HENRIQUE BERNARDELLI - Maternidade
Óleo sobre tela - 150 x 100 - 1885 - Museu Nacional de Belas Artes
Parece que era coisa de destino, o menino Henrique
Bernardelli ter se tornado um artista. Tinha nas veias uma herança difícil de
evitar, pois era filho de pai violinista russo e uma mãe bailarina francesa. Nasceu
no Chile, mais precisamente a 15 de julho de 1857 e faleceu no Rio de Janeiro,
a 6 de abril de 1936. Os pais vieram para o Rio Grande do Sul, bem no início
dos anos de 1860, radicando por lá. Isso após terem feito um longo trajeto do México
até o Chile. A ida para o Rio de Janeiro foi um convite feito por D. Pedro II,
em 1865, quando conheceu os Bernardelli em Porto Alegre. A
ida da família se deu em 1867.
Henrique Bernardelli encontrou um terreno fértil para os
estudos. Matriculou-se na Academia Imperial de Belas-Artes, onde cursou até
1878. Teve como mestres ninguém menos que Zeferino da Costa, Vítor Meireles e
Agostinho da Mota. Durante o curso, expôs várias vezes e em diversas delas
recebeu importantes condecorações. Porém, não conseguiu o prêmio de Viagem à
Europa, que o Imperador fornecia ao artista vencedor de cada salão. Foi
derrotado nessa disputa por Rodolfo Amoedo. Um tanto quanto frustrado com o acontecido,
decide ir para a Itália, por conta própria, a fim de polir seus estudos.
Radicando-se em Roma, torna-se aluno de Domenico Morelli.
Da produção que fez na Itália, voltou um artista mais
seguro, com um estilo próprio e uma certa firmeza no traço, bem diferente do
que se fazia por aqui. Talvez por isso, sua exposição individual, realizada em
1886, não conquistou o gosto do público, mesmo exibindo obras que hoje são
consagradas, como Tarantela, Maternidade, Messalina, Modelo em Repouso
e Ao meio dia. Depois do ocorrido, tornou-se um artista mais conservador e
cauteloso, perdendo um pouco da solidez adquirida na Itália e adotando um
estilo mais convencional, que comprometeria um pouco sua carreira, a partir de 1908. A escolha por um
estilo mais discreto e tradicional não era o que exatamente queria o artista.
Como muitos grandes artistas de seu tempo, Bernardelli precisou seguir as duas únicas
opções dispostas a quem viesse a produzir arte: lecionar, ou executar retratos
e encomendas oficiais. E foi o que fez!
Em cima, esquerda: HENRIQUE BERNARDELLI - Paisagem de Ouro Preto
Óleo sobre madeira - 32 x 15 - Museu de Arte de São Paulo
Em cima, direita: HENRIQUE BERNARDELLI - Interior com menina lendo
Óleo sobre tela - 95 x 73 - Museu de Arte de São Paulo
Entre os anos de 1891 e 1905, lecionou na Escola Nacional de
Belas-Artes, rompendo o contrato com a escola quando viu que já não era mais
possível continuar com os mesmos métodos de ensino. Passa, então, a lecionar em
sua própria residência, em Copacabana, onde recebe diversos alunos, vindo a
destacar entre eles, Lucílio e Georgina de Albuquerque, Eugênio Latour, Hélios Seelinger
e Artur Timóteo da Costa. Os irmãos Rodolfo e Henrique Bernardelli eram muito
queridos de seus discípulos, prova disso é que, em 1931, um grupo de alunos da
Escola Nacional de Belas-Artes criou um ateliê livre de pintura, nos porões da
instituição e deram a ele o nome de Núcleo Bernardelli.
Bernardelli era um artista versátil e tornou-se um pintor
decorativista, por excelência. Realizou painéis para o Teatro Municipal, a
Biblioteca Nacional e para o Cine Pathé. Realizou também algumas obras para o
Museu Paulista. Mas, no gênero decorativo, suas obras mais importantes são os
22 medalhões em afresco, que ornamentam a fachada do Museu Nacional de
Belas-Artes, na Avenida Rio Branco. Obras que lhe valeram a Medalha de Honra,
no salão de 1916.
O
Museu Nacional de Belas-Artes possui 120 obras suas, de diferentes épocas e técnicas.
Na Pinacoteca do Estado de São Paulo estão mais diversos trabalhos, cerca de
344 desenhos, 41 aquarelas e vários óleos. Em suma, era bem eclético. Foi um
pintor de história e de gênero, retratista e paisagista. Utilizou diversas técnicas:
óleo, têmpera, afresco, pastel, aquarela e água-forte.
Henrique e Rodolfo Bernardelli
Mestre José, sou apaixonado pelos trabalhos de Henrique Bernardelli, principalmente a tela Interior com menina lendo, muito obrigado... felicidades, valeu meu amigo!
ResponderExcluirBernardelli ainda é desconhecido por muitos de hoje, mesmo artistas.
ExcluirObrigado por vir e tenha uma ótima semana, Vidal.
Fantástica história... sou apaixonado pelos grandes mestres!! muito boa essa matéria!
ResponderExcluirValeu, Thiago. Bom te ver por aqui. Grande abraço!
ExcluirEm visita recente ao MASP, pude ver a tela interior com menina lendo, que me chamou a atenção. É uma bela obra! Não conhecia este pintor. =) (Rita)
ResponderExcluirBernardelli é uma das mais seguras referências de nossa pintura, Rita. É sempre bom ver algo dele.
ExcluirGrande abraço!