domingo, 25 de outubro de 2015

TOM LOVELL

TOM LOVELL - O carro da água - Mista sobre papel

TOM LOVELL - Frontier gathering - Óleo sobre tela - 78,7 x 111,8

A arte norte-americana sempre teve como tradição, safras de ótimos ilustradores. Com desenho arrojado, influência clássica para composição e esbanjando sempre muito talento, todos os grandes ilustradores norte-americanos se tornaram ícones da arte em suas épocas e até hoje são lembrados em todo mundo, principalmente pela competência com que desenvolveram e desenvolvem seus trabalhos. Um dos mais destacados entre eles é Tom Lovell, que deixou uma grande e valiosa produção em toda sua carreira. Um dos mais requisitados ilustradores para capas de famosas revistas, também era um pintor habilidoso, que defendeu desde cedo a vida no oeste americano, chamando a atenção para a vida do índio nativo.

TOM LOVELL - A camisa de ferro - Óleo sobre tela - 66 x 122 - 1985

TOM LOVELL - Os seguidores - Óleo sobre tela - 48,3 x 81,3 - 1975

Diferentemente do ilustrador atual, que tem todo um aparato tecnológico para produzir seus desenhos e ilustrações, assessorados por programas e ferramentas digitais que adiantam bastante o trabalho, os ilustradores dos tempos passados se valiam da extrema habilidade manual para produzirem suas obras. Utilizavam técnicas tradicionais da pintura e do desenho, tais como nanquim, guache, têmpera, aquarela e óleo. Por isso, muitos deles são também consagrados artistas de belas artes e tem, até hoje, suas obras disputadas acirradamente nas melhores casas de leilões do mundo.

TOM LOVELL - Voltando do casamento
Óleo sobre tela - 104,1 x 80 - 1944

TOM LOVELL - Um dia para flores amarelas - Guache sobre painel - 45,72 x 52,7 - 1956

Tom Lovell nasceu em Nova York, em fevereiro de 1909, filho do engenheiro telegráfico Henry S. Lovell Jr e Edith Scott (Russel) Lovell. O segundo de três filhos, cresceu como um menino que tinha uma sede enorme pela leitura, fascinando desde cedo, com a história do índio americano e seu contato com os povos do leste. O envolvimento com essa temática era tamanho, que seu discurso como orador oficial do ensino médio foi intitulado como: “Os maus-tratos do índio americano pelo governo dos Estados Unidos”. Tema controverso e polêmico, já mostrava que o posicionamento político é algo inerente a todo cidadão preocupado sinceramente com o meio onde vive. Assim, cresceu desenhando todos os artefatos de guerra e visitando os principais museus de sua região, se inteirando principalmente da temática que tanto o fascinava. Tinha um desejo latente por aprendizagem. Essa base de aprendizado seria fundamental para a carreira versátil que desenvolveria como um dos mais respeitados ilustradores americanos.

TOM LOVELL - A cultura em Silver City - Óleo sobre tela - 38,1 x 53,3

TOM LOVELL - No cassino - Óleo sobre tela - 58,4 x 83,8

A iniciativa do próprio Tom, de ingressar no Syracuse University College of Fine Arts, foi bem acertada. Era um ambiente propício para a formação de ilustradores e foi ali que conheceu Harry Anderson, com quem teria uma estreita amizade, e que seria também um grande e respeitado ilustrador da arte americana. Foi inclusive com Harry Anderson e Al Carter, que dividiria o primeiro estúdio de desenho e pintura. Local que lhe permitiu fazer novos contatos e se ingressar no disputado mercado da ilustração americana daqueles tempos. Mais tarde, New Rochelle, uma colônia de jovens ilustradores americanos, em Nova York, seria a futura morada de Tom Lovell. Era um ambiente muito envolvente e que permitiu a Lovell, o contato com outros importantes artistas da arte americana, tais como Normann Rockwell, Harvey Dunn, Dean Cornwell e Mead Schaeffer. Todos, ilustradores bastante respeitáveis até hoje.

