sexta-feira, 29 de outubro de 2010

MUSEU DO PRADO

Fachada principal

Como se já não bastasse a excelente coleção de obras que formam o seu acervo, o Museu do Prado possui uma estrutura de dar inveja a qualquer outro grande museu. Galerias espaçosas, obras com distribuição muito bem equilibradas, valorizando a beleza de cada uma delas.
Localizado em Madri, na Espanha, o Museu do Prado teve sua construção iniciada no mandato de Carlos III e o término no mandato de Fernando VII.

DIEGO VELÁSQUEZ - As Meninas, óleo sobre tela, 318 x 276
No Museu do Prado está a maior coleção de obras de Velásquez.
As Meninas é, sem dúvida, uma das atrações principais dessa
coleção.

PAOLO VERONESE -  Jesus entre os doutores no templo, óleo sobre tela, 236 x 430
Excelente representante do maneirismo italiano.

BARTOLOMÈ ESTEBAN MURILLO
Adoração dos pastores, óleo sobre tela, 187 X 228
Murillo foi um dos precursores do naturalismo na história
da pintura.

Foi projetado pelo arquiteto real Juan de Villanueva e é sem dúvida, a maior e mais ambiciosa obra neoclassicista espanhola.


TICIANO - Vênus e Adônis, 186 x 207
Também conhecido como o pintor das madonas,
Ticiano fez vários trabalhos com temática mitológica.

EL GRECO - O Batismo de Cristo
Óleo sobre tela , 350 x 144
Embora tenha nascido  na Grécia, El Greco fez carreira
e se projetou trabalhando na Espanha.

PETER PAUL RUBENS - Dança dos aldeões, óleo sobre tela
Rubens talvez tenha sido o pintor que mais encarnou o espírito
"industrial" de estilo para trabalhar. Pegava diversas encomendas ao mesmo
tempo, colocava vários discípulos para executarem as tarefas básicas e
terminava o trabalho, apenas retocando e assinando antes da entrega.

Abriga uma vasta, completa e complexa coleção de obras de várias escolas de pintura e escultura. Estão lá muito bem representadas as pinturas de escolas flamengas, francesa, espanhola, italiana, alemã, cerca de 220 esculturas da antiguidade clássica e mais de 4 mil desenhos e estampas de diferentes épocas.


HIERONYSMUS BOCH - O Jardim das Delícias
Óleo sobre madeira-tríptico, 220 x 380
Bosh foi o primeiro artista a explorar temas surrealistas, isso,
em plena Renascença.

FRANCISCO DE GOYA Y LUCIENTES - O fuzilamento de 3 de maio.
Óleo sobre tela, 266 x 345
Goya foi um respeitado pintor da corte espanhola, que se sensibilizou bastante
com as atrocidades de sua época.

GUIDO RENI - Atalanta e Hippomenes
Óleo sobre tela, 209 x 297
Também mais um importante pintor italiano representado
no acervo do Prado.


Quando estive no museu, em 1995, me encantei com diversas obras, mas, uma em especial me chamou a atenção, pelo seu elevado nível de sensibilidade expressiva dos personagens. Trata-se de Cristo coroado de espinhos, de Antoon Van Dick, uma obra de 223 x 196 cm. Anos mais tarde, fiz um exercício com esse tema, que tanto me comoveu.


