sexta-feira, 27 de junho de 2014

WORKSHOP COM CLÁUDIO VINÍCIUS

CLÁUDIO VINÍCIUS - Tranquilidade - Óleo sobre tela - 30 x 50 - 2014

O artista Cláudio Vinícius veio até a cidade de Timóteo/MG nos dias 26 e 27 desse mês para ministrar um workshop de pintura. Era aguardado com uma certa ansiedade e expectativa por todos que estavam inscritos para o evento, não só pela trajetória do que o fez reconhecido até aqui, mas principalmente pela sua técnica e pela possibilidade de que todos pudessem assimilar bastante dela. Paisagista de primeiro time, Cláudio Vinícius é reconhecido pela sua técnica arrojada e pela paleta inconfundível.

Ao alto: Keli Dornelas, Fátima Santos, Marcelo Coelho, Rogério Ramos, Natércia Gonçalves, Amelina Pimenta e Tereza Guedes.
Embaixo: José Rosário, Isaque Alves, Afonso Marcelino e Cláudio Vinícius.


Foi realmente um encontro muito agradável. Momento de rever amigos e de aprender sempre. Estavam presentes para participar do workshop: Amelina Pimenta, Natércia Gonçalves, Isaque Alves, Marcelo Coelho, Tereza Guedes, Afonso Marcelino, Keli Dornelas, Fátima Santos, Rogério Ramos e eu. O workshop foi ministrado em meu próprio ateliê e a experiência surge como a possibilidade para a promoção de vários outros.







Para agendar workshop em sua cidade, com o
artista Cláudio Vinícius,
contatar pelo telefone: (31) 3452-3727

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Saiba mais sobre o artista:




quinta-feira, 19 de junho de 2014

OSWALD ACHENBACH: Um pouco mais

OSWALD ACHENBACH - Cena de rua napolitana com agitação
Óleo sobre tela - 63,5 x 52,5 - 1884

Uma matéria anterior já tratou sobre a vida e algumas obras desse importante artista alemão e seu irmão. Ambos construtores de uma identidade marcante na história da arte realista alemã.
Merecidamente, essa matéria vem falar um pouco mais sobre Oswald Achenbach, além de ilustrar mais algumas de suas obras, inclusive apresentando suas respectivas molduras, algumas originais da época do artista, outras poucas substituídas durante os anos.

OSWALD ACHENBACH - A Baía de Nápoles vista de Capri - Óleo sobre tela - 70 x 100 - 1894


Oswald era mesmo um artista prodígio, aceito como aluno da Academia de Arte de Düsseldorf com apenas 8 anos de idade, quando o mínimo para tal admissão naquela instituição era de 12 anos. Ele permaneceu ali mais 6 anos, fazendo inclusive uma introdução elementar no curso de Arquitetura. Ainda não se sabe exatamente o motivo por ter permitido que acelerasse tanto os seus estudos, mas o domínio do desenho, desde a mais tenra idade, foi um fator que seguramente contribuiu para isso. Insatisfeito com a rigidez acadêmica do ensino daquela instituição, o jovem artista se desligou de seus aprendizados e partiu para aquilo que já parecia uma proposta sólida em seus objetivos: viajar por terras diferentes e conhecer novos povos e culturas.

OSWALD ACHENBACH - Baía de Nápoles com vista do Vesúvio - Óleo sobre tela - 66 x 94


Com apenas 16 anos de idade, Oswald viajou durante vários meses para a Alta Baviera e o norte do Tirol, fazendo seus apontamentos da natureza e se firmando cada vez mais naquela sua nova proposta. Em 1845, juntamente com o amigo artista Albert Flamm, passou mais uma temporada no norte da Itália, sempre se especializando nos apontamentos ao vivo e pesquisando cada vez mais sobre os objetivos que queria para seu trabalho. Somente em 1850, quando passa uma temporada mais demorada na Itália, Oswald se torna convicto de tudo aquilo que sempre havia idealizado. Não só já estava mais convencido que a prática da pintura ao vivo era substancialmente importante para as suas pesquisas, como também começou a se envolver mais com a vida dos moradores por onde passava. Relacionava com eles como se fosse um deles e esse aspecto social viria a ser enormemente explorado em toda sua produção futura. É desse envolvimento natural com as pessoas e suas realidades que despertou uma espécie de compaixão na pintura de Oswald. Sua narrativa se tornou mais sincera a partir dessa cumplicidade.

