domingo, 17 de dezembro de 2017

EM BUSCA DA VERDADE

ADOLF REICH - Consulta - Óleo sobre painel - 36 x 45 - 1924
"Quanto mais nos conhecemos e conhecemos a natureza de todas as coisas, mais nos aproximamos da verdade. E não há nada mais libertador do que a verdade."

Essa é uma de várias matérias sobre as quais pretendo abordar acerca da vida. O assunto é vasto e profundo, mas há que se iniciar sua abordagem, para um melhor conhecimento de si próprio e de tudo que possa existir. Há um consenso que acredito ser quase unânime: quanto mais nos conhecemos e conhecemos a natureza de todas as coisas, mais nos aproximamos da verdade. E não há nada mais libertador do que a verdade. Há que se ter muita coragem e determinação para fazer da dúvida um poderoso instrumento no caminho da evolução natural a que todos fomos propostos. Nascemos nesse mundo para evoluir constantemente. É exatamente a evolução nesse mundo material, que nos proporcionará uma experiência de evolução espiritual também, porque intimamente tudo é a mesma coisa, estamos experimentando continuamente planos diferentes de evolução. Mas, essa já é uma fala para próximas conversas, voltemos ao motivo inicial dessa postagem.
A vida sempre nos coloca diante de situações e acontecimentos que nos ensinam que algo está fora de seu ritmo natural de ser. Constantemente seguimos por caminhos que nos levam a experiências nada agradáveis, mas que nos ensinam bastante, se atentarmos para o grande mal que podemos estar fazendo a nós mesmos e a outras pessoas. Por vezes, é preciso perder coisas conquistadas, amizades importantes, relações afetivas, posições sociais, negócios, para só assim nos dar conta que o limite já foi ultrapassado. Geralmente, somente quando começa a se pagar com a própria saúde física, somos levados a rever atos e comportamentos. Muitos desses aprendizados indesejados seriam desnecessários e até mesmo evitados, se nos conhecêssemos melhor e conhecêssemos como funciona a natureza de todas as coisas. Para essa existência e para todas as outras a que estamos sujeitos, somente o conhecimento e o convívio íntimo com a verdade, trarão o caminho natural que conduzirá à evolução máxima a que todos fomos propostos desde nossa gênese. A transcendência é uma meta original para todos os seres.

LUDWIG DEUTSCH - Estudantes
Óleo sobre painel - 64,4 x 49,2 - 1901
Do oriente, vieram as grandes escolas de mistério.
Muitos estudiosos já lançaram o mesmo olhar indagador que a ciência
faz acerca da vida.

A história da humanidade tem nos mostrado que esse plano físico tem sido o palco constante de atritos e contradições, tanto a nível pessoal (cada um procurando levar vantagem ao máximo) quanto a nível coletivo (nações numa luta incessante pelo poder). O apego material tomou proporções inimagináveis. Mata-se por muito pouco, rouba-se, mente-se. A vida perdeu o valor que lhe é natural e muitos desconhecem completamente isso. Importante é salientar que sempre há tempo para recobrar o trilho e a ordem natural das coisas. E, como foi dito anteriormente, isso será impossível se não houver uma busca constante pela verdade, pela descoberta de que há um sentido maior por estar aqui e que cada ser é uma peça valiosa na constante evolução do universo como um todo.
Como a humanidade se tornou essencialmente materialista, a ciência virou a referência de tudo. E se há uma ciência que todos têm o maior respeito é a Física. É ela que testa e valida todos os fenômenos observáveis dessa dimensão. A última palavra parece ser sempre dada aos cientistas e a verdade acerca de tudo parece ser resumida a esse plano físico, visível e palpável. Mas, as coisas não funcionam exatamente assim. Niels Bohr, um conceituado físico dinamarquês, afirmou que “É errado pensar que a tarefa da Física é descobrir como a natureza é. A Física é uma ciência de fenômenos. A ela, não interessa a verdade última”. O que quis realmente dizer Niels Bohr com “verdade última”? Quis dizer exatamente que a ciência conhece suas fronteiras, que há um limite para ela e que, além desse limite há um espaço que ela não sabe ou não quer opinar.
A Mecânica Quântica é um ramo da Física, que se tornou fundamental para o descobrimento e a aplicação de praticamente tudo que conhecemos e usamos como tecnologia no mundo atual. Vários cientistas se tornaram de suma importância no desenvolvimento dessa nova ciência, a destacar Max Planck, Niels Bohr, Schrödinger, Pauli, Heisenberg, Einstein e tantos outros. Como é uma ciência altamente precisa, tanto no que se refere à escala microscópica ou à escala macroscópica, a aplicação com suas descobertas fez o mundo experimentar um avanço incomparável, principalmente nos últimos 80 anos. Graças ao entendimento a nível quântico, falamos através do celular, temos controles remotos, GPS, isso apenas para ilustrar algumas de suas vastas aplicações. Uma das descobertas fundamentais dessa ciência é que tudo é uma única onda de energia. Por isso, como tudo está contido numa única onda, é possível, por exemplo, falar pelo celular, dentro de um trem bala a 200 km por hora. Curioso é que as pessoas fazem isso naturalmente e sequer se dão ao trabalho de perguntar como isso funciona. Usam e abusam da Mecânica Quântica, mas a relegam aos cuidados de estudiosos. O próprio Niels Bohr chegou a criar a célebre frase: “Se a Mecânica Quântica não te assustou, você não a entendeu ainda”.