É impossível não se impressionar com a imponência de
diversos trabalhos do acervo do Museu do Prado.
JOSÉ ROSÁRIO - Cristo coroado de espinhos
Óleo sobre tela, 70 x 50
Acervo de Renê Carneiro Abade
Muitos anos depois da visita ao Prado, fiz esse exercício
à partir do original de Antoon Van Dick.
Inspirar nos grandes mestres nos ensina sempre.


quinta-feira, 28 de outubro de 2010

FILOSOFIA: VELHOS CAMINHOS, NOVOS RUMOS (José Rosário)

    De repente, virou moda! Recentemente, Filosofia ganhou status de matéria “chique”. Fala-se de Filosofia em programas de TV, publica-se mais sobre Filosofia... Até incluíram Filosofia como disciplina obrigatória do Ensino Médio.
Por que esse interesse cada vez mais crescente em Filosofia? As respostas são muitas, mas, uma delas certamente será: Finalmente se deram conta que é preciso “pensar” mais. E é justamente esse “pensar” que move todos aqueles que vivem em Filosofia.
A Filosofia é alimentada basicamente pela dúvida. Qualquer problema do dia-a-dia, por mais banal que possa parecer, é um motivo nato para se filosofar. É impossível querer fazer Filosofia sem se estar perdido. É a procura que nos motiva e nos desafia a melhorar em nosso caminho. Não se pode esquecer que Filosofia é uma terra de ninguém. Até que eu me certifique sobre todas as respostas possíveis de minhas dúvidas, tudo deve ser respeitado e considerado plausível.

RAFAEL SANZIO - Escola de Atenas, afresco
Pinacoteca do Vaticano
Atenas é o berço do pensar filosófico do mundo ocidental

O desafio lançado às escolas não é o de mais uma simples adição de matéria. Porque a disciplina não existe por si só. Existem o professor e os alunos. E a disciplina são essas pessoas. O sucesso ou o fracasso da Filosofia na nova proposta do ensino médio é de responsabilidade de quem a conduz e de quem a recebe. Quem conduz deve aproveitar a curiosidade natural de adolescentes e jovens. Essa é a nossa fase da vida mais conturbada e também a mais questionadora. Terreno fértil e ideal para semear Filosofia.

Platão

Há de se ter muito cuidado no “Viver em Filosofia”. Vê-se muitos educadores presos à fórmulas fáceis de se conduzir a matéria. Alimenta-se excessivamente os alunos com uma vasta bibliografia acadêmica e enfadonha. Platão é importante? Sim, não há como negar. Mas, os problemas de hoje requerem um pensar de hoje. A ética, por exemplo, que se discutia  há 2000 anos, não incluía a preservação do meio ambiente e os avanços tecnológicos como a clonagem. É preciso deixar de lado a idéia de que Filosofia consiste em confeccionar uma “colcha de retalhos” dos comentários filosóficos feitos pelos gênios do passado. Um filósofo deve procurar, acima de tudo, encontrar caminhos e soluções para os seus problemas e os de seus contemporâneos. Filosofia é uma ferramenta para melhorar o presente. O passado possui as informações de erros e acertos para se aplicar e evitar, e o futuro oferece a possibilidade de experimentar sempre algo novo. Mas é no presente que a vida acontece.
Dizer que os alunos de hoje não possuem capacidade para conduzir seu próprio raciocínio é assumir também, que não há educador competente suficiente para despertar isso. Pois, educadores e alunos estão em simbiose constante. Um alimenta o outro. Platão não fez mais do que conduzir os seus discípulos a pensarem sem medo.

JACQUES LOUIS DAVID - A Morte de Sócrates
Óleo sobre tela, 129,5 x 196,2
Museu Metropolitano do Nova Iorque
Numa demonstração de valores adquiridos, Sócrates prefere morrer
do que ceder nas suas convicções.

A História da Humanidade nos tem provado que a imaginação é muito mais importante que o conhecimento. O conhecimento está aí, é o relato de algo que já foi comprovado por outros e que eu posso me dar o direito ou não de acatar. Já a imaginação é única e intransferível. Cada um desenvolve a sua com o mínimo ou o máximo de habilidades possíveis.
Que seja essa a proposta mais importante que a nova onda de Filosofia venha trazer. O que se espera de verdade, é que o desejo de “pensar” não seja apenas um capricho da moda.

Filosofia está no dia a dia de todos nós.
É pela busca da solução de problemas, com o surgimento
de dúvidas, que treinamos nosso pensar filosófico.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

EU QUERIA...

