sábado, 10 de junho de 2017

VICTOR GABRIEL GILBERT

VICTOR GABRIEL GILBERT - O mercado parisiense - Óleo sobre tela - 62 x 100,5 - 1885

VICTOR GABRIEL GILBERT - Mercado de flores - Óleo sobre tela - 1880

VICTOR GABRIEL GILBERT - O hall do Mercado Central - Óleo sobre tela - 1881

Durante a Belle Époque, houve uma grande mudança no comportamento social de praticamente toda a Europa. Era um período de afirmação da classe assalariada, que trabalhava duro, mas que começava a conquistar o seu lugar e as suas escolhas. As mudanças no campo da arte também se faziam bem significantes. Uma prova disso foi a nova fase no famoso Salão de Paris, que começava a aceitar obras cada vez mais com apelo popular, que enalteciam o Naturalismo e o Realismo. Victor Gilbert vivia esses períodos de mudança com intensidade e conseguiu transpor tudo isso para suas obras. Para ele, não havia tema melhor que a classe trabalhadora mais simples, que apinhava as ruas com suas barracas de comércio e que muitas vezes passava despercebida. Ao contrário de muitos artistas de seu tempo, os trabalhadores de Les Hales, uma região de grandes mercados em Paris, eram o seu orgulho maior.

VICTOR GABRIEL GILBERT
A chegada dos barcos de pesca
Óleo sobre tela - 65 x 54,2 - 1882

VICTOR GABRIEL GILBERT - A vendedora de frutas - Óleo sobre tela - 64,8 x 54

VICTOR GABRIEL GILBERT - Mercado de flores
Óleo sobre tela

Em sintonia com aquilo que o rodeava e distante cada vez mais dos burgueses que ainda estavam no poder, Victor Gilbert acabou tornando uma figura-chave na arte francesa do final do século XIX. Ele criou uma identidade tão grande com os trabalhadores das cenas de mercados de Paris, que sua obra acabou se tornando uma referência urbana naturalista para artistas que procuravam novas alternativas, como os Impressionistas. E teve, inclusive, o apoio de marchands que comercializavam exclusivamente aqueles artistas.

VICTOR GABRIEL GILBERT - Vendedora de flores
Óleo sobre tela - 62,8 x 49,4

VICTOR GABRIEL GILBERT - Uma florista fazendo seus buquês - Óleo sobre tela - 38 x 46,2

VICTOR GABRIEL GILBERT - Jovem num jardim de flores
Óleo sobre painel - 46 x 37,5

Victor Gabriel Gilbert nasceu em Paris, no dia 13 de fevereiro de 1847. Veio de uma família muito humilde, que não possuía recursos para que ele explorasse de uma maneira mais eficiente toda a habilidade nata que possuía com os desenhos. Em 1860, ele consegue uma oportunidade de auxiliar um pintor decorativo chamado Eugène Adam. Ele trabalhava intensamente com ele durante o dia e à noite pegava aulas com Pierre Levasseur, na École de la Ville de Paris. Esse foi praticamente o único treinamento de arte formal que recebeu. Por não ter influência direta do que se ensinava nas escolas tradicionais de belas-artes e dos ateliês badalados de seu tempo, ele acabou criando uma arte genuinamente sua, com um apelo que mais interessava às suas propostas. E funcionou! Ele deu sorte de poder fazer isso num período de transição. Como tinha muito bom gosto, mesmo explorando um tema banal e do dia-a-dia de Paris, sua arte era agradável e comercialmente atraente.

VICTOR GABRIEL GILBERT - Cozinheiros - Óleo sobre painel - 44,5 x 54,5

VICTOR GABRIEL GILBERT - Quai aux fleurs - Óleo sobre tela

VICTOR GABRIEL GILBERT - O mercado de legumes, Paris - Óleo sobre tela - 46 x 61 - 1878

Ele gostava do Realismo de Courbet e Millet, pois esses artistas já mostravam uma insatisfação com a imposição clássica dos salões. Ao contrário deles, porém, que exploravam a temática dos campos, Victor Gilbert preferiu as cenas urbanas. Seu Realismo se concentrava nos bairros apinhados do comércio de Paris, com gente que acordava cedo e ficava por ali até tarde, entre tigelas fumegantes, carnes de todo tipo, peixes, flores e toda espécie de produtos. Por isso, ele se tornou o principal pintor de Les Hales, região alías que existe até hoje. Mesmo estando num mundo tão aparentemente simples, ele conseguia enaltecer seus personagens e dar-lhes dignidade e respeito. Sua pintura é verdadeira, mas ao mesmo tempo, suave e poética. Ele retrata um mundo de caos, mas que aos nossos olhos não chega com essa mensagem.

VICTOR GABRIEL GILBERT - La marchande d'Huitres
Óleo sobre tela - 46,3 x 38,5

VICTOR GABRIEL GILBERT - O mercado de flores - Óleo sobre tela - 1881

VICTOR GABRIEL GILBERT - Oferecendo flores a uma criança
Óleo sobre tela

A eficiência em criar uma arte verdadeira e com identidade com o ambiente que vivia, conquistou não apenas o grande público, mas também o Estado, que começou a comprar obras suas que eram apresentadas nos salões. Um grande incentivador, nessa fase, foi Pierre Martin. Ele possuía uma loja de artes na Rue Lafitte, e era tido como um dos grandes incentivadores do estilo impressionista. Já mais reconhecido e respeitado, o estilo de Gilbert avançava ainda mais. Ele já se ousava usar uma paleta mais luminosa como a dos impressionistas e também flertar com algumas composições burguesas. Foi o apoio de Martin que permitiu a Gilbert desligar de vez da carreira de decorador e dedicar exclusivamente à pintura, especialmente daqueles temas que ele sempre tanto admirou.

VICTOR GABRIEL GILBERT - Paris, Praça da República
Óleo sobre tela - 65,3 x 53,8

VICTOR GABRIEL GILBERT - Mercado de flores - Óleo sobre tela - 41 x 54

VICTOR GABRIEL GILBERT - O mercado de flores
Guache e aquarela sobre painel - 30,5 x 24,1


Ele obteve uma segunda medalha de classe no Salão de 1880 e uma medalha de prata na Feira Mundial, em 1889, tornando-se também um membro da Sociedade Francesa de Artistas, em 1914. O artista faleceu em Paris, a 21 de julho de 1933. Hoje, diversos trabalhos seus fazem parte de vários museus da Europa.


6 comentários:

  1. Estou pasmo! muito feliz também... sou um grande admirador dos trabalhos de Victor Gabriel Gilbert, suas cenas parisienses são demais!!!!!
    Muito obrigado! um grande abraço, meu amigo!

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    1. Legal, Vidal. São realmente incríveis os trabalhos dele.
      Grande abraço!

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  2. Uma das maiores alegrias que tenho em meu dia a dia é desfrutar da existência deste blog. Em "obras de cada dia" deixo meus problemas de lado e viajo em mundos paralelos, cenas do cotidiano com um toque paradisíaco, paisagens exuberantes que me tentam a adentrar em suas molduras e viver a eternidade dentro delas. E a você José Rosário:
    Minha imensa gratidão!
    Grande abraço!

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    1. Legal ouvir isso. Sinal que o trabalho que tanto me agrada também encontra adeptos por aí.
      Um grande abraço, amigo!

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  3. Trabalhos incríveis... cenas cotidianas que muitas vezes nos passa despercebido suas belezas...
    Grande abraço

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    1. Sim, nossas próprias cidades estão repletas de belas cenas. É preciso treinar o olhar para captá-las.
      Grande abraço!

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