Niels Bohr, Albert Einstein, Max Planck, Wolfgang Pauli, Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger.
Precursores da Mecânica Quântica.

Uma das conquistas mais importantes com as observações dos físicos quânticos é que se chegou à menor porção da matéria. Entende-se por matéria isso tudo que é físico, palpável, que pode ser observado e medido, que possui massa. Ao colocarmos um microscópio de tunelamento eletrônico (que funciona graças à Mecânica Quântica) para observar qualquer matéria, e formos aprofundando incessantemente, camada após camada, molécula após molécula, átomos, partículas do átomo, chegaremos ao Bóson de Higgs (nome dado em homenagem ao físico Peter Higgs). Essa é a menor partícula de tudo que existe a nível material. Acredite, lá no fundo, você e tudo o que você consegue ver, tocar e sentir fisicamente têm a mesma estrutura básica. Os Bósons de Higgs são uma espécie de tecido que forma todas as matérias, os menores “tijolinhos” que a tudo constroem.
Pois bem, essa é a fronteira da ciência. De onde os físicos atuais não sabem ou não querem passar. Se o Bóson de Higgs forma tudo que é matéria, de onde ele vem? Do Vácuo Quântico. Dê o nome a isso como achar mais conveniente, Deus, Lei Universal, Todo, Grande Veículo... Há uma força que a tudo concebe e que tudo mantém, quer você acredite ou não. O importante é saber que tudo está contido numa única onda eletromagnética, que tudo é e que tudo contém, desde o sempre até o infinito, com definições que são indizíveis em palavras, mas que podem ser comprovadas por todos que a sentem. Visto dessa ótica, tudo faz sentido. Como tudo é uma onda e tudo aquilo que acontece gera energia negativa ou positiva, todo ato feito retorna a seu criador. Se mentimos, por exemplo, geramos energia negativa que se acumula em forma de antimatéria em nós mesmos. E não irá dissolver, até que se crie um campo de energia positiva para equilibrar aquele estado. Essa energia negativa retorna para quem cria, porque tudo é uma única onda. Engana quem acha que faz mal ao outro. Faz mal a si próprio. Lembra? No íntimo de todos nós há uma única estrutura nos formando, o Bóson de Higgs. Somos todos uma única coisa nesse mundo de matérias. E para tudo, a lei de ação e reação é implacável.

A grande verdade já é conhecida pela humanidade há vários milênios, pelas grandes correntes que se espalharam desde o Oriente até o Ocidente. Importantes mestres já estiveram nesse planeta, informando a todos da maravilhosa rede que é a vida e suas verdades. Buda, Lao Tzi, Jesus, Confúcio, Maomé, todos profetas de uma única verdade. Mas a ciência sequer ousa mencionar seus ensinamentos. Essa é uma área relegada aos metafísicos e será motivo para outras postagens. Ainda nos encontraremos mais com esse tema.

