quarta-feira, 28 de outubro de 2015

CALEIDOSCÓPIO

CLARK HULINGS - Kaleidoscope - Óleo sobre tela - 73,7 x 116,8 - 1980

Caleidoscópio: não poderia haver nome mais apropriado para essa obra do artista Clark Hulings...
Cores vibrantes, infinitas possibilidades de formas e contrastes, criando uma experiência visual daquelas que poucos artistas já conseguiram com tanta facilidade, como fez Clark Hulings. Além do arco-íris multifacetado que apresenta sua composição, brincando com nossa experiência visual, há ainda todo o cuidado na representação de cada personagem, absortos em suas atividades, como se fizessem parte de uma peça teatral. Cenas tão comuns nos muitos mercados da América Central e sudoeste dos Estados Unidos.
Assim que vi a publicação dessa obra, como peça a ser leiloada no próximo dia 16 de novembro desse ano, pela Casa de Leilões Heritage Auctions, nos Estados Unidos, o mínimo que poderia fazer é compartilhar. É daquelas obras que enriqueceria qualquer coleção, pública ou privada.





Pintada no ano de 1980, no auge da carreira do artista, Kaleidoscope é apenas mais uma das tantas outras obras surpreendentemente produzidas pelo americano Clark Hulings. Sem exagero, Clark Hulings é aclamado atualmente como um dos mestres modernos do gênero faroeste. Curiosamente, não focava sua atenção nas badaladas representações de cowboys e suas andanças com animais. Hulings sempre preferiu a representação pacata das inúmeras vilas que visitou em toda sua carreira. Como também viveu na Espanha e andou por várias vilas da Itália e França; tanto criança como adulto; também sempre sentiu atraído pelas representações daqueles locais.


Uma das coisas que mais gostava de fazer, ainda quando criança, era visitar o Museu Metropolitano de Nova York, e passar horas diante das cenas realistas e impressionistas daquela instituição. O resultado disso, é que seu trabalho faz uma mescla do bom desenho realista com a audácia e o improviso de generosas camadas de tintas, com pinceladas e espatuladas improvisadas.

Essa obra abre o leilão com lance inicial de 75 mil dólares e a expectativa é que seja leiloada entre 150 e 250 mil dólares. Pela aclamação atual do artista, que faleceu em 2011, é certo que o valor final ultrapasse esses valores. Merecidamente!

Clark Hulings e seu trabalho

OUTROS TRABALHOS DO ARTISTA

CLARK HULINGS - Burro branco de Alarcon, Espanha - Óleo sobre tela - 40,6 x 61 - 1969

CLARK HULINGS - Lavadeira portuguesa - Óleo sobre tela - 50,8 x 76,2

CLARK HULINGS - Mercado em Vucchiria, Palermo - Óleo sobre tela

CLARK HULINGS - Meio-dia, Andalusia - Óleo sobre tela - 71,1 x 106,6 - 1978

CLARK HULINGS - A entrega da manhã
Óleo sobre tela - 76,2 x 50,8 - 1968

CLARK HULINGS - Garota na Sicília - Óleo sobre tela - 61 x 91,4 - 1970


PARA SABER MAIS:


domingo, 25 de outubro de 2015

TOM LOVELL

TOM LOVELL - O carro da água - Mista sobre papel

TOM LOVELL - Frontier gathering - Óleo sobre tela - 78,7 x 111,8

A arte norte-americana sempre teve como tradição, safras de ótimos ilustradores. Com desenho arrojado, influência clássica para composição e esbanjando sempre muito talento, todos os grandes ilustradores norte-americanos se tornaram ícones da arte em suas épocas e até hoje são lembrados em todo mundo, principalmente pela competência com que desenvolveram e desenvolvem seus trabalhos. Um dos mais destacados entre eles é Tom Lovell, que deixou uma grande e valiosa produção em toda sua carreira. Um dos mais requisitados ilustradores para capas de famosas revistas, também era um pintor habilidoso, que defendeu desde cedo a vida no oeste americano, chamando a atenção para a vida do índio nativo.

