quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

WILLIAM MERRITT CHASE


WILLIAM MERRITT CHASE - Horas vagas - Óleo sobre tela - 64,77 x 90,17 - 1894

WILLIAM MERRITT CHASE
Casa de Chase, em Shinnecock Hills
Óleo sobre tela - 64,77 x 84,14 - 1895

Ao sul de Long Island, cerca de 100 km de Nova York, Southampton já era, na última década de 1800, um local elegante onde os milionários americanos erguiam suas mansões e passavam ali os verões. Shinnecock era uma espécie de extensão da cidade, local onde ergueu-se a Shinnecock Hills of Art. Em tempos mais remotos, era o endereço dos sonhos de William Merritt Chase e agora ele estava ali. Dirigiu a escola por mais de uma década e tirava dois dias da semana para lecionar a todos que lá se encaminhavam. A escola era uma espécie de refúgio, fundada pelos colecionadores que tinham casas de verão nas proximidades e justificava a fama de um local acolhedor, onde o ensino comungava com o prazer de se formar amigos. Um local aprazível, onde dava gosto caminhar sem destino e observar o mar e seus mistérios. Há cerca de 3 km da escola, Chase foi alojado em uma ampla casa, que abrigava também seu estúdio. Desfrutava daquele recanto com sua numerosa família e, quando não estava lecionando, estava pintando, o que era realmente aquilo que mais gostava de fazer.

WILLIAM MERRITT CHASE - Você me chamou?
Óleo sobre tela - 96,52 x 109,22 - 1897

WILLIAM MERRITT CHASE - A loja de antiquário
Óleo sobre tela - 68,58 x 87 - 1879

Prazeroso também para Chase era, sempre que chegava algum artista influente, caminhar pela orla e trocarem informações. Observar a paisagem, que oferecia sempre condições surpreendentes e sempre que era possível, pinta-la ao vivo. Herança da tradição impressionista influenciada por artistas europeus e da qual se fazia discípulo incondicional. Em muitas dessas longas conversas não escondia suas origens. Tinha orgulho de ser o mais velho dos seis filhos de uma família de comerciantes bem sucedidos. Tiveram alguns transtornos financeiros que abalaram as condições da família, mas ainda assim esses detalhes não saíam das rodas de conversas. Afinal, era sua vida, da qual não podia se abdicar e jamais ignorava tudo que lhe havia trazido até ali.

WILLIAM MERRITT CHASE - Hall em Shinnecock Hill
Óleo sobre tela - 101,92 x 40,13 - 1895

WILLIAM MERRITT CHASE - Nu de costas
Pastel sobre papel - 47,72 x 33,02 - 1888

Chase nasceu em 1849, em Indiana. Apenas em 1872, após estudos em Indianápolis e na Academia Nacional de Design de Nova York, é que se encaminha para a Europa. Certa vez, ao ser perguntado se gostaria de estudar na Europa, respondeu prontamente: “Meu Deus, eu prefiro ir para a Europa do que ir para o céu!” E para lá se encaminhou. Diferentemente de toda a maioria de artistas americanos que se encaminhavam para Paris, Chase escolheu inicialmente Munique. Achava o ambiente mais tranqüilo e queria fugir um pouco das badalações que a capital francesa proporcionava naquela época. Mas, mesmo se matriculando na Academia de Munique, sentia mais interessado nos experimentos de Wilhelm Leibl e Gustave Courbet, além é claro, do realismo desenvolvido em alguns trabalhos de Franz Hals e Rubens.

WILLIAM MERRITT CHASE - Casas-barco, Prospect Park
Óleo sobre painel - 1887

WILLIAM MERRITT CHASE - Prospect Park - Óleo sobre tela - 1886

Nas conversas e caminhadas em Shinnecock, gostava também de frisar dos aprendizados conquistados em solo europeu. Tanto ele, como uma grande parte dos artistas americanos que para lá se encaminhavam, desenvolviam os mais diversos estilos pictóricos. Ecletismo era uma palavra em moda entre eles. Mergulhavam em aprendizados de mestres passados com a mesma intensidade com que experimentavam o que havia de mais contemporâneo em seu momento. Talvez por isso, Chase conseguia caminhar com facilidade entre um realismo que não decepcionava aos mais criteriosos e agradava imensamente a todos aqueles que já se entusiasmavam com os novos experimentos impressionistas.

WILLIAM MERRITT CHASE - Sra Chase
Óleo sobre tela - 121,29 x 95,89 - 1902

WILLIAM MERRITT CHASE - Bronzes e vidro
Pastel sobre papel montado em linho - 66,04 x 88,9 - 1888

Muitos relatos de época comprovam um Chase elegante, não apenas refinado no trato com todos os que conviviam em seus dias. Tinha uma satisfação imensa em acolher amigos artistas e debater calorosamente com eles todos os avanços e experimentos que a arte proporcionava ao seu tempo. Uma prova que era realmente dedicado nos seus relacionamentos e valorizava todos eles, é que era um colecionador inveterado. Mesmo nos anos mais difíceis de estudos, sempre juntava umas reservas para ampliar sua coleção. Adquiria trabalhos principalmente de seus amigos artistas e sentia muito bem ao fazer isso. Fez isso durante toda sua vida.