SENCILLO LIN - Self - Pastel sobre papel - 22 x 29 pol - 2016
Várias tecnologias são usadas indiscriminadamente em todas
as partes do mundo. E as pessoas sequer dão ao trabalho de perguntar:
Como isso é possível?



PARA SABER MAIS:




domingo, 10 de dezembro de 2017

PRECIOSIDADES DO SÉCULO XIX

ODOARDO TABACCHI - Hypatia
Mármore branco - 196 cm de altura

A obra-prima de Tabacchi é uma homenagem emocionante à astrônoma, matemática e filósofa clássica, Hypatia de Alexandria (cerca de 350/370 - 415 dC), que era chefe da Escola Neoplatônica de Alexandria. Pouco sobreviveu do trabalho de Hypatia. Ela morreu como resultado de ser pega em uma disputa entre o governador romano Orestes, de Alexandria,  e Cirilo, o zeloso Bispo celestial de Alexandria. Eles a arrastaram para uma igreja e a apedrejaram com azulejos, antes de esquarteja-la, mutilando seu corpo e queimando seus membros. Recitando seu assassinato, o historiador da igreja cristã, Sócrates Scholasticus, concluiu: "Certamente nada pode estar mais longe do espírito do cristianismo do que a concessão de massacres, lutas e transações desse tipo". Seu assassinato foi visto por seus contemporâneos como uma abominação, e posteriormente  como marcando a morte da civilização clássica. Graças a dogmas e paradigmas completamente equivocados, muitos já foram sacrificados durante a história das civilizações. O sofrimento e a dor já serviram de alimento para o mal que habita esse mundo, desde os tempos mais remotos.
O mármore de Tabacchi captura o momento antes da morte agonizante de Hypatia. Atada a uma coluna com uma placa titular inscrita com o nome dela, Hypatia confronta seu destino horrível com expressão chocada e de boca aberta, mas intensa, penetrante, olhando. Despojada de sua roupa, a estátua de Tabacchi encarna a torrencial indignidade da morte do erudito. É um lembrete do destino dos intelectuais da história que se entraram em desacordo com a ideologia brutal e, vista através de uma lente moderna, é, talvez, um símbolo da opressão das mulheres, encarnado em Hypatia, que foi um exemplo raro de uma figura pública feminina, nos difíceis e remotos tempos da antiguidade.

ODOARDO TABACCHI - Hypatia - detalhe

Duas escolas artísticas distintas, do século XIX, são o destaque de uma grande oferta de trabalhos em escultura, que acontecerá nesse dia 13 de dezembro, na Sotheby’s de Londres. Com trabalhos suntuosos, que vão do mármore à argila, estarão lá representantes dignos da coleção de qualquer museu. O Romantismo francês e o Verismo italiano (principais escolas representantes) fecham esse final de ano, com um dos leilões mais esperados dessa temporada.
Escolas completamente antagônicas, se levarmos em consideração que descendem de tradições bem divergentes no movimento artístico, o Romantismo francês tem o pé fincado no Neoclassicismo, e o Verismo italiano, por sua vez, faz toda alusão ao Realismo. Mas, o que se vê nos trabalhos ofertados, lote após lote, é uma coleção de obras-primas, de um bom gosto refinado e que deixa qualquer divergência de movimento estilístico em segundo plano.

HOLME CARDWELL - Diana britânica
Mármore cinza - 187 cm de altura - 1862

HOLME CARDWELL - Diana britânica - detalhe

Considerada a mais nobre das formas, por ser a consubstanciação da maior criação de Deus, a figura humana encontrou na escultura (como definiam os especialistas em arte do século XIX), o veículo mais apropriado para ser representada. Especialmente o nu, executado geralmente em mármore, era visto como uma expressão da própria alma humana. O mármore, do ponto de vista morfológico, era visto como organicamente puro, completamente livre de elementos estranhos, e foi por isso, eleito o veículo ideal para transformar em realidade os gênios mais inventivos dos escultores daquela época.

