quinta-feira, 25 de junho de 2015

JOHAN KROUTHÉN

JOHAN KROUTHÉN - No salão, Minna e Carl-Fredrik von Malmborg
Óleo sobre tela - 45 x 60 - 1887


Além de ótimo desenhista e muito bom colorista, Johan Kouthén tinha muito bom gosto pelas suas composições e dizia que as cenas da natureza que o inspiravam sempre precisavam de alguns retoques. Mais que um artista realista, ele era um artista idealista. Dizia que as sombras precisavam de ajustes e as cores do natural sempre poderiam ser melhoradas. Graças a essas particularidades, foi um artista que rompeu com as tradições da Academia Sueca e criou uma maneira bem particular de fazer, sintonizando muito com os movimentos impressionistas, muito em voga em sua época.

JOHAN KROUTHÉN - Interior de jardim - Óleo sobre tela - 69 x 95 - Entre 1887 e 1888

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem de outono - Óleo sobre tela - 70 x 95 - 1889

Johan Krouthén nasceu a 2 de novembro de 1858, em Linköping, na Suécia. Os pais, Conrad Krouthén e Hilda Atkins, eram comerciantes. Aos 14 anos, deixou a escola e conseguiu uma vaga de estagiário com Svante Leonard Rydholm, que além de fotógrafo era artista. Foi um bom período, pois aprendeu os princípios básicos da fotografia e da pintura, que lhe deram embasamento para conquistar uma vaga na Academia Real Sueca de Artes, em 1875, com apenas 16 anos. Ali estudou desenho e pintura. Nessa última técnica, especializou-se principalmente no retrato e na paisagem. Edvard Perseus, que além de seu professor na academia era também crítico de arte, foi quem o incentivou bastante a pintar diretamente da natureza, incentivando o plein air em terras suecas.

JOHAN KROUTHÉN - Júlio e Ana Krouthén no verão
Óleo sobre tela - 1890

JOHAN KROUTHÉN - Uma praia na Suécia - Óleo sobre tela - 75 x 106 - 1906

Oscar Björck e Anders Zorn eram seus principais colegas na Academia e um fato interessante aconteceu no outono de 1881, envolvendo um desses amigos. Zorn não concordava muito com a grade curricular da Academia e nunca a seguia na íntegra. Advertido pelo presidente da Academia, Georg von Rosen, que seria punido, caso não se comprometesse a cumprir os estudos curriculares da instituição, Zorn logo se adiantou e pediu para ir embora. Solidário com o amigo, Krouthén também decidiu sair. Assim que deixou a escola, passou uma curta temporada em Paris, que era um destino muito procurado por artistas suecos daquela época.

JOHAN KROUTHÉN - Sol da noite, com marinheiros no horizonte
Óleo sobre tela - 90 x 116 - 1905

JOHAN KROUTHÉN - Negro Pettersson
Óleo sobre tela - 120 x 78 - 1870

No verão de 1883, ingressou num grupo de artistas que viria a ser conhecido como a Escola de Skagen, uma região no norte da Jutlândia. Oscar Björck faria companhia a ele nesse período. Ali se encontravam com regularidade, artistas da Dinamarca, Noruega e Suécia. Todos defendiam o naturalismo como bandeira principal do movimento. Naquele ano, Krouthén ficaria ali de maio a outubro. Diferentemente dos demais artistas, que concentravam seus temas nos pescadores e suas rotinas, Krouthén preferia explorar as paisagens planas costeiras. Ele ainda continuaria abordando a sua temática paisagística em Linköping.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem de verão com crianças - Óleo sobre tela - 96 x 140 - 1902

JOHAN KROUTHÉN - Moças lendo numa paisagem de verão - Óleo sobre tela - 75 x 100 - 1908

Em 1884, conheceu Hulda Ottoson e viria a se casar com ela dois anos depois. Tiveram uma vida conjugal curta e trágica. Perderam um primeiro filho em 1886, logo que se casaram; e em 1891, quando deu à luz gêmeos, Hulda morreu durante o parto. Foram tempos difíceis, tendo que criar os filhos numa região onde a arte não tinha a aceitação como as grandes cidades da Europa. Para ajudar, fazia sorteios de arte com as suas obras. Assim, foi se estabelecendo principalmente na pinturas paisagística de jardins, uma temática muito popular e que também lhe agradava.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem com garotos em um barco - Óleo sobre tela - 44 x 64 - 1909

