sábado, 4 de novembro de 2017

GUSTAVE DE JONGHE

GUSTAVE DE JONGHE - Mãe com sua filha - Óleo sobre painel - 45,7 x 55,6 - 1865

GUSTAVE DE JONGHE - Mãe com sua filha - Detalhe

No auge de sua carreira, Gustave de Jonghe teria sua vida artística interrompida abruptamente por uma hemorragia cerebral, tirando sua visão. Porém, toda uma carreira já havia sido construída e ele deixou o registro de uma obra impecável, bem feita em todos os sentidos.


GUSTAVE DE JONGHE - Indiscretas - Óleo sobre tela - 29,1 x 21,2 pol

GUSTAVE DE JONGHE - Hora de brincar - Óleo sobre tela - 17,3 x 22 pol - 1866

GUSTAVE DE JONGHE - Mulher num interior
Óleo sobre tela - 65,4 x 48

Gustave Léonard de Jonghe nasceu na cidade belga de Kortrijk, a 4 de fevereiro de 1829. Filho de um outro pintor, o proeminente Jan Baptiste de Jonghe, recebeu dele as primeiras lições de arte. Foi o próprio pai quem o incentivou a continuar pelo caminho da pintura, matriculando-o na Academia Real de Belas Artes, em Bruxelas. Ali, teve ensino direcionado por um dos principais artistas belgas daqueles tempos, o pintor François-Joseph Navez. No ambiente acadêmico, teve uma grande amizade com o artista Louis Gallait, que era especialista em pintura histórica. Quando fez 15 anos, seu pai faleceu e ele só pode continuar seus estudos graças a uma bolsa concedida pelos administradores de sua cidade natal.


GUSTAVE DE JONGHE - Olhando para o tempo
Óleo sobre painel - 65 x 62

GUSTAVE DE JONGHE - Um momento de distração
Óleo sobre painel - 46 x 38 - 1868

GUSTAVE DE JONGHE - O recital - Óleo sobre painel - 55,5 x 45,5

As primeiras participações públicas com suas obras viriam acontecer à partir do ano de 1848, quando Gustave de Jonghe começaria a participar do Salão de Bruxelas. De Jonghe começou a trabalhar em Paris e fez isso pela primeira vez em 1850, exibindo no prestigiado Salon de Paris. Em 1855, ele se mudou da Bélgica para Paris e exibiu regularmente no Salão durante os próximos trinta anos. O Salão de Paris o premiou com uma medalha de terceiro lugar em 1863 e, nesse mesmo ano, recebeu uma medalha em Amsterdã. As honras aumentaram em 1864, quando o rei belga o chamou de Chevalier de l'Ordre de Leopold (Cavaleiro da Ordem de Leopold).


GUSTAVE DE JONGHE - O recital - Óleo sobre painel - 11,5 x 9,2 pol

GUSTAVE DE JONGHE - Doces sonhos - Óleo sobre painel - 73,2 x 54,5

GUSTAVE DE JONGHE - Mulher com uma rosa - Óleo sobre painel - 85 x 59

Seus primeiros trabalhos exploraram temas históricos e religiosos, como a composição dos Peregrinos, de 1854 (Museu Real de Belas Artes da Bélgica). Ele então mudou para a pintura de retratos e cenas de gênero e a paisagem ocasional. Ele trabalhou em óleo e às vezes em aquarela. Suas pinturas de retratos mostravam o estilo de vida dos habitantes da cidade, com seus modos contemporâneos elegantes. Esta foi uma tendência iniciada pelo pintor belga Alfred Stevens, no final da década de 1850 e depois seguida por outro pintor belga, Charles Baugniet, pelo francês Auguste Toulmouche e pelo próprio de Jonghe. No final da década de 1860, havia um mercado pronto para cenas de gênero com figuras burguesas, geralmente jovens glamorosas, em um ambiente luxuoso. Com o início da Belle Epoque na década de 1870, esse tipo de pintura que retratava mulheres bem vestidas em um interior, tornou-se popular no Salão de Paris.


GUSTAVE DE JONGHE - Preparando para o baile - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Tempo de diversão - Óleo sobre painel - 45,7 x 55,2

GUSTAVE DE JONGHE - Uma lição de bordado - Óleo sobre painel - 44,45 x 55,25 - 1864

Gustave de Jonghe pintou muitas cenas de mães com seus filhos (geralmente meninas) em ambientes íntimos. Através da escolha de pose, roupas e configuração, de Jonghe caracterizou o tipo de pessoa representada. Suas cenas visavam evocar as alegrias silenciosas da vida familiar entre a próspera burguesia daqueles tempos.


GUSTAVE DE JONGHE - Uma fã japonesa - Óleo sobre tela - 1865

GUSTAVE DE JONGHE - No salão - Óleo sobre painel - 73 x 54

GUSTAVE DE JONGHE - Meditação - Óleo sobre tela

Sua obra reflete gostos contemporâneos na arte, como a mania japonesa da segunda metade do século 19, com o seu interesse em arte e artefatos japoneses. Há obras que representam cenários completamente inspirados na decoração em estilo japonês, com modelos vestidas a rigor. Gustave de Jonghe também pintou algumas composições orientalistas como A sesta da tarde (também chamada de Odalisca reclinável), que refletiu o interesse contemporâneo no tema do harém e do Orientalismo.


GUSTAVE DE JONGHE - A convalescente - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Uma tarde de visitas - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Repouso da tarde - Óleo sobre tela - 91 x 71 - 1875

Na década de 1870, o artista cruzou repetidamente entre Paris e Bruxelas. O início da cegueira, em 1882, após uma hemorragia cerebral, pôs fim em sua carreira artística e ele voltou para Bruxelas. Os principais artistas belgas e franceses, em Paris, organizaram uma venda de arte de caridade para apoiar o artista enfermo e sua família. Em 1884, ele se mudou para Antuérpia, onde morreria a 28 de janeiro de 1893.


GUSTAVE DE JONGHE - Caminhadas amorosas - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Uma tarde preguiçosa - Óleo sobre tela

Embora hoje, alguns de seus trabalhos possam ser encontrados em museus internacionais, como d’Orsay (Paris) e Hermitage (São Petersburgo), a maior parte de seus trabalhos encontra-se mesmo em coleções particulares. Todos os anos, alguns raros trabalhos de sua autoria ainda são oferecidos nas mais prestigiadas casas de leilões do mundo. Ficou para o nosso tempo, o registro de um artista que soube explorar as oportunidades temáticas comerciais de sua época, mas que soube, acima de tudo, fazer isso com bom gosto e sinceridade. Uma prova de que é possível fazer arte ao gosto da clientela e que satisfaça ao seu executor.


GUSTAVE DE JONGHE - A carta de consolo - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - A carta de consolo - Detalhe