segunda-feira, 29 de agosto de 2011

ARIMATÉIA

ARIMATÉIA - Forte de Copacabana, Rio de Janeiro
Óleo sobre tela - 80 x 60 - 2006

Em abril, visitando o Rio de Janeiro, passei pelo Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana e tive uma grata surpresa. Numa ampla sala, aberta para exposições temporárias, e localizada numa das dependências do museu, conheci os trabalhos de Arimatéia. Para minha maior surpresa, conheci também o artista, que se encontrava presente no local, naquela tarde ensolarada de domingo.

ARIMATÉIA - Colégio Militar, Rio de Janeiro
Óleo sobre tela - 70 x 50 - 1994

ARIMATÉIA - Ouro Preto, MG
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 1999

ARIMATÉIA - Barcos
Óleo sobre tela - 92 x 60 - 2006

Não nos falamos muito, mas muito admirei com o seu trabalho, que tem uma força presente de grande impacto. José de Arimatéia dos Santos Souza nasceu em Bom Jesus, no Piauí, no ano de 1968, vindo fixar raízes no Rio de Janeiro em 1986. Iniciou bem cedo, aos 10 anos de idade, os primeiros experimentos com o desenho, e mais tarde, aos 18, foi quando optou pelo caminho das Artes Plásticas, iniciando sua formação na Sociedade Brasileira de Belas Artes, e tendo as primeiras orientações vindas de Oziel Belízio e Jorge Vieira.

ARIMATÉIA - Feira I, Rua D.Henrique Dumont, Ipanema, RJ
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 2005

ARIMATÉIA - Feira II, Rua D Henrique Dumont, Ipanema, RJ
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 2005

O que fica mais evidente no primeiro contato com seu trabalho é a forte veia clássica que pulsa em suas composições e que são a sustentação de grande parte de sua produção. Ainda que divida suas obras atuais com experimentos contemporâneos, um academicismo bem criterioso e técnico nos dá uma exata noção de sua proposta. Por ele, também acresce alguns experimentos meio impressionistas, tendo quase sempre a diversidade temática do Rio de Janeiro como pauta principal.

ARIMATÉIA - Retrato
Pastel - 2006

ARIMATÉIA - Retrato de criança
Óleo sobre tela - 2009

ARIMATÉIA - Retrato
Óleo sobre tela - 60 x 73 - 2007

Paisagens, marinhas, cenas urbanas movimentadas e ensolaradas, figuras humanas, com ênfase especial para o retrato, são o carro chefe de sua obra. Os temas históricos estão presentes também, e os vários trabalhos que vi, dentro dessa temática, são ricamente trabalhados em telas de grandes dimensões, o que por si só, já produzem uma forte impressão. Um colorido suave, ora quente, mas muito bem equilibrado, faz um belo conjunto com composições de agradável arranjo.

ARIMATÉIA - Natureza morta
Óleo sobre tela - 40 x 60 - 2007

As Artes Plásticas dividem espaço em sua carreira profissional com a Propaganda, onde explora a ilustração. Iniciou nessa atividade paralela em 1988 e até 1992, trabalhou como ilustrador na agência Farmarketing Comunicações e Serviços ltda. Foi uma experiência que, segundo ele próprio, trouxe segurança e abriu novos caminhos à sua carreira de artista. Consegue comungar os dois mundos sem problemas.


ARIMATÉIA - A chegada de Cabral
Óleo sobre tela - 170 x 210 - 2000
Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, Rio de Janeiro

Fundamentais mesmo em sua vida, são a grande inspiração e insaciável fonte de pesquisa que faz nos grandes mestres do passado da pintura. Visitas constantes a museus, livros, documentários e toda sorte de artigos, aguçam e motivam cada vez mais seu interesse por referências clássicas, barrocas e impressionistas. E sem muita cerimônia vai logo listando os nomes das fontes de onde bebe tanta motivação: Rembrandt, Vítor Meirelles, Pedro Américo, Almeida Júnior, Rodolfo Amoedo e Da Vinci, que para ele é o Pai Universal das Artes.