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem com vacas  - Óleo sobre tela - 57,5 x 73 - 1910

Nem tudo estava perdido, uma de suas telas conseguiu uma medalha de ouro no Salão de Paris de 1889, o que não só aumentou seus ânimos, como também o projetou para o mercado além de sua região. Além, é claro, de ser um incentivo para vários artistas suecos. Pintando principalmente retratos e interiores, ele termina a década de 1880 como o período mais prolífico de sua carreira. Nessa época, principalmente por causa das premiações que lhe eram oferecidas, já começava a ser um artista requisitado pelos colecionadores. Erik Hjalmar Segersteen foi um dos mais importantes deles, tanto que Krouthén o eternizou em um de seus trabalhos.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem na costa norte de Halland - Óleo sobre tela - 72,5 x 104 - 1912

JOHAN KROUTHÉN - Pastora e ovelhas no verão - Óleo sobre tela - 1899

Em 1902, Krouthén se casaria novamente, agora com Clara Söderlund. Bem mais conhecido, atendia encomendas de retratos e grandes pinturas religiosas para altares de igrejas. Desmotivado com os rumos modernistas que a arte tomava naquele período, Krouthén insistia em pintar seus temas preferidos, principalmente paisagens. Chegou a ser criticado por fazer cenas de casas vermelhas em meio a vegetação de jardins e florestas. Muitas delas repetidas e sem muita inovação nas composições e com paleta de cores bem semelhante.

JOHAN KROUTHÉN - Cena de verão com galinhas comendo - Óleo sobre tela - 50 x 75 - 1914

JOHAN KROUTHÉN - Menina no portão - Óleo sobre tela - 72 x 104,5 - 1911

Mesmo mudando para Estocolmo, em 1909, e expondo regularmente por lá, sua clientela era basicamente formada por moradores da região de Linköping. A arte moderna o irritava ainda mais nesse período e ele afirmava não ver um futuro muito brilhante para a arte, a partir dali. Para manter a família e o nível da vida que levavam, sujeitava a encomendas que nem eram tão interessantes do ponto de vista artístico. Mas, ainda procurava fazer o que gostava e sempre visitava sua cidade natal. Em 1932, preparando-se para os festejos do 80º aniversário do Stora Hotel, em Linköping, uma semana antes do natal, Krouthén sofreu um derrame e foi encontrado morto em seu quarto de hotel.

JOHAN KROUTHÉN - Paisagem de verão com uma velha fazenda
Óleo sobre tela - 80 x 110 - 1917

JOHAN KROUTHÉN - Verão idílico na fazenda - Óleo sobre tela - 72 x 105 - 1912

Toda a coleção de arte pertencente a Erik Hjalmar foi comprada por Pehr Swartz, que a doou ao Museu de Arte de Norrköping. Muitas obras de Krouthén fazem parte dessa coleção. No County Museum of Östergötland, em Linköping, também se encontram diversas de suas obras. Johan Krouthén continua sendo um artista bem solicitado nas casas de leilão em toda Europa.

JOHAN KROUTHÉN - Autorretrato
Óleo sobre tela - 1904

domingo, 14 de junho de 2015

SERRA DAS LARANJEIRAS, DIONÍSIO

JOSÉ ROSÁRIO - Outono na Serra das Laranjeiras - Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2015

JOSÉ ROSÁRIO - Serra das Laranjeiras
Óleo sobre tela - 60 x 80 - 2007
Uma tela mais antiga, capturada do mesmo local.
Interessante ver como a natureza se modifica.

A Serra das Laranjeiras é um local que considero especial em Dionísio. Sempre que posso, tiro um tempo para ir lá, seja para fazer algum esboço, fotografar ou simplesmente passear pelo lugar. É a região mais montanhosa do município e isso faz de lá um local incrivelmente especial. No outono, quando a vegetação está mais rasteira e as cores mais terrosas, o local ganha uma ambientação ainda mais diferente. Gosto da variedade proporcionada pelas muitas pedras e pelas quedas infindáveis dos vários cursos d’água que nascem na cabeceira da serra. Fico horas observando as trilhas do gado esculpidas nas encostas e tudo sempre me pareceu um tema perfeito para pintar.

