quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

JOAQUÍN SOROLLA

JOAQUIN SOROLLA - Praia de Valência, luz da manhã
Óleo sobre tela - 1908

JOAQUIN SOROLLA - Sol da tarde
Óleo sobre tela - 294 x 435 - 1903

JOAQUIN SOROLLA - Rochas e barco branco
Óleo sobre tela - 1905

Queria propor a criação de mais um novo estilo de pintura: pintura solar. É a única saída possível para definir o que sinto nos trabalhos do Sorolla. Há tanta luz, tanta proximidade, tanta energia representada em suas obras, que não cabe um outro rótulo mais adequado. Impressionista de primeiro time, soube como ninguém expressar a força da luz de sua terra. Mas até o Impressionismo, em seus momentos mais inspirados como definição, parecem se apequenar quando queremos definir a obra de Sorolla.

JOAQUIN SOROLLA - Almoço no barco
Óleo sobre tela - 1898

JOAQUIN SOROLLA - Criança mamando
Óleo sobre tela - 1894

JOAQUIN SOROLLA - Um dia feliz
Óleo sobre tela - 1892

Desejos à parte, eu me contento em saber que um estilo, ou a denominação dele, é algo completamente desnecessário. Nada pode definir com tanta clareza, a sensação que me passam as telas de Sorolla. Diante delas, é possível sentir a espuma das ondas esfriando as pernas, a pele queimando como um couro ao sol, o alívio de um guarda-sol num dia escaldante, velas que o vento emoldura em formas macias, animais robustos no limite de suas forças, crianças brincando na mais pura e completa alegria... São essas emoções, sinceras até não poder mais, que asseguram a sobrevivência de obras mestras e nos convidam a partilhar de um mundo que seus grandes criadores viveram.

JOAQUIN SOROLLA - Remendando a vela
Óleo sobre tela - 220 x 302 - 1896

JOAQUIN SOROLLA - Pescador em Valência
Óleo sobre tela - 1904

JOAQUIN SOROLLA - Verão
Óleo sobre tela - 1904

Enquanto no Impressionismo francês, a figura foi dando, progressivamente, lugar a manchas cada vez mais abstratas de luz e cor, em detrimento do efeito que se desejava, no Impressionismo espanhol, principalmente da região de Valência, todos os efeitos perseguidos pelos franceses foram conquistados, mas ainda com a preservação do desenho e da forma. Isso aconteceu graças ao respeito que ainda se tinha aos ensinamentos clássicos das escolas italianas, uma vez que estudar na Itália, ou pelo menos fazer uma visita a ela, era parte obrigatória do aprendizado de qualquer artista. Joaquin Sorolla surge então, como um pintor de ar livre, após vários anos de estudo e aprendizado em Valência, Roma e Paris. De Roma herdou o gosto clássico pela composição e desenho, de Paris, trouxe as liberdades e valorizações regionalistas influenciadas por Bastien-Lepage e de volta à Espanha, concentrou-se nas regiões costeiras do Mediterrâneo, até desenvolver plenamente seu estilo inconfundível que aliava muito bem todos os ensinamentos adquiridos em suas caminhadas. Sorolla conseguiu assim, um efeito de luz intensificado ao extremo, quase sobrenatural, mas ainda manteve uma expressividade incrível em suas figuras, graças às formas e contornos, que as deixavam ainda completamente identificáveis.

