domingo, 18 de agosto de 2013

NOVOS OLHARES

Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes "Luiz de Queiroz" 
ESALQ - Piracicaba, São Paulo

O mundo caminha numa velocidade incrível, estimulado por tecnologias que facilitam e resumem tudo. No afã de acompanhar os sinais do tempo, a arte também mudou sua face. São exploradas as mais diversas técnicas, mídias e expressões. O homem é o foco principal disso tudo, seja em seu ambiente urbano ou nos afazeres de seu cotidiano, tentando se entender e se analisando dentro das neuroses que ele mesmo cria e dos desafios que ele mesmo se propõe.
Concomitante a isso tudo que acontece na arte, muitos artistas ainda buscam inspiração em mestres passados e traduzem para o hoje a linguagem de seu tempo. As referências clássicas orientam no sentido de melhor observar o que está a sua volta e reinterpretá-las para a nova realidade em que se vive. Essa é a principal proposta que também pratica esse grupo de artistas, que ora vem apresentar a exposição NOVOS OLHARES. Uma visão do que é desse tempo, falando e mostrando o que é de hoje, mas sem esquecer os caminhos de grandes mestres que orientaram todos os movimentos até aqui. É possível ver nitidamente em suas expressões, forte influência impressionista, naturalista e realista, traduzida numa linguagem bem atual e que inaugura um novo realismo.


São artistas ainda iniciantes de uma jornada, mas que já trazem certa experiência no convívio com essa nova tendência, inspirados por grandes nomes da arte americana e europeia. Também são de regiões distintas do país, de modo que suas abrangências narrativas variam e tornam possível um diálogo em escala maior. Falam do homem e de seu tempo, do ambiente em que ele vive e de todas as coisas que ele produz e o ajuda a caminhar. Exploram técnicas variadas e apontam novas propostas de como fazer e visitar velhos temas. Estão por aí, vendo as mesmas coisas, mas com novos olhares.
Douglas Okada, Eduardo Borges de Araújo, Ernandes Silva, José Rosário, Juliana Limeira, Rodrigo Zaniboni e Vinícius Silva já vem explorando e mostrando os resultados dessas suas novas experiências. Os caminhos vão estreitando o convívio do grupo e afinando o diálogo cada vez mais presente em suas propostas. Parecem estar à procura de uma sintonia que os equilibra e os ajuda a caminhar com mais força e unidade.


A proposta da exposição NOVOS OLHARES para o espaço cedido no Museu e Centro de Ciências, Educação e Artes da ESALQ (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz") é apresentar os trabalhos produzidos por esses 7 artistas, dentro da tendência do novo realismo que eles vem desenvolvendo nos últimos tempos. Com temática livre e também liberdade técnica, cada artista trará as novas visões inspiradas na realidade de cada um. A exposição terá abertura no dia 6 de setembro de 2013 e poderá ser visitada até o dia 27 de setembro do mesmo mês. Para os dias 7 e 8, está programada uma seção de pintura ao ar livre com os artistas participantes, nas dependências da ESALQ.

UM PEQUENO RESUMO SOBRE CADA ARTISTA:

DOUGLAS OKADA - No sítio pela manhã - Óleo sobre tela - 40 x 50

Douglas Okada:
Paulista, da cidade de Araraquara, mas morando atualmente em Jaboticabal, Douglas Okada começou bem cedo, orientando-se pelo desejo nato de desenhar incessantemente. Foi polindo o dom com orientações muito bem conduzidas e trilhando pelos caminhos dos mestres do passado que tanto admirou. Já coleciona uma extensa lista de prêmios em várias participações em diversos salões. Buscar a “essência das coisas”, essa é sua maior meta.

EDUARDO BORGES - Beira de rio - Óleo sobre tela

Eduardo Borges de Araújo:
Aluno formado pela ESALQ, Eduardo Borges é o artista do grupo que está no ramo há mais tempo. Lembra principalmente dos ensinamentos que obteve com Archimedes Dutra, pintando exatamente nas dependências da ESALQ. Atualmente é diretor da Pinacoteca de Piracicaba e divide o tempo com experimentos que vem fazendo dentro da sua nova proposta realista, principalmente explorando um pouco mais a pintura em plein air.

