Entre uma esquina e outra, a cidade ia se mostrando num desfile de novidades que parecia não ter mais fim. Como foi preciso ir tão longe para perceber que a melhor maneira de conhecer uma cidade é andar por ela!
ANTOINE BLANCHARD - Place de la Madeleine e mercado das flores
Paris, óleo sobre tela, 61 x 91,5
ANTOINE BOUVARD - Veneza
Óleo sobre tela, 50 x 60
Paris e Veneza são dessas cidades onde caminhar deveria ser uma lei obrigatória a todo turista. É impossível absorve-las na íntegra sem ser caminhando. E apenas caminhando, é que se tem a exata dimensão porque estas são, certamente, as duas cidades mais retratadas do mundo.
PARIS
Primeiramente Paris. Para conhece-la melhor, não há região mais propícia para iniciar que a Rive Gauche. Saindo do Museu d’Orsay; um verdadeiro templo das artes montado dentro de uma antiga estação ferroviária; e descendo sempre pela margem esquerda do Sena, a exploração se fará perfeita.
GUSTAVE CAILLEBOTTE - Rue de Paris, temps de pluie
Óleo sobre tela, 212 x 276,2
CHILDE HASSAM - April showers, Champs Elysees, Paris
Óleo sobre tela, 31,75 x 42,5
CLAUDE MONET - Boulevard des Capucines
Óleo sobre tela, 61 x 80
AKSELI GALLEN KALLELA - Boulevard em Paris
Óleo sobre tela, 52,5 x 40,5
Rive Gauche é o apelido da metade sul esquerda de Paris, em oposição, evidentemente, ao outro lado, que se chama Rive Droite. Muito mais que localizar ou mapear uma região da cidade, Rive Gauche quer designar primeiramente um jeito de ser da cidade, um estilo de vida. Um modo de agir, de vestir, um modo de aparência mesmo. Como os distritos 5 e 6 ficam localizados nessa região, fica bem mais fácil entender porque esse estilo de vida se tornou tão evidente. Sendo os bairros mais antigos da cidade, eles se tornaram destino certo para artistas, boêmios e intelectuais de todas as áreas, até a primeira metade do século XX. Por isso eles sempre ditaram esse estilo diferenciado, completamente oposto aos bairros burgueses clássicos situados na margem direita.
EDOUARD LEON CORTES - Praça da República, Paris
Óleo sobre tela
GIUSEPPE DE NITTIS - Avenue du Bois de Boulogne
Óleo sobre tela, 31,4 x 42,5
ALFRED SISLEY - Vista de Montmartre, Paris
Óleo sobre tela, 70 x 117
EUGÈNE GALIEN-LALOUE - Arco do Triunfo, Paris
Guache, 27 x 35
Ainda na Rive Gauche, localiza-se o distrito 7, onde fica imponente e soberana a Torre Eiffel. Por onde quer que se vá, lá está ela, nos mirando, quase nos dizendo que por ali não há referência melhor a seguir. Assim fiz, passei por uma infinidade de ruas, lindas praças e grandes avenidas, centros universitários de referência, galerias, alguns museus (o Rodin fica bem ali por perto)... Impossível mesmo é não se render à infinidade de excelentes sebos de livros localizados em todo cantinho de rua, todos muito bem equipados e com material suficiente para nos aprisionar ali por dias. A Torre Eiffel sempre na mira...
Depois desse roteiro inicial, aí sim, complete as outras visitas obrigatórias da cidade (que são tantas...): Museu do Louvre, Sacre Coeur, Notre Dame, Teatro da Ópera, Champs-Élisées, Moulin Rouge, Passeio pelo Sena e mais um monte de endereços e atrações que haja sola de sapato e disposição para percorre-los. Por isso, dizem que quem sempre vai a Paris uma vez, voltará mais vezes. É impossível conhece-la em uma única visita.
GEORGES STEIN - Vista da Casa de Ópera, Paris
Óleo sobre tela, 92 x 60
JOSÉ ROSÁRIO - Tempo nublado, Paris
Óleo sobre tela, 60 x 80
À partir de um guache de Galien-Laloue
LUTHER EMERSON VAN GORDER - Quai aux fleurs, Paris
Óleo sobre tela, 91,4 x 122
VINCENT VAN GOGH - Moulin de la Galette, Paris, início de 1887
Mista sobre papel, 61,5 x 38,5
O título de “Cidade-Luz” não lhe foi dado por acaso. Andando por lá, percebe-se mesmo que algo sempre novo se irradia dela, apesar da idade já avançada. Fico imaginando essa energia em pleno final de século XIX, estando a cidade já à frente das outras cidades mundo afora.
Como é forte a emoção de percorrer os mesmos caminhos no Montmartre por onde pisaram Van Gogh, Monet, Picasso, Renoir, Matisse, Sisley, Degas, Léger e muitos outros. Quantos segredos escondem cada viela, cada esquina, cada marquise, cada palmo de chão que a história eternizou em telas e desenhos.
VENEZA
A noroeste da península itálica, banhada pelo Mar Adriático, Veneza esbanja originalidade e beleza. Formada em um arquipélago de 118 ilhas numa baía rasa que foi sendo povoada lentamente, se uniu em muitas vielas e canais, com a maior parte de suas construções feitas diretamente no mar.
ANTONIO CANALETTO - O grande canal e Santa Maria de la Salute
Óleo sobre tela
MARTIN RICO Y ORTEGA - Veneza
Óleo sobre tela
RICHARD FRANZ UNTERBERGER - Piazetta
Óleo sobre tela
ANTONIETTA BRANDEIS - Santa-Maria del Giglio, Veneza
Óleo sobre painel, 16 x 25
Já em pleno século X, ela se tornou uma importante cidade da Europa, pois era ponto estratégico no Mediterrâneo. Suas entidades comerciais, que recebiam o nome de feitorias, controlavam várias rotas comerciais e é por isso, que para muitos historiadores, Veneza talvez seja o primeiro pólo capitalista que tenha surgido na história.