TOM LOVELL - A camisa de ferro - Óleo sobre tela - 66 x 122 - 1985

TOM LOVELL - Os seguidores - Óleo sobre tela - 48,3 x 81,3 - 1975

Diferentemente do ilustrador atual, que tem todo um aparato tecnológico para produzir seus desenhos e ilustrações, assessorados por programas e ferramentas digitais que adiantam bastante o trabalho, os ilustradores dos tempos passados se valiam da extrema habilidade manual para produzirem suas obras. Utilizavam técnicas tradicionais da pintura e do desenho, tais como nanquim, guache, têmpera, aquarela e óleo. Por isso, muitos deles são também consagrados artistas de belas artes e tem, até hoje, suas obras disputadas acirradamente nas melhores casas de leilões do mundo.

TOM LOVELL - Voltando do casamento
Óleo sobre tela - 104,1 x 80 - 1944

TOM LOVELL - Um dia para flores amarelas - Guache sobre painel - 45,72 x 52,7 - 1956

Tom Lovell nasceu em Nova York, em fevereiro de 1909, filho do engenheiro telegráfico Henry S. Lovell Jr e Edith Scott (Russel) Lovell. O segundo de três filhos, cresceu como um menino que tinha uma sede enorme pela leitura, fascinando desde cedo, com a história do índio americano e seu contato com os povos do leste. O envolvimento com essa temática era tamanho, que seu discurso como orador oficial do ensino médio foi intitulado como: “Os maus-tratos do índio americano pelo governo dos Estados Unidos”. Tema controverso e polêmico, já mostrava que o posicionamento político é algo inerente a todo cidadão preocupado sinceramente com o meio onde vive. Assim, cresceu desenhando todos os artefatos de guerra e visitando os principais museus de sua região, se inteirando principalmente da temática que tanto o fascinava. Tinha um desejo latente por aprendizagem. Essa base de aprendizado seria fundamental para a carreira versátil que desenvolveria como um dos mais respeitados ilustradores americanos.

TOM LOVELL - A cultura em Silver City - Óleo sobre tela - 38,1 x 53,3

TOM LOVELL - No cassino - Óleo sobre tela - 58,4 x 83,8

A iniciativa do próprio Tom, de ingressar no Syracuse University College of Fine Arts, foi bem acertada. Era um ambiente propício para a formação de ilustradores e foi ali que conheceu Harry Anderson, com quem teria uma estreita amizade, e que seria também um grande e respeitado ilustrador da arte americana. Foi inclusive com Harry Anderson e Al Carter, que dividiria o primeiro estúdio de desenho e pintura. Local que lhe permitiu fazer novos contatos e se ingressar no disputado mercado da ilustração americana daqueles tempos. Mais tarde, New Rochelle, uma colônia de jovens ilustradores americanos, em Nova York, seria a futura morada de Tom Lovell. Era um ambiente muito envolvente e que permitiu a Lovell, o contato com outros importantes artistas da arte americana, tais como Normann Rockwell, Harvey Dunn, Dean Cornwell e Mead Schaeffer. Todos, ilustradores bastante respeitáveis até hoje.

TOM LOVELL - Na praia - Óleo sobre tela - 55,8 x 86,3

TOM LOVELL
Dr Jackson Blazes a Transcontinental Trail - Great Moments in Early American Motoring
Óleo sobre painel - 55,9 x 68,6

Tom Lovell se casou com Gloyd “Pink” Simmons, em 1934 e foram morar em Norwalk, no estado de Connecticut. Tiveram dois filhos, David e Deborah. No ano de 1940, ele e sua família se mudaram para uma colônia de artistas em Westport, também em Connecticut. Harold von Schmidt, John Clymer e Robert Loughweed se tornariam amigos íntimos da família, na temporada que passariam por ali. Foi também em Westport, que Lovell produziu um conjunto de desenhos históricos para a National Geographic Magazine, incluindo representações da invasão normanda da Inglaterra; a carreira de Alexandre, o Grande; e as conquistas dos Vikings. Minucioso em todo projeto que se lançava, Lovell teve grande cuidado em reproduzir o que ele considerava ser a exatidão histórica nas ilustrações, inclusive a realização de modelos de armas e navios, visitando locais históricos e realização de outras pesquisas. Ele costumava dizer que os escritores sempre tiveram grande vantagem sobre os pintores, no sentido de que, com algumas poucas e escolhidas palavras, um bom escritor faz com que o leitor crie o cenário e viva nele. Já o artista, para fazer um trabalho convincente e perfeito, precisa pesquisar e se orientar bastante, se quiser reproduzir com fidelidade um cenário em seu devido tempo.