JOAQUIN SOROLLA - Preparando as passas
Óleo sobre tela - 1900

JOAQUIN SOROLLA - O barco branco
Óleo sobre tela - 105 x 150 - 1905

JOAQUIN SOROLLA - Depois do banho
Óleo sobre tela - 1902

Gosto da definição de John Barry Raybould: “Quando você olha para a pintura de um mestre, você muda de alguma forma, e a memória dele permanece com você”. Essa imagem fixada na retina e que o cérebro não consegue mais se livrar é que diferencia os trabalhos comuns de um grande trabalho. Tornamos prisioneiros de suas visões e nos deixamos ficar assim com o maior prazer. O que eles tem de tão especial para nos “pescar” com tanta eficiência? Não é só a habilidade precisa em dominar e manipular cores e formas, mas; ainda como o próprio Raybould concluiu; “estão focados em apresentar uma idéia”. E isso independe do assunto, porque de qualquer tema que venham a tratar ou qualquer cena que venham a elaborar, há uma certa musicalidade nata implícita em tudo que tocam. E assim como na música, variedade, repetição, harmonia e unidade é que compõe o conjunto de suas obras. Se estamos envolvidos sinceramente pelo que eles fizeram, é porque entramos nessa sintonia naturalmente proposta pelo artista que as criou e nos deixamos “bailar” pela sua música. Comungamos um mesmo tempo e lugar, mesmo estando fora deles.

JOAQUIN SOROLLA - A pesca do atum
Óleo sobre tela - 349 - 485 - 1919

JOAQUIN SOROLLA - Sob o dossel
Óleo sobre tela - 115 x 100 - 1910

JOAQUIN SOROLLA - Chegada dos barcos
Óleo sobre tela - 1898

Sorolla é desses raros casos em que a genialidade assume aquilo que lhe é mais inerente, a naturalidade como as coisas se fazem. Parece pintar tão fácil, com uma cumplicidade e envolvimento tão grandes, que a obra é um resultado espontâneo e direto. E não há como não se envolver por ela. Seus trabalhos atingiram um ápice de expressão raro na pintura espanhola. Não é de se admirar, portanto, que exista em Madri um museu dedicado exclusivamente às suas obras.

JOAQUIN SOROLLA - Autorretrato
Óleo sobre tela - 41 x 26 - 1909

JOAQUÍN SOROLLA Y BASTIDA
Nasceu em Valência, em 1863
Faleceu em Cercedilla, Madri, em 1923

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

VIVER BEM

Para esses dias em que se aproxima o fim do ano, e que mais um ano novo está prestes a iniciar, é bom ouvir os conselhos de quem a vida deixou calos muito bem vividos.



Um repórter perguntou à CORA CORALINA :

O que é viver bem?
Ela respondeu: “Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. 
E digo pra você, não pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velha.
Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida.
O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada. Nada de palavra negativa. Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os outros.
Então silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha não. Você acha que eu sou?
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé.
Faço o que devo fazer, com amor".

Ana Lins do Guimarães Peixoto Bretas
Pseudônimo: Cora Coralina
Nasceu em Cidade de Goiás, a 20 de agosto de 1889
Faleceu em Goiânia, a 10 de abril de 1985.

sábado, 24 de dezembro de 2011

JOSÉ RICARDO

JOSÉ RICARDO - Estrada
Óleo sobre tela - 60 x 80


Conheci o artista José Ricardo no ano de 1995, mais precisamente quando eu estava montando uma exposição na cidade de São Domingos do Prata. Era um local público e ele veio até meu encontro, pois se havia identificado com o estilo que eu pintava. Encontramo-nos mais algumas vezes nos próximos meses e fizemos uma primeira coletiva, em 1996, na cidade de João Monlevade, terra natal dele. Desde aquele período comungamos um estilo parecido, quase sempre realista e com uma temática voltada para cenas de nossas regiões. A paisagem mineira e a vida do homem no campo sempre foram as temáticas principais de nossos trabalhos.


JOSÉ RICARDO - Carreando
Óleo sobre tela - 70 x 100

JOSÉ RICARDO - Amanhecer no vale
Óleo sobre tela - 60 x 80

JOSÉ RICARDO - Estrada do interior
Óleo sobre tela - 70 x 110

José Ricardo de Souza nasceu a 9 de junho de 1960 em João Monlevade, Minas Gerais, e por lá ainda continua. É um sujeito pacato, de hábitos simples e fala mansa, sempre baixa. Curiosamente entrou para a pintura como um contraponto para uma atividade esportiva que praticava. Já desenhava, mas a pintura lhe começou um pouco mais tarde. E tomou gosto pelo que fazia. O que era contraponto virou a atividade principal, e os caminhos ainda seguem no polimento da técnica, na procura incessante pelo melhor efeito e acima de tudo, na busca constante por uma realização pessoal e profissional.