RICHARD KNECHT - Banho de juventude
Bronze em patina marrom e verde - 190 cm de altura

Concebido em 1914, este trabalho inicial de Richard Knecht mostra o treinamento do escultor na arte do Renascimento, que ele recebeu sob influência de Erwin Kurz e Adolf von Hildebrand na Münchner Kunstakademie, entre 1906 e 1914. A pose contorcida do jovem banhista e o físico muscular parecem ser derivados dos escravos de Michelangelo , combinados com a modernidade da escultura alemã do início do século XX. Um assunto mundano, transformado em uma imagem heróica e idealizada. 

Se os trabalhos estatuários de séculos anteriores (Barroco e Rococó) eram coloridos, para ganhar um aspecto mais decorativo; no século XIX, as esculturas passam a ser executadas no mármore puro, sem interferências finais. O espectador não é distraído por nenhum tipo de informação, que não seja a escultura em si, com toda a carga emotiva do personagem que ela aprisiona. Ali, somente o impacto de um material neutro, formando as delicadas execuções de formas, que fazem realçar luzes e sombras, texturas e volumes, com um grau de execução comparado somente aos trabalhos da Grécia e Roma antigas. Essa espécie de “nova regra” passou a acompanhar inclusive os trabalhos modernistas das primeiras gerações, como Rodin, que adotou o bronze, e faria dele seu veículo ideal.

CESARE LAPINI - Canção de amor
Mármore branco - 99 cm de altura - 1889

FRANÇOIS-RAOUL LARCHE - Banhista - Argila - 45 x 80 cm

JEAN-BAPTISTE CARPEAUX - Um jovem pescador napolitano
Bronze em patina marrom - 87 cm de altura

Exímios executores de seus trabalhos, com uma técnica altamente qualificada, os escultores do século XIX assimilaram essas habilidades das escolas neoclássicas e acadêmicas. Nas academias, não se ensinava apenas o ofício da escultura, desenho e pintura, juntamente com essas habilidades práticas, os aprendizes também se deixavam influenciar por valores estéticos, filosóficos e sociais. Era exatamente graças a esse conteúdo, que não se formavam apenas como meros artesãos, mas como influenciadores de opinião e construtores de uma nova sociedade. Muitas obras, de aspecto inicial meramente ilustrativo, carregavam uma forte dose de mensagem e valores, como o caso da obra Hypatia, ofertada nesse próximo leilão.

GIOVANNI BATTISTA TRABUCCO - Ninfa
Mármore branco - 155 cm de altura - 1878

Este mármore exuberante simboliza o artifício da escultura romântica do norte da Itália e é o trabalho mais importante de Giovanni Battista Trabucco, já oferecido em leilão. Representando um nu feminino com os braços estendidos inclinados para a frente e exibindo suas tranças fluidas, a composição é uma reminiscência da obra-prima de Ambrogio Borghi, Chioma di Berenice , que alcançou um preço recorde de 553 mil libras, quando vendido em 17 de maio de 2011.  A Ninfa de Trabucco mostra a realização técnica do escultor em uma composição extremamente deslumbrante. Como se despertar do sono, a menina sai de um luxuriante leito de rosas, elevando-se, com os braços acima da cabeça em uma pose balletica e seus dedos vagamente entrelaçados. Com a cabeça inclinada languidamente contra seu braço direito, os abundantes cabelos da menina fluem suavemente de seu ombro, enquanto caem em suas costas em ondas vivas e impressionantes. Com seus olhos ocultos por pesadas pálpebras, e seus lábios animados por um sorriso gentil, a Ninfa aparece em um estado sobrenatural, sublime, sublinhando a natureza etérea da composição. A execução virtuosa da escultura desafia de forma semelhante a crença: não só o posicionamento da figura é um feito de engenharia escultural.


A riqueza dessa diversidade de movimentos estilísticos, própria do século XIX, estará em oferta nesse leilão. Peças em mármore, bronze e argila, com influências variadas, mas com um grau de execução e qualidade incomparáveis. Obras inquestionáveis da importância que tiveram e ainda tem na história da arte, quer seja pelos seus executores, quer seja pelas mensagens que deixam levar.