TOM LOVELL - A batalha - Óleo sobre tela

TOM LOVELL - Monastério Viking - Óleo sobre tela

TOM LOVELL - Vikings vendendo uma escrava num mercado persa
Óleo sobre tela

O campo profissional ia se tornando abrangente, e Lovell era requisitado para as mais importantes publicações, tais como The Saturday Evening Post, Collier, True, Life, National Geografic, McCall, American e Leatherneck. Já consolidado como um dos maiores nomes da ilustração de sua época, consegue finalmente fundos para desenvolver um projeto específico sobre o Oeste Americano. Essa importante experiência lhe permitiu fazer um apanhado abrangente sobre as interações entre índios do oeste americano e os brancos colonizadores e comerciantes que chegaram por lá. Em 1969, sob encomenda da Fundação Abell-Hanger, Lovell produziu uma série de pinturas que comemoram a história do Sudoeste e que estão agora em exposição permanente no Museu Permian Basin Petroleum, Midland, Texas. Estas obras, uma série histórica sobre nativos americanos, representam um marco na temática do trabalho de Lovell, e deste ponto em diante ele se concentrou em retratos de vida dos nativos americanos, a exploração do Ocidente sobre eles, e da arte ocidental em si. Também nessa época, ele criou várias pinturas para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

TOM LOVELL - Bem-vindo ao lar - Óleo sobre painel - 70 x 87,2

TOM LOVELL - The name is Betty - Óleo sobre tela - 50,8 x 99,06

 Família sempre itinerante, mudaram-se para o Novo México, em 1972 e, em 1977, mudariam novamente para uma propriedade em Santa Fe, bem mais espaçosa, onde construiria uma casa que sempre havia planejado, em adobe, com amplas dependências e um desejado estúdio. Passaria ali ótimos momentos, desfrutando da boa reputação que construira em toda sua carreira. Em 1997, numa viagem pelo Novo México, Lovell morreu em um acidente de carro, no dia 29 de junho. No mesmo acidente, também falecera sua filha Deborah, com a idade de 48 anos.

TOM LOVELL - Ocupação de Paris - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6 - 1943

TOM LOVELL - Paisagem de montanha - Pastel sobre papel - 33,7 x 59,7


Ele disse um dia: “Eu me considero um contador de histórias, com pincéis nas mãos”. Para todos aqueles que acompanharam sua produção, ou que tem acesso a elas somente agora, percebe-se que essa afirmativa é totalmente verdadeira. Enquanto desenhava e pintava, sua obras iam narrando tudo aquilo que ele tinha em mente. Havia alma e fôlego em cada figura. Cada composição era esmerada ao máximo, para que produzisse um impacto estudado ao máximo, em todos aqueles que a observavam. E ele sempre conseguia...

TOM LOVELL - O precipício - Guache sobre painel - 23,5 x 50,8

domingo, 18 de outubro de 2015

ANDANÇAS

JOSÉ ROSÁRIO - Catu, antiga Vila de Santana - Óleo sobre tela - 30 x 50 - 2015


A ideia mais uma vez partiu do amigo baiano Naelson Almeida: Fazer uma caminhada ecológica nos arredores da cidade de Catu. E também mais uma vez me deram a honra de ser homenageado com o nome do trajeto. Com direito a mapa e tudo. Então, fizemos assim os planos: eu não só iria participar da caminhada ecológica desse dia 18, como também faria uma pequena exposição na cidade, no dia 20, e mais uma palestra e bate-papo com alunos de escolas da cidade e pessoas da comunidade, nos dias seguintes. A Secretaria de Cultura havia se envolvido e havia inclusive viabilizado minha ida e estadia. Tudo muito perfeito, as malas todas arrumadas, os quadros embalados e um acaso mudou os planos. Uma semana antes de minha ida, eu me intoxiquei com produtos de pintura. Para concluir alguns últimos trabalhos pendentes, usei solventes e secantes, dos quais já havia me afastado há anos, exatamente por causa de intoxicação. Minha ida não foi possível. Não pude estar presente no encontro com os amigos baianos, mas, os planos só foram adiados.