JOSÉ ROSÁRIO - Uma clareira - Óleo sobre tela - 50 x 40 - 2009

JOSÉ ROSÁRIO - Um trecho do Mumbaça - Óleo sobre tela - 22 x 35 - 2010

JOSÉ ROSÁRIO - Corredeiras do Mumbaça - Óleo sobre tela - 60 x 120 - 2014

Nessa matéria, apresento alguns trechos do local, pintados por mim em diferentes épocas, e também pintados por outros artistas que por aqui vieram. São cenas ribeirinhas, que comprovam uma pequena parte dos infindáveis bons locais possíveis de se encontrar por lá.
Também já passaram por lá Vinícius Silva e Juliana Limeira, numa visita que fizeram aqui em 2012. Cláudio Vinícius pintou o mesmo local que fiz recentemente, num ângulo diferenciado. Em outra rápida visita, também estiveram por lá José Ricardo e Rogério Ramos, e mais recente, Isaque Alves. Abaixo, alguns trabalhos da Serra das Laranjeiras, pintados por outros artistas:

CLÁUDIO VINÍCIUS - Ribeirão na Serra das Laranjeiras, Dionísio - Óleo sobre tela - 50 x 70

VINÍCIUS SILVA - Ribeirão na Serra das Laranjeiras - Óleo sobre tela - 60 x 90 - 2012

terça-feira, 9 de junho de 2015

PEDER MORK MONSTED: Uma obra disponível no Brasil

PEDER MORK MONSTED - Manhã de inverno em Vallensbaek
Óleo sobre tela - 88 x 130 - 1928
OBRA DISPONÍVEL PARA VENDA

Numa dessas ironias do destino, acabei sendo contatado a respeito de um trabalho do artista Peder Mork Monsted. Admirador confesso que sou desse artista dinamarquês, chegou até a mim a informação de haver disponível, aqui no Brasil, um de seus trabalhos. Trata-se da obra “Manhã de inverno em Vallensbaek”, pintada em 1928. Um óleo sobre tela, medindo 88 x 130 cm, cujas medidas com moldura chegam a 118 x 160 cm.
Tão imprevista como a maneira como tais informações chegaram até a mim, foi a maneira como tal obra veio parar aqui no Brasil. Os primeiros proprietários dessa obra eram amigos do artista Peder Mork Monsted e moravam em Taastrup, uma localidade da Dinamarca muito próxima à Vallensbaek. Frequentadores da fazenda retratada na tela, acabaram adquirindo o trabalho diretamente com o artista e tomaram por ele uma afeição que os acompanharia por toda a vida. Promotores do trabalho de Monsted, emprestavam a obra para diversas exposições em toda a Dinamarca. Quando faleceram, essa obra foi enviada ao Brasil como herança de sua única filha, que já morava por aqui. A atual proprietária, Sônia, quem me contatou a respeito da disponibilidade do trabalho, é bisneta dos primeiros proprietários do trabalho.





Um avaliação prévia da obra foi feita pela Casa de Leilões Bukowskis, da Suécia, mas quem se interessar poderá contatar diretamente a sua atual proprietária, Sônia, em São Paulo, no número que se segue: (11) 9 9223-7600.

Nunca é demais lembrar que Peder Mork Monsted foi um dos mais consagrados paisagistas dinamarqueses de seu tempo. Detentor de uma paleta de cores vigorosas e estilo que cambiava facilmente entre o Realismo e o Impressionismo, deixou uma vasta produção. Recentemente, seus trabalhos são cobiçados por colecionadores europeus e americanos. A intenção de vender o presente trabalho por aqui, é a tentativa de ainda deixar uma de suas obras em território brasileiro.

OUTROS TRABALHOS DO ARTISTA

PEDER MORK MONSTED - Crianças em um piquenique na floresta
Óleo sobre tela - 129 x 93 - 1897

PEDER MORK MONSTED - Uma estrada do interior
Óleo sobre tela - 97,5 x 70,5 - 1918

PEDER MORK MONSTED - Dia de verão com galinhas em um fundo de quintal
Óleo sobre tela - 40 x 31 - 1901

VEJA TAMBÉM:


domingo, 7 de junho de 2015

MUSEU NACIONAL DE ARTE DA VIDA SELVAGEM

Museu Nacional de Arte da Vida Selvagem. Instalações atuais.