ERNANDES SILVA - Estudo com animais - Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2013

Ernandes Silva:
Ernandes nasceu em Palmares/PE e por lá começou os primeiros estudos na arte. Foi em São Paulo, que poliu sua técnica e encontrou grandes referências para sua proposta. Dedicação e disciplina técnica são palavras de ordem na carreira desse jovem artista, um fã inveterado dos estudos ao ar livre. Novas parcerias artísticas tem lhe proporcionado um envolvimento ainda maior com a arte.

JOSÉ ROSÁRIO - Pegando água, Jequitinhonha - Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2013

José Rosário:
Único mineiro do grupo, José Rosário explora principalmente em sua obra o cotidiano de sua terra natal, a cidade de Dionísio. Admirador confesso de mestres paisagistas brasileiros, vem agregando novas experiências à sua tradicional referência temática. Também desenvolve uma página virtual, onde divulga constantemente seus trabalhos e de seus amigos artistas.

JULIANA LIMEIRA - Sonho de primavera - Óleo sobre tela - 40,7 x 30,6

Juliana Limeira:
Natural de Brasília/DF, Juliana vai buscar inspiração para sua produção nos mestres do Realismo americano, onde assimilou não só a técnica, mas principalmente o gosto pelo trabalho realizado no local. Formada em Artes Plásticas pela Universidade de Brasília, é uma das artistas brasileiras mais envolvidas com a proposta do resgate a um realismo voltado às origens clássicas.

RODRIGO ZANIBONI - A Canção de Joanna - Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2013

Rodrigo Zaniboni:
Rodrigo Zaniboni mora numa das regiões mais prolíficas da arte realista brasileira na atualidade, a cidade de Catanduva/SP. Há uma influência impressionista latente em sua obra e uma constante inspiração nos anos de infância, trazendo para sua temática muitas referências dessa fase para a sua produção. Atualmente, o exercício ao ar livre tem sido largamente explorado em seus novos trabalhos.

VINÍCIUS SILVA - No alto do Japi - Óleo sobre tela - 80 x 100

Vinícius Silva:
Natural de São Paulo, mas morando atualmente no cerrado mineiro, Vinícius considera-se praticamente em casa. A natureza intocada dos grandes espaços mineiros é a busca que mais o impulsiona. O artista tem uma atração declarada pelas paisagens selvagens de reservas e faz do exercício ao ar livre uma atividade constante. Referências do passado e técnicas arrojadas do presente são suas orientações principais.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

RODRIGO ZANIBONI

RODRIGO ZANIBONI - A Pelada - Óleo sobre tela - 110 x 170 - 2013

Há bem no fundo de todos nós, espaços guardados que jamais sofrem a ameaça do esquecimento. Espaços que contém cenas, pessoas, aromas, sabores... Que quase sempre nos ressuscitam boas lembranças do passado e nos fazem ficar por lá, por um breve intervalo de tempo, no aconchego de nossas memórias. Nessas lembranças, há sempre a presença prazerosa das pessoas que mais nos significam, que fazem confirmar que somos seres de saudades e que nos fazem gostar muito disso. Quase toda a produção artística de Rodrigo Zaniboni está repleta desses espaços revisitados, herança da infância que passou no sítio dos avós e do estreito convívio com familiares e amigos.

RODRIGO ZANIBONI - O Olhar de Elisa
Óleo sobre tela - 120 x 100 - 2012

RODRIGO ZANIBONI - O Criador e a Criação
Óleo sobre tela - 120 x 100 - 2012

Rodrigo Zaniboni nasceu em Fernando Prestes, cidade do interior de São Paulo. Até a sua adolescência, a vida no campo serviu como um estímulo nato para impulsionar seu desejo pelo desenho. Começou a potencializar o seu talento em 1998, quando toma suas primeiras aulas de desenho com Luís Dotto. A paixão pela pintura viria a se firmar logo adiante, quando recebe aulas de Celso Bayo e se confirmar ainda mais em alguns ensinamentos com Reinaldo Jeron. Foi com Washington Maguetas, em 2001, que traria a prática da pintura ao vivo como atividade, e que muda radicalmente sua paleta e sua percepção da luz. Morgilli viria logo a seguir, servindo como suporte amigo e com dicas sempre valiosas. Atualmente, a parceria com Ernandes Silva abriu um novo leque de opções em sua produção, com a prática da pintura em plein air, reafirmando ainda mais esses ensinamentos iniciados com Maguetas.