PROSPER D'EPINAY - A s três hotras da vida
Mármore branco - 107 x 84 cm

O escultor Prosper d'Epinay começou seus estudos escultóricos de maneira não convencional, sob a tutela do caricaturista Jean-Pierre Dantan em Paris. Mudou-se para Roma em 1861, para se juntar ao estúdio de Luigi Amici. Seu trabalho foi muito popular na Inglaterra, onde ele exibiu na Royal Academy por muitos anos, e seus seguidores aristocráticos incluíram a Rainha Victoria.
Medindo 217 centímetros de altura, o grupo atual de AS TRÊS HORAS DA VIDA é uma alegoria supremamente elegante para as três horas do dia, que servem de alegorias para os três estágios da vida: juventude, maturidade e idade avançada. Enquanto Manhã e Noite são representadas como nus lânguidos e reclináveis, o Meio-dia dinâmico está segurando uma tocha acesa, seu vestido ondulando. Versões mais conhecidas das Três Horas foram criadas em torno do ano 1882, e geralmente montadas como um relógio.

CHARLES-AUGUSTE FRAIKIN - Alegoria à pintura
Mármore branco em base pintada - 123 cm de altura - 1878

Charles-Auguste Fraikin estudou em Bruxelas, na Académie Royale des Beaux-Arts sob os ensinamentos de Louis Jéhotte e foi um dos mais bem sucedidos escultores em meados do século 19 na Bélgica. Sua obra-prima,  L'Amour Captif , que o impulsionou à fama, ganhou a medalha de ouro na Exposition Nationale des Beaux-Arts, em Bruxelas, em 1845. Posteriormente foi exibida em Londres (1851) e Dublin (1853), e uma cópia foi enviada para o Hermitage em São Petersburgo. Esse trabalho em oferta, uma interpretação ligeiramente frívola de uma Alegoria de Pintura, mostra a afinidade de Fraikin com a escultura Rococó. De aspecto brincalhão, foi exibida por Fraikin para a Exposição Universal de Paris de 1878.

RAFFAELLO ROMANELLI - Isaque
Mármore branco - 105 cm de altura

Raffaello Romanelli começou seu treinamento na Accademia di Belle Arti, em Florença, sob os ensinamentos de Luigi Pampaloni, mas logo foi ensinado pelo escultor neoclássico toscano, Lorenzo Bartolini. Ao buscar o favor de Bartolini, ele se tornou seu colaborador e, após a morte do mestre em 1850, o sucessor de seu estúdio. Além dos mármores de colecionadores, Romanelli executou numerosas comissões importantes para monumentos.

PARA VISUALIZAR TODAS AS OBRAS DO LEILÃO:



domingo, 3 de dezembro de 2017

EDWARD LAMSON HENRY

EDWARD LAMSON HENRY - Uma tarde de domingo - Óleo sobre tela - 26,5 x 37,5 - 1902

EDWARD LAMSON HENRY - A mensagem - Óleo sobre painel - 23,5 x 30,5 - 1893

EDWARD LAMSON HENRY - East Hampton Beach - Óleo sobre tela

Foi o extremo cuidado empregado na abordagem de seus trabalhos, que fez de Edward Lamson Henry o grande artista do idealismo norte-americano do século XIX. Nas palavras do professor de arte William T. Oedel, "talvez nenhum artista tenha jogado de forma tão consistente e tão duradoura com o culto americano da nostalgia no último quarto do século XIX, como Edward Lamson Henry”. Ele sonhava com uma América próspera, agrária, sem as perturbações das guerras civis que assolavam o país durante décadas, e sem as ameaças da industrialização desenfreada, urbanização caótica e imigração incontrolável, que já vislumbrava como um grande problema para o futuro de sua nação.