ARIMATÉIA - Sampaio
Óleo sobre tela - 120 x 140 - 2010
Acervo Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, Rio de Janeiro

Seu primeiro grande passo foi uma coletiva realizada no Salão de Alunos da SBBA, obtendo ali a sua primeira medalha de bronze. Muitas outras exposições vieram a seguir, obtendo medalhas de ouro e prata em várias delas. Também foi convidado de honra do Salão de Paisagens, da Sociedade Brasileira de Belas Artes, em 2002, mais uma vez convidado de honra no VII Brasil Arte, em 2003, e jurado no Primeiro Salão Beleza e Cores, em 2004.

ARIMATÉIA - General Osório na Batalha do Tuiuti
Óleo sobre tela - 150 x 200 - 2008
Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana, Rio de Janeiro

Incansável, acrescente ainda em seu currículo, painéis realizados para a Igreja Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Mercês, em Brasília, realizados entre 1992 e 1993, com dimensão de 400 x 900 cm. Para o Seminário Pedro Nolasco, em Brasília, fez a tela São Pedro Nolasco, uma obra rigorosamente acadêmica executada em uma grande tela de 210 x 190 cm, isso no ano de 1998. Em 2007 e 2010, participou no maior evento de Arte de Rua, a “Cow-Parade”, com a pintura sobre duas vacas esculpidas em fibras, aquelas imagens já tão famosas e conhecidas em diversas partes do mundo. A primeira, feita no Rio de Janeiro e a segunda em São Paulo.
***
Temos nos comunicado com uma certa regularidade para a realização dessa matéria e espero estar trazendo mais adiante, agradáveis notícias desse jovem artista que muitos caminhos irá trilhar em nome da Arte.

PINTURA HISTÓRICA

Parece ser essa, a temática preferida do artista Arimatéia. Ele a executa com técnicas semelhantes aos trabalhos bem clássicos do século XIX, e não percebe-se nele o menor constrangimento em executar um trabalho que não seja a realidade de sua época. Essa atemporalidade é que faz da Arte um caminho sempre prazeroso e com inúmeras possibilidades. Uma visita ao Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana dará uma bela apresentação no primeiro contato com suas obras, principalmente com as desse tema.

Arimatéia durante execução da obra D. Pedro I

PARA SABER MAIS:

arimateia07@hotmail.com
(21) 3869-7111
(21) 8842-0827

sábado, 27 de agosto de 2011

ESCOLA DE DIONÍSIO


Acima, da esquerda para a direita:
Cláudio Vinícius, José Ricardo, Túlio Dias e José Rosário.


O nome soa meio pretensioso, mas desconheço um sonho que não tenha um pouco de ambição em sua base. A ideia surgiu meio que por brincadeira, mas está tomando forma a cada dia que passa. As primeiras conversas em começar um movimento aconteceram numa visita minha e de José Ricardo aos artistas Túlio Dias e Cláudio Vinícius, em Belo Horizonte. A  cena mineira é o que nos une em comum.

CLÁUDIO VINÍCIUS - Rio Manhuaçu
Óleo sobre tela - 70 x 100 - 2011

TÚLIO DIAS - Matando a sede
Óleo sobre tela - 90 x 150 - 2011

JOSÉ RICARDO - Beira do Piracicaba
Óleo sobre tela - 70 x 110 - 2007

JOSÉ ROSÁRIO - Arrumando a carga
Óleo sobre tela - 50 x 70 - 2010

A temática varia entre paisagens, cenas de gênero, casarios... Representar Minas em todas as suas formas e expressões. Muito mais que um grupo rigoroso em suas propostas, estamos nos divertindo muito com tudo isso. O encontro desse final de semana, em João Monlevade e Dionísio, vem consolidar ainda mais os rumos dessa nova proposta que surge.

Cláudio Vinícius e Túlio Dias no estúdio em João Monlevade.

José Ricardo no estúdio em João Monlevade.

José Rosário no estúdio em Dionísio.