RODRIGO ZANIBONI - A Canção de Joanna
Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2013

RODRIGO ZANIBONI - Vó Zenaide e suas abóboras - Óleo sobre tela  - 84 x 90 - 2005

Há uma evolução latente nos trabalhos desse artista paulista, desde o início de sua produção. Experimentos técnicos também não faltam, e são sempre conduzidos por um mestre ou uma referência que ele não abre mão. E, no entanto, lá continuam suas memórias, visitadas e incansavelmente perseguidas, revelando o quanto o aconchego do lar e das boas lembranças fazem tão bem à sua obra. Uma dessas memórias, que se eternizou em obra é a tela “Vó Zenaide e suas abóboras” (ilustração acima), que foi premiada no Salão Brasileiro de Belas Artes de Ribeirão Preto, em 2005 e que também obteve o 1° lugar no 1° Salão de Artes Plásticas em Homenagem a Luís Dotto, em Catanduva, no ano de 2007. Essa obra também ilustrou o Calendário Internacional da Acrilex, em 2006, percorrendo cerca de 30 países.

RODRIGO ZANIBONI - Frutas e objetos - Óleo sobre tela - 30 x 40 - 2013

RODRIGO ZANIBONI - A Dança
Óleo sobre tela - 100 x 60 - 2013

Já possui obras em diversos países, a citar especialmente Estados Unidos, Itália e Colômbia.
A trajetória rápida e tão bem construída vai demonstrando que raízes e boas lembranças se transformaram num forte alicerce para esse artista. Que elas persistam e venham nos brindar ainda mais com suas futuras produções.


PARA FALAR COM O ARTISTA:


domingo, 4 de agosto de 2013

ARTE EM ANGOLA E AS TRILHAS PARA A ARTE MODERNA


Quero ressaltar logo de início que essa matéria não teria sido composta sem a ajuda inestimável de Urânia Dias, uma angolana que nasceu em Lubango, mas que atualmente reside na cidade portuguesa de Sesimbra. Urânia foi me apresentando alguns artistas angolanos e me direcionando para alguns sites específicos da cultura daquele povo, bem como colaborando com o envio de algumas imagens. Foi através dela que cheguei a Adriano Mixingue, cuja publicação na página do Consulado de Angola também foi de extrema valia. Muito ajudaram também as lembranças da visita que fiz ao Museu do Homem, em Paris, no ano de 1995. Impossível ter saído indiferente de lá e acredito que os mesmos sentimentos em mim despertados naquele lugar, também foram compartilhados por todos os artistas do início do século XX, que se inspiraram nos objetos daquelas coleções, para conceberem a revolucionária mudança que nos viria permitir a Arte Moderna, ainda antes de esses objetos estarem reunidos naquele espaço. Nos tempos atuais, as peças que eu havia visto no Museu do Homem, foram agrupadas às outras vindas do Museu Nacional das Artes da África e Oceania, formando o Musée Quai-Branly, organizado e criado no mandato do presidente Jacques Chirac exatamente naquele ano, em 1995. Poderia ter escolhido várias outras manifestações culturais africanas para tema principal dessa matéria, mas Angola tem uma afinidade bem especial para mim: a língua herdada de nossos colonizadores portugueses, que acabou nos tornando, por assim dizer, meio cúmplices na caminhada de nossas histórias.

Figura masculina em madeira. Costa ocidental africana.

