quinta-feira, 7 de maio de 2015

GIUSEPPE DE NITTIS

GIUSEPPE DE NITTIS - Mulher numa canoa - Óleo sobre tela - 1876

Juntamente com Boldini, Zandomeneghi e Signorini, Giuseppe De Nittis formava a equipe dos artistas italianos que viriam participar da famosa exposição dos Impressionistas, realizada no ateliê do fotógrafo Nadar, em Paris. Aquela mesma exposição que se tornaria importante por começar um movimento que mudaria os rumos da arte e abriria espaço para o surgimento de tantas outras vertentes em todo o século XX. De Nittis participou apenas da primeira das oito mostras que os Impressionistas realizariam, mas sua carreira já tomava um novo impulso à partir dali. Por falta de unanimidade de todos os artistas expositores, sua participação foi vetada para as próximas edições. Provavelmente, resultado do espírito intransigente e questionador daquele promissor artista italiano.

GIUSEPPE DE NITTIS - Flerte, Hyde Park - Óleo sobre tela - 33 x 43 - 1874

Giuseppe De Nittis nasceu na cidade italiana de Barletta, filho de Raffaele e Teresa Buracchia. Os anos de sua juventude foram vividos em sua cidade natal, com seus irmãos, após a morte de ambos os pais. Fez os primeiros estudos com G.B. Calo e V. Dattoli, começando a pintar encontrando inspiração na natureza. Seus primeiros trabalhos tinham uma alegria instintiva e dedicação, raros em trabalhos de tão jovem artista. Já aos quinze anos, entrou no Instituto de Belas Artes, em Nápoles, onde estudou sob a orientação de G. Smargiassi e G. Mancinelli. Mas, desde cedo se mostrou um jovem rebelde e inconformado e, em 1863, foi expulso do instituto por indisciplina. Escreveu em um caderno de notas, que à partir dali iria se tornar senhor de si mesmo, inconformado com o estilo realista anedótico que se instalara em Nápoles.

GIUSEPPE DE NITTIS - Avenue du Bois de Boulogne - Óleo sobre tela - 31,4 x 42,5 - 1874

1864 foi um ano importante. É nessa data que lança sua carreira, numa exposição da Promotoria Napolitana, com a participação de duas pequenas telas. Os trabalhos foram amplamente elogiados por Cecconi, que os julgou serem “refinados e muito elegantes”. Os louvores de Cecconi renderam bons frutos e De Nittis foi levado ao conhecimento de um outro grupo: os Macchiaioli. De Nittis se sentia mais à vontade ali, discutindo principalmente com Signorini e Banti, os novos destinos para a pintura italiana. A pintura de “manchas”, como era conhecida a técnica dos impressionistas italianos, seria de grande importância para a arte naquele país.

GIUSEPPE DE NITTIS - No lago de Quatro Canttoni - Óleo sobre tela - 48 x 67 - 1881

Depois de uma longa peregrinação pela Itália, em 1867, ele chegou a Paris. Foi um dos períodos mais importantes de sua carreira, pois ali encontrou o apoio do comerciante M. Goupil, um marchand reconhecido por sempre lançar novos artistas no mercado. A arte mais aceita naquele momento mostrava a frivolidade da sociedade parisiense, enfatizando os trajes que a moda lançava, espelhando uma alegria mundana que não havia em nenhum outro lugar. De Nittis logo se encantou e influenciou pelos trabalhos de Fortuny, Meissonier e Gerome. Após uma breve estadia em Nápoles, em 1868, retornou à capital francesa, exibindo no Salão de 1869. Depois de um período sem muitos trabalhos inovadores, produz Passa o trem, de 1869, onde mergulha numa vastidão melancólica, da zona rural de Puglia. Em Novembro de 1870, novamente em Puglia por causa da Guerra Franco-Prussiana, pintou algumas paisagens que evocam amplidão de espaço e são acima de tudo bem líricas.

GIUSEPPE DE NITTIS - Canto de um lago no Jardim de Luxemburgo
Óleo sobre tela - 46 x 38 - 1875

Ele retornou a Paris, em 1872, e começou a fazer sucesso com a representação irônica de senhoras em ambientes livres, no qual ao habitual cliché de beleza do mundo, adicionou um toque de humor. Introduzido por Degas, em um grupo de artistas que despontavam como revolucionários, participou em 1874 na primeira exposição dos impressionistas. Mas De Nittis parecia que não tinha tempo para esperar as coisas acontecerem em Paris e decidiu viajar um pouco. Também em 1874 ele foi para Londres e, desde então, ele retornou àquela cidade a cada ano. Pintou excelentes cenas da cidade em todas as suas estadas por lá.

GIUSEPPE DE NITTIS - Corrida em Auteuil
Óleo sobre tela - 107,5 x 57 - 1883

Uma curta estadia na Itália, entre 1875 e 1880, permitiu que penetrasse na fonte original de sua inspiração. Produziu obras importantíssimas para sua carreira nesse período, inclusive uma cena de corrida, que após concluída, apareceu pela primeira vez em 1878 na Exposição Universal em Paris, e lhe rendeu a Legião de Honra. Resolveu experimentar a escultura. Em 1879, ele completou um projeto para o monumento a Vittorio Emanuele II, que, no entanto, nunca foi realizado. À partir de 1882, dedicou-se animadamente aos estudos de aquarela, desenhos em lápis e pastéis, sendo essa última, a sua técnica preferida. Muitos de seus trabalhos mais famosos, foram executados entre 1882 e 1883.

GIUSEPPE DE NITTIS - Hora tranquila - Óleo sobre tela - 57 x 92 - 1874

Rodeado e querido por toda a socialite parisiense, De Nittis se tornava conhecido também entre o meio artístico, com o qual se relacionava muito bem. Gostava dos encontros com Manet, Degas, os irmãos Goncourt, Zola e Daudet.

GIUSEPPE DE NITTIS - Westminster - Óleo sobre tela - 110 x 192 - 1878


Ele foi um artista muito prolífico. O primeiro inventário de suas obras, realizado em 1963, registrava 742 obras. Outro catálogo, realizado em 1982, adicionou mais 208 obras à sua produção. Um número muito significativo para um artista que viveu apenas 38 anos. No auge de sua carreira, faleceu a 23 de agosto de 1884, vítima de um acidente vascular cerebral. Como ele próprio afirmou, era um intérprete fiel e apaixonado pelas várias formas e mudanças da vida moderna. De Nittis é um dos artistas italianos mais valorizados de sua época.

GIUSEPPE DE NITTIS - Autorretrato
Pastel sobre tela - 114 x 88 - Entre 1883 e 1884

3 comentários:

  1. Mais um magnífico artista.
    Obrigado mais uma vez.

    Abraços.

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  2. Não tenho palavras para expressar a admiração que tenho pelos trabalhos de De Nittis, infelizmente partiu tão jovem....
    Abração meu amigo....
    Matéria maravilhosa!

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  3. Olá Macário e Vidal, grato pela vinda de vocês!
    O De Nittis sempre foi uma das minhas grandes admirações na arte italiana do século XIX. Há tanta sutileza nos trabalhos dele... Pinceladas precisas e um bom gosto inquestionável para suas composições!

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