Que a verdadeira intenção de nossos propósitos se solidifique ainda mais. Há planos para expandir o grupo, divulgar e promover eventos e atividades, que possam contribuir para resgatar um pouco mais a arte mineira em todas as suas manifestações.
Vida longa para nossa idéias!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

TOM ROBERTS

TOM ROBERTS - Allegro con brio, Bourke Street
Óleo sobre tela

Todos os continentes possuíram seus desbravadores. Artistas que acreditaram em suas visões e que conseguiram transmitir tal ideal a seus seguidores e companheiros. Muito mais que colocar na história da Arte as suas propostas, convictas para si mesmos, deixaram um legado de luta e perseverança, diante dos tempos difíceis pelos quais passaram.
William Thomas Roberts, mais conhecido no meio artístico como Tom Roberts, foi uma dessas peças fundamentais para a consolidação da pintura propriamente dita australiana. Não sendo nenhum exagero considerá-lo, juntamente com Arthur Streeton, como os pais do paisagismo impressionista daquele país. Ele nasceu em Dorchester, Inglaterra, a 9 de março de 1856, e era o filho mais velho do jornalista Richard Roberts e Matilda Agnes Cela. Já órfão de pai em 1869, muda-se com sua mãe e dois irmãos para Melbourne, Austrália.

TOM ROBERTS - A debandada
Óleo sobre tela - 1891

TOM ROBERTS - Tosqueando as ovelhas
Óleo sobre tela - 122,4 x 183,3 - 1888 a 1890
National Gallery of Victoria, Melbourne

TOM ROBERTS - O estúdio do escultor
Óleo sobre tela - 61 x 91,8 - 1885

Alguns cursos na Collingwood e na Escola para Artesãos Carlton, foram suas bases no caminho das artes, tendo conseguido nessa última, um prêmio por uma de suas paisagens, concedido por Louis Bouvelot e Eugen Von Gerard. Já em 1874, ingressa na Escola da Galeria Nacional, onde faz desenho com Thomas Clark.

                                               
À esquerda: TOM ROBERTS - Reconciliação - 1888
À direita: TOM ROBERTS - Uma manhã de verão - 1886

Também naquela época, Roberts já procurava defender uma linguagem mais regional na representação pictórica de seu país. E encoraja outros artistas a defenderem tal visão. Mc Cubbin foi um de seus primeiros aliados, encantado com a flora única da região onde moravam.
Aos olhos de Roberts, a pintura com forte influência européia que ainda era praticada em seu país, não valorizava o caráter especial da paisagem australiana: terras vermelhas, céus brilhantes e de azuis tórridos, e um relevo especialmente peculiar. Mas antes de aventurar-se pela prática de um estilo mais próprio com o que via, aceita uma bolsa na Academia de Artes Vitoriana, e parte para adquirir mais experiência, principalmente técnica, em Londres. Também foi selecionado para estudar na Real Academia de Artes, onde freqüentou, de 1881 a 1884. Desse período, são notáveis os seus progressos nos trabalhos de anatomia e perspectiva.

TOM ROBERTS - Acampamento - 1886

TOM ROBERTS - Tarde
Óleo obre tela

Como não era diferente a vários centros acadêmicos da Europa, Londres também possuía seus nichos de artistas que já se rebelavam contra a massificação do tema histórico na Arte, financiado por reis e monarcas. O New English Arts Club, formado em 1886, por artistas que residiam principalmente nos centros de Newlyn e Glasgow, foi o movimento inglês que mais se opôs aos velhos costumes e permitiu abrir a uma nova linguagem. Também influenciaram muito a esse grupo, trabalhos de Whistler e pintores com práticas de plein air como Bastien Lepage, com suas veias evidentemente ligadas à Escola de Barbizon.


TOM ROBERTS - Corroboree, Murray Island
Óleo sobre tela - 36,83 x 54,61 - 1892

TOM ROBERTS - Barco na praia em Queenscliff - 1887
Óleo sobre tela - 35,4 x 45,9

TOM ROBERTS - Rosas
Óleo sobre tela colada em painel de madeira - 51,4 x 76,9

Mesmo que o curto período passado na Espanha, coisa de poucas semanas, tenha parecido reduzido demais, o contato com alguns artistas daquele país incrementou ricos desdobramentos naturalistas aos trabalhos de Roberts. Talvez pela influência do ambiente, mais quente e iluminado do mediterrâneo, que lembrava um pouco a Austrália. Foi com Lorreano Barrau e Ramon Casas que ele fixou certas noções até então não muito compreendidas do Impressionismo e todos os princípios da pintura em plein air, que conduziam invariavelmente para esse novo estilo. Assim, continuou por todo o ano de 1884, captando os efeitos momentâneos de trabalhos feitos ao ar livre, treinados com figuras em marinhas, e acrescentou a essa nova fase, vários outros exercícios captados por uma passagem rápida que fez a Veneza.


