensões finais de 3 m x 11,9 m, que se encontra em uma das estações do
metrô, em Santiago.

PARA SABER MAIS:



sábado, 16 de janeiro de 2016

JEAN BÉRAUD

JEAN BÉRAUD - Uma avenida parisiense - Óleo sobre tela - 39,7 x 56,5

JEAN BÉRAUD - Carruagens no Champs-Élysées
Óleo sobre tela

Um dos principais pintores da vida parisiense do século XIX, na verdade nasceu na Rússia. Jean Béraud nasceu a 12 de janeiro de 1849, em São Petersburgo. Filho de pai escultor, que faleceu bem cedo, quando ele ainda tinha apenas 4 anos, mudou-se para a França com a mãe e seus irmãos, e acabou por se tornar assim um cidadão francês. Passaria ali o resto de sua vida.

JEAN BÉRAUD - Retorno do funeral - Óleo sobre tela - 66 x 53,3 - 1876

Jean Béraud formou-se em Direito no Liceu Bonaparte e as primeiras lições de arte na Escola de Belas Artes de Paris, sob os cuidados de Léon Bonnat. Sua primeira participação no Salão de Paris se deu em 1872, mas, somente em 1876 viria a ter um reconhecimento maior com a obra Retorno do Funeral. Várias outras participações no salão se sucederam, além da participação na Feira Mundial de Paris, em 1889.

JEAN BÉRAUD - La Patisserie Gloppe au Champs Élysées - Óleo sobre tela - 1889

JEAN BÉRAUD - Après l'Office à l'Eglise de la Sainte-Trinité
Óleo sobre tela - 1900

A Belle Époque inspirou a maior parte da produção de Béraud, num estilo que conseguiu mesclar a exata transição da arte acadêmica com o impressionismo, movimento do qual não participou, mas que foi contemporâneo. Das condecorações, o título de cavaleiro da Légion d’honneur, cedido a ele em 1894, foi a mais marcante. Pintor cuidadoso e que por vezes ironizava algumas cenas em suas composições, era popular. Infelizmente, não muito aceito em seu próprio tempo pela crítica especializada. Muitos historiadores da época o ignoravam completamente, acusando suas obras de frívolas demais, como que alusivas a uma vida consumista, típicas do rico gosto das classes médias. Enquanto a maioria dos artistas impressionistas se concentrava nos arredores de Paris e na vida rural, Béraud escolheu a vida urbana e seus cotidianos. Mais tarde, essa temática tornaria moda em Paris.

JEAN BÉRAUD - Fachada do Vaudeville Theatre, Paris
Óleo sobre tela

JEAN BÉRAUD - Marselhesa - Óleo sobre tela - 37,5 x 55,8 - 1880

Tinha uma vida social agitada. Nos anos finais do século XIX, quase não achava tempo para produzir seus trabalhos, devido ao envolvimento em inúmeros comitês de exposições, incluindo o Salon de la Société Nationale. Mas, fazia tudo de bom grado e sentia a vida lhe sorrir. Nunca se casou e também não teve filhos.

      
Esquerda: JEAN BÉRAUD - Cena de uma rua de Paris - Óleo sobre tela
Direita: JEAN BÉRAUD - Numa manhã - Óleo sobre tela
Abaixo: JEAN BÉRAUD - No estúdio - Óleo sobre tela


As cenas de Paris do século XIX tornariam mais da metade de toda a sua produção, além dos retratos, dos quais realizou cerca de 200. Gostava de todos os assuntos ligados à classe média, não media esforços para representar em suas obras o gosto refinado das mulheres pelas novidades da moda, bem como as cenas descontraídas de cafés e praças. Paris era efervescente em todos os aspectos e isso encantava Béraud. A cidade atraía artistas de todo o mundo e o turismo já era uma fonte de renda respeitada, mesmo para aquela época. Assim como Manet, de quem tornara-se amigo, Béraud sempre preferiu os temas urbanos, e pintar as ruas de Paris e seus transeuntes, foi o que mais lhe fascinava nos primeiros anos de pintura.

JEAN BÉRAUD - O cão branco - Óleo sobre painel - 16,5 x 42,8

JEAN BÉRAUD - O júri de doutorado - Óleo sobre tela - 63,5 x 48,3

Paris, nos anos finais do século XIX, já carregava o título de cidade referência dos tempos modernos e seus governantes já estavam antenados para isso. Para eles, era uma questão de honra, merecer o título de cidade inovadora dessa nova era. Haussmann abre novas e largas avenidas pela cidade, além de construir o luxuoso Opera Garnier, bem como a Torre Eiffel, que viria a ser a vedete principal para a exposição mundial no fim daquele século. A obra, que inicialmente seria temporária, atraiu tanto a atenção, que acabou por virar parte da cidade. Hoje, é inconcebível pensar Paris sem ela. Radicalmente oposto aos impressionistas, que refugiaram nas zonas rurais, para fugirem dessa efervescência, Béraud aproveita exatamente dessa época intensa para retratar a cidade. Como um artista incansável, pinta nos Champs-Élysées, Les Hales, Montmartre e também no Sena. Ele é o artista dos encontros sociais, dos elegantes guarda-chuvas, assim como dos trabalhadores ocupados e dos boêmios nos bares e cafés. Chega a ser um retratista de sua época e suas obras nos mostram uma Paris elegante e aberta às novidades.

JEAN BÉRAUD - A Igreja de Saint-Philippe-du-Roule, Paris - Óleo sobre tela - 59,4 x 81

JEAN BÉRAUD - A Ponte Neuf - Óleo sobre tela - 39,3 x 47,9

JEAN BÉRAUD - A entrada para a Exposição Universal - Óleo sobre tela

Juntamente com Rodin, Joseph Meissonier e Puvis de Chavannes, Béraud foi um dos fundadores da Sociedade Nacional de Belas Artes, em 1890. Sociedade da qual se tornou vice-presidente. Era um cidadão com participação ativa em sua cidade. Amigo de Marcel Proust, foi uma de suas testemunhas em seu duelo em Meudon, travado com Jean Lorrain, em fevereiro de 1897.

JEAN BÉRAUD - Boulevard des Capucines - Óleo sobre tela - 50,8 x 73


Jean Béraud faleceu no dia 4 de outubro de 1935, em Paris. Seu corpo foi enterrado no cemitério de Montparnasse, ao lado de sua mãe. Mais do que um cidadão parisiense por opção, amou aquela cidade como poucos fariam.

JEAN BÉRAUD - Autorretrato
Óleo sobre tela - 100 x 65 - 1909