Se hoje falamos claramente sobre os objetos produzidos por todos os povos africanos como “obras de arte”, o mesmo não se podia dizer há cerca de 120 anos, quando esses objetos foram considerados pela primeira vez como material artístico. Evidentemente que a Arte, tanto como conceito como instituição é um produto do mundo ocidental, particularmente europeu. Eram os europeus então, quem determinavam, até o início do século XX, o que poderia ser enquadrado dentro do termo “Arte”, principalmente se fosse uma produção externa ao continente europeu. Foi em 1915, que os primeiros objetos angolanos receberam a atribuição de “Arte” dada pelos europeus, como nos conta Carl Einstein, no livro A Escultura Negra e Outros Escritos. Entre elas, estavam principalmente as peças de origem Bakongo e Cokwé. As primeiras vanguardas artísticas do século XX viram e se encantaram com a grande quantidade de objetos que chegavam de todas as colônias da África e Oceania. Na linha de frente dessa vanguarda estavam nomes como Pablo Picasso, Fernand Leger, André Derain, Charles Braque e Henri Matisse.

Máscara facial da costa ocidental africana.

Praticamente todas as coleções de arte primitiva africana foram saqueadas durante as expedições de países europeus, feitas principalmente nos séculos XVIII, XIX e até algumas décadas do século XX. Se por um lado evidenciam um ultraje ao patrimônio cultural daquelas nações, por outro trouxeram para o conhecimento do resto do mundo, uma arte que viria revolucionar e alterar definitivamente o fazer artístico dos novos tempos. A grande ruptura da arte acadêmica que se realizava em quase todo o continente europeu para uma arte dita hoje como “moderna”, só teve maior êxito com as muitas experiências expressivas realizadas pela vanguarda citada anteriormente, principalmente por Pablo Picasso. Em “As donzelas de Avignon”, por exemplo, é marcante a influência da arte estatuária africana nas fisionomias das banhistas representadas na cena. A simplicidade das linhas e a expressividade que emanavam tais peças oriundas de território africano foram um fator determinante para os experimentos que se estenderiam a muitas vertentes da Arte Moderna (com todas as suas variantes). Não é exagero afirmar, então, que a arte africana primitiva abriu os caminhos para uma nova arte que se irrompeu por todo o século XX. Todas as peças que foram levadas para a Europa, vindas de Gana, Gabão, Angola, Sudão, Zâmbia e todas as outras regiões africanas influentes naquele período, carregavam consigo um estímulo para uma nova visão artística, mais simplificada e objetiva.

Certamente, essa máscara Babangue, originária do Congo,
tenha influenciado enormemente Pablo Picasso na composição de
As Donzelas de Avignon, abaixo.

PABLO PICASSO - As donzelas de Avignon
Óleo sobre tela - 243 x 233
Museu de Arte Moderna, Nova York.


A Arte Primitiva Africana é basicamente estatuária ou composta de objetos (máscaras, potes, armas, adornos, colares...). Há nos povos africanos, de uma maneira geral, a necessidade de uma arte mais tátil, palpável no sentido mais amplo da palavra. Parece uma unanimidade de todo o continente, a necessidade intensa de volumes, que constituem massas quase agressivas. Essas obras incorporam uma intensa energia, que parece avançar para cima de quem as observa. Todos os artistas africanos, mesmo os mais remotos, já tinham uma habilidade nata no domínio da tridimensionalidade, passando da escultura propriamente dita para o entalhe, tanto em baixo quanto em alto relevo. E faziam e fazem isso com a maior facilidade. Mas é Valdomiro Santana Júnior, quem nos empresta uma bela definição para a Arte Africana: “Se desejarmos compreender a expressão artística africana, precisamos nos reputar as reflexões da alma humana em sua busca pela essência das coisas, tão "subliminarmente" contidas na simplicidade destas, seja, um pedaço de madeira, pedra, marfim, metal, etc. Objetos feitos de materiais naturais embutidos de valores arquetípicos que velam o seu simbolismo. Apenas um olhar e a audição puros, não serão suficientes para extrair-lhes os significados implícitos nas obras Africanos. São obras que estimulam a imaginação e nos remetem à leitura de outros universos, uma linguagem primordial inerente à natureza que expressa o elo de comunicação com o infinito. Elas nos introduzem a reflexão e se nos despirmos das sofisticações do nosso tempo poderemos mergulhar num instante imemoriável, pois nos impõe seu caráter postulante e empírico implícitos na excitação exterior de suas formas.