JOSÉ RICARDO - Bebendo no riacho
Óleo sobre tela - 60 x 80

JOSÉ RICARDO - Amanhecer
Óleo sobre tela - 70 x 90

JOSÉ RICARDO - Carro de boi
Óleo sobre tela - 70 x 50

Estão presentes em sua obras, quase sempre, o Rio Piracicaba com suas margens tranqüilas e as montanhas do entorno da cidade onde mora. Seguidor fervoroso da Escola de Edgar Walter; que considera a maior referência para ele; também espelha os seus trabalhos em Wilson Vicente, além de Cláudio Vinícius e Túlio Dias, artistas que há muito admira e que conheceu pessoalmente, recentemente. Ciente de que Minas é uma escola paisagística de respeito, está sempre à procura de uma evolução, que como para qualquer artista, parece sempre desafiadora.


JOSÉ RICARDO - Paisagem do Piracicaba
Óleo sobre tela - 70 x 110 - Acervo de José Rosário

JOSÉ RICARDO - Pescando
Óleo sobre tela - 60 x 80

JOSÉ RICARDO - Estrada
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 2011

Já participamos de muitas exposições coletivas e o nosso maior trabalho em conjunto, foi a restauração da via sacra da Igreja São José Operário, em João Monlevade, obra realizada no ano de 2007. José Ricardo também está presente em várias publicações de revistas e catálogos, a ressaltar os volumes do Art Gallery in Brazil e Domani.


JOSÉ RICARDO - Beira de rio
Óleo sobre tela - 60 x 80

Quer pela tranqüilidade natural que emana de seus trabalhos e pela preocupação em retratar a região onde mora, o trabalho de José Ricardo tem um apelo, acima de tudo, ecológico. O desejo que se preservem e multipliquem ambientes tão necessários, e cada vez mais raros. Por isso, um trabalho de fácil entendimento e aceitação. Suas obras tem uma cor característica, peculiar a cada artista, que lhe torna automaticamente uma marca registrada.


JOSÉ RICARDO - Fazenda em Minas
Óleo sobre tela - 60 x 90

JOSÉ RICARDO - Paisagem com cavalo
Óleo sobre tela - 70 x 90

JOSÉ RICARDO - Pastando
Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2011

Carrega o desejo de uma comunidade artística mais unida, que divida mais conhecimentos e some esforços na formação de novas gerações. Também leciona na cidade onde mora, onde divide aprendizados conquistados e técnicas adquiridas.

Mais do que o artista mais próximo que conheço, é uma amizade que preservo, daquelas bem raras de se achar. Vida longa ao José, e que divida sempre conosco um pouco do mundo onde vive.


José Ricardo no ateliê em João Monlevade


CONTATOS:
josericardo.desouza@yahoo.com.br
(31) 3852-4328

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

PEDRO ALEXANDRINO

PEDRO ALEXANDRINO - Metal, cristais e abacaxi
Óleo sobre tela - 73 x 87 - Coleção particular

PEDRO ALEXANDRINO - Maçãs e uvas
Óleo sobre tela - 98 x 131 - Pinacoteca do Estado de São Paulo

PEDRO ALEXANDRINO - Aspargos
Óleo sobre tela - 100 x 137,5 - Pinacoteca do Estado de São Paulo

Uma das figuras mais conhecidas no campo das artes paulistas, no início do século XX, era um sujeito baixinho, miúdo por natureza, que sempre ficava resignado em revelar a idade e que não tinha lá grandes preocupações com a aparência. Pedro Alexandrino, um pintor de naturezas mortas por excelência, foi também um dos melhores artistas brasileiros desse gênero.