WILLIAM MERRITT CHASE - Um canto do meu estúdio - Óleo sobre tela - 61,28 x 91,44 - 1895

WILLIAM MERRITT CHASE - Uma memória: na vila italiana
Óleo sobre tela - 74,3 x 92,08 - 1910

Chase era mesmo um artista de vanguarda para o seu tempo. Audacioso, alugou um estúdio no Tenth Street Studio Building, em Greenwich Village, considerado o primeiro edifício do mundo construído unicamente para abrigar estúdios para artistas. Algo audacioso até para os tempos atuais. Méritos para Richard Morris Hunt, quem projetou o edifício e o inaugurou em pleno ano de 1856. A boa reputação que Chase já começava a gozar, permitiu-lhe ocupar a grande galeria, anteriormente destinada a exposições coletivas de todos os artistas do prédio. Durante um bom tempo foi o seu endereço mais que nobre.

WILLIAM MERRITT CHASE - Terraço no Mall, Central Park - Óleo sobre tela - 1880

A boa acolhida que sempre proporcionava a todos que o procuravam, também rendeu ótimos frutos para o próprio Chase. Alfred Stevens, um artista belga que conheceu em uma de suas muitas viagens que fez regularmente à Europa, foi quem o alertou: “Não tente fazer seus trabalhos parecerem que foram feitos por mestres antigos”. Chase acolheu a dica como algo bom, não como uma crítica severa. À partir de então, praticou algo mais despojado, principalmente nos muitos trabalhos de estúdio. Começou também a pesquisar e se deixar influenciar por algo de seu tempo, especialmente os trabalhos de Manet e as cenas urbanas compostas por Giuseppe de Nittis.

WILLIAM MERRITT CHASE - Pequeno almoço no jardim - Óleo sobre tela - 1888

Com certeza, a exposição de 1886, com cerca de 300 pinturas de artistas impressionistas europeus, realizada em Nova York por Durand Ruel, trouxe um novo estímulo aos trabalhos contemporâneos de Chase. Já não era apenas a influência de Manet que o saciava, agora se sentia atraído também por Degas, Pisarro, Caillebote, Monet e todos os demais que compunham o seu círculo. Muito sensível, percebia ali não somente um movimento de amigos, mas o surgir de uma nova visão artística que mudaria a maneira de fazer todos os trabalhos dali em diante. Estava certo, como sempre! Mesmo sendo um impressionista americano bem sucedido, Chase não abandonou de tudo suas referências acadêmicas, como constatamos nas suas várias execuções de retratos e naturezas-mortas, onde dedicava uma atenção especial às formas e seus volumes.

WILLIAM MERRITT CHASE - Um trecho do terraço
Óleo sobre tela - 52,71 x 62,23 - 1890

WILLIAM MERRITT CHASE - Sombras da tarde
Óleo sobre painel - 36,83 x 40,64 - 1897

William Merritt Chase faleceu no ano de 1916, em Nova York, de onde sempre tinha orgulho para retornar de todas as viagens. Deixou um legado material imenso e um legado humano ainda maior. Promoveu a arte e os artistas de seu tempo. Muitos mestres de sua época foram impulsionados pela sua admiração e dedicação em ver a arte como um bem universal que a todos merece atingir. Em 1983, sua casa e estúdio em Shinnecocck Hills foi adicionada ao Registro Nacional de Lugares Históricos. Ainda é um local onde se é possível passear pela orla e sonhar com novos tempos da arte para todo o mundo.

WILLIAM MERRITT CHASE - Autorretrato
Óleo sobre tela - Cerca de 1915

Chase e grupo de alunas em Shinnecock Hills, numa sessão de pintura ao vivo.


4 comentários:

  1. É uma satisfação comentar sobre o trabalho de Chase, Artista de talento incontestável, suas cenas campestres, suas naturezas mortas, parques, enfim, tudo, fez muito bem...
    Abração e felicidades!

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    1. Olá amigo, bom vê-lo aqui, como sempre.
      O blog tem sido um local de encontro com muitos outros amigos.
      Obrigado por vir. Grande abraço!

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  2. Olá! Na primeira pesquisa que fiz na net sobre o William Merritt Chase, dos resultados q apareceram, a imagem mais interessante (uma pintura do William) foi a sua, o q me fez clicar nela. Simpatizo com o estilo e com alguns quadros dele, não todos. Obg pelo post. Informativo e bem ilustrado. Sucesso!

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    1. Olá Rogério, obrigado.
      Fico feliz que o blog tenha podido acrescentar algo de maneira positiva.
      Grande abraço!

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