Ler e admirar textos e poemas de escritores que se foram é entrar no universo que um dia eles viveram. É participar um pouco de suas alegrias, frustrações, descobertas... experiências.
Ler e admirar textos e poemas de escritores que ainda estão no nosso convívio é ainda melhor. Ver as obras de suas escritas sendo tiradas do viver no dia-a-dia e perceber que o Olimpo que eles parecem habitar, está muito mais próximo que a gente imagina.
Tenho o privilégio e honra de conhecer um grande poeta do presente. Ainda quase anônimo, mas, com uma trajetória literária que certamente o deixará na história.
Deixo abaixo uma de suas obras. Daquelas que parecem ter sido escritas para qualquer um de nós. Quando a poesia é sincera, se veste de uma humanidade que envolve todo o mundo.

EU QUERIA...
(JOSÉ MARIA HONORATO)

Queria não me importar com as folhas mortas
Nem tão pouco com as falas mudas, absurdas.
Queria não ouvir os gritos calados da fome ao meu redor.
Como eu queria poder não sentir a tristeza,
A desesperança no olhar de minha gente.
Muito menos, ouvir o som dos passos lentos do desencanto,
Perdidos de porta em porta.

Queria não enxergar as manobras da moeda,
Do poder alienando o nosso povo.
Nem tão pouco ver os donos da imprensa
Trilhando essa gente cordeira.

Queria fechar os olhos diante dos barracos,
Das doenças, da morte nas filas da madrugada.
Queria que o deus que vendem por aí não existisse,
Cada um por si, sem oferecer a outra face.
Como seria bom...
Se não existisse a culpa e o culpado.
Que para fazer não precisasse pensar duas vezes.

Queria o amor das estações, sem poesia,
Sem perfume e sem partilha.
Andar pelas ruas e ser melhor que aquele cão que vai.
Não entender a angústia dos jovens,
Com as luzes veladas no horizonte tão incerto.

Queria não gostar de poesia, não me emocionar,
Nem tão pouco arrepiar com teu abraço.
Queria não me importar com uma árvore que tomba,
Com um animal prestes a dizer adeus de sua existência,
Nem tão pouco com a nascente que secou.

Queria que não houvesse flores, pássaros,
Chuva e barulho de cachoeira.
Que lágrimas e saudades fossem produtos de gôndolas.
Queria que a felicidade fosse uma utopia.
Que não existisse a ofensa,
Pois assim não precisasse existir o perdão.

Queria que o passado fosse coisa do passado,
Que o futuro não fosse hoje, agora.
Queria não perceber a verdade
Que a ignorância fosse meu jantar.
Queria apagar janeiro, julho e dezembro.
Só sexta-feira no tempo.
Que a lua fosse somente um satélite opaco, cheio de crateras
E que as estrelas não fossem mentiras de luz.

Queria a paixão sem prazo de validade
Que o coração não apanhasse nunca,
Que o meu cérebro fosse somente uma massa cinzenta irracional.

Queria que as balas não matassem as meninas perdidas
Que cativeiro fosse somente para cativar.
Queria não me emocionar com as mãos ágrafas,
Nem tão pouco com as velas apagadas no altar.

Queria não duvidar, nem tão pouco ter certeza
Que meus passos me levassem onde não quero ir
E lá ficar... e de lá partir.
Queria não sonhar, nem tão pouco acordar
Que a morte fosse irmã do meu sul, não do meu norte.
Queria não poder voar e caminhar
Como toda gente voa.

Queria ser mais que meus vícios,
Não ter medo de dizer que tenho medo.
Queria a coragem que falta nas sombras.

Queria que o mundo soubesse amar.

