sábado, 2 de junho de 2012

A VIDA DA PALAVRA

LUIGI BECHI - Lendo notícias no estúdio do artista
Óleo sobre tela - 143 x 103

A palavra parece ter pernas próprias. Anda por aí, pelas bocas, pelos papéis, sinais digitais, pelos fios...
O homem sempre sentiu necessidade de se comunicar ao longo de sua história. Desde a antiguidade, o homem primitivo manifestava este desejo através de pinturas rupestres, presentes em muitas cavernas, mundo afora.
Com o progresso das civilizações antigas, berço dos primeiros conhecimentos da humanidade, verificou-se o florescimento das artes e principalmente da palavra escrita.
Se a palavra oral foi a maneira imediata de comunicar-se desde os primórdios, foi com a descoberta da forma do seu registro que fatos, acontecimentos, guerras, religiões, festas, tradições e muitas outras manifestações de um povo puderam chegar até os nossos dias.
Coube, entretanto, aos povos da Mesopotâmia, de modo particular os Sumérios e Babilônios, a capacidade de descobrir e organizar, inclusive em biblioteca, o acervo do desenvolvimento intelectual humano conseguido até então. Nas placas de argila, cuidadosamente trabalhadas, nascia a palavra escrita, chamada cuneiforme, que transformou num divisor de águas da palavra oral. A partir daí, toda grandeza e epopéia destes e de outros povos puderam ser narrados, documentados, e servindo de alicerce e fonte de conhecimento de toda humanidade. Fonte que os Egípcios transformaram em hieróglifos para narrar sua saga de luminosa civilização, com avançados conhecimentos que o saber deste povo pôde armazenar através de seus escribas, atravessando séculos, maravilhando nações, até os dias de hoje.


ARCIMBOLDO - O bibliotecário
Óleo sobre tela - 1566 - Stkklosters Slott, Estocolmo

Mas, foi na Grécia clássica, que o poder da palavra oral brotou com todo seu esplendor e inteligência de seus sábios. A filosofia, a política, a ética, a matemática e toda gama que a sabedoria humana pôde aglutinar, era ensinada e discutida em suas academias e ágoras. Como legado, ficou na palavra escrita, prova cabal do resumo da esmerada inteligência deste povo, que atravessou os séculos encantando gerações e gerações, até chegar ao mundo contemporâneo, extasiando-o com seu brilho.
Todavia, foi no renascimento, que a palavra, basicamente oral, e pouco lida, nos pergaminhos e papiros, adquiriu força e brilho com a socialização trazida pela descoberta da imprensa.
Atualmente, a força da palavra vem através das ondas de rádio, computador e da internet, mas, sobretudo pelo magnetismo avassalador proporcionado pela televisão, subjugando os povos de todas as nações e impondo ao planeta a sua tirania.
Porém, foi na Palestina, há muito tempo, que a palavra se fez mais presente e sublime no homem, com a promessa de vida, para aqueles que a acreditam eterna.


José Geraldo de Araújo Castro  - Outubro de 2011


VLADIMIR VOLEGOV - Hydrangeas
Óleo sobre tela - 80 x 100

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