EDWARD LAMSON HENRY - Acomodação - Óleo sobre tela - 40,6 x 77,8 - 1867

EDWARD LAMSON HENRY - Acomodação - detalhe

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EDWARD LAMSON HENRY - Vendedora de flores - Óleo sobre tela - 34,4 x 52,1 - 1906

EDWARD LAMSON HENRY - Uma mulher moderna - Óleo sobre tela - 40,6 x 55,8 - 1892

Edward Lamson Henry nasceu no dia 12 de janeiro de 1841, na cidade de Charleston. Com o falecimento dos pais, quando ele tinha sete anos de idade, o garoto foi morar com os primos em Nova York. Foi na Academia de Belas Artes da Pensilvânia, em Filadélfia, que ele começou a estudar pintura, encorajado pelos parentes que já haviam despertado por esse potencial do garoto. Paris era a referência maior para os estudos de artes, e para lá ele foi, em 1860, cursando nos estúdios de Charles Gleyre e Gustave Courbet. Curiosamente, frequentava esses ambientes com colegas que se tornariam bem famosos mais adiante: Claude Monet, Pierre-August Renoir, Frédéric Bazile e Alfred Sisley. Todos intimamente ligados ao movimento impressionista, que revolucionaria a forma de ver e fazer arte, à partir da quarta metade do século XIX.

EDWARD LAMSON HENRY - Uma despedida demorada- Óleo sobre tela - 30,5 x 41,3

EDWARD LAMSON HENRY - Indo para a cidade
Óleo sobre cartão colado em painel - 14,5 x 12,3

EDWARD LAMSON HENRY - Um encontro informal - Óleo sobre tela - 48,2 x 76,8

Concluídos os estudos, Lamson Henry retorna para os Estados Unidos, em 1862. No auge da Guerra Civil Americana, acabou servindo como funcionário de um navio de transporte da União na Guerra Civil Americana. Se por um lado, o período no front atrasou seus projetos com a arte, por outro se tornou inspirador em outros sentidos, pois foi explorando os temas de guerra que ele mostrou vários episódios da realidade de seu país. Ao regressar para suas atividades ligadas à arte, ele se mudou para o prestigioso edifício Tenth Street Studio, em Greenwich Village. Construído em 1857, foi a primeira instalação moderna projetada exclusivamente para atender as necessidades dos artistas. Tornou-se o centro do mundo da arte de Nova York durante o restante do século XIX. O edifício abrigou artistas famosos, entre eles, Winslow Homer.

EDWARD LAMSON HENRY - Esperando a balsa, Shelter Island
Óleo sobre tela - 35,6 x 58,4 - 1895

EDWARD LAMSON HENRY - Mãe e criança
Óleo sobre tela - 21,5 x 17,75 pol - 1877

EDWARD LAMSON HENRY - O rei dos Montauks - Óleo sobre tela - 29,2 x 40,6

Em 1869, com a nomeação para a National Academy of Design, em Nova Yor, Lamson Henry teve mais tempo para desenvolver suas propostas em termos de temática. Ele passa a explorar os temas e incidentes da vida rural, de uma forma tão compassiva e sincera, e ao mesmo tempo com um humor tão refinado e pitoresco, que logo se tornariam desejos do grande público. E executava a todos com uma riqueza de detalhes e minúcias, pesquisados em incansáveis referências históricas e atenta observação.

EDWARD LAMSON HENRY - A primeira linha de trem entre Mohawk e Hudson River
Óleo sobre tela - Entre 1892 e 1893

EDWARD LAMSON HENRY - A primeira linha de trem entre Mohawk e Hudson River
Detalhe 1

EDWARD LAMSON HENRY - A primeira linha de trem entre Mohawk e Hudson River
Detalhe 2

Foi exatamente graças a grande atenção dispendida aos detalhes em suas obras, que seus contemporâneos elegeram seus trabalhos como verdadeiras reconstruções históricas. Para assessorar essa sua intenção em retratar fielmente uma época, ele passou a adquirir uma grande coleção de antiguidades, principalmente fotos e adereços americanos.  Essa espécie de compulsão por colecionar peças de antiquário, foi alimentada por outro colecionador, William Kulp, que Lamson Henry conheceu quando ainda estudava em Filadélfia. Desde então, até o resto de sua vida, ele usaria carruagens, tapetes orientais, figurinos, porcelanas e as mais variadas relíquias de antiguidades para enriquecer suas composições.