JOSÉ MARIA HONORATO


terça-feira, 26 de outubro de 2010

OS ENCANTOS DO VALE (José Rosário)

OS ENCANTOS DO VALE
Óleo sobre tela, 100 x 70 
Acervo de Waiderson Liberato
Dionísio e Timóteo. A primeira, a cidade natal,
a segunda, onde trabalhei por 7 anos numa
empresa siderúrgica, na área de projetos.
Duas cidades com vocações tão diferentes...


Moro em uma região de dupla vocação: uma, onde o aço corre latejando força e progresso, outra, onde o setor rural insiste, sobrevivendo a tudo que o progresso engole.
Nasci em Dionísio, setor rural até hoje. Os tempos me levaram para o Vale do Aço e lá estudei e trabalhei por um bom tempo com projetos industriais. Mas, não há como negar as raízes. Há em cada um de nós, aquela lembrança de cordão umbilical. O corpo sai de um lugar, mas as raízes lá continuam. E se não quisermos sofrer, não podemos calar os chamados.
Decidi acertadamente (pelo menos não me arrependi) deixar a vocação industrial. Tempos bons foram aqueles. O desenho técnico deu-me critério, método e disciplina. Mas, é comportado demais para os excessos que a arte exige. Voltei para o campo e, por anos, pesquisei com novos olhos o que antes me parecia muito comum. A geometria perfeita dos caminhos de bois a sulcar os pastos, a conversa lenta e macia dos causos contados nas esquinas, o vai-vem de pedestres e animais nas tardes que se arrastam sem pressa... À partir daí, encontrei o que eu procurava. Resolvi colocar-me a serviço da arte. Mostrar às outras pessoas um pedaço daquilo que vejo. As curvas de estradas que inspiram mistérios, os rios mansos e ameaçados, a gente tão mineira que ainda encontro aqui e ali e que não tem medo de ser feliz.
Pinto o que vejo e o que vivo, sobrevivendo aos modismos contemporâneos, que vez ou outra insistem em me seduzir. Mas, as raízes, aquelas das quais não se pode fugir, me pedem para serem expostas. Tenho um compromisso com a arte: levar ao mundo um pedaço do meu mundo, que o progresso ainda não conseguiu engolir.



domingo, 24 de outubro de 2010

FALANDO DE ARTE... UM POUCO MAIS (José Rosário)

Beverly Sills

Poucas pessoas souberam definir arte, tão bem, quanto uma soprano americana de nome Beverly Sills. Disse ela: “A Arte é a assinatura da civilização”.
Brilhante definição! A Arte, como criação unicamente do homem, é também o caminho mais sincero e direto encontrado por ele para se expressar, e que sintetiza todas as suas emoções, seus sentimentos, sua cultura, e por consequente, sua presença na história.
Se sabemos que há 10 mil anos pessoas viviam em cavernas, não é somente por encontrar restos fósseis delas por lá, mas, por também visualizar nas paredes de rochas dessas cavernas, representações gráficas que marcam a prova da existência de tais pessoas. Ossos são a prova física que os homens estiveram lá, mas as inscrições deixadas por eles são sua prova cultural, como viam o mundo, como se sentiam e como queriam falar aos outros sobre isso.
Fico imaginando quantas pessoas, tanto do passado como da atualidade, deixam essa vida sem nunca terem feito qualquer manifestação artística. Sem nunca terem “assinado” sua presença na passagem por esse mundo. E também quantas outras, que mesmo com a mais simples das expressões artísticas cravaram seus nomes com o maior orgulho no curso da história.

JOSÉ ROSÁRIO - Congados
Óleo sobre tela, 80 x 60
Acervo de José Roberto Pinheiro

Dizem que a Arte é elitista. Concordo plenamente com isso! Mas, vou logo explicando. A elite que tem acesso à Arte é formada por todos aqueles que a procuram e dispõe suas vidas a ela. A Arte sempre estará lá, como um fio disponível a quantas conexões a ele forem desejadas. Seja da mais alta até a mais baixa condição social, a Arte não faz escolhas. É a pessoa que escolhe a Arte e faz parte de sua selecionada elite. Não se impõe Arte a ninguém. É o estado natural de doação e devoção à Arte, que seleciona os seus membros.