PEDRO ALEXANDRINO - Frutas e jarro de cobre
Óleo sobre tela

PEDRO ALEXANDRINO - Frutas e flores
 Óleo sobre tela

PEDRO ALEXANDRINO - Flores e doces
Óleo sobre tela - 87 x 115 - Pinacoteca do Estado de São Paulo

Nasceu em 1856, em São Paulo, e aí morreu em 19 de julho de 1942. Era filho de Francisco Joaquim Borges e Rosa Francisca de Toledo. Começa cedo nas artes, como ajudante do decorador francês Claude-Paul Barandier. E sua primeira atividade foram os ornamentos na Catedral de Campinas. Maior evolução no aprendizado, consegue ao iniciar seus estudos com Almeida Júnior. Por um breve período de interrupção; para cursar na Academia de Belas Artes do Rio de Janeiro; deixa os aprendizados com seu mestre. Mas volta a trabalhar e estudar com Almeida Júnior, conseqüência da suspensão de sua bolsa de estudos naquela academia fluminense.

PEDRO ALEXANDRINO - Natureza morta
Óleo sobre tela

PEDRO ALEXANDRINO - cozinha na roça
Óleo sobre tela

PEDRO ALEXANDRINO - Peru depenado
Óleo sobre tela

Participou de diversas exposições no Rio de Janeiro e foi premiado em diversas delas. Como reconhecimento ao seu trabalho, acabou ganhando uma pensão para estudar na França, endereço mais que marcado por artistas do mundo inteiro. A cidade-luz abrigava a todos sem distinção, e por lá, Pedro Alexandrino ficou durante 5 anos, nos estudos com René Chrétien e Antoine Vollon. Participou do Salon em diversas oportunidades, e em todas elas com a temática de naturezas mortas.

PEDRO ALEXANDRINO - Natureza morta
Óleo sobre tela - 50 x 65 - Coleção particular

PEDRO ALEXANDRINO - Natureza morta com vaso e frutas
Óleo sobre tela - 117 x 90
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

PEDRO ALEXANDRINO - Natureza morta com sopeira
Óleo sobre tela - 52 x 60 - Acervo Banco Itaú, SP

Instalando-se definitivamente em São Paulo, em 1908, inicia um dos períodos mais férteis de sua carreira. Também leciona desenho e pintura, atividade que faz indo à casa de seus alunos. Alguns discípulos seus viriam a se tornar mais tarde, grandes nomes da arte moderna no Brasil: Tarsila do Amaral, Anita Malfati, Aldo Bonadei, Lucília Fraga e Renée Lefévre.


PEDRO ALEXANDRINO - Composição com bananas
Óleo sobre tela

Detalhe

PEDRO ALEXANDRINO - A copa
Óleo sobre tela - 213,8 x 178,7
Museu Nacional de Belas Artes

O renomado artista que veio de Paris conquistou fama pelo trabalho peculiar e forte. Tinha uma fatura vigorosa e solta, mas que deixa, ainda assim, suas obras facilmente assimiláveis e entendidas. Teve um sucesso muito grande na pintura de naturezas mortas, mas não se pode dizer o mesmo com as paisagens e os retratos, pelos quais sofreu críticas ferozes e que não deixaram de lhe trazer um certo desgosto.


PEDRO ALEXANDRINO - Faca, maças e metal
Óleo sobre tela

PEDRO ALEXANDRINO - Natureza morta
Óleo sobre tela - 43 x 55

PEDRO ALEXANDRINO - Ostras
Óleo sobre tela


Na sua estada em Paris teve ligeiro contato com o Impressionismo, o que fica evidente numa série de estudos ao ar livre que fez nos jardins do Parque de Luxemburgo. No Brasil, porém, sua paisagem perde o vigor, a ponto de não explorar muito esse tema. Limita a fazer uns raros trabalhos de marinhas e interiores, muito ocasionalmente. Refugia-se em seu canto e continua suas naturezas mortas de sempre, silenciosas, mas que tinham muita energia e constituem sua temática principal até o fim de seus dias.


ENRICO VIO - Retrato de Pedro Alexandrino
Pastel