O encontro não se resume apenas a uma caminhada pelo mato, como pode parecer inicialmente. Há todo um preparativo, que é primeiramente o envolvimento em torno de uma causa. É uma caminhada ecológica com apelo cultural. Em momentos do percurso, há paradas para descanso e também momentos de ler e ouvir o que escrevem os escritores da cidade. Como se não  bastassem esses nobres ideais, há a oportunidade do encontro. Para mim, principalmente, seria o primeiro contato não-virtual com meus amigos da Bahia.




Andanças foi o nome escolhido para a exposição que aconteceria na cidade, no período que eu estivesse presente por lá. Uma mostra de 10 trabalhos em pequenos formatos, que havia preparado especialmente para a ocasião, onde levaria cenas de Minas, para o conhecimento dos amigos baianos, em Catu. A mostra também foi adiada, mas, isso é só uma questão de tempo. Ainda faremos nossa confraternização... Mando, por enquanto, algumas imagens de trabalhos que estariam na pequena mostra.

JOSÉ ROSÁRIO
Fim de tarde na Rua Joaquim Garcia, Dionísio
Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2015

JOSÉ ROSÁRIO - Um dia de trabalho
Óleo sobre tela - 50 x 60 - 2015

JOSÉ ROSÁRIO - Um "dedim" de prosa
Óleo sobre tela - 25 x 35 - 2015

JOSÉ ROSÁRIO - Curva de rio
Óleo sobre tela - 40 x 50 - 2015


Mesmo com as mudanças nos planos, de última hora, a turma baiana manteve o programa da caminhada e essa ocorreu nessa manhã de sábado, dia 18. Queria estar por aí, andando pelas trilhas de meu nome (quanta honra), conversando pessoalmente com os novos amigos, que há anos venho conhecendo virtualmente, e aproveitando de mais um momento para fazer aquilo que mais gosto: estar em contato com a natureza. Deixo ao Naelson e toda sua turma, um grande abraço. Agradecer imensamente a todos os envolvidos e também aos órgãos públicos da cidade. Dizer que vão ter que esperar só mais um pouquinho, até que eu apareça por lá.



sexta-feira, 9 de outubro de 2015

RUDOLF ERNST

RUDOLF ERNST - A fonte de Ahmed III, Istambul - Óleo sobre painel - 63,5 x 81,9 - 1892

RUDOLF ERNST - Uma dura barganha - Óleo sobre painel - 64,3 x 81,3

A primeira geração de pintores orientalistas, liderada principalmente por Delacroix, Vernet, Colin e Chasseriau, foi quem praticamente fez o cartão de visitas do Oriente Médio e Próximo para o mundo ocidental. Mesmo que o foco de suas obras inspiradas naquelas regiões tenham sido os temas políticos, principalmente as batalhas e conquistas, mostraram como era a cultura e o modo de vida daqueles povos, de uma maneira nunca antes apresentada. Mas, foi a segunda geração desses artistas que encantou e conquistou o mundo ocidental, mostrando bem de perto os povos daquela região, com suas culturas e tradições aparentemente exóticas e com todo o seu colorido e esplendor. Gerome, Bauerfeind e Deutsch foram nomes valiosos desse período, seguidos por um outro artista, Rudolf Ernst.

RUDOLF ERNST - Um guarda núbio
Óleo sobre painel - 59 x 47,5

RUDOLF ERNST - Apresentação da tarde
Óleo sobre painel - 81,3 x 61

RUDOLF ERNST - O guarda do harém
Óleo sobre painel -´60 x 48,5

Rudolf Ernst nasceu em Viena, em fevereiro de 1854, e foi, além de ótimo pintor, um gravurista e ceramista. Os temas orientais são o carro-chefe de sua produção. Encantou tanto com a cultura e o modo de vida daqueles povos que visitou, que praticamente mudou o seu modo de vida. Chegou mesmo a montar uma loja para produzir azulejo de faiança com temas orientais, na pequena cidade de Fontenay-aux-Roses, na França. Ali, fez questão de decorar sua casa em estilo otomano e viveu nela os últimos anos de sua vida, de uma forma bem reclusa.