SILVESTRO LEGA - Ao piano
Óleo sobre tela

Sou testemunha de uma história comovente, de como a Arte está disponível a todos que a procuram.
Anos atrás, quando fiz um trabalho voluntário em minha cidade, percorremos várias comunidades rurais, mapeando e anotando as necessidades de cada localidade, que pudessem traçar uma melhor linha de conduta para a administração local. Além de conhecer lugares de meu próprio município, que nunca havia visto, conheci o Sr. João, de uma localidade bem simples da região oeste. Analfabeto, mas portador de uma vasta cultura, que a sua condição social não impediu que conquistasse. Já de idade, decidiu que queria conhecer o mundo, mesmo sem nunca ter saído de seu humilde casebre. Teve a brilhante idéia de pedir seus dois netos que lessem tudo o que pudessem para ele. Sempre atento, tinha todo tipo de história pra contar, como se tivesse adquirido aquilo em vários anos de leitura. Algumas pessoas de outras cidades, já sabedoras de sua sede de saber, enviavam livros e mais livros, que pelos olhos dos netos, eram “lidos” com uma fome insaciável. Fiquei emocionado quando vi ali, diante de mim, um senhor citando Cecília Meireles, sem nunca ter lido pessoalmente uma única palavra. E ele ainda completou no final do poema: “Fala muito bonito essa D. Cecília”.
Não vi mais o Sr. João, mas onde quer que esteja agora, sei o quanto se sente melhor por tudo que a Arte acrescentou a sua vida. Também fico imaginando quanto bem fez a seus netos, incutindo neles a prática da leitura.
Mesmo sem nunca ter lido ou escrito por conta própria, Sr. João deixou sua assinatura no livro da vida, recitando e divulgando obras que o tocavam e queria compartilha-las com os outros. É dessa elite que me refiro, pessoas que se doam e multiplicam suas vidas.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

AS RIQUEZAS QUE ROLAM DE MINAS

Uma das maiores oportunidades oferecidas com a execução da exposição OLHAR A ÁFRICA: VER O BRASIL, foi a liberdade de poder trabalhar com vários estilos diferentes, criando uma nova linguagem para cada tela realizada. Como já havia um tema específico; a influência da cultura africana sobre a brasileira; não me prendi a um único estilo ou forma de expressão. A cultura africana é muito rica e, tratar esse tema tão abrangente com apenas um olhar, chega a ser um desperdício.
Várias técnicas foram empregadas, diversos tipos de suportes e formatos foram utilizados. E ainda havia a troca de linguagens entre arte da imagem e arte da escrita, com os poemas de José Maria Honorato.

Uma das obras que mais me envolveu foi, sem dúvida, As Riquezas que Rolam de Minas, tanto pela possibilidade de um estilo até então novo para mim, como pela possibilidade de esboços e exercícios com modelos vivos, coisa que não fazia há um bom tempo.
Essa tela mede 1,10 x 1,10 e pertence hoje, ao acervo de Láercio Álvares Maciel.

AS RIQUEZAS QUE ROLAM
DE MINAS
(José Rosário)

Quando os europeus vieram colonizar as nações do Novo Mundo e produzir riquezas, precisavam de músculos para os trabalhos pesados. Infelizmente, a condição física avantajada dos povos africanos foi um ponto contra eles naquele momento. Os negros africanos eram os únicos povos aptos para realizarem tal tarefa. Perderam a liberdade, mas não perderam a dignidade.
Estradas se abriram pelo Brasil, cidades surgiram, todo tipo de riqueza brotava das Minas Gerais.
Foi pela mineração, açúcar e café, que os negros enriqueceram as metrópoles da Europa e transformaram o curso da história.