TOM ROBERTS - Mentone
Óleo sobre tela montada em painel - 50,8 x 76,7 - 1887

TOM ROBERTS - Dia cinzento na primavera, Veneza
Óleo sobre painel de madeira - 11,3 x 20,2 - 1884

Em 1885, Roberts retorna à Austrália e já chega com um desafio, mesmo que não planejado, mas logo muito bem assimilado: iniciar por ali uma nova escola de pintura, baseada na prática do plein air, mas que desse uma valorização à temática e costumes locais, resgatando o regionalismo e o nacionalismo, algo nunca visto pelos artistas contemporâneos seus. As andanças de Roberts em terras européias foram fundamentais para tal fase. Ele parecia ter regressado com um senso de missão e entusiasmo, que foram importantes, tanto para pintores e escritores, que estavam buscando um novo caminho que os definisse como movimento. Tão dedicado parecia em seus novos caminhos, que logo foi colocado à frente de um grupo de pintores que ficou conhecido com a Escola de Hidelberg.


TOM ROBERTS - O sol do sul
Óleo sobre tela - 31 x 61,5 - 1887

TOM ROBERTS - Um dia tranquilo em Darebian Creek
Óleo sobre painel de madeira - 26,4 x 34,8 - 1885

TOM ROBERTS - Galpão em Newstead
Óleo sobre painel de madeira - 22 x 33 - 1893-94

Entre 1886 e 1889, montaram acampamentos em diversas regiões, costeiras ou interiores. Foi em 1887, mais precisamente no início do ano, que conheceu Arthur Streeton e produziu imagens imortalizadas naquele longo e quente verão. Tom Roberts, Arthur Streeton e Charles Conder exibiram uma série de pequenas impressões, coletadas nas muitas andanças que fizeram. Os painéis, um total de 182, dos quais 62 de Roberts, foram todos pintados sobre tampas de caixas de charutos e moldurados uniformemente para a mostra. Prepararam um vernissage muito bem decorado e divulgado, para fazerem a apresentação. Alguns críticos torceram o nariz dizendo que a arte era demasiada naturalista e que as propostas eram datadas demais. Roberts respondeu a esses comentários com uma frase que ficou célebre: “Fazendo da Arte a perfeita expressão de um tempo e de um lugar, torna-se de todos os tempos e de todos os lugares”. Mesmo com alguns apoios, o público não se impressionou e a National Gallery não correspondeu com o incentivo que eles esperavam. Para complicar, em 1891 Melbourne caiu numa forte depressão econômica, frustrando ainda mais as expectativas do grupo.


TOM ROBERTS - Floresta com lenhadores - 1886

TOM ROBERTS - Retrato de uma dama
Óleo sobre tela - 127 x 76,2 - 1888

É incrível como as dificuldades e as Artes caminham de mãos dadas. Mas, assim como a seleção natural de Darwin, tais obstáculos parecem fortalecer os mais aptos. Aqueles que fixam os olhos em seus objetivos, e aprendem que as quedas também ensinam, sempre conseguem deixar para as gerações futuras às suas, um pouco do combustível que os manteve em tais caminhos.