OSWALD ACHENBACH - Erupção do Vesúvio - Óleo sobre tela - 124 x 150 - 1890


Infelizmente, muitos estudos produzidos nesse período não chegaram a nosso tempo, mas os que ainda foram possíveis de se preservar, atestam a importância do estudo ao ar livre nessa época de sua vida. Não há neles a preocupação excessiva com detalhes, muito pelo contrário, havia sim a preocupação em captar as cores elementares dos cenários por onde andava. As cores e tons do interior italiano sempre foram o grande desafio perseguido por esse artista, que não se cansava de procurar seus efeitos em várias e densas camadas de pigmentos e impastos.

OSWALD ACHENBACH - Via Apia em Cecília Metella - Óleo sobre tela - 100 x 145


Na primavera de 1851, Oswald casa-se com Julie Arnz, que conhecia desde 1848. O único filho do casal viria 10 anos depois do casamento, Benno von Achenbach. Sua fama já não se restringia somente à Alemanha, vindo a ter várias pinturas na Exposição Mundial de Paris em 1855 e vindo a receber uma medalha de ouro no famoso Salão desta mesma cidade em 1861. Uma medalha de ouro também lhe foi oferecida pela Academia de Arte de Roterdã, em 1862. Esses foram apenas os primeiros e mais importantes de uma longa lista de premiações que ocorreriam por vários anos sequentes.

OSWALD ACHENBACH - Jardim em Castel Gandolfo - Óleo sobre tela - 33 x 46


Nomeado professor para a cadeira de paisagem na Academia de Arte de Düsseldorf, Oswald enfatizava aquilo que considerava de mais precioso em qualquer composição: a distribuição correta dos claros e escuros numa imagem. Segundo ele, posicionar bem as luzes e as sombras em uma composição era mais importante do que o próprio tema. Para isso, indicava a todos os seus alunos que estudassem bem as composições do inglês William Turner, além das obras de seu próprio irmão, Andreas Achenbach. Muitos importantes alunos passaram pelas suas orientações e se tornaram respeitados artistas em seu tempo.

OSWALD ACHENBACH - Via Apia no caminho de Roma - Óleo sobre tela - 90 x 136


Muitas viagens ainda seriam feitas principalmente pela Itália, passando meses por lá na companhia de sua família. Quando assim fazia, deixava as atribuições da Academia ao cargo de Albert Flamm. As últimas grandes viagens para aquele país seriam feitas nas temporadas de 1882, 1885 e 1895. Não é de se admirar que uma grande parcela de sua produção seja de obras inspiradas nas paisagens e cenas urbanas daquelas regiões italianas. Uma nomeação de cidadão honorário de Düsseldorf, em 1897, viria consagrar definitivamente sua carreira artística. Já não tinha mais dificuldades em encontrar compradores para sua produção e a vida artística que tanto batalhou desde seus primeiros anos, trouxe para ele o conforto e sossego necessários para aquela fase de sua vida.

Oswaldo faleceu em 1905, um dia antes de completar seu 78º aniversário. Sua produção consta com cerca de 2000 pinturas, sendo que dois terços delas encontram-se em coleções particulares.

OSWALD ACHENBACH - No parque do palácio - Óleo sobre tela - 90 x 136 - 1887

MATÉRIA ANTERIOR SOBRE O ARTISTA:



sábado, 14 de junho de 2014

CARL HOLSOE

CARL HOLSOE - Uma luz no interior - Óleo sobre tela - 68,5 x 78,7

CARL HOLSOE - Reflexões - Óleo sobre tela - 90,9 x 95,6

As pinturas de Carl Holsoe nos mostram sempre um mundo sereno, um ambiente de quase exílio, impregnado de silêncio e retiro. Cenas de interiores domésticos que nos convidam a um momento de reflexão, como se fôssemos colocados em contato com o nosso próprio interior. São composições aparentemente simples, mas muito bem estudadas, que intercalam longas superfícies planas com objetos e figuras muito bem inseridos. Em certos momentos, um feixe de luz rouba a cena e nos conduz por toda a obra. Esse artista faz isso com tanta eficiência, que por vezes sentimos a textura de cada objeto, seja no brilho das pratarias quase espumante, nos dourados envelhecidos de molduras penduradas nas paredes, ou nos tecidos; ora quentes de poltronas, ora frios e suaves dos forros de mesas e vestimentas de seus personagens.

CARL HOLSOE - Mãe e criança à mesa - Óleo sobre tela - 75,2 x 68,2

Detalhe

A influência para esse tipo de composição intimista veio de artistas holandeses do século XVII, como Gabriel Metsu, Gerard ter Borch e Jan Vermeer. Seus amigos Vilhelm Hammershoi e Peder Ilsted também seguiram essa mesma tendência. Juntos, viriam a formar posteriormente a Escola de Pintura Dinamarquesa de Interiores. Holsoe tinha uma abordagem mais própria, com a inserção mais elaborada de objetos e pinceladas com bastante desenvoltura. Desenvolveu também uma paleta brilhante, que em muitos momentos flerta com bons experimentos impressionistas.