Os primeiros exercícios

Garimpeiro - Mista sobre tela, 60 x 30
Esboço nº 3
Acervo particular de José Rosário

A obra acabada:
AS RIQUEZAS QUE ROLAM DE MINAS
Óleo sobre tela, 110 x 110 - Acervo de Laércio Álvares Maciel

MINA DE GUINÉ
(JOSÉ MARIA HONORATO)

Meu sorriso preto?
Minha pele preta?
Minam sabor de sal
Arrancados da
Feitoria da Mina
de Guiné

Meu sorriso preto?
Minha pele preta?
Arrastados pelo mar?
Estão no sal
Do açúcar doce
Da tua mesa.


OLHAR A ÁFRICA: VER O BRASIL (José Rosário)

Olhar a África e ver o Brasil não é um exercício difícil, quando emprestamos aos olhos emoção. Afinal, lá e cá tudo parece se repetir sob o sol dos trópicos. Com as devidas proporções, as misérias de lá também ecoam nas favelas que cá se empilham. A fauna e a flora de lá também padecem como as daqui. As riquezas que lá são sugadas, também deixam essa terra misteriosamente.
Mas, também temos a alegria nas veias. Um brindar à vida, constante e natural. “Em todas as cores, das cores de todas as peles...” Sem as sombras do passado, nem as ameaças do futuro...
Somos povos que aprenderam a sorrir e a gostar muito disso!

A exposição OLHAR A ÁFRICA: VER O BRASIL foi idealizada e exposta no ano de 2009. Tendo como primeiro local de exposição o museu da Fundação Arcelor/Mittal de Timóteo, e abertura no dia 3 de outubro. Constava inicialmente com 48 obras, confeccionadas entre os meses de junho a setembro de 2009.
Também foi exposta na Galeria Guimarães Rosa, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, no mês de agosto de 2010.
A exposição foi inderdisciplinar, com participação do poeta José Maria Honorato, que comentou várias obras com textos e poesias.

Estarei apresentando sistematicamente, algumas obras acompanhadas de seus respectivos textos e poemas.
José Maria Honorato e José Rosário, no dia de
abertura da exposição OLHAR A ÁFRICA: VER O BRASIL
na Fundação Arcelor/Mittal em Timóteo

Cerimônia de abertura

Cerimônia de abertura

Alunos e ex-alunos presentes na abertura da exposição


segunda-feira, 18 de outubro de 2010

IMPRESSIONISMO (José Rosário)

Pintar livremente, com pinceladas espessas de tinta, procurando captar a atmosfera da cena e aprisionar a luz nela contida, sem se preocupar demasiadamente com os objetos e suas formas. Assim se define basicamente o Impressionismo, o movimento artístico que rompeu com todo o formalismo da pintura acadêmica e foi o prenúncio da Arte Moderna.
Na terceira década do século XIX, um pintor inglês de nome John Constable expôs, no Salão de Paris, algumas paisagens que mudariam em muito, a tendência de como se expressar em pinceladas. Feitas ao ar livre; coisa inédita para aquela época; expressavam a cena com um frescor natural até então nunca vistos. Chocou os críticos, evidentemente, mas conquistou diversos artistas, que já não se satisfaziam com as formalidades impostas pelos grandes salões. Constable carregava nas cores e nas pinceladas. Ainda um pouco acanhadas quanto à liberdade do desenho, deram à pintura uma nova linguagem, uma nova forma de expressão.
Isoladamente, muitos movimentos artísticos ocorreram na Europa, depois daquela exposição. Merecem destaques o Grupo da Escola de Barbizon, na França, e o Grupo dos Macchiaiolio, na Itália. Todos eles tentavam representar as suas composições ao mais natural possível, procurando capturar toda a atmosfera, pintando ao ar livre.

O movimento ganhou mais e mais adeptos. Colecionadores já disputavam algumas obras e à partir de então, já era impossível evitar, o Impressionismo se impunha como um estilo e o mundo inteiro se rendeu a essa nova linguagem.