Cheguei à cidade numa manhã de setembro, em pleno verão quente, que exibe um sol escaldante até altas horas, daqueles que queimam o rosto e amorenam o peito na abertura da camisa. O que mais se estranha no primeiro contato com Veneza são as suas vias de transporte. Muitos canais; sempre cheios de um tráfego intenso de barcos, balsas e gôndolas; e que substituem as nossas costumeiras ruas empilhadas de automóveis. Pedestres há por todos os lados e caminhar por lá é uma regra difícil de não ser cumprida. Mais uma vez, a certeza de que caminhar por uma cidade é a melhor maneira de ficar mais íntimo dela.
MORGILLI - Primavera em Veneza
Óleo sobre tela, 70 x 90
JOSE MORENO CARBONERO - Grande canal, Veneza
Óleo sobre tela
JOSÉ ROSÁRIO - Cena veneziana
Óleo sobre tela, 30 x 50
SATTLER - Figuras na Fondamenta degli Schiavoni, Veneza
Óleo sobre tela, 72 x 98
Tudo é velho e novidade na mesma definição. Passado e ousadia numa cidade ameaçada pelo aquecimento global que atravessa o planeta. Veneza paga um preço elevado para se manter ainda como está. Com a alta cada vez mais crescente das marés, o sistema de comportas e arrefecimento trabalha cada vez mais no limite.
Para os amantes das artes, Veneza se tornou uma referência eterna. Uma curiosidade interessante: lá foram construídas as primeiras telas para pintura, que mudaram a maneira de usar suportes. Ande pela cidade e com um pouco de imaginação sentirá por perto as presenças de Ticiano, Tintoretto, Giorgione, Antonello de Messina, Giovanni Bellini, Veronese, Rubens Santoro, Canaletto, Guardi... E com os ouvidos ligados à mesma imaginação, ouvirá notas de Vivaldi, o filho músico que nasceu por lá e nunca deixou a cidade.
MORGILLI - Veneza
Óleo sobre tela, 80 x 60
FEDERICO DEL CAMPO - Veneza
Óleo sobre tela
RUBENS SANTORO - Grande canal, Veneza
Óleo sobre tela
THOMAS MORAN - Veneza
Óleo sobre tela
Além do carnaval com máscaras, há ainda o Festival de Cinema, a Bienal de Veneza e uma infinidade de galerias, museus, basílicas e igrejas, castelos e pontes famosas, servindo o turista com uma vasta opção de diversões.
Nietzche deu uma das melhores definições para a cidade: “Se tivesse de procurar uma palavra que substituísse música poderia pensar em Veneza”.
Indo para o Louvre. Sempre caminhando...
Tickets de entrada para a Torre Eiffel (Paris) e
Campanário (Veneza). Todas as duas cidades ficam ainda
mais impressionantes vistas de cima.
Testa grandeosa rica e maravilhosa historia da arte, simplismente sem fim...!Excelente materia.abraços!
ResponderExcluirNossa José! Que coisa maravilhosa é a arte, não!? Fiquei maravilhada observando todas estas obras maravilhosas! Estou pintando uma cena de Veneza, vou te falar, quase desisti! Rsss... um trabalho exaustivo e minucioso, mas o que me motiva é imaginar o trabalho pronto. E também observar obras de artistas maravilhosos, inclusive as suas. Você é um artista de muito talento, sem dúvida! Que Deus continue contigo em seu trabalho. Abraços, e parabéns.
ResponderExcluirOlá, grande fera !
ResponderExcluirRealmente, pisar esses solos sagrados da arte com seus próprios pés é diferente, quando se é este turista interior, pois estamos tendo um contato mais corpo a corpo com partes do que somos feitos, como artistas que nos identificamos ser.
Tu és um grande artista, e deve ter sido, bem legal vivenciar essa emoção e beber nessas fontes com seus próprios olhos.
Quando eu andava quilômetros para pintar numa praça de porto alegre, por não ter grana para o ônibus,ganhei de presente uma passagem para ficar em FIRENZE por dois meses e pude pintar na PONTE VECHIO, na GALLERIA UFFIZI e ainda fui convidado para a MOSTRA DI PITTURA de FIRENZE DE 2005, obtendo o segundo prêmio entre feras de lá.
Após pintar na PIAZZA NAVONA ,em Roma, voltei á PRAÇA DA ALFÂNDEGA, EM PORTO ALEGRE. Descortinava-se assim, o véu do mistério de ser pintor onde isso é marginalizado.
Disse o grande VITOR RAMIL : "Tu és o centro da tua história, não precisas buscar os grandes centros pulsantes para se colocar lá como mais um que compôe sua periferia. A "sua" história é centrífuga e sua biografia deve ser mais interessante do que seu currículun.
ABRAÇOS
SELISTRE
O mais interessante de percorrer lugares tão distintos, é que voltamos conhecendo melhor a nós mesmos. Não que necessariamente algo mude em nós, acho que muda a maneira de nos vermos.
ExcluirObrigado mais uma vez pela visita!
olá José,parabens pelo seu trabalho, é maravilhoso.fico perplexo vendo suas obras.
ResponderExcluirsou iniciante e gostaria muito q vc me desse algumas dicas.como:q tinta eu deveria usar para começar a praticar? e q tipo d pinceis?.
obrigado.
Douglas tortora-guaruja do sul-SC
Olá Douglas, depois me mande um e-mail com as perguntas que achar necessário. Caso possa ajudá-lo terei o maior prazer. Grande abraço!
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