EDWARD LAMSON HENRY - Uma loja no campo - Óleo sobre tela

EDWARD LAMSON HENRY - Totalmente absorvida
Óleo sobre painel - 22,2 x 19,7 - 1874

EDWARD LAMSON HENRY - Notícias da Guerra de 1812 - Óleo sobre tela - 65,4 x 108 - 1913

Em 1884, Lamson Henry e sua esposa, Frances Livingston Wells, se mudaram para a cidade de Cragsmoor, nas montanhas Shawangunk, no estado de Nova York. Ali, ajudaram a fundar uma colônia de artistas e disseminaram em muitos deles o gosto pela representação do ideal americano que defendiam. Idealista não só nos seus trabalhos, o artista lutava e defendia igualdade entre as pessoas e muitos de seus trabalhos são uma referência sensível à pobreza e a inocência. O artista faleceu em 9 de maio de 1919, em Ellenvile, Nova York.

EDWARD LAMSON HENRY - Quintal na Pensilvania - Óleo sobre painel - 21,5 x 34,3

EDWARD LAMSON HENRY - Um advogado local - Óleo sobre tela - 39,4 x 55,9 - 1895

EDWARD LAMSON HENRY - No caminho para a cidade - Óleo sobre tela - 40,6 x 50,8 - 1907

sábado, 4 de novembro de 2017

GUSTAVE DE JONGHE

GUSTAVE DE JONGHE - Mãe com sua filha - Óleo sobre painel - 45,7 x 55,6 - 1865

GUSTAVE DE JONGHE - Mãe com sua filha - Detalhe

No auge de sua carreira, Gustave de Jonghe teria sua vida artística interrompida abruptamente por uma hemorragia cerebral, tirando sua visão. Porém, toda uma carreira já havia sido construída e ele deixou o registro de uma obra impecável, bem feita em todos os sentidos.


GUSTAVE DE JONGHE - Indiscretas - Óleo sobre tela - 29,1 x 21,2 pol

GUSTAVE DE JONGHE - Hora de brincar - Óleo sobre tela - 17,3 x 22 pol - 1866

GUSTAVE DE JONGHE - Mulher num interior
Óleo sobre tela - 65,4 x 48

Gustave Léonard de Jonghe nasceu na cidade belga de Kortrijk, a 4 de fevereiro de 1829. Filho de um outro pintor, o proeminente Jan Baptiste de Jonghe, recebeu dele as primeiras lições de arte. Foi o próprio pai quem o incentivou a continuar pelo caminho da pintura, matriculando-o na Academia Real de Belas Artes, em Bruxelas. Ali, teve ensino direcionado por um dos principais artistas belgas daqueles tempos, o pintor François-Joseph Navez. No ambiente acadêmico, teve uma grande amizade com o artista Louis Gallait, que era especialista em pintura histórica. Quando fez 15 anos, seu pai faleceu e ele só pode continuar seus estudos graças a uma bolsa concedida pelos administradores de sua cidade natal.


GUSTAVE DE JONGHE - Olhando para o tempo
Óleo sobre painel - 65 x 62

GUSTAVE DE JONGHE - Um momento de distração
Óleo sobre painel - 46 x 38 - 1868

GUSTAVE DE JONGHE - O recital - Óleo sobre painel - 55,5 x 45,5

As primeiras participações públicas com suas obras viriam acontecer à partir do ano de 1848, quando Gustave de Jonghe começaria a participar do Salão de Bruxelas. De Jonghe começou a trabalhar em Paris e fez isso pela primeira vez em 1850, exibindo no prestigiado Salon de Paris. Em 1855, ele se mudou da Bélgica para Paris e exibiu regularmente no Salão durante os próximos trinta anos. O Salão de Paris o premiou com uma medalha de terceiro lugar em 1863 e, nesse mesmo ano, recebeu uma medalha em Amsterdã. As honras aumentaram em 1864, quando o rei belga o chamou de Chevalier de l'Ordre de Leopold (Cavaleiro da Ordem de Leopold).