TOM ROBERTS - Indo pra casa
Óleo sobre painel de madeira - 23,4 x 13,6 - 1889

TOM ROBERTS - Mulher ao piano
Óleo sobre painel de madeira - 26 x 13,1

Um tanto frustrado, mas ainda convicto do que queria, Roberts parte para Sidney, onde fica sabendo que a Galeria Nacional de New South Wales tinha uma política de aquisição de obras produzidas sobre a Austrália. Foi quando lhe passou pela cabeça, utilizar dos aprendizados adquiridos com o Naturalismo visto na Europa, e desenvolver uma obra que narrasse os processos históricos que formaram sua nação, principalmente os métodos agrícolas e pastoris, que utilizavam o forte trabalho manual para subsistência, e que não era reconhecido como algo tão louvável. Arthur Streeton se juntou mais uma vez a ele e montaram um novo acampamento em Sirius Cove, Mosman Bay. Durante três anos seguidos, ele visitou a estação Brocklesly, no Riverina, onde pintou a célebre “Tosqueando as ovelhas”, que passou a ser a imagem definitiva de uma nova identidade artística que emergia.


TOM ROBERTS - Vindo para o sul - 1886
Óleo sobre tela - 63,5 x 52,2

TOM ROBERTS - Uma tarde de domingo
Óleo sobre tela - 41 x 30,8 - 1886

TOM ROBERTS - Olhos azuis e marrons
Óleo sobre tela - 126,8 x 76 - 1888

Além de pintor dedicado, Roberts era um leitor que tinha amor declarado para os poetas românticos ingleses, e isso refletiu, e muito, em sua obra. Seu envolvimento com a literatura é sentido nas abordagens que narra em suas telas em quase tudo que produziu. Mais da metade do trabalho produzido entre os anos de 1885 e 1900 foram retratos, um meio paralelo que arrumou para ganhar a vida.
Em 1896, casou-se com Elizabeth (Lillie) Williamson, em Melbourne, e com ela teve um filho, Caleb, em 1898.


                                                      
À esquerda: TOM ROBERTS - Portão mourisco
Óleo sobre tela - 48,3 x 33,3
À direita: TOM ROBERTS - Um canto em Alhambra
Óleo sobre painel - 21,6 x 16,2 - 1883

Roberts tinha uma liderança nata nas veias. Influenciava os jovens pintores apenas pela sua presença, participando de vários comitês e organizações de artistas em várias regiões de seu país. Em Sidney, se tornou o fundador e presidente da Sociedade dos Artistas. Batalhador no sentido de regularizar a condição artística como uma profissão, não pensava apenas em si, mas queria dividir com todos aqueles que estavam na sua mesma batalha, um pouco dos frutos que a sua perseverança lhe permitia colher. Sua proeminência social não fez esquecer os dias difíceis nos acampamentos sem conforto. Ele afirmou mais tarde: “Convenci a todos pelos meus argumentos, pela minha pintura e acima de tudo, pela minha presença”. Não era uma afirmação inflada de ego, mas consciente de que realmente acrescentara algo ao meio onde vivia.


TOM ROBERTS - A abertura do Parlamento da Austrália - 1903

Sua obra mais monumental ainda estava por vir: pintar a abertura do Parlamento Commonwealth. Depois de dois anos e meio, num trabalho que lhe ofereceu uma boa estabilidade financeira, nova crise econômica abalaria o país, e para se manter, volta a fazer retratos, vai a Londres, fica por lá uns tempos e novamente retorna à Austrália, isso depois de trabalhar numa frente hospitalar na Primeira Guerra Mundial.


TOM ROBERTS - Pedreira, Mary Island
Óleo sobre tela - 61 x 50,5 - 1926

TOM ROBERTS - Pela calçada
Óleo sobre painel de madeira - 23,6 x 14,2


Morreu na cidade de Talismã, a 14 de setembro de 1931. Por um grande período, sua obra caiu no esquecimento, vindo a ressurgir na metade do século passado. Será sempre lembrado como o bravo lutador que absorvia grandes novidades do cenário artístico mundial, e as adequava à sua realidade de nação. Impulsionou com sua mais profunda força, o desenvolvimento de um movimento nacional na pintura australiana, que jamais será esquecido. Um amigo de infância, escreveu sobre ele: “Era um grande conversador, divertido e cheio de caprichos e sabedoria, mas não era egoísta... Ele não permitia que um ouvinte se tornasse silencioso. Em cada momento, ofereceu sua camaradagem ativa, a participação na passagem da vida e a fruição da beleza. Ele não poderia ter vivido sem esse intercâmbio ativo de afeto e amizade”.


TOM ROBERTS - Autorretrato
Óleo sobre tela