terça-feira, 22 de dezembro de 2015

A HUMANIDADE NUMA ENCRUZILHADA

ELON BRASIL - Maternidade Kamayurá - Mista sobre tela

Somos cerca de 7 bilhões de habitantes no planeta. E pasmem! Daqui no máximo 110 anos, todos nós já teremos sido substituídos. Eu, você, todos... A vida é assim: cíclica. Uns vem, outros vão... O certo é que ninguém fica. Essa transitoriedade de tudo que é vivo ao mesmo tempo nos fascina e ao mesmo nos incomoda. Queremos esticar ao máximo a nossa estadia por aqui, e isso tem exigido um preço alto demais desse planeta.

              
Esquerda: VASCO MACHADO - Moça de rosa - Óleo sobre tela - 60 x 50
Direita: TALLMAN SCOTT POWERS - O filósofo de Bayeux - Óleo sobre tela - 30,4 x 20,3

Uma das questões polêmicas atuais, que anda movimentando o meio científico, diz respeito à resistência das bactérias. Pelo uso indiscriminado e inconsequente dos antibióticos produzidos pelo homem, muitas bactérias comuns estão se transformando em superbactérias e, dentro de no máximo uma década, segundo os pesquisadores, muitas doenças que hoje são facilmente curadas, serão facilmente letais.
Há cerca de 100 anos, a média da vida humana no planeta era de 20 anos menor que a média de hoje. As condições de vida melhoraram em várias regiões do mundo e também se deve isso às novas classes de medicamentos, principalmente antibióticos, que foram sendo desenvolvidos e permitindo nossa maior longevidade. Uma maior média de vida parece uma conquista para a espécie humana, mas se transformou na desgraça do planeta Terra. Mais pessoas vivas, vivendo por mais tempo, exige uma produção incalculável de tudo que é produto, desde a maior produção de grãos, porque há mais bocas para serem saciadas, até a extração de mais minerais, pois há mais construções e equipamentos a serem oferecidos. O planeta já deu provas que não suporta mais isso e começa a dar suas respostas.

                
Esquerda: JEREMY LIPKING - Skylar em azul - Óleo sobre tela - 40,6 x 30,4
Direita: JOSÉ ROSÁRIO - Pequeno músico - Óleo sobre tela - 40 x 30 - 2014

Pensamos somente em sobreviver a nossa espécie, mas milhões de outros organismos desse planeta também lutam pela mesma estratégia. A Teoria da Evolução já nos ensinou isso: vencem os mais adaptados ao meio. Parece ilógico pensar, mas todas as conquistas médicas adquiridas até então, retornarão ao seu ponto de cerca de 100 anos, caso as coisas continuem nessa expectativa. E não só apenas os medicamentos para o uso humano tem colaborado com isso. Na ânsia de produzir mais alimentos, muitos antibióticos também foram criados para potencializar as espécies domésticas que abastecem o homem (boi, porco, galinha...). Isso realmente não poderia terminar bem! Os animais se fortalecem, mas as enfermidades que os assolavam também fazem o mesmo. Até bem pouco tempo atrás, para sacrificar uma galinha, eram necessários de 5 a 6 meses. Hoje, um frango é abatido com apenas 45 dias, graças ao uso indiscriminado de hormônios e antibióticos. Não se pode esquecer que esses produtos são repassados ao ser humano pela cadeia alimentar.

              
Esquerda: MORGILLI - Caipira picando fumo - Óleo sobre tela - 45 x 30
Direita: SCOTT BURDICK - O manto - Óleo sobre tela - 101,6 x 76,2

Não se diz respeito somente à saúde e à área biológica. Recentemente, a tragédia ecológica acontecida em Mariana, Minas Gerais, foi apenas uma pequena prova de como o “excesso” vem prejudicando a continuidade da espécie humana nesse planeta. Para produzir mais, empresas geram mais lixo e precisam estocar mais esse lixo. Quando os lucros diminuem, os cuidados necessários com os rejeitos vão sendo colocados de lado. Mas, a natureza sabe dar suas respostas. E cobra caro quando resolve fazer isso. Ainda nem sabemos as consequências de tudo que aconteceu por lá. E acredito que até mesmo os estudiosos alimentam as mesmas dúvidas.