GUSTAVE DE JONGHE - O recital - Óleo sobre painel - 11,5 x 9,2 pol

GUSTAVE DE JONGHE - Doces sonhos - Óleo sobre painel - 73,2 x 54,5

GUSTAVE DE JONGHE - Mulher com uma rosa - Óleo sobre painel - 85 x 59

Seus primeiros trabalhos exploraram temas históricos e religiosos, como a composição dos Peregrinos, de 1854 (Museu Real de Belas Artes da Bélgica). Ele então mudou para a pintura de retratos e cenas de gênero e a paisagem ocasional. Ele trabalhou em óleo e às vezes em aquarela. Suas pinturas de retratos mostravam o estilo de vida dos habitantes da cidade, com seus modos contemporâneos elegantes. Esta foi uma tendência iniciada pelo pintor belga Alfred Stevens, no final da década de 1850 e depois seguida por outro pintor belga, Charles Baugniet, pelo francês Auguste Toulmouche e pelo próprio de Jonghe. No final da década de 1860, havia um mercado pronto para cenas de gênero com figuras burguesas, geralmente jovens glamorosas, em um ambiente luxuoso. Com o início da Belle Epoque na década de 1870, esse tipo de pintura que retratava mulheres bem vestidas em um interior, tornou-se popular no Salão de Paris.


GUSTAVE DE JONGHE - Preparando para o baile - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Tempo de diversão - Óleo sobre painel - 45,7 x 55,2

GUSTAVE DE JONGHE - Uma lição de bordado - Óleo sobre painel - 44,45 x 55,25 - 1864

Gustave de Jonghe pintou muitas cenas de mães com seus filhos (geralmente meninas) em ambientes íntimos. Através da escolha de pose, roupas e configuração, de Jonghe caracterizou o tipo de pessoa representada. Suas cenas visavam evocar as alegrias silenciosas da vida familiar entre a próspera burguesia daqueles tempos.


GUSTAVE DE JONGHE - Uma fã japonesa - Óleo sobre tela - 1865

GUSTAVE DE JONGHE - No salão - Óleo sobre painel - 73 x 54

GUSTAVE DE JONGHE - Meditação - Óleo sobre tela

Sua obra reflete gostos contemporâneos na arte, como a mania japonesa da segunda metade do século 19, com o seu interesse em arte e artefatos japoneses. Há obras que representam cenários completamente inspirados na decoração em estilo japonês, com modelos vestidas a rigor. Gustave de Jonghe também pintou algumas composições orientalistas como A sesta da tarde (também chamada de Odalisca reclinável), que refletiu o interesse contemporâneo no tema do harém e do Orientalismo.


GUSTAVE DE JONGHE - A convalescente - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Uma tarde de visitas - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Repouso da tarde - Óleo sobre tela - 91 x 71 - 1875

Na década de 1870, o artista cruzou repetidamente entre Paris e Bruxelas. O início da cegueira, em 1882, após uma hemorragia cerebral, pôs fim em sua carreira artística e ele voltou para Bruxelas. Os principais artistas belgas e franceses, em Paris, organizaram uma venda de arte de caridade para apoiar o artista enfermo e sua família. Em 1884, ele se mudou para Antuérpia, onde morreria a 28 de janeiro de 1893.


GUSTAVE DE JONGHE - Caminhadas amorosas - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - Uma tarde preguiçosa - Óleo sobre tela

Embora hoje, alguns de seus trabalhos possam ser encontrados em museus internacionais, como d’Orsay (Paris) e Hermitage (São Petersburgo), a maior parte de seus trabalhos encontra-se mesmo em coleções particulares. Todos os anos, alguns raros trabalhos de sua autoria ainda são oferecidos nas mais prestigiadas casas de leilões do mundo. Ficou para o nosso tempo, o registro de um artista que soube explorar as oportunidades temáticas comerciais de sua época, mas que soube, acima de tudo, fazer isso com bom gosto e sinceridade. Uma prova de que é possível fazer arte ao gosto da clientela e que satisfaça ao seu executor.


GUSTAVE DE JONGHE - A carta de consolo - Óleo sobre tela

GUSTAVE DE JONGHE - A carta de consolo - Detalhe