Sempre tive um grande fascínio pelo Impressionismo e pela liberdade embutida nele. Deixo abaixo, um trabalho com leitura impressionista, que fiz em uma rua de Dionísio.

VINDO DA PESCA, óleo sobre tela, 50 x 60 - 2009
Acervo de José Roberto Pinheiro






DE VOLTA AOS VERSOS... (José Rosário)

Retorno aos versos
Pescado pelo quarto que me espera
Impaciente demais pelo fim de minha ausência.
Minhas lembranças todas aqui
Amontoadas nas gavetas em desordem
Certeza que o tempo não organiza a vida
Apenas a deixa escorrer.


A lua azul é ainda mais fria
Enchendo tudo de uma paz quase cósmica
Um vácuo...
Um estado onde não é necessário mais do que o silêncio.


O carinho de um colchão macio
O cheiro de lençol novo
O abraço da brisa que vem lenta
Tudo sem a menor pressa...
Tudo apenas a me dizer
Que é tempo de retornar aos versos.


sábado, 16 de outubro de 2010

UM CÃO: UM AMIGO

A MENINA E O CÃO
Óleo sobre tela, 50 x 70 - 2005
Acervo particular - Curitiba, PR

Há cerca de três anos, criamos uma cadela encontrada por minha irmã, numa estrada aos arredores da cidade. Foi batizada de "Nina". Não tem pedigree, mas, desde sempre foi tratada como se tivesse.
Ter um cão em casa é como ter uma escola de graça. São tantas as lições e comportamentos ensinados por eles, que, ficamos perguntando de onde vem tanta sabedoria.
Por esses dias, recebi um texto por e-mail, que tem muito a ver com toda essa percepção que passei a adquirir, desde o convívio com a Nina. É de um autor desconhecido, alguém que como eu e muitos de nós, temos até vergonha de não ter percebido isso há tanto tempo.
Vou compartilha-lo com vocês, juntamente com algumas cenas com cães, pintadas por mim durante vários anos.
Se um Cachorro fosse seu Professor
Voce teria muitas coisas para aprender...
Quando alguém que você ama chega em casa, corra ao seu encontro.
Nunca perca uma oportunidade de ir passear...
Permita-se experimentar o ar fresco do vento no seu rosto.
Mostre aos outros que estão invadindo o seu território.
Tire uma sonequinha no meio do dia e espreguice antes de levantar.
Corra, pule e brinque todos os dias.
Tente se dar bem com o próximo e deixe as pessoas te tocarem.
Não morda quando um simples rosnado resolve a situação.
Em dias quentes, pare e role na grama, beba bastante líquidos
e deite debaixo da sombra de uma árvore.
Quando você estiver feliz, dance e balance todo o seu corpo.
Não importa quantas vezes o outro te magoa, não se sinta culpado...
volte e faça as pazes novamente.
Aproveite o prazer de uma longa caminhada.
Se alimente com gosto e entusiasmo.
Coma só o suficiente.
Seja leal.
Nunca pretenda ser o que você não é.
E o MAIS importante de tudo...
Quando alguém estiver nervoso ou triste, fique em silêncio,
fique por perto e mostre que você está ali para confortar.
A amizade verdadeira não aceita imitações!!!
DESCENDO A SERRA DO LUAR
Óleo sobre tela, 60 x 90 - 2004
Acervo particular - Curitiba, PR
VELHOS AMIGOS
Óleo sobre tela, 30 x 40 - 2005
Acervo particular - Coronel Fabriciano , MG
PREGANDO FERRADURA
Óleo sobre tela, 50 x 80 - 2008
Acervo de Rodrigo R M - São José do Goiabal, MG
NA LIDA
Óleo sobre tela, 50 x 70 - 2006
Acervo particular - Curitiba, PR