              
Esquerda: LUIZ VILELA - Alex - Óleo sobre painel - 30,4 x 22,8
Direita: MIAN SITU - Anos de marcas - Óleo sobre tela - 40,6 x 30,4

O presente texto é apenas uma chamada de consciência. Fim de ano parece ser um momento especial para isso, apesar de que a seriedade desse assunto deveria estar em pauta durante todo o ano. Todos devemos buscar uma vida mais simples, aprender a viver com o suficiente e valorizar, acima de tudo, todas as relações pessoais. O planeta já acena com os seus limites e precisamos urgentemente entender suas mensagens.

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As ilustrações dessa matéria trazem imagens de diversas pessoas, pintadas por diversos artistas. A riqueza do que há de melhor em nossos povos, mostrará o caminho que precisamos para juntos encontrarmos a melhor saída.

12 comentários:

  1. Excelente texto, José Rosário. Um bom chamado à reflexão.
    A você um ótimo Natal e um 2016 de muita luz, paz e sucesso em sua arte.
    Grande abraço.
    S. Quimas
    https://facebook.com/SQuimas (Arte)

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    1. Meu amigo Quimas, bom revê-lo.
      Obrigado! Também desejo ótimas confraternizações por aí e um 2016 com tudo a vida possa lhe oferecer de melhor.
      Grande abraço!

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  2. Ótimo artigo, José Rosário, a propósito já há até mesmo um movimento de jovens mulheres (GINKS em inglês) que optaram por não ter filhos como maneira de aliviar o planeta da pressão da superpopulação de superconsumidores. Um abraço

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    1. Interessante! Novidade para mim, esse movimento.
      Abrão, muito obrigado por tudo. Pela sua amizade inspiradora e pela paciência em me trilhar pelos caminhos budistas.
      Um grande abraço a você, Rose e Cauã.

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  3. É verdade, pagamos um alto preço pelo assombroso mundo das descobertas,infelizmente por causa disso temos uma necessidade tamanha em seguir exemplos, embora os valores repassados não são totalmente ruins, se tornam com o uso inadequado!
    Antigamente... quanta saudade!
    Que continuemos amar uns aos outros, independente de qualquer situação!
    Abração! felicidades, para vc e toda a sua família...

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    1. Vidal, bom encontrá-lo mais uma vez. E não foram poucas esse ano...
      Meu leitor/companheiro mais assíduo, desejo um fim de ano onde possa estar próximo às pessoas que mais gosta. Que 2016 sorria para todos nós.
      Grande abraço!

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  4. Vivemos em um mundo onde novas verdades são inventadas a cada instante, novas necessidades... a ânsia por ter nos faz esquecermos até mesmo de nossos princípio... o homem perde o rumo a cada dia e procura novos caminhos e sempre caminhos mais imprudentes, sempre com ambição acima de tudo... que possamos renascer nesse natal e começar tudo de novo!!! Grande abraço amigo
    Yure Nicolau

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    1. Bastaria apenas consumir aquilo que somente precisamos, não é, amigo?
      Como dizia a canção: "A lição já sabemos de cor... Só nos resta aprender!"
      Grande abraço e obrigado pela companhia de mais um ano.

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  5. Reflexão instigante. Obrigado José.
    Abraços.

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    1. Obrigado pela vinda, Macário.
      Ótimo 2016 a você!
      Grande abraço!

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  6. Um artista também quer esticar sua vida, pra produzir mais obras; pra deixar um legado mais rico. E o artista de verdade não pode se preocupar somente com sua obra, mas ele tem que estar envolvido com as grandes questões sociais, psicológicas e filosóficas. Por isso, meu caro José Rosário, vida longa a você.

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    1. Olá Gerson, bom dia. Isso realmente é uma faca de dois gumes. Pego como exemplo dois grandes artistas que viveram e trabalharam juntos, mas que tinham uma opinião bem contrária com relação a isso: Portinari e Enrico Bianco. O primeiro, um comunista assumido, socialista acima de tudo e envolvido com a vida política tanto quanto sua obra. Bianco, já defendia que um artista nunca deveria deixar que esses posicionamentos interferissem em sua obra.
      Acredito que seja impossível separar o artista do indivíduo. Quando pinto algo, já estou definindo que é aquilo que defendo e isso não deixa de ser política.
      Obrigado por vir, meu amigo. Bela consideração!

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