Antigas instalações, na Praça Central de Jackson.

Criar um museu destinado somente à vida selvagem parece ser o desejo de muitas pessoas por todo o mundo. Ter a felicidade de colocar esse desejo em prática é uma dádiva para poucos. Ainda mais, fazendo isso com admirável competência e proporcionando uma instituição que cada vez conquista o maior respeito, num país onde as instituições museológicas são consideradas coisa séria. Localizado na vila norte-americana de Jackson, condado de Teton, no estado de Wyoming, o Museu Nacional de Arte da Vida Selvagem tornou-se a concretização do sonho de um casal que sempre lutou para vê-lo em prática: Joffa e Bill Kerr.



Juntamente com um grupo de amigos, que abraçaram a causa, Joffa e Bill fundaram o museu em 1987, localizado inicialmente na Praça Central da Vila de Jackson. As aquisições foram crescendo e o espaço original ficando reduzido, o que levou à criação de uma nova sede, em 1994, desta vez mais integrada ao ambiente natural, o que sempre foi a proposta de seus idealizadores. A coleção do museu é o fruto de mais de 30 anos de pesquisas, arrecadações e aquisições, tornando-se atualmente uma coleção de arte de animais selvagens insuperável nos Estados Unidos.



As instalações atuais do museu constam com 14 galerias distintas, uma trilha de escultura, loja, café, Galeria para Descoberta Infantil e biblioteca. A coleção permanente do Museu inclui mais de 5.000 itens catalogados, entre pinturas, esculturas e desenhos, produzidos por mais de 100 artistas ilustres, que vão desde representantes de tribos americanas até os mestres contemporâneos. Exposições permanentes e temporárias são incrementadas com programas inovadores de educação, onde vários acadêmicos enfatizam a apreciação da arte, história da arte, ciência natural, escrita criativa, e história americana.

ALBERT BIERSTADT - Prong-horn antelope - Óleo sobre tela - 42,7 x 57,15 - 1865

ROBERT BATEMAN - Leopardo numa árvore de savana - Óleo sobre painel - 76,2 x 96,52 - 1979

TUCKER SMITH - O refúgio - Óleo sobre tela - 88,9 x 302,3 - 1994

O Museu se tornou um importante centro educacional e um lugar de reunião para a região de Jackson Hole. Em 1994, o museu recebeu o Prêmio Humanidades Wyoming pelos esforços exemplares em promover as ciências humanas naquele estado. Em 2008, o Museu recebeu a designação como o "Museu Nacional de Arte da Vida Selvagem dos Estados Unidos" por ordem do Congresso, e em 2012, uma nova trilha de esculturas foi projetada pelo premiado arquiteto paisagista, Walter J. Hood. Mais de 80.000 pessoas visitam as instalações do museu a cada ano, e mais de 10.000 crianças também visitam anualmente o museu, como parte de seus currículos escolares. Haverá algo mais importante para um museu do que despertar a verdadeira importância da arte como formadora de cultura do planeta?

AUGUSTE RODIN - Leão - Bronze - 1881

MELVIN JOHANSEN - Saída de emergência - Bronze


E pensar que tudo começou com um simples ato e uma grande ideia. Quando Bill e Kerr compraram sua primeira pintura, nem podiam imaginar o rumo que iria tomar o seu modesto sonho. Compraram um quadro de Carl Rungius por US$ 6.000. Fazem questão de frisar que pagaram US$ 500 por mês durante um ano. Os trabalhos de Rungius atingem atualmente as cifras US$ 750.000. Aquele importante trabalho foi o alicerce para a realização de tudo que idealizaram à partir dali. Foram convencendo amigos sobre a importância de preservar a memória da vida selvagem e as doações foram acontecendo naturalmente. Hoje, é impossível desvincular toda a região de Jackson Hole do museu e da importância para os habitantes dali. Como muitas instituições do mundo, o museu é uma prova de que sonho e realidade passam por um único caminho: vontade e determinação.

CARL RUNGIUS - O rei do norte - Óleo sobre tela - 106,68 x 152,4 - 1926

LEN CHMIEL - A vida imitando a arte - Óleo sobre tela - 88,9 x 129,54

NANCY GLAZIER - Rock Chuck Rock - Óleo sobre tela - 60,96 x 86,36


PARA SABER MAIS: