quinta-feira, 4 de setembro de 2014

PARA LER, VER E OUVIR

PARA LER

PAUL GAUGUIN – Uma vida
(David Sweetman)
Biografia é um território muito perverso da literatura. Muitas biografias se deram ao fracasso e muitas delas praticamente mistificaram os biografados. Fazer uma biografia de uma figura pública é um fato arriscado, mais arriscado ainda quando os dados são controversos, principalmente se forem polêmicos.
Paul Gauguin, uma vida é um trabalho sério sobre este que é um dos grandes ícones da pintura moderna. Talvez tenha sido ele o artista que viveu mais intensamente o sonho sedutor de viver da arte e pela arte, abandonando sua carreira estável e burguesa na França para se refugiar numa ilha distante e paradisíaca na Polinésia Francesa. Muitas especulações e polêmicas são narradas sobre Gauguin, mas poucas talvez tenham sido tão cuidadosamente pesquisadas e organizadas em uma biografia sobre ele, como fez Sweetman, nesse trabalho que merece todo nosso respeito.
Um livro denso e altamente cativante!


DESIDERATA 
Vá placidamente por entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio.
Tanto quanto possível, sem sacrificar seus princípios, conviva bem com todas as pessoas.
Diga a sua verdade calma e claramente e ouça os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes, pois eles também têm sua história. Evite as pessoas vulgares e agressivas, elas são um tormento para o espírito.
Se você se comparar aos outros, pode tornar-se vaidoso ou amargo, porque sempre existirão pessoas superiores e inferiores a você.
Usufrua suas conquistas, assim como seus planos. Manter-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde, é um bem verdadeiro na sorte incerta dos tempos.
Tenha cautela em seus negócios, pois o mundo é cheio de artifícios, mas não deixe isso te cegar à virtude que existe. Muitos lutam por ideais nobres e por toda parte a vida é cheia de heroísmo.
Seja você mesmo. Sobretudo, não finja afeições.
Não seja cínico sobre o amor, porque, apesar de toda aridez e desencantamento, ele é tão perene quanto a relva.
Aceite gentilmente o conselho dos anos, renunciando com benevolência às coisas da juventude.
Alimente a força do espírito para ter proteção em um súbito infortúnio. Mas não se torture com temores imaginários. Muitos medos nascem da solidão e do cansaço.
Adote uma disciplina sadia, mas não seja exigente demais. Seja gentil consigo mesmo.
Você é filho do Universo. Assim como as árvores e as estrelas, você tem o direito de estar aqui.
E mesmo que não lhe pareça claro, o Universo, com certeza, está evoluindo como deveria.
Portanto, esteja em paz com Deus, não importa como você O conceba.
E, quaisquer que sejam as suas lutas e aspirações no ruidoso tumulto da vida, mantenha a paz em sua alma.

Apesar de todas as falsidades, maldades e sonhos desfeitos, este ainda é um belo mundo. Alegre-se. Empenhe-se em ser feliz!


PARA VER

MEIA-NOITE EM PARIS
O filme não é tão novo assim (de 2011) e foi uma indicação do amigo baiano Naelson Almeida. Depois de assistir fiquei me perguntando porque ainda não o havia visto. Dirigido por Wood Allen, tem até um bom currículo: teve 4 indicações ao Oscar de 2012 e levou a estatueta como Melhor Roteiro Original. Essa é realmente a sua melhor virtude: foi realmente muito bem escrito.
Muito interessante a ideia de aliar um personagem que vive o presente e o passado simultaneamente. E ele não poderia ter sido ambientado em lugar melhor: Paris. Que ora é abordada em cenas atuais muito bem selecionadas, ora é apresentada nos anos 20 e na Belle Époque, com toda sua efervescência artística. Legal ver todos os nossos ídolos artísticos daquela época no seu dia-a-dia.
Daqueles filmes que não dá vontade de chegar ao fim!

CAÇADORES DE OBRAS-PRIMAS
Quando eu estava elaborando meus trabalhos sobre a Segunda Guerra Mundial, para a exposição WWII, pesquisei vários artigos e inclusive vi diversos filmes, para que pudesse me ambientar melhor com o tema que a exposição propunha. Acabei indo de encontro com o filme Caçadores de Obras-Primas, que me surpreendeu em vários aspectos.
Já era de meu conhecimento que Hitler era fascinado com obras de arte e que; dizem dados biográficos do mesmo; o que o levou a arquitetar uma seleção do mundo por uma raça mais avançada, foi o fato de não ter sido aceito como queria no meio artístico. Dentre as muitas arbitrariedades que cometeu para fazer a sua tal seleção, também teve a intenção de reunir as melhores obras de arte do mundo (no seu conceito) em um único lugar. Por isso, sempre que invadia um novo território, saqueava todas as obras que encontrava. Preservava as que eram de seu agrado e queimava e destruía aquelas que, segundo seu critério, não mereciam ser classificadas como arte. Muitos importantes trabalhos pós-impressionistas e modernistas não chegaram até nossos dias graças a essa sua loucura desenfreada.
Dirigido e estrelado por George Clooney, o filme é baseado no livro The Monuments Men, de Robert M. Edsel e mostra um lado diferente da guerra. Entre muitas coisas, deixa a dúvida se agrupar especialistas em obras de arte numa tropa militar tenha sido mesmo algo sensato. Mas, pelo que consta o livro de Edsel, é baseado em fatos reais e algo parece ter ocorrido mais ou menos assim. Embora seja um filme com momentos emocionantes e poéticos, a crítica acabou torcendo um pouco o nariz para o resultado final. Só pelo fato de lidar com arte, do ponto de vista histórico, e tentar nos trazer um fato tão importante e desconhecido para muitos, já o considero como um bom filme. Confesso que senti o enredo suprimido, no momento mais especial da trama, como se em determinado momento estivessem correndo com ele. Mas, vale muito a pena conferir!

A MENINA QUE ROUBAVA LIVROS
Esse é mais um dos filmes que assisti, em preparação para os trabalhos sobre a Segunda Guerra Mundial. Já havia lido o livro em 2009. Muito bem escrito, por sinal, por Markus Zusak, logo naquela época já o imaginei numa versão cinematográfica. A boa narrativa e riqueza de detalhes do livro conduziam naturalmente para um filme.
Esperava um pouco mais do filme em relação ao livro e acho que essa seja uma expectativa não apenas minha. No livro, o desenvolvimento dos personagens, por exemplo, tem uma consistência bem maior e cada um deles favorece a trama com mais originalidade, coisa que o filme deixa um pouco a desejar. Os roubos dos livros, por exemplo, não são enfatizados com a importância que deram o nome do filme.
Mas, assista com um pouco de imparcialidade e não tente comparar, principalmente se já leu o livro. É um filme que deve ser visto sobre a ótica de como sofreram várias pessoas em um período tão triste da história, e como faziam de tudo que estava aos seus alcances para que os sofrimentos daqueles dias fossem amenizados. Somente nas palavras e na poesia de uma menina que aprendia a ler, havia uma fuga segura para dias tão cinzentos!


PARA OUVIR

PAULINHO MOSKA – Efêmero
Há letras de músicas que são verdadeiros poemas. Quando bem musicadas, transformam-se em algo indescritivelmente agradável.
Faixa pertencente ao álbum Crontrasenso, esta tem um lugar de destaque em minha coleção.

TUATHA DE DANAN – The last words
Não me canso de ouvir esta música. Que me perdoem tudo que já produziram anteriormente no cenário rock mineiro (e não é pouca coisa), considero The last words uma das faixas mais épicas já produzidas no estado.
Banda musical originada na cidade de Varginha (MG), participou com essa brilhante faixa no projeto William Shakeaspere’s Hamlet, um álbum desenvolvido por diversas bandas do metal brasileiro e que deixa saudades da boa fase pela qual já passou o rock desse país. Como é conceitual, vale a pena ouvir e sentir todas as faixas, para assimilá-lo na íntegra.
Indispensável!

CLUBE DA ESQUINA – Tudo que você podia ser
O que dizer de uma música que é um verdadeiro hino para a música popular de Minas Gerais? Milton e toda a turma do Clube da Esquina nos proporcionaram momentos inesquecíveis.
Apenas ouvir e sentir essa música em toda a sua energia... Eis o que apenas nos resta!

4 comentários:

  1. Portanto, esteja em paz com Deus, não importa como você O conceba.
    E, quaisquer que sejam as suas lutas e aspirações no ruidoso tumulto da vida, mantenha a paz em sua alma...
    Uma das belas maneiras de começar o dia é ler frases como estas... sinto- me muito bem!
    Por isso não me canso de acessar o seu blog, comentar, tem sempre algo de muito bom... enquanto as indicações, todas tem o seu peso.
    Meia noite em Paris é maravilhoso, sobre Gauguin tenho a mesma impressão que você, Paulinho é indispensável, Tuatha de Danan era desconhecido para mim, mas é muito bom, Clube da esquina é o melhor que já ouvir, a música San Vicente é demais,por tudo isso valeu mais uma vez ...
    Abração!

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    1. Desiderata é um texto que devia ser considerado quase como uma oração, Vidal. Está tudo ali, a vida resumida.
      Legal que tenha se identificado com as indicações, amigo.
      Grande abraço!

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  2. Depois de um bom tempo afastada do meio blogueiro, retorno à sua página e me deparo com este festival de cultura: bons textos, boa música, sugestões de bons filmes. Estudei neste semestre que passou, com meu neto, a vida de Gauguin, de quem conhecia a obra e apenas os dados mais importantes de sua vida. Quanto aos filmes, excelentes sugestões. já assisti Meia noite em Paris, talvez umas três vezes. Não me canso. E a música... Ah a música: Adorei a de Moska, não conhecia. Como sempre você nos enriquece culturalmente. Obrigada!!! Abraços.

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    1. Que bom, Jane. Já está em tempo de fazer novas indicações. Grande abraço!

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