TOM LOVELL - Na praia - Óleo sobre tela - 55,8 x 86,3

TOM LOVELL
Dr Jackson Blazes a Transcontinental Trail - Great Moments in Early American Motoring
Óleo sobre painel - 55,9 x 68,6

Tom Lovell se casou com Gloyd “Pink” Simmons, em 1934 e foram morar em Norwalk, no estado de Connecticut. Tiveram dois filhos, David e Deborah. No ano de 1940, ele e sua família se mudaram para uma colônia de artistas em Westport, também em Connecticut. Harold von Schmidt, John Clymer e Robert Loughweed se tornariam amigos íntimos da família, na temporada que passariam por ali. Foi também em Westport, que Lovell produziu um conjunto de desenhos históricos para a National Geographic Magazine, incluindo representações da invasão normanda da Inglaterra; a carreira de Alexandre, o Grande; e as conquistas dos Vikings. Minucioso em todo projeto que se lançava, Lovell teve grande cuidado em reproduzir o que ele considerava ser a exatidão histórica nas ilustrações, inclusive a realização de modelos de armas e navios, visitando locais históricos e realização de outras pesquisas. Ele costumava dizer que os escritores sempre tiveram grande vantagem sobre os pintores, no sentido de que, com algumas poucas e escolhidas palavras, um bom escritor faz com que o leitor crie o cenário e viva nele. Já o artista, para fazer um trabalho convincente e perfeito, precisa pesquisar e se orientar bastante, se quiser reproduzir com fidelidade um cenário em seu devido tempo.

TOM LOVELL - A batalha - Óleo sobre tela

TOM LOVELL - Monastério Viking - Óleo sobre tela

TOM LOVELL - Vikings vendendo uma escrava num mercado persa
Óleo sobre tela

O campo profissional ia se tornando abrangente, e Lovell era requisitado para as mais importantes publicações, tais como The Saturday Evening Post, Collier, True, Life, National Geografic, McCall, American e Leatherneck. Já consolidado como um dos maiores nomes da ilustração de sua época, consegue finalmente fundos para desenvolver um projeto específico sobre o Oeste Americano. Essa importante experiência lhe permitiu fazer um apanhado abrangente sobre as interações entre índios do oeste americano e os brancos colonizadores e comerciantes que chegaram por lá. Em 1969, sob encomenda da Fundação Abell-Hanger, Lovell produziu uma série de pinturas que comemoram a história do Sudoeste e que estão agora em exposição permanente no Museu Permian Basin Petroleum, Midland, Texas. Estas obras, uma série histórica sobre nativos americanos, representam um marco na temática do trabalho de Lovell, e deste ponto em diante ele se concentrou em retratos de vida dos nativos americanos, a exploração do Ocidente sobre eles, e da arte ocidental em si. Também nessa época, ele criou várias pinturas para A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

TOM LOVELL - Bem-vindo ao lar - Óleo sobre painel - 70 x 87,2

TOM LOVELL - The name is Betty - Óleo sobre tela - 50,8 x 99,06

 Família sempre itinerante, mudaram-se para o Novo México, em 1972 e, em 1977, mudariam novamente para uma propriedade em Santa Fe, bem mais espaçosa, onde construiria uma casa que sempre havia planejado, em adobe, com amplas dependências e um desejado estúdio. Passaria ali ótimos momentos, desfrutando da boa reputação que construira em toda sua carreira. Em 1997, numa viagem pelo Novo México, Lovell morreu em um acidente de carro, no dia 29 de junho. No mesmo acidente, também falecera sua filha Deborah, com a idade de 48 anos.

TOM LOVELL - Ocupação de Paris - Óleo sobre tela - 76,2 x 101,6 - 1943

TOM LOVELL - Paisagem de montanha - Pastel sobre papel - 33,7 x 59,7


Ele disse um dia: “Eu me considero um contador de histórias, com pincéis nas mãos”. Para todos aqueles que acompanharam sua produção, ou que tem acesso a elas somente agora, percebe-se que essa afirmativa é totalmente verdadeira. Enquanto desenhava e pintava, sua obras iam narrando tudo aquilo que ele tinha em mente. Havia alma e fôlego em cada figura. Cada composição era esmerada ao máximo, para que produzisse um impacto estudado ao máximo, em todos aqueles que a observavam. E ele sempre conseguia...

TOM LOVELL - O precipício - Guache sobre painel - 23,5 x 50,8

2 comentários:

  1. Tom Lovell é maravilhoso... grandioso...demais.
    Tudo de bom meu amigo.....

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    1. Trabalhos surpreendentes, realmente, meu amigo.
      Grande abraço!

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