CARL HOLSOE - Garota lendo num interior
Óleo sobre tela

CARL HOLSOE - Interior com celo - Óleo sobre tela - 50,5 x 46,5

CARL HOLSOE - Moça numa janela
Óleo sobre tela - 73,7 x 68,5

Carl Vilhelm Holsoe nasceu em Lyngbye, perto de Arhus, na Dinamarca, em 17 de março de 1863. Entre 1882 e 1884, estudou na Academia de Belas Artes de Copenhague e em sequência fez aulas no Kunstnernes Studieskole, sob as orientações de ninguém menos que Peder Severin Kroeyer, certamente o artista dinamarquês mais influente de sua época. É desse artista, a sua grande referência para pinceladas mais deliberadas e brilhantes. Em 1889, recebeu uma menção honrosa no Salão de Paris, que lhe originou uma bolsa de estudos de 1890 a 1898, na Academia de Belas Artes, em Copenhague. Aí mesmo, ganhou uma medalha de ouro em 1901 e o prêmio Eckersberg, em 1908. A partir dessa data, tornou-se um membro do conselho dessa mesma academia.

CARL HOLSOE - Interior com mãe lendo para sua filha - Óleo sobre tela

CARL HOLSOE - Interior - Óleo sobre painel - 65 x 53

Por muitos anos, continuou expondo em vários locais da Dinamarca e também participou de diversas exposições em Paris, Munique e Londres. Embora tenha também pintado paisagens e naturezas mortas, a abordagem de cenas interiores representam a maior parte de sua produção. E também foram elas quem lhe deram fama e prestígio. Suas composições são praticamente todas elaboradas em cima de uma figura feminina como tema principal, onde cores harmoniosas, luz difusa e boa disposição de objetos completam a cena.

CARL HOLSOE - Jovem lendo - Óleo sobre tela - 54 x 45

Nos últimos anos de vida, Holsoe praticamente viveu no Hospital de Frederik, vítima de uma doença que exigia cuidados constantes. Aí, casou em seu próprio leito de morte. O artista faleceu a 7 de novembro de 1935.

CARL HOLSOE - Uma jovem tocando espineta - Óleo sobre tela - 50 x 43


quarta-feira, 11 de junho de 2014

HENRY HERBERT LA THANGUE

HENRY HERBERT LA THANGUE - Rosas da Ligúria - Óleo sobre tela - 105,5 x 96,5

HENRY HERBERT LA THANGUE - Catando ameixas
Óleo sobre tela

Associado à Escola de Newlyn, Henry Herbert La Thangue foi um dos mais prestigiados pintores realistas ingleses de seu tempo. Paleta brilhante e dono de um traçado inconfundível, passou quase toda sua temporada na elaboração de cenas rurais. La Thangue nasceu em Croydon, Surrey, na Inglaterra, em 19 de janeiro de 1859. Teve sua educação formada na Faculdade de Dulwich, onde fez amizade com os artistas Stanhope Alexander Forbes e Frederick Goodall.



HENRY HERBERT LA THANGUE - Inverno na Ligúria (Detalhe)

HENRY HERBERT LA THANGUE - Inverno na Ligúria (Detalhe)

HENRY HERBERT LA THANGUE - Inverno na Ligúria (Detalhe)

Iniciou sua formação artística na Escola de Arte Lambeth, onde ficou uma temporada entre 1874 e 1879. Fruto desse período foi a medalha de ouro conseguida na Academia Real de Londres, em 1879. Como prêmio, conseguiu 3 anos de estudos com Jean-Léon Gérôme, na Escola de Belas Artes de Paris. Foi nesse período que entrou em contato com Bastien-Lepage e Dagnan-Bouveret, quem influenciaram a fazer experimentos baseados na Escola de Barbizon. Não foi um período muito fácil, fazia aulas num ateliê com forte influência clássica e sentia uma grande atração pelo realismo dos artistas de Barbizon. Foi inclusive advertido pelo seu professor a respeito disso, que considerava uma péssima influência. Mas, já havia se tornado inevitável, seu realismo traria mais tarde influências ainda mais liberais pelos impressionistas.