RUDOLF ERNST - Prece ao nascer do sol - Óleo sobre painel - 78,5 x 100

RUDOLF ERNST - Tigre cativo - Óleo sobre painel - 80 x 100

Filho de um arquiteto, percebe-se claramente aí a sua influência pelas construções exóticas e opulentas do oriente. Incentivado pelo pai, ele começou a estudar na Academia de Belas Artes de Viena, com a idade de quinze anos. Terminado esse período de aprendizados básicos, passou alguns meses do ano de 1874 estudando em Roma, especialmente copiando os velhos mestres. Estabelecendo-se em Paris, em 1876, participou de salões e se inteirou da vida agitada da cidade. Inicialmente, começou apresentando trabalhos de cenas de gênero e já vinha chamando atenção com elas. Mas, foram as viagens que fez para a Espanha, Marrocos, Egito e Turquia, que mudaram radicalmente o rumo de sua arte.

RUDOLF ERNST - A musicista - Óleo sobre tela

RUDOLF ERNST - Água para o cachimbo - Óleo sobre painel - 71,1 x 90,1

RUDOLF ERNST - A fábrica de perfumes
Óleo sobre painel - 55,5 x 45

À partir de 1885, Ernst se tornaria exclusivamente um pintor de temas orientais, e faria isso com a dedicação e competência de poucos. Mais do que se encantar com tudo aquilo que havia visto em suas viagens, ele também queria que as pessoas se encantassem e admirassem aqueles povos com suas visões. Com a mente povoada das mais brilhantes imagens das suas viagens, bem como tendo referências fotografias e gravuras, ele se tornou um artista destacado entre os orientalistas. Ao contrário de alguns de seus colegas, cuja abordagem destes assuntos era estritamente topográfica ou etnográfica, Ernst muitas vezes misturava a arquitetura, artefatos e costumes de diversas culturas. Suas imagens, intensamente detalhadas, brilham como jóias e são admiradas pela interação complexa de seus personagens representados, vestidos ricamente com suas vestes e adornados com os metais mais elaborados. Alguns de seus modelos preferidos e objetos que considerava especiais são repetidos em vários composições, em novas poses e ângulos.

RUDOLF ERNST - A apresentação - Óleo sobre painel - 64,1 x 44,5

RUDOLF ERNST - Na entrada do jardim do palácio
Óleo sobre painel - 33 x 24

Por onde andou, Ernst coletou o mais variado número possível de objetos e apetrechos das culturas orientais. Era entre essas peças de sua coleção, que vivia e se deixava inspirar na casa que montou especialmente com esse tipo de decoração. Embora tivesse em mente trabalhar exclusivamente com a produção de azulejos, a pintura dividia o seu tempo e foi assim, por todo seu resto de carreira. Tanto Rudolf Ernst como Ludwig Deutsch foram fortemente influenciados pelo estilo acadêmico de Jean-Leon Gerome, implementando a exatidão do mestre francês em detalhes e intensidade de cor. No entanto, o trabalho de Ernst difere fundamentalmente quando comparado aos outros dois, pelo ecletismo e pelas compilações maravilhosas de projetos selecionados de diferentes fontes, como Argélia, Tunísia, Turquia e Espanha andaluza.

RUDOLF ERNST - A favorita - Óleo sobre painel - 92 x 72

RUDOLF ERNST - Caixa da fortuna - Óleo sobre painel - 92 x 72


Contrário a badalações e agitações do meio artístico, Ernst raramente saía de sua casa, e passava horas a fio executando as minúcias das obras que compunha. Ricamente detalhadas, consumiam um longo tempo até a conclusão de cada uma delas. Tanto isolamento, que o artista praticamente foi sendo esquecido em seu canto. Não se sabe nem exatamente a data de sua morte. O ano mais provável é o de 1932. Faleceu em sua casa, a mesma que havia montado logo após suas viagens, em Fonteney-aux-Roses, na companhia de todos os objetos da vida que um dia escolheu para ele.

RUDOLF ERNST - Dia do casamento - Óleo sobre tela - 65 x 55