NEVES E SOUZA - Cena antiga de Angola - Hotel Turismo no Lobito

O virtual é como o corpo, um elemento intermediário entre a essência de sua significação e sua representação física na forma. O elemento virtual, a imagem, representa esse conteúdo essencial e cumpre muito mais com o que se espera abstrair, por exemplo, num trabalho artístico. A arte espontânea que brota na simplicidade desse povo, em suas várias concepções, vela o aspecto que nos intriga inconscientemente, enquanto buscamos abstrair a essência, nos restam apenas a intelecção e beleza. 
Obras cuja natureza evocam uma metafísica, suscitando atender a parte mais ínfima, orgânica e complexa da psique que lhes representam "bens de ordem moral, política e cultural". Uma clara expressão de respeito aos valores naturais e ambientais, concebidos como "bens da alma", emergem da terra - Mãe África.”

Bantu Tabasisa e Tandu, artistas primitivistas angolanos, em exposição em São Paulo.

A divisão política atual do continente africano nem sempre insere dentro de cada país apenas as manifestações culturais daquele país. São divisões que não respeitam as abrangências culturais de cada cultura, muitas delas criadas em meados do século XX. Sendo assim, as mesmas atividades culturais de um povo podem ser praticadas em territórios políticos diferentes. Em todas as culturas africanas, a arte é sempre exercida por uma influência muito forte de apelos religiosos, sociais e políticos. Os objetos tem então essa função de estabilidade, ordem e segurança. Não é diferente na arte de Angola.
Dezoito províncias formam a República de Angola. Como ocupam regiões bem distintas, cada uma delas possui suas particularidades, mesmo que não tão relevantes, mas fazendo com que cada grupo etno-linguístico do país tenha a sua própria expressão artística. A arte angolana utiliza como principais materiais a madeira, bronze, marfim, malachite e vários tipos de cerâmica.

Exposição de arte angolana na Hungria.

O texto seguinte é de Adriano Mixingue e faz compreender muito bem o significado que possui o aspecto religioso na arte africana: “Na busca pelo divino, o ser humano precisa lidar ao mesmo tempo com o mundo real. Em decorrência da conscientização, influi no comportamento no que se pressupõem existir entre o plano visível e o plano espiritual. O africano, geralmente acredita que Deus não opera sozinho, pois estaria ocupado demais para fazê-lo, e compreendem que as entidades nas quais acreditam trabalham para Deus, e que se lutarem contra essa manifestação espiritual não seriam dignos da proteção ou respeito dos espíritos que os chamam, pois estariam lidando com forças que desconhecem. Eles se deixam penetrar pelos espíritos na busca por uma segurança maior, alguma garantia de sustentação de sua saúde, de seu caminho de vida, de seus valores materiais, morais, políticos e emocionais, e reagem ao "chamado espiritual" numa mescla de respeito e medo às ameaças inerentes na vida. Ora, independente de primordialidade e contemporaneidade, tais aspirações são suscitadas pelos seres humanos de qualquer lugar do planeta. Uma postura primordial, encerrada na psique do homem em tudo que possa representar o desconhecido, observado em todas as culturas em sua história original.” Só assim é possível entender o grande apelo à produção artística de estátuas, pois elas parecem ligar ao poder de um outro mundo. O aspecto negativo de uma globalização excessiva dessa arte estatuária importante do país, é que a produção começou a ter uma “escala industrial”, pronta para atender ao turista de todas as partes do mundo, ávido por um pouco daquela produção artística do país. Muitas obras já não possuem a ligação cultural que tinham no passado. Certamente, a arte angolana mais famosa é o “Pensador de Cokwe”, uma obra com simetria perfeita e grande harmonia.

O Pensador de Cokwe, importante manifestação
da escultura angolana.