HENRY HERBERT LA THANGUE - Água para as vacas
Óleo sobre tela - 87,6 x 61

HENRY HERBERT LA THANGUE - Florista da Ligúria
Óleo sobre tela - 104 x 88

Assim como Bastien-Lepage, os trabalhos de La Thangue já começam a ter elementos personalizados nesse período, como a utilização de altos horizontes, criando sempre a sensação de proximidade com suas figuras principais e também a ilusão de campo aberto. Entre 1881 e 1882 passou um bom tempo pintando na costa da Bretanha e também em Donzère, no Vale do Ródano. Ao final de 1883, tornou-se membro do Instituto Real de Pintores a Óleo. Após o seu retorno para a Inglaterra, em 1886, expôs continuamente em diversas galerias, salientando como principais exposições desse período uma individual na Real Academia e na Sociedade Real dos Artistas Britânicos. A década de 1880 foi mesmo muito marcante em sua carreira. Além das muitas exposições e viagens, também fez experiências que influenciaram bastante sua maneira de pintar, como as referências fotográficas, que o levaram a ter um maior apelo realista em suas obras.

HENRY HERBERT LA THANGUE - Uma missão para marinheiros - Óleo sobre tela - 180,3 x 235

HENRY HERBERT LA THANGUE - Violetas para perfume - Óleo sobre tela - 109 x 95 - 1912

No início dos anos de 1890, La Thangue se estabelece em Bosham, Sussex, onde prosseguiu explorando a temática rural que sempre admirou e onde ficaria por 8 anos. Também foi um período com trabalhos enigmáticos, como a controversa obra “Homem com foice”, uma cena melancólica que retrata uma criança enferma após o seu falecimento, sendo atendida por sua mãe. Ao fundo, um homem com uma foice ilustra a sensação de que a morte passara recentemente por ali. La Thangue tinha mesmo essa atração por temas fatais e já o havia explorado anteriormente em “O último sulco”. Um trabalhador rural em sua última atividade de arado, vítima de um possível infarto. Em 1898, associou-se à Academia Real, tornando um membro pleno em 1912, com a obra “Violetas para perfume”.

HENRY HERBERT LA THANGUE - Homem com foice
Óleo sobre tela - 167,6 x 166,4 - 1896

HENRY HERBERT LA THANGUE - O último sulco
Óleo sobre tela - 1895

HENRY HERBERT LA THANGUE - Cena do pátio - Óleo sobre tela - 73 x 81 - 1905

Continuou produzindo um realismo naturalista, todo fundamentado nas ótimas observações da luz, atmosfera, detalhamento das superfícies e inusitados enquadramentos. Como os grandes artistas que sempre admirou da Escola de Barbizon, adotou a prática do estudo ao ar livre, de onde não perdia tempo em observar atentamente e registrar tudo aquilo que lhe fosse possível. La Thangue tinha como método intercalar grandes e elaboradas composições com pequenas e mais liberadas telas. Para essas segundas, escolhia temas rurais simplificados, com uma ou máximo duas figuras. Quase sempre crianças em suas rotinas no campo. Para La Thangue, a criança do campo é quase um arquétipo de força, saúde, desenvoltura e auto suficiência, tudo que não via nos pequenos moradores doentios e tristes das grandes cidades.

HENRY HERBERT LA THANGUE - A ceia das ceifeiras
Óleo sobre tela - 1903

HENRY HERBERT LA THANGUE - No poço - Óleo sobre tela

HENRY HERBERT LA THANGUE - Cabras em uma fonte
Óleo sobre tela

Finalmente estabelecido com seu ateliê em Haylands, Sussex, ele ainda faria várias viagens entre os anos de 1903 e 1911, indo para a região de Provence. Pouco antes do início da Primeira Guerra Mundial, fez uma exposição com ótimos retornos, numa galeria em Leicester. Durante suas jornadas de inverno na Provence, La Thangue pintava também nas províncias italianas de Liguria, Brescia e Verona , chegando até a costa do Adriático, onde produziu várias telas na ilha veneziana de Chioggia.

HENRY HERBERT LA THANGUE - Colhedoras de cogumelos 
sobre tela - 101,5 x 76

HENRY HERBERT LA THANGUE - Pastora da Ligúria - Óleo sobre tela - 60 x 68,5


Em meados 1929, um fato trouxe profundo desgosto em sua vida. Dois de seus importantes quadros se perderam no naufrágio de um navio na costa da Nova Zelândia. O fato mexeu tão intensamente com ele, que a 21 de dezembro daquele mesmo ano, veio a falecer. Cinco dias depois as telas foram encontradas, no litoral próximo a Long Point, na Nova Zelândia, em bom estado de conservação.