Para conhecer melhor o seu cão e
poder  trata-lo melhor, indico:
www.adestracao1.blogspot.com

Nina comigo no ateliê em Dionísio


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

COLECIONISMO (José Rosário)

Há alguns anos, ficou caracterizado como colecionismo, o hábito ou prática de colecionar alguma coisa. Seja por hobbie , com intuito financeiro ou por pura conservação de patrimônio, seja ele histórico ou cultural.
Essa vontade de guardar consigo algo que se gosta remonta aos tempos das grandes dinastias egípcias, que já desde aquela época, tinham como hábito levar para os túmulos os objetos que mais gostavam. Durante o Renascimento e com o apogeu financeiro de algumas famílias, colecionar tornou sinônimo de status, e por isso, grandes artistas viveram financiados por esses mecenas, que não só colecionavam objetos de arte, como também mantinham como funcionários os artistas que as produziam. A Família Borghese, na Itália, é um típico exemplo de como a arte dependia desses colecionadores.
Do hábito de colecionar nasceram os grandes museus e pinacotecas espalhados mundo afora. O Museu do Louvre, em Paris, teve seu início baseado na grande coleção de artes de Napoleão. Alguns colecionadores possuem patrimônio maior até mesmo que museus conhecidos. É o caso do multimilionário americano Barnes, cujo acervo compõe hoje a Fundação Barnes.
No Brasil, um outro típico exemplo é o da Família Fadel, com um rico acervo em obras do século XIX  e início do século XX. 
Todos que adquirem as primeiras obras de arte sentem um bem indescritível na aquisição, que vai além do simples prazer de ter algo. Muito mais que uma sensação de posse, colecionar objetos de arte traz uma satisfação e crescimento interior, difíceis de comparar. Além, é claro, da bagagem cultural que vem embutida em cada objeto escolhido.
Costumo dizer que quem tem um obra de arte não se torna dono dela. Está com ela por uns tempos. É alguém que se deu o luxo de poder cuidar daquele patrimônio enquanto está vivo. Um quadro pendurado em sua parede continua sendo associado a quem o fez quase que naturalmente. "Esse quadro é de Portinari", você diria se tivesse um, ignorando quase que por completo que a posse física daquele objeto pertence a você.
Abaixo, alguns quadros de minha coleção. Objetos que me foram incumbidos o direito e dever de preservar enquanto eu estiver vivo. São de artistas amigos, conhecidos e alguns até desconhecidos. Objetos que me escolheram para cuidar deles.

DANTE CROSSI - A feira, mista sobre tela, 56 x 65
Acervo de José Rosário

HILTON COSTA - Beira do Ribeirão Mumbaça, em Dionísio
óleo sobre tela, 33 x 41
Acervo de José Rosário

JÉSUS RAMOS - Estrada em Conceição de Minas, Dionísio
óleo sobre tela, 50 x 70
Acervo de José Rosário

JOSÉ RICARDO - Margem do Rio Piracicaba, João Monlevade
Óleo sobre tela, 70 x 110
Acervo de José Rosário

ALEXANDRE REIDER - Paisagem com sapucaia florida
Óleo sobre tela, 20 x 30
Acervo de José Rosário

SOUZA BRANCO: Praia com barcos ancorados - óleo sobre tela, 20 x 40
Acervo de José Rosário

HÉLIO CASTRO - Marinha, óleo sobre tela, 18 x 24
Acervo de José Rosário

TÚLIO DIAS - Paisagem com beira de rio, óleo sobre tela, 90 x 150
Acervo de José Rosário

ÍCARO REIS - Sem título, mista sobre painel, 55 x 38
Acervo de José Rosário

JOSÉ FERNANDES - Acrílico sobre tela, 15 x 15 
Acervo de José Rosário

Muitas outras obras me foram confiadas a responsabilidade de conserva-las. Mais adiante, dividirei com vocês o prazer de usufrui-las.