Há três períodos muito distintos da arte em Angola: O primeiro deles nos remete a pesquisas arqueológicas, revelando obras rupestres, principalmente de grutas. O segundo, de caráter mais nacionalista, se deu logo após a independência do país, ocorrida em 1975. Foi nesse período que formou um grande número de artistas plásticos. O período contemporâneo, marcado principalmente por uma era de paz no país, após longos conflitos internos, é também um período onde os artistas voltam novamente os olhos para as origens artísticas do país, reinterpretando antigos temas e trazendo todos eles para seus experimentos atuais.  Não é exagero afirmar que Angola assume hoje, um dos postos de destaque da arte contemporânea africana, com vários artistas conhecidos em diversas partes do mundo. É importante afirmar que nesses três períodos, a arte do país sempre manteve uma unidade em sua linguagem.
Veja alguns dos mais influentes artistas da atualidade:

ANTONIO OLE - Páginas ocultas, os órgãos roubados
Mista

ANTONIO OLE - Townshipwall no 611
Mista - 500 x 600

ANTÓNIO FELICIANO KIDÁ - Tambores

Antônio Tomás Ana - Etona em início de escultura

ANTONIO TOMÁS ANA ETONA - Nicodemos
Escultura

FABRÍCIO DOM - A pensadora
Acrílica sobre tela

ÁLVARO CARDOSO - Perfil
Mista

VICTOR TEIXEIRA (VITEIX) - Sem título
Mista sobre tela

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

RUBENS VARGAS

RUBENS VARGAS - Rio Pará / MG
Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Casario 
Óleo sobre tela - 70 x 90

RUBENS VARGAS - Ouro Preto
Óleo sobre tela -  72 x 60 - 1995

Minha admiração pelo paisagismo cresceu no início da década de 90, quando comecei a conhecer mais acuradamente os trabalhos de vários artistas mineiros. Evidente que Edgar Walter encabeçasse uma lista que seguia com todos os seus discípulos. Não era uma época de facilidades para obter informações como hoje, onde bastam alguns toques no teclado e é possível estar em contato com vários artistas em várias partes do mundo. Conhecer pessoalmente algum artista era uma atividade quase desumana, ainda mais em se tratando que sempre vivi longe dos grandes centros. Ter acesso a imagens de trabalhos de outros artistas só era possível através de visitas a museus e galerias, ou adquirindo raros livros, onde os de melhor qualidade quase sempre eram importados e com valores bem elevados. Os tempos mudaram e hoje felizmente é possível conhecer uma boa parte do mundo, mesmo estando no conforto de nossas casas.

RUBENS VARGAS - Burrinho - Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Beira de rio -óleo sobre tela - 60 x 90

Eu me lembro de ter conhecido os trabalhos do Rubens Vargas ainda naquela época. Via algumas pouquíssimas obras suas através de leilões virtuais e quando possível, através de algum catálogo de exposição. Sempre associei sua trajetória e suas obras ao grupo de discípulos de Edgar Walter, pois sempre o vi próximo aos seguidores daquele mestre. Apenas recentemente pude fazer contato mais direto com o artista.

RUBENS VARGAS - Galinhas - Óleo sobre tela

RUBENS VARGAS - Paiol
Óleo sobre tela

Rubens Vargas nasceu na cidade mineira de Curvelo, no ano de 1948 e reside atualmente em Belo Horizonte. Um artista com temática voltada quase que exclusivamente para a pintura regionalista mineira, com exceção das marinhas que executa ocasionalmente. Sua pintura tem uma paleta característica, quase sempre suave e com contornos bem esmaecidos, com uma sensação constante de bruma no ar. As cores também são bem próprias e com contrastes sempre bem dosados.

RUBENS VARGAS - Córrego
Óleo sobre tela - 30 x 40

RUBENS VARGAS - Fundo de fazenda
Óleo sobre tela - 40 x 60

É um artista que presa pela simplicidade da execução e faz isso com muita propriedade, explorando temas aparentemente comuns, mas resgatando deles sempre um toque de nobreza.
O artista continua produzindo seus trabalhos voltados para a temática que sempre explorou.

RUBENS VARGAS - Litoral
Óleo sobre tela - 60 x 90

RUBENS VARGAS - Paisagem
Óleo sobre tela - 47 x 63

PARA SABER MAIS: