domingo, 10 de junho de 2012

YANG YU-TANG


YANG YU-TANG - Tarde de inverno
Nanquim sobre papel - 23,5 x 34

YANG YU-TANG - Florestas da montanha
Nanquim sobre papel - 45 x 45 - 2010

O negro de fumo coloidal (conhecido como pó de sapato) é um material corante preto, originário da China, usado na produção da tinta da China (mais conhecida como tinta nanquim). Relatos afirmam que sua primeira utilização se deu na cidade de Nanquim, daí a origem do nome mais difundido no ocidente. Desenvolvida há mais de 2000 anos pelos chineses, essa tinta é constituída de nanopartículas de carvão, suspensas em uma solução aquosa, estabilizadas por uma mistura de cola (geralmente goma arábica). A tinta nanquim é muito parecida com a tinta sumi, que os japoneses desenvolveram para a arte sumi, e tem em sua composição fuligem, colas especiais, água e especiarias. Aliás, era uma prática muito comum aos antigos povos japoneses, fazerem adaptações de técnicas e descobertas realizadas na China.


YANG YU-TANG - Declínio
Nanquim sobre papel - 17,6 x 25 - 1990

YANG YU-TANG - Estábulo
 Nanquim sobre papel - 25 x 37

Durante muitas décadas do último século, a tinta nanquim se tornou amplamente utilizada na confecção de desenhos técnicos sobre o papel vegetal. Essa prática já está quase totalmente abolida, graças às últimas tecnologias da impressão digital. Restou para a tinta nanquim, a utilização para desenhos artísticos, uma prática levada a sério no oriente e que os ocidentais começam a redescobrir. Muitos artistas a utilizam como estudo, e uma grande parte deles faz dela a técnica principal de suas carreiras. Um dos nomes atuais, que segue fiel a essa proposta, é o artista Yang Yu-tang.


YANG YU-TANG - Tentação da luz
Nanquim sobre papel - 42,86 x 73,66 - 2009

YANG YU-TANG - Último outono - Nanquim sobre papel - 43,8 x 36,8

Yang Yu-tang nasceu em Chung-Chuen, uma cidade da região nordeste da China, no ano de 1956. Por influência da família, o menino logo se despertou para as artes aos nove anos de idade. Em 1970, começa os estudos em uma escola respeitada de sua região, e passa esse período lendo sobre os artistas de referência e executando cópias deles. Em 1972, ingressa numa escola mais avançada, mas em 1975, devido à revolução chinesa, foi enviado para um campo de trabalho de agricultores. Cansado de ser reprovado nos exames de admissão para uma escola de arte superior, decide continuar seus estudos autodidatamente, reforçando suas pesquisas.


YANG YU-TANG - Música da manhã
Nanquim sobre papel - 37,5 x 50 - 2005

YANG YU-TANG - Cidade de neve
Nanquim sobre papel - 40 x 54 - 2008

A habilidade que tinha com o uso das canetas para tinta foi imprescindível até os anos 1990, quando decide ir para o Japão e ingressa, em 1992, numa escola superior para desenho. Fascinado com o perfeccionismo das técnicas japonesas, viu o seu trabalho ganhar um nível de execução extraordinário. Na prática do desenho realista com a tinta nanquim, fica notório que o artista busca uma realidade subjetiva, além daquela visualizada na natureza. O resultado é uma espécie de foto em preto e branco, executada com finas e cuidadosas linhas.


YANG YU-TANG - Memórias
Nanquim sobre papel - 28 x 40 - 2004

YANG YU-TANG - Montagnards
Nanquim sobre papel - 29 x 40 - 2002

Yu-tang consegue uma textura incrível nas combinações de suas minuciosas linhas e no uso coerente e eficaz do fundo branco do papel que utiliza como suporte. O resultado é uma combinação muito bem selecionada que dá origem a texturas de cascas de árvores, galhos, gravetos e efeitos ainda mais sutis, como a maciez da neve, folhagens detalhadas e o efeito coerente da temperatura ambiente. Um artista fiel às suas origens e às suas propostas.


YANG YU-TANG - Autorretrato
Nanquim sobre papel - 45 x 32

PARA SABER MAIS:

8 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente blog, sou leitor assíduo deste.

    abraços

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  2. Que belo artista... belos trabalhos! valeu amigão! felicidades!

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    1. Valeu pela visita, Vidal. Um grande abraço a você também!

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  3. OLÁ JOSÉ, QUE MARAVILHA RELEMBRAR ESSA TÉCNICA TÃO BEM ELABORADA POR ESSE CHINES,ME FAZ RETORNAR AO TEMPO DE FACULDADE( ANO 70), POIS TÍNHAMOS COMO PROF. O CHINES CHEN KONG FANG, VIVO AINDA E NA ATIVA,ONDE USÁVAMOS MUITO BICO DE PENA COM NANQUIM NOS DESENHOS DE MODELO VIVO E COLORIDO COM ÈCOLINE.
    JOSÉ, JÁ FEZ A SUA VISITA AO CARAVAGGIO, EU FUI NO DIA 10, E NÃO QUERIA MAIS SAIR DE LÁ,DEVOREI AS TELAS DETALHE POR DETALHE, SIMPLESMENTE MARAVILHOSO, NÃO É? GRANDE ABRAÇO E PARABÉNS PELA MATÉRIA

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    1. Olá Clóvis, primeiramente te agradecer pelo comentário enriquecedor e que acrescenta sempre. Quanto ao Caravaggio, ainda não fui, mas já está programado com o José Ricardo e o Laércio, quando também veremos uma exposição do Rui de Paula.
      Grande abraço e obrigado por vir!

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  4. Obras perfeitas,parabéns pelo blog, nunca pare de postar encontro aqui uma fonte de inspiração,acompanho o blog diariamente obrigado!

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    1. Obrigado, Esdras. Fico feliz que esteja divulgando um pouco mais do mundo da arte.
      Grande abraço!

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